Autoestima na adolescência e a
influência La autoestima en la adolescencia y su influencia en el bienestar biopsicosocial Self-esteem in adolescence and the influence on the biopsychosocial welfare |
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*Acadêmico do 7º período do curso de Bacharel em enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas **Acadêmica do 5º período do curso de Bacharel em enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas |
Jessica Ribeiro Braga* Johnatan Pedro Portela Alves** (Brasil) |
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Resumo A autoestima tem se evidenciado intrinsecamente ligado ao desenvolvimento e ao bem estar biopsicossocial da criança e do adolescente. Objetivo: aprimorar o conhecimento a respeito da autoestima na adolescência e a influência sobre o bem estar biopsicossocial. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão da literatura. O processo investigativo ocorreu através de coleta de dados realizada em bases de dados eletrônicas, sendo essas: “Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF)”. Para tal feito, usaram-se descritores selecionadas segundo a classificação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Adolescência. Autoestima. Depressão. Motivação. Resultados: Para melhor compreensão, os resultados estão relatados em um quadro dividido entre “autor/ano”, “metodologia” e “resultados”, frisando, assim, as perspectivas dos autores dos artigos estudados. Discussão: De acordo com os resultados contidos na análise dos estudos, pode-se descrever a adolescência como “um processo complexo”, no qual o adolescente esse encontra mais “disponíveis, suscetíveis, sensíveis e vulneráveis” aos fatores emocionais. Dessa maneira, fica evidente o impacto que problemas emocionais podem gerar na vida desses jovens, de forma que os relacionamentos afetivos tornam-se, mais do que nunca, de grande relevância em suas vidas. E colocando assim, família como peça chave na construção moral dos mesmos. Considerações Finais: Os estudos realizados trazem resultados a serem debatidos, tendo em vista os resultados alcançados, mas, ainda assim, ficou clara a necessidade de maiores estudos sobre a temática abordada. Seja pelas tantas questões que ainda podem e devem ser abordadas, ou pela insuficiente quantidade e qualidade de estudos publicados. Tem-se percebido que a grande maioria dos estudos que envolvem a autoestima, estão geralmente relacionados a fatores estéticos, dessa forma vê-se a necessidade de novos estudos que abordam esse tema de maneira mais ampla, buscando observar os diversos fatores envolvidos direta e indiretamente a essa questão. Unitermos: Adolescência. Autoestima. Depressão. Motivação.
Abstract Self-esteem has been evident intrinsically linked to the development and well being biopsychosocial of children and adolescents. Objective: To improve knowledge about self-esteem in adolescence and the influence on the well-being biopsychosocial. Methodology: This is a literature review study. The investigative process occurred through collection of data held in electronic databases, these being: "Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Nursing Database (BDENF)". For this feat, it used descriptors selected according to the classification of Descriptors in Health Sciences (DeCS): Adolescence. Self-Esteem. Depression. Motivation. Results: For better understanding, the results are reported in a table divided between "author / year", "methodology" and "results", stressing thus the perspectives of the authors of the study articles. Discussion: According to the results contained in the analysis of the studies, can be described adolescence as "a complex process" in which the teenager that finds more "available, susceptible, sensitive and vulnerable" to emotional factors. Thus, it is clear the impact that emotional problems can cause the lives of these young people so that affective relationships become, more than ever, of great importance in their lives. And putting as family as a key piece in the moral construction of the same. Final thoughts: Studies bring results to be discussed, given the results achieved, but still showed a clear need for further studies on the theme. Be the many questions that still can and must be addressed, or the insufficient quantity and quality of published studies. It has been noticed that the vast majority of studies involving self-esteem, are usually related to aesthetic factors, therefore we see the need for further studies that address this issue more broadly, seeking to observe the various factors involved directly and indirectly to this question. Keywords: Adolescence. Self-esteem. Depression. Motivation.
Recepção: 19/06/2015 - Aceitação: 28/09/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta. Faz parte de um rito de passagem caracterizado pelos impulsos de desenvolvimento biopsicossocial, com ênfase cultural, onde o indivíduo (adolescente) objetiva suprir as expectativas da sociedade em torno a sua formação pessoal. A adolescência se inicia com mudanças corporais bruscas da puberdade, que traz junto o desenvolvimento sexual como mais uma etapa dessa passagem. Ainda nessa fase, surge à necessidade de se auto afirmar como “ser pensante” e autor da própria história, onde o indivíduo (adolescente) vem a consolidar a sua personalidade, a sua formação como “ser social” (Eisenstein, 2005).
Esse período de transição da infância e a vida adulta é cronologicamente definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) pela faixa etária entre 10 e 19 anos e entre 15 e 24 anos pela Organização das Nações Unidas (ONU), podendo, ainda, variar de país a país. No Brasil, as normas e políticas de saúde pública do Ministério de Saúde (MS), caracteriza a adolescência pela faixa etária entre 10 e 24 anos e para preceitos legais, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei 8.069 de 1990, define adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade (Artigo 2º).
De acordo com a Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF (2011 p.13):
O Brasil vive hoje, o que vem sendo chamado de bônus demográfico. Com 11% de sua população vivendo a adolescência, o País tem uma oportunidade única: nunca houve e não haverá no futuro tamanho contingente de adolescentes. Um universo de 21.083.635 de meninos e meninas, um momento inédito de possibilidades reais para se fortalecer os importantes avanços das últimas duas décadas nas áreas da saúde, da educação, da inclusão, já realizadas para as crianças. Sem deixar de investir na garantia dos direitos da primeira e segunda infância, é chegada a hora de se avançar em conquistas para os adolescentes brasileiros. Não há tempo como este. O presente do Brasil é um presente.
Com base nestes dados divulgados pela UNICEF (2011), o Brasil se encontra em um momento ímpar da história, um momento de possibilidades, e, tudo isso devido à contingência da juventude que dá novos rumos ao desenvolvimento socioeconômico e cultural do país. Mas para isso, é evidente a necessidade de se investir em novas políticas voltadas ao desenvolvimento biopsicossocial da população jovem, principalmente, da adolescência, com estudos e investigações profundas, que visem à melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
Nesse contexto, observam-se diversas situações bastante distintas, que podem estar positiva ou negativamente relacionadas ao gênero, classe, cor, cultura e religião, entre outras, que influenciam diretamente no bem-estar e na melhoria da qualidade de vida do adolescente. Uma dessas situações, porém, vem se destacando ao longo do tempo, trata-se da “autoestima”.
Muito se fala sobre autoestima, mas o seu real significado é vago, podendo assumir diversos pressupostos. Geralmente, mencionado na psicologia como comportamentos adaptativos que impulsionam a melhoria da qualidade de vida, de forma a se tratar diretamente da saúde mental do indivíduo. Freire e Tavares (2011), “a autoestima é definido como a avaliação afetiva do valor, apreço ou importância que cada um faz de si próprio.
Portanto este estudo teve como objetivo aprimorar o conhecimento a respeito da autoestima na adolescência e a influência sobre o bem estar biopsicossocial, além de apontar lacunas que precisam ser preenchidas por meio da realização de novas investigações da literatura, sobre a temática aqui exposta.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão da literatura. O processo investigativo ocorreu através de coleta de dados realizada em bases de dados eletrônicas, sendo essas: “Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF)”. Para tal feito, usou-se descritores selecionadas segundo a classificação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Adolescência. Autoestima. Depressão. Motivação.
Para seleção dos dados, foi feita a busca de artigos originais publicados entre 2010 e 2015. Como critérios de exclusão adotou-se: artigos de revisão ou reflexão e ausência de resumo nas plataformas de busca on-line, e artigos publicados anteriormente ao ano de 2009. Entre tanto, devido à escassez de material, houve a necessidade de acrescentar artigos de datas anteriores ao ano de 2010. Dessa forma, por meio desse processo, que foi realizado entre o mês 03 e 04 de 2015, chegou-se a uma amostra de 13 artigos que após intensa revisão, foram descartados 7 e a amostra final foi constituída por 6 artigos.
Resultados
Através da análise de dados descrito anteriormente, chegou-se aos seguintes resultados relatados no “Quadro I”:
Quadro I
Autor / Ano |
Metodologia |
Resultados |
Araújo et al. (2010) |
Qualitativa |
O processo de adolescer é complexo por envolver diferentes contextos de convívio social como em ambientes escolares, familiares, entre outros, nos quais os adolescentes se relacionam e interagem. |
Brito; Oliveira (2013) |
Transversal |
Um grau benéfico de autoestima é decisivo para o bom relacionamento do adolescente, dado que ela os auxilia a crer e confiar em si próprios. |
Rangel et al. 2012 |
Qualitativa |
Os adolescentes são mais disponíveis, suscetíveis, sensíveis e vulneráveis para viver e se entregar em seus relacionamentos afetivos. Nesta exacerbação dos sentimentos, os adolescentes correm o risco de sofrer frustrações amorosas, as quais, muitas vezes, acabam gerando grandes sofrimentos, sensações de perda e até mesmo desencadear problemas sistêmicos e doenças como a depressão. |
Passos et al. 2013 |
Qualitativo |
A preocupação com a boa forma física e as práticas a ela associadas, como dietas, musculação, aceitação e valorização de si próprio atravessam todas as fases da vida. A suposta liberdade de escolha é dependente do padrão estético veiculado na mídia, que transforma o corpo em objeto de consumo e projeção de desejos e de medidas perfeitas. |
Teresa Freire, Dionísia Tavares (2011) |
Quantitativa |
A autoestima foi identificada como uma das características mais associadas aos indivíduos mais felizes. |
Hutz; Banddeira (2010) |
Transversal |
Da mesma forma como nós descobrimos nossa aparência através do nosso reflexo no espelho, aprendemos sobre nossa personalidade olhando a reação dos outros. Se várias pessoas nos rodeiam, acreditamos que somos populares. Se as pessoas riem de nossas piadas, acreditamos que somos divertidos, engraçados. Em outras palavras, a forma como nós vemos a nós mesmos é fortemente influenciada pela maneira como os outros nos veem. |
Discussão
De acordo com os resultados contidos na análise dos estudos, pode-se descrever a adolescência como “um processo complexo”, no qual o adolescente esse encontra mais “disponíveis, suscetíveis, sensíveis e vulneráveis” aos fatores emocionais. Dessa maneira, fica evidente o impacto que problemas emocionais podem gerar na vida desses jovens, de forma que os relacionamentos afetivos tornam-se, mais do que nunca, de grande relevância em suas vidas. E colocando assim, família como peça chave na construção moral dos mesmos.
Tem-se, ainda de acordo com os estudos, a influência da autoimagem diretamente relacionada ao bem-estar do adolescente. Não apenas na adolescência, mas em qualquer fase da vida, a autoimagem é de suma importância para autoestima do indivíduo, porém, devido, talvez, a suscetibilidade de o adolescente a seguir tendências impostas pela mídia, à questão da autoimagem toma proporções gigantescas em seu campo psíquico, o que pode afetá-lo por toda sua vida. Isso porque a mídia pressupõe um estereótipo de beleza inatingível, fazendo com que o indivíduo sinta a necessidade, quase que a obrigatoriedade, de se enquadrar em tais padrões, para que se possa sentir incluso ao ciclo social. Assim, as diferenças passam a ser tachada e surge outro grande problema social que implica diretamente com a autoestima e consequentemente com o bem-estar do adolescente, o “bullying”. Uma prática gratuita de agressão física e/ou verbal, repetitiva sem motivações evidentes.
Por fim, a autoestima foi ainda relacionada ao o nível de felicidade do indivíduo, sendo que aqueles que se mostraram mais felizes, foram também os que se mostraram com maior autoestima, ou vice-versa. Por tanto, na adolescência faz-se necessário e indispensável trabalhar os valores e de cada um, respeitando cada qual com suas diferenças e peculiaridades, buscando dessa maneira incitar a autoestima, proporcionando assim, o seu bem-estar.
Considerações finais
Os estudos realizados trazem resultados a serem debatidos, tendo em vista os resultados alcançados, mas, ainda assim, ficou clara a necessidade de maiores estudos sobre a temática abordada. Seja pelas tantas questões que ainda podem e devem ser abordadas, ou pela insuficiente quantidade e qualidade de estudos publicados. Tem-se percebido que a grande maioria dos estudos que envolvem a autoestima estão geralmente relacionados a fatores estéticos, dessa forma vê-se a necessidade de novos estudos que abordam esse tema de maneira mais ampla, buscando observar os diversos fatores envolvidos direta e indiretamente a essa questão.
A autoestima na adolescência tem se mostrado um importante objeto de estudo, principalmente para que se possa trazer bem-estar e melhorar o nível de vida desses jovens. E, dessa maneira, torna-se indispensável no conhecimento dos profissionais da saúde, sobre tudo, o enfermeiro. Pois, ao enfermeiro compete o papel de “propulsor de melhorias” no estado biopsicossocial do indivíduo, seja no papel assistencial ou de educador, nas diversas esferas sociais. E para isso, a autoestima deve ser ponto fundamental de seu trabalho.
Os autores concordam ainda com a necessidade de mais estudo relacionados ao tema, principalmente “estudos de campo”, onde é possível se aproximar mais da realidade vivida pelo indivíduo foco da pesquisa
Bibliografia
Araújo, A. C., Lunardi, V. L., Silveira, R. S., Thofehrn, M. B. & Porto, A. R. (2010). Relacionamentos e interações no adolescer saudável. Rev Gaúcha Enferm. Porto Alegre (RS) 2010 mar;31(1):136-42.
Bandeira, C. M. & Hutz, C. S. (2010). As implicações do bullying na auto-estima de adolescentes. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 14 Número 1, Janeiro/Junho de 2010: 131-138.
Brito, C. C. & Oliveira, M T. (2013). Bullying and self-esteem in adolescents from public schools. J Pediatr (Rio J). 2013;89(6):601−607
Eisenstein, E. Adolescência: definições, conceitos e critérios. Adolescência & Saúde, volume 2, nº 2, Junho 2005.
Freire, T. & Tavares, D. (2011). Influência da autoestima, da regulação emocional e do gênero no bem-estar subjetivo e psicológico de adolescentes. Rev. psiquiatr. clín. vol. 38 nº 5 São Paulo 2011.
Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF. (2011) O direito de ser adolescente: Oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades / Fundo das Nações Unidas para a Infância. – Brasília, DF: UNICEF, 2011.
Passos, M. D., Gugelmin, S. Â., Castro, I. R. R. & Carvalho, M. C. V. S. Representações sociais do corpo: um estudo com adolescentes do Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(12): 2383-2393, dez, 2013.
Rangel, R. F., Costenaro, R. G. S. & Roso, C. C. Adolescentes: seus anseios, amores e temores no contexto familiar e social. R. pesq.: cuid. fundam. online 2012. jan./mar. 4(1): 2686-94.
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