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Atividades psicomotoras e de integração social 

em locais de risco e vulnerabilidade social

Actividades psicomotoras y de integración social en ámbitos de riesgo y vulnerabilidad social

Psychomotor activities and social integration in danger locals and social vulnerability

 

Educador Físico – UNIPLI

Especialista em Psicomotricidade – IBMR

(Brasil)

Marcelo Bittencourt Jardim

marcelobjardim@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Buscamos em artigos científicos para fundamentarmos as atividades ministradas pelo Educador Físico e pela sua proposta de trabalho com crianças ainda em desenvolvimento motor que residem em favelas. Conciliando e relacionando as atividades de Psicomotricidade, o toque e a relaxação em sua aula, que é importante para as crianças praticarem uma atividade física para seu desenvolvimento psicomotor, pessoal e para seu desenvolvimento escolar. E que qualquer distúrbio na formação do esquema corporal trará uma percepção deformada.

          Unitermos: Psicomotricidade. Favelas. Crianças.

 

Abstract

          We seek scientific articles to introduce activities taught by Physical Educator and their proposal to work with children still in motor development who live in slums. Combining and linking the activities of Psychomotor, touch and relaxation in their classes, it is important for children to practice a physical activity to their psychomotor development, personal to their performance at school. Any disturbance in the formation of the body scheme will bring a distorted perception.

          Keywords: Psychomotor. Favelas. Children's.

 

Recepção: 17/08/2015 - Aceitação: 30/09/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A inatividade motora das crianças atualmente é cada vez maior levando a um analfabetismo motor. As atividades de movimentos levam o educando a entender a sua movimentação, quanto maior a variedade de propostas, maior é o interesse dessa criança (Jardim, 2012).

    Segundo Fonseca (2001), os elementos que compõem o conhecimento do corpo que é desenvolvido na organização motora de base são: Imagem corporal (é o sentimento que a criança tem do seu corpo), Conhecimento do corpo (é o conhecimento intelectual que a criança ou o indivíduo tem do seu corpo e de cada função) e Esquema corporal (é a união das relações anteriores com os dados do mundo exterior).

    As atividades psicomotoras devem desenvolver o corpo todo, as práticas psicomotoras podem desenvolver-se em contextos de ação diferenciados, em função da origem, história e caracterização do sujeito, nas suas dificuldades e possibilidades, e do contexto de intervenção. Segundo Piaget (1936), “a criança pensa, aprende, cria e enfrenta problemas, mediante a atividade corporal”.

    A Psicomotricidade oportuniza ao educando um crescimento e grande significação no desenvolvimento global e múltiplas experiências que a criança tem através do seu corpo (Jardim, 2012).

    Segundo Le Boulch (2001), a Psicomotricidade se dá através de ações educativas de movimento expontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua personalidade.

    Para Alves (2009), a Psicomotricidade é toda a ação realizada pelo indivíduo, consigo mesmo e com o outro. Existe um simbolismo com a intervenção e a mediação dos gestos, a importância do diálogo tônico, das habilidades motoras, das posturas por meio dos movimentos, a comunicação mediante a fala por meio das palavras que ajudam e são capazes de modificar toda uma conduta.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2007), a Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, conforme as experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

    Sendo assim, desenvolvo no meu trabalho atividades voltadas para os conhecimentos básicos da Psicomotricidade. E da Psicomotricidade em relação ao corpo em movimento e ao mundo interno e externo, procuro colocar em práticas em atividades de iniciação esportiva como atividades coletivas: Futebol, Basquetebol, Voleibol e em atividades individuais: Atletismo, Jogos, Damas e Xadrez (Jardim, 2012).

    Desenvolvendo atividades com estafetas e circuitos com ministrações de aulas lúdicas e centradas no desenvolvimento motor da criança como: Lateralidade, percepção de tempo e espaço, ritmo, equilíbrio, percepção óculo pedal, percepção visual, atenção, concentração e os estágios da aprendizagem motora como o cognitivo e associativo (o autônomo não entra nessa fase, pela idade das crianças), suas valências físicas e a socialização entre os alunos e o professor (Jardim, 2012).

Atividade recreativa fundamentada na Psicomotricidade

Nome: Circuito maluco (Conceição, 1995)

  • Faixa Etária: crianças entre 9 a 15 anos.

  • Objetivo: Desenvolver sua coordenação motora, suas valências físicas, seu desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem motora.

  • I Estação: Ritmo. (È a forma de se deslocar no espaço obedecendo uma determinada sequência de movimentos) – Elevar os joelhos uni-lateralmente passando pelos cones (os cones deitados no chão).

  • II Estação: Equilíbrio. (Caracteriza – se com a forma de permanecer estático ou em movimento sobre uma ou mais bases do corpo) – Caminhar em cima de uma corda (a corda em forma da letra S).

  • III Estação: Agilidade. (Está relacionado aos exercícios que o aluno desenvolva a velocidade de deslocamento na execução dos exercícios) – Correr passando pelo primeiro cone de frente e depois voltar de costas, continuando assim progressivamente, e faz assim até o final (o cone em pé).

  • IV Estação: Lateralidade. (Está relacionado a desenvolver as partes laterais do corpo, as partes da frente e de trás do corpo, dando ênfase aos lados direito e esquerdo) – Pular com o pé esquerdo no arco amarelo (2arcos) e depois pular com o pé direito no arco vermelho (2 arcos), (o arco pouco afastado um do outro).

  • V Estação: Percepção óculo pedal. A criança fica dentro do arco vermelho e joga a bola com a mão dentro do outro arco que é azul, (o arco azul vai estar pendurado no alto), só vale ponto se acertar no centro do arco azul com a bola.

  • VI Estação: Percepção de tempo. (Está relacionado ao tempo que dura um determinado exercício ou movimento) - O professor vai solicitar que a criança fique em pé de um lado da quadra (que é o começo), este lançará uma bola rolando até o final da quadra e solicitará que a criança corra e tente chegar primeiro que a bola, chegando primeiro a criança ganha o ponto.

  • VII Estação: Percepção de espaço. (Está relacionado ao espaço que os movimentos do corpo pode percorrer e ocupar. È o deslocamento do corpo respeitando os espaços naturais). O professor colocará espalhado na quadra vários obstáculos (cones, cordas, bolas) e solicitará que a criança corra sem esbarrar nos obstáculos e nos amigos.

Atividade de socialização

    È desenvolver a relação amizade e conhecimento do grupo, com o grupo e do grupo com o professor. O professor solicitará que a turma faça um círculo, este escolherá um aluno que deverá falar o nome dos alunos um por um na ordem do círculo até que chegue o seu nome, o professor solicitará que faça uma criança de cada vez, a criança que foi escolhida pelo professor irá falar o nome do amigo e irá tocá-lo. OBS: o aluno que falar o nome tocará o amigo em seu braço, ex: falou primeiro o nome do amigo (Marcelo) e tocou no braço dele (Conceição, 1995).

    O Toque é uma consciência progressiva, poderíamos chamar de envelope do corpo ou de fronteira, o tocar em um objeto é um exemplo de percepção, por um intermédio do toque da mobilização das articulações, do toque das partes corporais ex: o ombro, possibilitando a percepção dos segmentos e suas conexões e continuidade, ex: cotovelo e punho, nomear as partes corporais e mobilizar sempre as articulações deixando sempre as mãos completas sem deixar “oco”, partes sobrando (Lacerda, 1995).

    Exemplos: O membro superior o Braço (ombro, cotovelo e o punho) as articulações mapeando e nomeando as partes corporais, autenticar e qualificar a representação da sensação e nomeação, durante a manipulação (Lacerda, 1995).

    Por isso podemos citar que o toque é a comunicação com o ser, ajuda o desenvolvimento da criança (do sujeito em conhecer o seu próprio corpo e o corpo do outro). Exemplo de atividade: atividade de dinâmica lúdica sobre toque que foi de conhecer as partes corporais dos alunos, essa atividade foi desenvolvida em dupla, o aluno número dois tocava nas partes corporais do aluno número um e nomeava Ex: tocava no nariz e dizia nariz, e o aluno número um sentia o toque e imaginava o nariz, outra atividade foi de tocar na orelha do aluno, manipulando com leveza deixando o outro aluno relaxado e imaginando as formas de suas orelhas (Lacerda, 1995).

    Outra atividade que fizemos foi a de manipulação dos membros superiores e inferiores, primeiro com as mãos sem deixar nada sobrando nas articulações e depois com as esponjas nas partes corporais, um aluno ficava em decúbito dorsal e o outro fazia a manipulação corporal nas articulações propostas (Lacerda, 1995).

    Desenvolvemos uma atividade de toque nas partes corporais das crianças nas aulas de Educação Física onde atuo, conciliando o toque de seus membros superiores e inferiores com a prática da atividade física.

    Exemplo de atividade: O professor solicitará que a criança corra até o final da quadra com as mãos nas suas partes corporais que ele está propondo na hora, chegando no final da quadra, ao seu comando, a criança voltará com as mãos em outras partes corporais citadas pelo professor. Exemplo da atividade: O aluno inicia a corrida com as mãos nos joelhos, chegando ao final da quadra, ao comando do professor, ele vai voltar (para o começo da quadra) correndo com as mãos nas orelhas.

    Segundo Damásio (2000), independentemente das vivências sócio culturais, todos temos emoções e partilhamos e estamos atentos as emoções dos outros, a consciência do sentir e percepcionar o corpo é indispensável para a construção securizante do seu funcionamento e para a identidade pessoal.

Atividade de relaxamento

    Levamos essa prática de relaxação ao meu trabalho e ministrei essa aula depois de várias atividades de atletismo muito brusca, exaustiva e intensa, pude ver nas crianças durante a prática de relaxação a sua promoção ao estado de relaxamento.

    A aula de relaxação foi ministrada dessa forma, coloquei depois da aula, quatro tatames no chão, ao comando do professor, eles deitaram em decúbito dorsal, pedi que os discentes ficassem de olhos fechados e escutassem o barulho do vento nas árvores e dos pássaros (isso foi no lugar da música), e pedi que eles movimentassem os dedos dos pés (primeiro) e depois das mãos bem devagar, e depois lentamente as partes do corpo, como a cabeça, os braços e as pernas e pude observar o aspecto cognitivo nas relações espaciais entre os diversos seguimentos do corpo dos alunos na hora que solicitava para eles movimentarem os dedos das mãos com os dedos dos pés, muitos não conseguiram movimentar juntos os dedos dos pés com os dedos das mãos.

    No final contei uma história para eles imaginarem a estarem nesse lugar, citando que estávamos indo a uma praia linda de águas cristalinas, águas mornas e com vários peixes bonitos e coloridos, areia branca, muito verde com montanhas em volta da praia, muitos pássaros, e uma brisa refrescante levemente vindo ao encontro de nossos rostos e um sol muito agradável, muitos alunos relaxaram durante a aula, foi imensamente gratificante.

Considerações finais

    Este trabalho é de suma importância, porque nele mostramos a atividade física destacando o elemento psicomotor que foi desenvolvido na criança através do movimento da ação de múltiplas experiências vivenciadas, nas aulas práticas ministradas de Educação Física, explorando os elementos psicomotores dos discentes. As aulas ministradas tiveram o seu objetivo específico a Psicomotricidade, o toque, a socialização e a relaxação, durante as atividades, a aula foi bem aceita pelos alunos, e foi alcançado o objetivo com sucesso.

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados