efdeportes.com

Perfil antropométrico de árbitros da Federação Mineira de Futebol

Perfil antropométrico de los árbitros de la Federación Mineira de Fútbol

Anthropometric profile of referees of the Minas Gerais Federation of Soccer

 

Formado em Educação Física pela Universidade

Federal de São João del Rei, Minas Gerais

(Brasil)

Leandro Feres Gama Santos

leandroferes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Nos dias de hoje a antropometria vem sendo utilizada de forma considerável tanto na detecção de jovens talentos, quanto ao desporto de alto rendimento e à mensuração em árbitros de esportes. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil antropométrico de árbitros de futebol da Federação Mineira de Futebol; comparar o perfil de árbitros avaliados com o perfil encontrado em outros estudos; e orientar, por meio dos resultados obtidos, um melhor direcionamento da proposta para a realização do treinamento para árbitros de futebol. Foram avaliados 14 árbitros de futebol de campo da Federação Mineira de Futebol. As variáveis coletadas foram: estatura; peso corporal; mensuração de dobras cutâneas; e perimetria. Os índices calculados foram: índice de massa corporal (IMC); percentual de gordura (%g); e relação cintura-quadril (RCQ). O estudo concluiu que a amostra analisada apresentou perfil homogêneo e dentro dos padrões, comparado a outros estudos. Acrescentam-se, assim, informações importantes para a determinação e novos estudos do perfil de árbitro de futebol em nosso país.

          Unitermos: Perfil antropométrico. Futebol. Arbitros.

 

Abstract

          Nowadays the anthropometry is being used considerably in sports, since the pinpointing of young talent, the sport of high yield and measurement in sports referees. The aim of this study was to determine and analyze the anthropometric profile of soccer referees of Minas Gerais Federation of Soccer. Compare the profile with the profile referees assessed found in other studies. Guide, by means of the results obtained a better targeting of the proposal for the completion of training for soccer referees. 14 soccer referees were evaluated field of Minas Gerais Federation of Soccer. The variables are collected: stature, body weight, measurement of skin folds, and perimetry. The indexes are calculated: body mass index (BMI), body fat percentage (% g), waist-hip ratio (WHR). The study came to the conclusion that the sample presented homogeneous and within the standards profile, compared to other studies. Adds-if so, important information for determination and new studies of soccer referee's profile in our country.

          Keywords: Anthropometry profile. Soccer. Referees.

 

Recepção: 12/06/2015 - Aceitação: 29/08/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    Desde os tempos onde houve sua criação, o futebol sempre esteve entre as manifestações esportivas mais populares do mundo. Além dele, outras manifestações semelhantes ao futebol eram realizadas por povos mais primitivos em diferentes civilizações.

    Em Londres, na segunda metade do século XIX, o futebol se propagou através das escolas inglesas, atravessando fronteiras e modificando suas regras até ser regulamentado. Propagou-se, também, na maioria das faculdades e universidades norte-americanas, assim como na Grã-Bretanha. A partir daí houve a prática do futebol em suas diversas formas no mundo inteiro.

    Conforme alguns apontamentos de Murray (2000), seria difícil imaginar o futebol consolidando-se como esporte, propriamente dito em outro país, tendo em vista que a Grã Bretanha foi pioneira em tentar organizar, sistematizar e propagar as regras desse esporte entre seus povos e, posteriormente, pelo mundo. O futebol era, sobretudo, um jogo popular, e referia-se a qualquer bola chutada com o pé.

    Inicialmente, a prática era motivada pelo prazer do jogo em si, sem preocupação de regras, e posteriormente, foi recebendo um caráter mais sistemático até a sua prática passar a ser regulamentada.

    Segundo Da Silva, Rodriguez-Añez & Arias (2004), em 1868, numa das várias modificações que o futebol sofreu ao longo da sua história, surgiu o árbitro de futebol. Contudo, foi somente em 1881 que esta figura tão importante para o futebol apareceu definitivamente.

    O jogo passou a se tornar mais organizado quando da criação da figura do árbitro, momento em que regras passam a ser incorporadas ao jogo (Duarte, 1997).

    Nos primórdios, o árbitro dirigia as partidas de futebol sem uma regra que estipulasse quais eram seus direitos e deveres, só intervindo na jogada quando alguém de uma das equipes reclamasse. Em 1890, foi regulamentada a sua função em campo e, em 1891,verificou-se uma revisão completa do código, passando o árbitro a ter dois assistentes que, ao contrário do árbitro, surgiram com funções determinadas (Da Silva, Rodriguez-Añez & Arias, 2004).

    Silva & Nascimento (2005) apontam que por muito tempo o árbitro de futebol foi considerado figura secundária no futebol. Com o passar dos anos, reconheceu-se que o árbitro era também a pessoa que podia interferir no resultado de uma partida, pois uma decisão precipitada ou equivocada podia retirar do campeonato uma equipe que investiu milhões de dólares na compra e no preparo de seus jogadores, restando a esta apenas lamentar.

    Segundo Lima (1982), a função do árbitro é fazer valer as regras do jogo; é resolver situações de dúvida dentro do futebol. Por isso, uma boa colocação do árbitro no campo de jogo diminui ainda mais a chance de erro por parte dele. E para estar junto do lance numa partida de futebol, o árbitro tem que apresentar boas condições físicas.

    Peres (1996) afirma que além de avaliar as condições físicas e o desempenho do atleta, na categoria de base, a antropometria tem o papel importante no acompanhamento do crescimento, no desenvolvimento e na maturação do atleta; desta forma, ajudando na determinação da carga, na intensidade e no tipo de treinamento que irá ser feito. Isso faz com que os árbitros entrem nos moldes do treinamento de jogadores, pois a intensidade dos jogos requer um bom condicionamento físico por parte deles.

    De acordo com Silva &Nascimento (2005), torna-se evidente que há necessidade de se investir nos estudos que abordem o desempenho físico e o perfil antropométrico dos árbitros de futebol, com o objetivo de evitar, desta maneira, que decisões equivocadas, provocadas pelo esgotamento físico durante a partida, possam tirar o brilho de um bom jogo de futebol.

2.     Objetivos

2.1.     Objetivo principal

    O objetivo principal da pesquisa foi analisar o perfil antropométrico de árbitros de futebol da federação mineira de futebol que participaram da temporada de 2010/2011.

2.2.     Objetivos específicos

    A pesquisa tem como objetivos específicos comparar o perfil de árbitros avaliados com o perfil encontrado em outros estudos e orientar, por meio dos resultados obtidos, um melhor direcionamento da proposta para a realização do treinamento para árbitros de futebol.

3.     Métodos

    O presente estudo é do tipo transversal analítico, realizado com 14 árbitros com idade variada. A amostra foi selecionada de forma não probabilística. O estudo obedeceu aos critérios éticos para pesquisa com seres humanos e à Resolução no 196, de 10 de outubro de 1996 (Brasil, 2014). Os avaliados ficaram cientes de que poderiam deixar a pesquisa em qualquer momento e sem qualquer ônus. A amostra foi composta por um total de 14 árbitros de futebol da Federação Mineira de Futebol.

3.1.     Medidas antropométricas

    Foram realizadas medidas de massa corporal e estatura. Para a medida da massa corporal, a pessoa avaliada permanecia de pé, com o corpo ereto sobre a balança, descalça e utilizando apenas roupas leves; na estatura, as pessoas avaliadas permaneciam descalças em posição ortostática, com a cabeça posicionada no plano de Frankfurt, mantendo os pés juntos, e os calcanhares, os glúteos e as escápulas apoiadas na parede. A estatura foi mensurada utilizando uma fita métrica (Volder) com precisão de 1 mm. Uma balança digital (Cadence) com precisão de 0,1 kg foi utilizada para mensuração da massa corporal. Todas as medidas foram realizadas no Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais.

    As circunferências de antebraço, braço, peitoral, cintura, abdominal, quadril, coxa e panturrilha foram mensuradas para obter-se a relação cintura-quadril RCQ de cada voluntário. Para medir as regiões citadas utilizou uma fita métrica marca VONDER. A relação cintura-quadril foi calculada utilizando a fórmula

 

    De posse dessas medidas antropométricas, o IMC foi calculado pela seguinte equação: IMC = massa corporal (kg)/Estatura2 (m).

    Para a avaliação do percentual de gordura foi utilizado o método da mensuração da espessura por dobras cutâneas, que corresponde às medidas de uma camada dupla de pelo e de tecidos subcutâneos, destacados em pontos anatômicos específicos, sendo sua dimensão estabelecida com o uso de compassos específicos, com características especiais para esta finalidade (Guedes& Guedes, 2006). A mensuração das espessuras das dobras cutâneas foi realizada nos seguintes pontos anatômicos: axilar-média, tricipital, peitoral, subescapular, suprailíaca, abdominal e coxa. O aparelho utilizado para mensurar as dobras cutâneas foi o adipômetro marca CESCORF GBA849.

3.2.     Análises estatísticas

    A análise estatística foi do tipo descritiva, sendo que os dados apresentados foram dispostos em média e desvio-padrão.

4.     Resultados

    A amostra analisada apresentou grande homogeneidade e os dados encontrados neste estudo apresentaram resultados semelhantes a outros estudos feitos em atletas da mesma categoria e etnia.

    Os resultados obtidos nesta pesquisa estão apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4.

5.     Discussão

    Na Tabela 1 podem ser observadas as características descritivas e da composição corporal da amostra estudada. A idade média (35,5 anos) foi muito semelhante aos valores encontrados por Da Silva, Rodriguez-Añez & Arias (2004) em árbitros da Federação Paranaense de Futebol (FCP), que foi de 34,5 anos. Os valores encontrados em estudo desenvolvido por Velho, Petroski & Schwingel (1998) em árbitros da Federação Catarinense de Futebol (FCF) foram de 32,6 anos. Rontoyannis et al. (1998) também avaliaram 188 árbitros da região norte da Grécia e verificaram que a média de idade foi de 36,3 anos. Estes autores ainda comentam que a idade dos árbitros quando comparada com a dos atletas de futebol é superior em 10 anos e que esta diferença é menor em outros esportes.

Tabela 1. Características de idade, estatura e peso do grupo estudado

Variável

Média

Desvio-Padrão

Máximo

Mínimo

Idade (anos)

35,50

4,29

41,00

28,00

Estatura (cm)

177,00

4,32

184,00

169,00

Massa corporal (kg)

77,05

7,37

89,50

55,60

    A estatura média (177,0 cm) encontrada neste estudo é praticamente igual ao estudo realizado em árbitros da Federação Paraense de Futebol que foi de (177,8 cm) e dos árbitros gregos (177,4 cm) e foi maior do que a dos árbitros da Federação Catarinense de Futebol que foi de (174,4 cm). A massa corporal dos árbitros foi de 77,05 kg. Comparado ao de outros estudos, a massa corporal dos árbitros mineiros foi menor que a dos paranaenses (78,7 kg), menor do que a dos árbitros gregos (81,6 kg) e maior do que a dos árbitros catarinenses (76,4 kg).

    O Índice de Massa Corporal (IMC) dos árbitros da Federação Mineira de Futebol apresentaram valores significativos. Apenas um árbitro apresentou o IMC com resultado abaixo do peso. Seis árbitros apresentaram valores acima dos normais, apresentando sinais de sobrepeso. O restante da amostra ficou na linha de peso normal e ideal (Tabela 2).

Tabela 2. Características de IMC, % de gordura, massa magra e massa gorda

Variável

Média

Desvio-Padrão

Máximo

Mínimo

IMC

24,25

2,41

27,60

17,85

Gordura

19,30

0,050

26,70

8,91

RCQ

0,97

0,051

1,03

0,87

Massa magra (kg)

62,07

4,34

67,53

50,65

Massa gorda (kg)

15,16

4,95

23,90

4,95

    A relação cintura-quadril (RCQ) apresentou valores altos, causando preocupação, pois muitos árbitros estão em valores de risco, ou seja, estão com o risco de adquirir doenças coronárias.

    Com relação ao percentual de gordura ocorreram variações entre os percentuais dos árbitros mineiros. Alguns valores foram acima do esperado. A média do percentual de gordura foi de 19,30%.

    Comparado aos outros estudos, o percentual de gordura dos árbitros paranaenses foi de 15,9%; o valor encontrado nos gregos foi de 16,7%. O valor relatado por Velho, Petroski & Schwingel (1998), em um estudo realizado em 57 árbitros catarinenses foi de 20,7%%. Ainda, o percentual de gordura dos árbitros encontrado pelos autores citados em homens da região Sul foi de 16,14%.

    A massa magra da amostra apresentou média de 62,07 e a massa gorda de 15,16. Não houve grande diferença na amostra e os valores ficaram semelhantes entre os árbitros.

    A Tabela 3 mostra o somatório das dobras cutâneas. A dobra abdominal e suprailíaca apresentaram valores altos em comparação com as outras dobras. Isso pôde justificar os resultados da relação cintura-quadril onde foi constatado valores de risco altos.

Tabela 3. Valores e o somatório obtido das médias das dobras cutâneas

Variável

Média

Desvio-Padrão

Máximo

Mínimo

Tricipital

12,02

4,76

19,50

5,00

Subescapular

18,53

6,76

29,10

8,10

Peitoral

15,12

6,23

27,20

9,30

Axilar média

16,31

6,68

26,40

5,50

Suprailíaca

21,70

6,26

30,50

8,60

Abdominal

33,18

11,19

45,80

10,00

Coxa

14,81

5,68

24,60

5,00

    A Tabela 4 mostra os valores obtidos das circunferências. Os valores que ficaram fora dos padrões e obtiveram valores altos como em outros estudos foram as circunferências do abdômen e da cintura.

Tabela 4. Valores obtidos das circunferências

Variável

Média

Desvio-Padrão

Máximo

Mínimo

Tórax

93,57

5,18

101,00

83,00

Abdômen

88,07

4,73

95,00

77,00

Cintura

87,50

7,36

97,00

31,00

Quadril

89,42

4,61

97,00

79,00

Braço

28,28

1,72

31,00

25,00

Antebraço

25,78

0,80

27,00

24,00

Coxa

52,57

3,00

58,00

45,00

Panturrilha

38,07

2,89

43,00

31,00

6.     Conclusão

    De acordo com Da Silva, Rodriguez-Añez & Arias (2004), o árbitro, auxiliado pelos seus assistentes, tem a autoridade para fazer cumprir as regras do jogo de futebol. As suas decisões sobre fatos em relação ao jogo são definitivas. A sua função consiste em supervisionar e julgar a ação dos jogadores e aplicar as penalidades pertinentes de acordo com as regras oficiais da FIFA.

    Em seus estudos, Da Silva, Rodriguez-Añez & Arias (2004) descrevem que o interesse científico pelo futebol tem acontecido de forma muito intensa durante as últimas décadas, porém, quase sempre o interesse é o jogador de futebol. Embora a importância do árbitro não seja menor, pois um jogo mal arbitrado independentemente do nível dos jogadores perde todo seu brilho. Pouca atenção tem sido dada ao arbitro. Poucos trabalhos falam das necessidades físicas, do perfil antropométrico e da composição corporal de árbitros de futebol.

    Segundo Da Silva, Rodriguez-Añez & Arias (2004), é preciso investir em pesquisa para a melhoria do desempenho físico do árbitro de futebol evitando, desta maneira, que decisões equivocadas, provocadas por esgotamento físico durante a partida, tirem o brilho de um bom jogo de futebol.

    O estudo veio concluir que a amostra analisada apresentou perfil homogêneo e dentro dos padrões, comparado a outros estudos. Acrescentam-se, assim, informações importantes para a determinação e os novos estudos sobre o perfil de árbitro de futebol em nosso País.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 208 | Buenos Aires, Septiembre de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados