efdeportes.com

Padrão respiratório em praticantes de natação

Patrón respiratorio en practicantes de natación

Pattern of breathing in swimming practitioners

 

*Aluno de graduação em Odontologia - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

**Graduado em Odontologia - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

***Doutor em Odontologia pela universidade de Pernambuco

Professor dos Cursos de Odontologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

****Doutor em Ciências da Saúde (UFRN). Professor dos Cursos de Odontologia

e Educação Física da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

(Brasil)

Sandro Dias Rocha Mendes Carneiro*

Douglas Eduardo Araújo Pardim*

LuthSavy de França Costa**

Paulo Henrique Cabral Bellaguarda**

Fábio de Almeida Gomes***

Danilo Lopes Ferreira Lima****

sandrodiasr@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: O alto grau de competitividade nas práticas esportivas de disputa é essencial, já que elas são desenvolvidas através de fundamentos de competição. Os resultados obtidos são, muitas vezes, definidos por pequenas variáveis, entre estas, a saúde bucal. O respirador bucal é aquele indivíduo que substitui ou complementa o padrão correto de respiração nasal por um padrão inadequado, bucal ou misto (buco-nasal). Objetivo: A presente pesquisa teve como objetivo investigar o padrão de respiração (bucal, nasal ou mista) de praticantes de natação. Metodologia: Foram avaliados 50 atletas e praticantes de natação do sexo masculino, com idades acima de 18 anos e com um mínimo de seis meses de treinamento. Os pacientes foram submetidos a uma avaliação respiratória onde os pesquisadores utilizaram quatro protocolos adaptados. Resultados: Considerando-se os quarto testes, 28 (56%) nadadores apresentaram resultados que levam a crer que sejam respiradores nasais, 21 (42%) respiradores buco-nasais ou mistos e somente 1 (2%) demonstrou características positivas para defini-lo como respirador bucal. Conclusão: O presente estudo demonstrou uma maior prevalência de respiração nasal em nadadores, contudo a presença de um padrão respiratório misto em uma considerável parcela dos indivíduos avaliados leva a uma necessidade de realização de testes mais específicos e, uma vez diagnosticada a respiração bucal, ao tratamento interdisciplinar do esportista/atleta para que seu rendimento não seja afetado.

          Unitermos: Odontologia. Esporte. Respirador bucal.

 

Abstract

          Introduction: The high degree of competitiveness in the sporting practices of dispute is essential, as they are developed through competition grounds. The results obtained are often defined by small amounts, among them, the oral health. Mouth breathers is the individual who replaces or complements the correct pattern of nasal breathing is inadequate, oral or mixed (oro-nasal). Objective: The present research it is a descriptive study that aimed to investigate the pattern of breathing (oral, nasal, or mixed) swimmers. Methodology: Were observed 50 athletes and swimmers male, aged above 18 years with a minimum of six months of training. Patients underwent a respiratory assessment where researchers used four protocols adapted. Results: Considering the four tests, 28 (56%) swimmers presented results that suggest that they are nose breathers, 21 (42%) oral-nasal respirators or mixed and only 1 (2%) showed positive characteristics to define it as mouth breather. Conclusion: The present study demonstrated a higher prevalence of nasal breathing swimmers, however the presence of a breathing pattern mixed in a considerable portion of the subjects leads to a need for more specific tests and, once diagnosed, oral breathing, the interdisciplinary treatment the sportsman / athlete so that your income is not affected.

          Keywords: Sports. Dentistry. Oral breathing.

 

Recepção: 17/03/2015 - Aceitação: 10/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O alto grau de competitividade nas práticas esportivas de disputa é essencial, já que elas são desenvolvidas através de fundamentos de competição. Os resultados obtidos são, muitas vezes, definidos por pequenas variáveis, entre estas, a saúde bucal. (Lemos; Oliveira, 2007). O conceito de Odontologia Desportiva no Brasil teve início nos anos 1990 com o interesse dos dentistas José Carlos Teixeira Winther e César Augusto Bertini Donadio. Este, especializado em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial,, se respaldava em sua experiência diária em ambiente hospitalar, em que os traumas esportivos correspondiam, em número, ao terceiro atendimento de traumas de face (Araújo; Cormack et al., 2000).

    Odontologia Desportiva é a área voltada para o conhecimento, prevenção e tratamento das lesões e doenças do sistema estomatognático na prática esportiva. Baseia-se, portanto, no estudo da interferência do esporte no sistema estomatognático e como a saúde bucal pode comprometer o desempenho físico e psicológico do esportista (Siqueira, 2005). Infecções geradas por problemas periodontais, respiração bucal e disfunções têmporomandibulares podem afetar o desempenho do atleta. Fraturas dentárias ou faciais decorrentes de impacto gerado em esportes de contato, bem como dilacerações de tecidos moles, podem afastar os atletas temporariamente de competições (Carneiro et al, 2013). Contudo, além dos traumas, outros problemas de ordem bucal podem afetar o rendimento do atleta são relevantes (Lima, 2012).

    Dentre as várias complicações que acometem os atletas, a respiração bucal está presente como um problema muitas vezes negligenciado, que pode alterar seu desempenho aeróbico com repercussões sistêmicas. Deve-se lembrar que respiração bucal não é uma doença e sim uma síndrome com sinais e sintomas característicos e com um grande número de etiologias. Pode-se ressaltar que pequenas diferenças, em se tratando de alto desempenho, podem influenciar nos resultados, se comparados os grupos de respiradores bucais e respiradores nasais (Abreu et al, 2006).

    O respirador bucal é aquele indivíduo que substitui ou complementa o padrão correto de respiração nasal por um padrão inadequado, bucal ou misto (buconasal). As consequências desta redução das funções nasais respiratórias têm despertado o interesse de muitos pesquisadores nos últimos cem anos. A síndrome do respirador bucal produz alterações posturais, faciais e comportamentais, que prejudicam a qualidade de vida dos indivíduos acometidos por esse distúrbio do sistema respiratório. Os aspectos comportamentais e psicossociais mais comuns são: sono agitado, sonolência diurna, irritabilidade, falta de atenção, percepção alterada da realidade e do cotidiano, baixo rendimento escolar ou de trabalho e problemas no desenvolvimento da linguagem (Justiniano, 1996; Dal-Fabbro, Chaves-Jr, Tufik, 2009).

    Esses sintomas prejudicam a performance do atleta e, levando-se em consideração que nadadores são esportistas que durante a sua prática esportiva inspiram o ar pela boca, a investigação do padrão respiratório destes faz-se necessária, tornando-se o objetivo do presente trabalho.

Metodologia

    A presente pesquisa trata-se de um estudo descritivo que teve como objetivo investigar o padrão de respiração (bucal, nasal ou mista) de praticantes de natação. Foram avaliados 50 atletas e praticantes de natação do sexo masculino, com idades acima de 18 anos e com um mínimo de seis meses de treinamento. Foram excluídos aqueles com histórico de cirurgia facial e/ou faríngea, síndromes e/ou doenças neurológicas e com malformações craniofaciais.

    Os pacientes foram submetidos a uma avaliação respiratória onde os pesquisadores utilizaram quatro protocolos adaptados. Antes da realização dos testes, os nadadores responderam a uma anamnese contendo os seguintes dados: idade, frequência semanal de treino, tempo de prática, queixa respiratória, se estava passando por algum tratamento respiratório e se possuía algum tipo de alergia e/ou hábito oral.

    Após a anamnese foram realizados quatro testes no sentido de verificar o padrão respiratório do avaliado.

    Os respiradores nasais foram assim considerados quando cumpriram os testes característicos do respirador nasal (presença de toque nos lábios, respiração profunda nasal, dilatação das narinas, e conseguiram respirar somente pelo nariz durante os 3 minutos com a boca cheia de água) e buconasais ou mistos foram aqueles que, nos resultados dos testes, tiveram situações enquadradas como respiradores bucais e outras como nasais. Após coletados, os dados foram tabulados e a estatística descritiva realizada através do Programa Microsoft Office Excel®.

Resultados

    Os nadadores investigados apresentaram média de idade de 27,1±8,0 anos e média de tempo de treino de 38,2 ± 36,0 meses. Ao ser informada a frequência semanal de treino, 6 (12%) treinavam 2 vezes por semana, 34 (68%) 3 vezes, 3 (6%) 4 vezes, 6 (12%) 5 vezes e apenas 1 (2%) treinava todos os dias da semana. Quanto a alguma queixa respiratória, 9 (18%) responderam positivamente e 41 (82%) não se queixaram. Apenas 1 (2%) dos participantes relatou que estava passando por algum tratamento respiratório, enquanto 49 (98%) respondeu negativamente a esse questionamento. Contudo, na avaliação da presença de problemas alérgicos, 16 (32%) avaliados afirmaram serem portadores de algum tipo de alergia, enquanto 34 (68%) não. Com relação aos hábitos orais, 25 (50%) nadadores afirmaram não possuir nenhum tipo. Dos outros 25 (50%), 19 (38%) roem unhas, 1 (2%) tem bruxismo, 4 (8%) mordem os lábios e 1 (2%) relatou possuir mais de um hábito oral (Tabela 1).

Tabela 1. Presença de hábitos orais

    Com relação aos 4 testes realizados (Toque nos lábios no momento da anamnese, com respiração relaxada (TL); Preenchimento da cavidade oral com água (PCO); Verificação do fluxo aéreo nasal (FAN) e Avaliação da dilatação das narinas (DN), foram observados os seguintes resultados.

    Quando realizado o teste 1, toque nos lábios no momento da anamnese, com respiração relaxada (TL), verificou-se que 12 (24%) participantes não tocavam os lábios com respiração relaxada, enquanto 38 (76%) o faziam. Na realização do teste 2 (PCO), 40 (80%) conseguiram respirar somente pelo nariz durante 3 minutos, enquanto 10(20%) não conseguiram. Na verificação do fluxo aéreo nasal (FAN), 37 (74%) indivíduos respiravam somente pelo nariz, enquanto que 13 (26%) realizavam o padrão bucal de respiração. No teste 4 (DN), 43 (86%) participantes tiveram dilatação das narinas contra 7 (14%) que não dilataram (Tabela 2).

Tabela 2. Testes para verificação do padrão respiratório

    Considerando-se os quarto testes, 28 (56%) nadadores apresentaram resultados que levam a crer que sejam respiradores nasais, 21 (42%) respiradores buconasais ou mistos e somente 1 (2%) demonstrou características positivas para defini-lo como respirador bucal (Tabela 3).

Tabela 3. Padrão respiratório de praticantes de natação

Discussão

    Segundo Brechet al. (2009), pode ser considerado como respirador bucal o indivíduo que desenvolve um padrão inadequado que pode ser bucal ou misto. Desta forma, poderíamos afirmar que 44% dos avaliados no presente estudo poderiam ser classificados como tal. Neste tipo de respiração, o ar que penetra na cavidade bucal é frio e seco, o que faz com que não chegue aos pulmões de forma adequada, ocorrendo uma diminuição na capacidade de oxigenação do organismo e gerando outras alterações orgânicas. Em caso de atletas ou esportistas, essas alterações poderiam afetar sua máxima captação de oxigênio (VO2máx) e, consequentemente, sua performance cardiorrespiratória.

    A ausência de estímulos para que a corrente aérea passe por meio do conduto nasal faz com que não ocorram as pressões e as distensões que asseguram a correção dos seios maxilares. As narinas se transformam em verdadeiras fendas nasais estreitas com elasticidade reduzida por falta do uso. No caso da permanência deste quadro ocorre um agravamento de toda a mecânica ventilatória. Toda essa situação pode levar a um comprometimento severo dos pulmões, como infecções repetitivas; desequilíbrio entre as forças musculares; disfunções temporomandibulares e/ou torácicas; e conseqüentemente alteração em todo o eixo corporal. Uma vez instaladas tais alterações, o atleta/esportista teria seu desempenho seriamente comprometido (Cardoso; Montemezzo, 2010).

    A respiração bucal produz não somente alterações respiratórias. Mudanças faciais, posturais e comportamentais também prejudicam a qualidade de vida do respirador bucal. Deve-se levar em consideração que, além dos respiradores bucais propriamente ditos, merecem destaque os respiradores bucais funcionais, que são aqueles que apresentavam obstruções à respiração nasal, mas que foram corrigidas. O grande problema desses indivíduos é que, mesmo tendo o trato superior absolutamente permeável, continuam respirando pela boca (Barbiero et al. 2007).

    Deformidades torácicas, musculatura abdominal flácida, cabeça mal posicionada, com alteração para coluna, ombros caídos, além de protrusão abdominal são alterações posturais relatadas em indivíduos com respiração bucal (Oliveira, 2001). Como podemos observar, variadas são as alterações que poderiam atingir as pretensões de um atleta caso este não diagnostique e, consequentemente, faça o tratamento de um quadro instalado de respiração bucal.

Conclusão

    O presente estudo demonstrou uma maior prevalência de respiração nasal em nadadores, contudo a presença de um padrão respiratório misto ou buconasal em uma considerável parcela dos indivíduos avaliados leva a uma necessidade de realização de testes mais específicos e, uma vez diagnosticada a respiração bucal, ao tratamento interdisciplinar do esportista/atleta para que seu rendimento não seja afetado.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 208 | Buenos Aires, Septiembre de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados