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Prevalência de incontinencia urinária
por estresse durante o exercício de Jump

La prevalencia de incontinencia urinaria por estrés durante el ejercicio de Jump

Urinary stress incontinence prevalence during Jump exercise

 

*UNILASALLE – Canoas – RS

Bacharel em Educação Física – UNILASALLE – Canoas – RS

**UNILASALLE – Canoas – RS

Mestre em Ciências do Movimento Humano – PPGCMH – EsEF-UFRGS

***PMPA – SME – Porto Alegre – RS

Doutor em Ciências do Movimento Humano – PPGCMH – EsEF-UFRGS

Aline Ficagna de Oliveira*

Cristina Fritsch Panziera**

Alexandre Luis Ritter***

alexandreluisritter@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A prática de exercícios físicos de alto impacto e esforço é considerada um fator de risco para incontinência urinaria. O objetivo do presente estudo foi investigar a prevalência e o conhecimente acerca da incontinência urinária por estresse durante o exercício de Jump. Participaram do estudo 40 mulheres (x idade 26 anos; ± 4,6) e quatro professores de Jump (x idade 34,3 anos; ± 5,5). Foi utilizado um questionário sobre o exercício de Jump e a perda urinária, aplicado às praticantes; uma entrevista sobre o conhecimento dos professores a respeito da perda urinária durante está modalidade; e a versão em português do International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF) para ambos os grupos. Dentre as praticantes, 5% declarou perder urina durante o exercício de Jump e 37,5% sentem vontade de urinar durante o exercício. Apenas 23% afirmaram que foram orientadas pelo professor a ir ao banheiro antes do exercício. Os professores entrevistados afirmaram não ter perda urinária e 50% afirmou ter conhecimento sobre a sua possível relação com o exercício de impacto. A discussão da perda urinária é importante no trabalho de professores de exercícios físicos de alto impacto dado o risco que pode está presente.

          Unitermos: Assoalho pélvico. Exercício físico. Incontinência urinária por estresse.

 

Abstract

          The practice of high impact and effort physical exercise is considered a risk factor for urinary stress incontinence. The aim of this study was to investigate the prevalence of urinary stress incontinence and the knowledge about it. The sample consisted of 40 women (x age 26 years; ± 4.6) and four Jump Exercise teachers (x age of 34.3 years; ± 5.5). It was used a questionnaire on Jump Exercise and urinary loss applied to the practitioners; an interview on teachers' knowledge about urinary loss during this modality; and the Portuguese version of the International Consultation on Incontinence Questionnaire-Short Form (ICIQ-SF) for both groups. Among practitioners, 5% declared to lose urine during Jump Exercise and 37.5% reported feeling the urge to urinate during the exercise. Only 23% told that they had been oriented by the teacher to go to the bathroom prior exercise. Teachers interviewed said they did not lose urine during Jump Exercise and 50% claimed to have knowledge about its relationship to the impact exercise. The discussion about urine lose is an important topic for teachers on high impact exercises given the risk that may be present.

          Keywords: Pelvic floor. Exercise. Urinary incontinence.

 

Recepção: 18/06/2015 - Aceitação: 21/08/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A incontinência urinária está presente em grande parte da população e em especial entre as mulheres. Ela pode interferir diretamente na vida das pessoas causando problemas tais como baixa autoestima, vergonha e constrangimento. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a cada 25 pessoas uma pode ter incontinência urinária ao longo da vida (Campamha Segura Aí, 2013 - http://www.incontinenciaurinaria.com.br/estatistica.html).

    A Sociedade Internacional de Continência Urinária define a incontinência urinária como qualquer queixa de perda de urina involuntária. Esta pode ser classificada de três formas: (1) Incontinência Urinaria por estresse que ocorre durante algum tipo de esforço, aumentando a pressão intra-abdominal, como exercícios, tosse ou espirro; (2) Incontinência Urinária de Urgência associada ao forte desejo de urinar; e (3) Incontinência Urinária Mista quando existem os dois tipos presentes (Abrams, Cardozo, Fall, Griffiths, Rosier & Ulmsten, 2003).

    Existem alguns fatores que são considerados de risco para o desenvolvimento de incontinência urinária. Estes fatores são: idade, obesidade, paridade, tabagismo, tipos de parto, peso do recém-nascido, menopausa, constipação, cirurgias ginecológicas, doenças crônicas e o uso de drogas. Os exercícios físicos de alto impacto são também um fator de risco para o desenvolvimento de Incontinência Urinária por estresse (Caetano, Tavares & Lopes, 2007; Oliveira, Lozinsky, Palos, Ribeiro, Souza & Barbosa, 2010; Fitz, Costa, Yamamoto, Resende, Stûpp & Sartori, 2012; Lino, 2011). Sabe-se que alguns exercícios físicos, em função de sua intensidade ou características específicas, podem intensificar os sintomas desta doença.

    O Jump é uma modalidade da ginástica de academia. O mesmo tem sido muito solicitado pelas alunas, por ser um exercício divertido e que tem alto índice de queima calórica proporcionando melhoras na aptidão física de seus participantes. O jump é definido como uma série de exercícios ritmados e coreografados, realizados sobre um mini-trampolim com uma superfície elástica (Furtado, Simao & Lemos, 2004). O Jump proporciona os mesmos benefícios que um programa de exercícios aeróbicos, além de ser uma prática estimulante e prazerosa. Os movimentos são simples e de fácil execução, tornando possível que qualquer pessoa participe desta aula.

    O presente estudo foi desenvolvido devido à carência de estudos nesta área, que liguem a perda urinária ao exercício de Jump. Tem como objetivo investigar se há perda de urina em mulheres durante a prática desta modalidade e se os professores têm conhecimento sobre esta possível perda urinária.

Métodos

    Este estudo de caráter transversal e descritivo foi realizado por meio de uma pesquisa quantitativa, através de questionários e entrevistas. Participaram do estudo praticantes de Jump e professores de academias de ginástica da cidade de Canoas-RS, no sul do Brasil.

Amostra

    A amostra foi composta por 40 mulheres com idade entre 18 e 35 anos praticantes da modalidade de Jump, na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul. Os professores das academias visitadas também foram convidados a participar de uma entrevista semiestruturada específica para eles. Os participantes foram abordados antes ou depois da realização das aulas, momento no qual foram explicados os objetivos da pesquisa. Ao concordarem em participar do estudo, foi fornecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas vias, uma para o participante e outra para o pesquisador. O período de coleta de dados foi de julho a agosto de 2013.

Instrumentos

    Foram utilizados três instrumentos: (1) Questionário sobre o exercício de Jump e a perda urinária aplicado aos alunos (Almeida & Machado, 2012); (2) Entrevista semi-estruturada sobre o conhecimento dos professores a respeito da perda urinária durante a prática da modalidade de Jump, aplicado aos professores, elaborado pelos autores do presente estudo; e (3) International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF) foi aplicada a tradução em ambos os grupos a fim de avaliar em que situações as participantes têm perda de urina e o impacto desta perda na vida diária delas.

    O ICIQ-SF é um questionário auto-administrável que avalia o impacto da perda urinária na qualidade de vida dos respondentes e ao mesmo tempo quantifica essa perda. Ele é composto por quatro questões que avaliam a frequência, a gravidade e o impacto da incontinência urinária e ainda conta com oito situações de possíveis perdas urinárias (Tamanini, Dambros, D’ancona, Palma & Netto, 2004).

Procedimentos

    Esta pesquisa foi realizada dentro dos princípios éticos de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O presente estudo foi submetido ao CEP- Comitê de Ética em Pesquisa do UNILASALLE e foi aprovado em julho de 2013 (CAAE 16724913.5.0000.5307).

Análise estatística

    Para análise de dados este estudo foi divido em dois momentos. Inicialmente foram analisados os resultados dos questionários feitos com as praticantes. Os resultados foram subdivididos em cinco categorias: (1) Dados sobre idade, estado civil e número de filhos; (2) Tipo de exercício físico e sua frequência; (3) Consumo de água; (4) Perda urinária durante a atividade; e (5) Sobre a perda urinária em geral (ICIQ-SF). Logo após, em um segundo momento, foram analisados os dados das entrevistas com os professores de Jump. Foram excluídos deste estudo os participantes que responderam apresentar infecção urinária e os que não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

    Para a análise estatística descritiva foi utilizado o software SPSS- Statistical Package for Social Sciences (versão 15.0).

Resultados

    Participaram deste estudo 40 mulheres com idade média de 26 anos (±4,6). Quanto ao estado civil declararam-se solteiras 65,8% e casadas 34,2%. Responderam não ter filhos 65% das participantes, têm um filho 25% delas e têm dois filhos 10%. Nenhuma relatou estar com infecção urinária no momento da coleta.

    A maior parte da amostra (80%) praticava Jump associado a outras atividades. Quanto à freqüência de prática do exercício de Jump, 62,5% das praticantes realizavam aulas três vezes ou mais por semana, porém aquelas que relataram perda urinária durante o exercício declararam participar das aulas de Jump entre uma e duas vezes por semana.

Tabela 1. Tipo de exercício físico praticado e sua freqüência

    As praticantes que relataram perder urina durante a prática do exercício bebem água antes e durante a aula de Jump.

Tabela 2. Consumo de água antes e durante a prática da modalidade

    Embora somente 5% das praticantes relataram perder urina durante o exercício, 37,5% apresentaram vontade de urinar durante o mesmo.

Tabela 3. Urgência em urinar e perda urinária durante a atividade

    Com relação às praticantes, 15% responderam ser incontinentes no questionário ICIQ-SF. Entre as incontinentes, 33,3% declarou perder urina durante o exercício de Jump. Dentre as praticantes que perderam urina durante o exercício, 50% declarou ter perda urinária somente durante a prática do exercício e os outros 50% declararam apresentar perda também em outras ocasiões.

Tabela 4. Perda urinária em geral (ICIQ-SF)

 

Gráfico 1. Escore ICIQ-SF

    No que diz respeito à entrevista com os professores de Jump, foram entrevistados quatro professores, com idade média de 34,3 anos (± 5,50), os quais relataram ministrar várias aulas de Jump durante a semana, porém nenhum relatou ter perda urinária durante a execução das mesmas.

    Quando perguntados sobre perda urinária durante o exercício de Jump, apenas dois professores afirmaram ter conhecimento sobre este assunto. O entrevistado C diz: “Sim, em uma consulta médica de rotina, o próprio médico comentou sobre o assunto, afirmando que o exercício causava incontinência urinária”. E o entrevistado D diz: “Sim, perda durante a prática de atividades físicas ou algum tipo de esforço”.

    Quando os professores foram questionados a respeito de relatos de perda urinária, durante a prática do exercício de Jump por parte das praticantes, dois responderam afirmativamente. Com relação à freqüência em que as praticantes relatavam essa perda de urina, um destes professores afirmou ter recebido vários relatos, enquanto o outro afirmou ter sido informado apenas uma vez sobre este fato. Tendo em vista os relatos de perda de urina durante o exercício, ambos afirmaram recomendar que as praticantes procurassem o auxílio de um médico, mas um dos professores também indicou que ela fizesse exercícios específicos para o fortalecimento do assoalho pélvico.

    Ao responderem o questionário ICIQ-SF, apenas um dos professores relatou ter perda urinária, em pequena quantidade apenas quando tosse ou espirra. Por outro lado este afirmou que isso não interfere na sua vida diária.

Discussão

    Muitos alunos têm substituído os simples exercícios aeróbicos como caminhar, correr, andar de bicicleta e utilizar o aparelho elíptico, pelas ginásticas aeróbicas, porque além da perda calórica são exercícios mais dinâmicos e estimulantes. O motivo, segundo Rocha (Rocha, 2004), para a adesão a prática de ginástica de academia é a melhora da estética, seguida do condicionamento físico e qualidade de vida independente da idade e do sexo. Como o autor coloca, o padrão estético tem grande influência sobre a vida das pessoas, independente da idade, todos querem ter o corpo perfeito, seguido dos benefícios que o exercício proporciona.

    A alta intensidade das aulas de Jump pode influenciar positivamente na perda de massa gorda, este evento ocorre devido ao grande gasto energético durante o exercício e o aumento da taxa metabólica pós-exercício (Dias, 2004). Esse quadro justifica a grande procura por esta modalidade, já que somente 15% das participantes deste estudo não relacionou a escolha de praticar este exercício com o alto gasto calórico.

    Exercícios de alto impacto vêm sendo relacionados como um fator de risco para sintomas de Incontinência Urinária por Estresse, pois estas podem afetar o mecanismo de continência devido a alterações de força transmitidas ao assoalho pélvico pelo aumento da pressão intra-abdominal (Virtuoso, Mazo & Menezes, 2012). Embora o Jump apresente menos impacto do que o exercício de solo, cerca de 80% menos, podendo reduzir mais de acordo com a técnica do praticante, este ainda apresenta bastante impacto, o equivalente a cerca de 2,9 vezes o peso corporal (Albuquerque, 2004).

    Há algumas orientações importantes que devem ser dadas aos praticantes antes de uma aula de Jump. Para Albuquerque (op cit), uma dessas orientações é que se vá ao banheiro antes de realizar a aula, mas no presente estudo somente 23,1% das participantes foram orientadas a ir ao banheiro antes da aula, o que pode ser justificado pelo fato de que 50% dos professores entrevistados alegaram não ter conhecimento sobre a possível perda de urina durante o exercício de Jump.

    O presente estudo evidenciou que há presença, em 5% das participantes, de sintomas de incontinência urinária durante a prática do exercício de Jump. No estudo de Almeida & Machado (op cit) foi evidenciada a presença de incontinência urinária nas praticantes de Jump. Entre as participantes do estudo anteriormente mencionado, 9,4% foram incontinentes apenas durante o Jump, 18,8% foram incontinentes durante o Jump e em outras ocasiões, 9,4% foram incontinentes em outras ocasiões e os outros 62,5% não apresentaram perdas urinárias.

    A incontinência urinária neste estudo foi relatada tanto por mulheres multíparas quanto em mulheres nulíparas jovens. Além disso, a idade média dessas incontinentes é de 27,5 anos tanto no grupo de nulíparas quanto no grupo de multíparas. Portanto a incontinência urinária está presente também em mulheres nulíparas e jovens, que não são consideradas um grupo de risco. Uma possível causa para este fato pode ser por fraqueza genética do tecido conjuntivo, a localização mais baixa do assoalho pélvico e número de fibras musculares reduzidas nesta região (Santos, Caetano, Tavares & Lopes, 2009). Mulheres multíparas por já terem filhos podem ter sofrido um desgaste em seu assoalho pélvico devido à gestação e ao parto, estas apresentam mais probabilidade de desenvolver incontinência urinária.

    Mulheres fisicamente ativas apresentam com mais frequência incontinência urinária de esforço. Isso pode ocorrer, pois há uma elevação da pressão intra-abdominal causando uma perda de urina involuntária. Este aumento da pressão intra-abdominal pode sobrecarregar os órgãos da região pélvica, pressionando-os, podendo assim lesionar os músculos responsáveis pelo suporte pélvico. Em um estudo onde a maioria das particpantes era de estudantes de Educação Física, 20,7% apresentou sintomas de incontinência urinária de esforço, sendo que 15,5% perderam durante o exercício físico (Santos et al., 2009)

    Em outro estudo (Virtuoso, Mazo & Menezes, 2011), entre 39 voluntárias idosas, apenas uma relatou queixa de perda urinária durante o exercício físico. Acredita-se que a intensidade moderada e o cunho recreativo da ginástica praticada pela maioria das idosas do estudo (85,7%) influenciaram neste resultado.

    Durante a coleta de dados houve alguns relatos informais por parte das participantes. Estas disseram que perdiam urina durante o exercício quando começaram a praticar a modalidade de Jump, porém ao longo do tempo elas deixaram de apresentar esta perda. O que levanta a hipótese de que uma hipotonicidade muscular pode ser a causa dessas perdas anteriores e que o próprio exercício associado a outras modalidades praticadas por estas participantes fortaleceram a musculatura do assoalho pélvico, fazendo com que desaparecem os sintomas de incontinência. Estes sintomas poderiam estar associados a vestígios de uma vida sedentária (Almeida & Machado, 2012).

    Dois professores afirmaram não ter recebido relatos de perda de urina no Jump, porém uma praticipante de um destes professores afirmou no questionário ter perda de urina durante este exercício. O que traz a questão de que por vergonha, constrangimento ou até mesmo falta de conhecimento, as praticantes não informam fatos como este aos professores.

    Quanto à atitude adotada pelo professor frente a relatos de praticantes com incontinência no Jump, um dos professores recomendou que além de ir ao médico fossem realizados exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico, o que coincide com a literatura. Os exercícios perineais são considerados padrão-ouro no tratamento de incontinência urinária por estresse. Em um estudo, após o treinamento muscular do assoalho pélvico houve melhoras na percepção quanto à doença e diminuição do impacto na qualidade de vida das mulheres investigadas com incontinência urinária por estresse (Fitz et al., 2012).

    Exercícios de contração para a musculatura do assoalho pélvico e músculos do períneo devem ser introduzidos em programas de exercícios físicos, principalmente em treinos que exijam muito esforço e alto impacto, tendo em vista que esta musculatura garante a continência da mulher. O fortalecimento desta região pode proporcionar maior controle e melhora nas contrações reflexas em momentos de aumento da pressão intra-abdominal, levando à diminuição das perdas urinárias durante o exercício (Virtuoso et al. 2011; Caetano, Tavares, Lopes & Poloni, 2009). Os exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico e do músculo períneo são simples e de fácil execução podendo ser combinados a outros exercícios ao longo de qualquer aula de ginástica.

    Fozzatti, Palma, Herrmann e Dambros (2008) acreditam que a reeducação postural global pode ser uma alternativa para o tratamento da incontinência urinária por estresse. Esta consiste em realinhar os eixos ósseos e eliminar os pontos de tensão, diminuindo a sobrecarga das estruturas e por consequência protegendo o assoalho pélvico. Em seu estudo, a amostra composta por 26 indivíduos apresentou ao final do tratamento melhoras na percepção geral de saúde e impacto da incontinência, sendo que ao fim 16% estavam curadas, 72% melhoraram significativamente e 12% falharam. Após seis meses 24% estavam curadas, 64% melhoraram e 12% falharam.

    A incontinência urinária pode causar muitos problemas como baixa autoestima, depressão, vergonha e timidez. No questionário ICIQ-SF as praticantes que responderam ter perda de urina no Jump sofrem impacto grave na sua vida diária visto que tiveram a classificação de oito ou mais no instrumento. Quanto à interferência na vida diária, 50% atribuíram significância três e 50% atribuíram significância sete em uma escale de 10 pontos.

    A incontinência pode causar transtornos sociais, emocionais e físicos, além de prejudicar o desempenho do individuo durante o exercício (Caetano et al., 2009). Uma vez que o individuo sofre de incontinência urinária e não mantém a sua rotina de exercícios, ele para de se beneficiar dos efeitos positivos que o exercício proporciona, como por exemplo, a melhora cardiorrespiratória, o fortalecimento dos segmentos, a diminuição de massa gorda, entre outros. Por este motivo é importante pensar em estratégias para que essas pessoas não desistam de praticar exercícios físicos.

    O número limitado de participantes deste estudo, tanto por parte das praticantes quanto dos professores, é uma de suas mais importantes limitações. Em futuros estudos a utilização de uma amostra maior e representativa de uma grande população, possibilitaria a utilização de métodos estatísticos mais sofisticados, permitindo a obtenção de resultados mais abrangentes.

Conclusões

    A Incontinência Urinaria por Estresse se mostrou presente em uma pequena parte da amostra das praticantes de Jump, porém esta presença não mostrou relação com fatores considerados de risco, pois tanto participantes com e sem estes fatores apresentaram perda de urina, levando-se em conta que no presente estudo houve relatos de perda de urina por mulheres jovens tanto nulíparas quanto multíparas.

    Com base na análise dos resultados obtidos nas entrevistas realizadas com os professores, pode-se evidenciar dois pontos importantes. O primeiro deles é o fato de que metade destes não possuía conhecimento a respeito do assunto, o que os levou a não orientar suas alunas sobre possíveis precauções para amenizar ou até mesmo evitar perdas de urina durante o Jump. O segundo ponto é que as alunas nem sempre relatam este tipo de problema aos professores, geralmente por vergonha ou constrangimento e, às vezes, até pelo fato de não vincularem a incontinência urinaria ao exercício.

    A literatura aponta que exercícios para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico podem contribuir para a diminuição dos sintomas de incontinência urinaria, melhorando assim a qualidade de vida destes indivíduos, portanto para próximos estudos seria de grande valia investigar a respeito da inclusão destes exercícios em programas de treinamento físico e não somente no tratamento da incontinência urinaria, visando saber o quão efetivos estes exercícios são na diminuição e ou na prevenção destes sintomas.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 208 | Buenos Aires, Septiembre de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados