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Uma análise sobre a ditongação das vogais tônicas finais seguidas de /s/

Um análisis sobre la diptongación de las vocales tónicas finales seguidas de /s/

An analysis of the members of diphthongization tonic followed the final /s/

 

*Graduando do 5º período do curso de Letras - Português pela Universidade Estadual

de Alagoas – UNEAL. Campus III em Palmeira dos Índios - AL. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES/UNEAL

**Graduanda/o do 5º período do curso de Letras – Português pela Universidade

Estadual de Alagoas - UNEAL campus III em Palmeira dos Índios – AL

(Brasil)

Max Silva da Rocha*

msrletras@gmail.com

Ana Izabel dos Anjos Silva**

lebazi2015@outlook.com

Francis Jadson Lima das Neves**

jadsonlima@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo visa apresentar a ocorrência na oralidade, da ditongação das vogais tônicas finais seguidas de /S/ como em dez - deis, vez - veis. O corpus é constituído por uma pesquisa de campo realizada com métodos etnometodológicos, muito utilizados na AC, consiste na coleta de situações conversacionais e interações verbais e não verbais espontâneas. Com embasamentos teóricos de Callou e Leite (2009), Câmara Júnior (2011), Henriques (2007), Silva (2003), e Marcuschi (2003). Foram desenvolvidas possíveis causas, e explicações dadas pela fonética e fonologia para a ocorrência da ditongação nas falas de seis informantes de ambos os sexos, e também a variante escolaridade de ensino médio e superior. Com a quantificação dos dados e a análise dos mesmos, percebe-se que este fenômeno é recorrente na oralidade de todos os voluntários, sendo mais recorrentes nos monossílabos. Viu-se também uma maior ocorrência do fenômeno estudado no sexo masculino e na escolaridade superior. Com isso percebe-se que, espontaneamente os falantes de ambos os sexos e escolaridade não variam muito de um para o outro no processo de ditongação, já que a diferença é apenas de 10%.

          Unitermos: Ditongação. Arquifonema. Oralidade.

 

Abstract

          The present study aims to present the occurrence of orality in diphthongization of final vowels followed by tonic /S/ as in ten-bear, time-levels. The corpus consists of a field research with ethnomethodological methods, commonly used in AC, consists of collecting conversational situations and spontaneous verbal and nonverbal interactions. On Theoretical Foundation of Callou e Leite (2009), Camara Júnior (2011), Henriques (2007), Silva (2003), e Marcuschi (2003). Possible causes and explanations given by the phonetics and phonology for the occurrence of the speeches diphthongation six informants of both sexes, and high school and college education were developed. With the quantification of data and their analysis, one realizes that this is a recurring phenomenon in the orality of all volunteers being more applicants in monosyllables. With higher incidence in males and higher education. Thus it can be seen that spontaneously speakers of both sexes and schooling do not vary much from one to the other in the diphthongization process, since the difference is only 10%.

          Keywords: Diphthongization. Archiphoneme. Orality.

 

Recepção: 29/06/2015 - Aceitação: 12/09/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nenhuma língua é homogênea, pois o fenômeno de variação lingüística é universal. Partindo deste pressuposto este artigo tem por objetivo analisar o fenômeno da ditongação das vogais tônicas finais seguidas de /S/. Os dados foram extraídos de um corpus proveniente de uma pesquisa de campo, composto por seis entrevistas. Foram coletadas em áudio leituras de textos espontâneos, posteriormente transcritos sobre métodos etnometodológicos aparato da análise da conversação.

    Tomando como base estudos lingüísticos na área da fonética e fonologia tem-se o intuito de identificar o fenômeno perceptível na oralidade com a inserção do glide anterior em sílabas tônicas finais travadas por /S/, resultando na formação de ditongos orais, por exemplo, nós-nois, dez-deiz.

    Os informantes são 06 colaboradores de ambos os sexos, 03 homens e 03 mulheres com escolaridade: ensino médio e superior, residentes no interior de Alagoas. Considerando as variantes: sexo e escolaridade, a ocorrência da ditongação será quantificada e suas possíveis causas expostas e explicadas embasadas nos teóricos: Callou e Leite (2009), Câmara Júnior (2011), Henriques (2007), Silva (2003), Bagno (2013) e Marcuschi (2003).

    Temos no Brasil, o idioma chamado Português, mas temos dentro de extensões territoriais continentais, diversidades de povos, etnias e classes sociais que utilizam de vários modos esse idioma, formando variantes, muitas delas consideradas “erradas” por não estarem dentro do padrão da norma culta gramatical. Porém, muitos esquecem que essas regras são melhores aplicáveis para forma escrita da língua que, como bem lembra Saussure, em sua dicotomia língua x fala é social e sistemática, na qual, não pode haver modificação pelo homem. Já a fala é a realização individual, particular da língua e pode ser modificada. Modificações estas que podem ocorrer no aspecto combinatório do código ou no mecanismo articulatório. É por meio desse mecanismo articulatório chamado aparelho fonador, que ocorre a realização dos sons da fala, o objeto de estudo da fonética, que descreve sua produção desde o aparelho fonador até sua percepção pelo aparelho auditivo. Independem para fonética as oposições de significado ou combinações dos sons, o que importa é a produção sonora individual. A oposição de significado e as combinações dos sons é objeto de estudo da fonologia. É o que relata Callou e Leite (2009).

    As explicações plausíveis para o fenômeno da ditongação é a tonicidade (ocorre basicamente em silabas tônicas), a extensão ocorrendo mais em vocábulos monossílabos, e a posição final na palavra, como também a palatalização da fricativa alveolar [s] que possui apenas uma vogal subjacente conforme nos mostra Callou e Leite (2009). Abordaremos primeiramente neste artigo as discussões teóricas, a metodologia, a quantificação e por fim, a discussão dos dados.

Considerações sobre a ditongação

    De acordo com Silva (2003) ditongo é uma seqüência de segmentos, uma vogal e uma semivogal ou glide, pode ser descrito e identificado com referência ao segmento inicial e final do contínuo, por exemplo, no ditongo [ai] da palavra “pais”, ocorre um movimento contínuo e gradual da língua de [a] até [i]. As vogais altas anteriores e posteriores [i, u] podem ocupar o núcleo ou a margem da sílaba. Quando ocupam a margem constituem os ditongos que são classificados como crescentes (semivogal + vogal), e ditongos decrescentes (vogal + semivogal).

    No português do Brasil foneticamente temos as vogais tônicas orais i, e, ᶓ, a, o, ᴐ, u. As sílabas possuem em sua estrutura três partes, uma nuclear obrigatória composta por uma vogal. As outras duas partes são periféricas, opcionais preenchidas por segmentos consonantais ou pelos glides. A explicação fonética para essa estrutura é que “a sílaba é então interpretada como um movimento de força muscular que se intensifica atingindo um limite máximo, após o qual ocorrerá a redução progressiva desta força” (SILVA, 2003, p.76).

    Câmara Júnior (2003) define sílaba como a estrutura fonêmica elementar. Sua estrutura depende de um centro ou ápice e do possível aparecimento da fase crescente ou decrescente nas margens ou encostas. Representando o centro por V e as margens por C temos os esquemas: V (sílaba simples), CV (complexa crescente), VC (complexa crescente-decrescente). As sílabas V e CV são denominadas sílaba aberta ou livre, VC e CVC sílaba fechada ou travada. São nas vogais tônicas finais em sílabas travadas por /S/ que ocorre o fenômeno da ditongação. Podendo também haver em outras posições, porém este trabalho se limita a questão exposta. A ocorrência é mais freqüente nos monossílabos tônicos como em paz - pais, nós - nóis, voz - vois, em algumas dissílabas: arroz - arrois, francês - francêis.

    Essa ocorrência, na oralidade, pode ser explicada pela tonicidade das vogais, a extensão no caso dos monossílabos e a posição final, como também a palatalização da alveolar [s] com apenas uma vogal subjacente, tal como, a sonoridade desse elemento consonantal. Formando com isso na produção no processo articulatório uma necessidade de assimilar a existência de outra vogal. Ocorre no arquifonema /S/ em posição pós-vocálica final a neutralização, o que influencia também para a ditongação.

    Devemos então buscar uma maneira de expressar este tipo de comportamento, ou seja, o fato de certos fonemas perderem o contraste fonêmico em ambientes específicos. Para isto, utilizamos a noção de neutralização dos fonemas /s, z, ᶋ, ᶚ/ em posição final de sílaba em português. [...] utilizamos o símbolo /S/ o qual representa um arquifonema. (SILVA, 2003, p.158)

    A fonética apresenta os métodos para transcrição, classificação dos sons da fala. Para que essa transcrição ocorra criou-se o alfabeto fonético internacional que uniformiza as transcrições fonéticas de todos os idiomas facilitando assim o entendimento de todos que tiverem conhecimento do mesmo. Henriques (2007) mostra que para a representação sonora na escrita foi preciso criar um alfabeto fonético com símbolos para representar os fones. Estes símbolos são transcritos com a utilização de [ ] (chaves) para representar o som vocálico.

Metodologia

    Em termos metodológicos utilizou-se de um corpus obtido por meio de uma pesquisa de campo. Tomou-se como base a Análise da Conversação (AC), que tenta entender como as pessoas se entendem ao conversar. Para isso usa dados empíricos e reproduz conversas reais espontâneas considerando detalhes verbais e não verbais, aqui serão utilizados apenas detalhes verbais.

    Por meio de técnicas etnometodológicas, muito utilizadas primeiramente por sociólogos e adotadas pela AC, foi formado o corpus para tal estudo. A etnometodologia consiste na coleta, por meio de áudio ou vídeo de dados de fala espontâneos, que são posteriormente transcritos, de forma que se aproximem o máximo da oralidade e para isso se utiliza de elementos como sinais de pontuação para representar na escrita elementos como entonação, pausas, repetições, sobreposições, etc. As conversas são organizadas em turnos onde fala um de cada vez, em pares lineares como em perguntas e respostas. Podem ocorrer simultaneidade e sobreposição de falas. É necessário, numa conversação, no mínimo dois falantes, uma troca de turno e não pode ser previamente elaborada. Pois consiste em dados empíricos espontâneos reais como relata Marcuschi (2003). O corpus é composto de leituras espontâneas de textos pelos informantes, que permitiu identificar a ditongação. Serão mostrados no tópico a seguir os dados da pesquisa considerando que foram abordadas as variantes: sexo e escolaridade.

Quantificação e análise dos dados

    A partir das gravações dos textos espontâneos que compõem as amostras para a constituição do corpus, o que se refere à ditongação das vogais tônicas finais seguidas de /S/ detectou-se que o uso desta, na oralidade, é recorrente em 100% das amostras, porém com algumas variações de ocorrências das variáveis. Agora, veremos na prática, como se deu toda análise do corpus e quais variantes incidiram mais. Segue abaixo os resultados alcançados durante nossa pesquisa.

Tabela com a quantificação dos dados

    Pelo exposto, é perceptível que a ocorrência da ditongação ocorre nas falas de todos os informantes. Ocorre, contudo, em maior quantidade na variante do sexo masculino do ensino superior. Nas mulheres, a ocorrência é mais perceptível, também no ensino superior, com diferenças na variante sexo de 10%. Quanto à variante escolaridade o resultado surpreende, já que, aparentemente os de ensino superior, por terem um nível de escolaridade maior a ocorrência seria menor, porém os dados apontaram justamente ao contrário. Nas amostras, os falantes com escolaridade de ensino médio incidiram ocorrência da ditongação nas vogais tônicas finais seguidas de /S/ ocorreu como nos demais, nos monossílabos tônicos a ocorrência foi generalizada. Nos outros vocábulos a ocorrência foi um pouco menor.

Considerações finais

    Os estudos da ditongação das vogais tônicas em sílabas travadas por /S/ com base nos dados da pesquisa e a utilização de dados empíricos reais mostrou que este arquifonema favorece o fenômeno tal como a tonicidade da vogal, mais ainda o tamanho da sílaba que elas ocorrem. A posição final também é um fator determinante, pois na articulação do som a passagem de ar é estendida fazendo surgir um glide que não faz parte da composição da palavra.

    Vale lembrar que, em um país como o Brasil, com uma vasta miscigenação as variações lingüísticas saltam aos olhos. Levando em conta que uma variedade recorrente da forma particular de cada um é inserida e generaliza na conversação de muitos não pode ser desprezada. Para alguns é erro, porém são de erros anteriores, hoje considerados certos que o português é e foi constituído. Muito raramente se ouve [a'hos] e sim [a'hoyS] ou ['nɔs] e sim ['nɔyS] poucas são as pessoas que espontaneamente não ditongam essas palavras. Mesmo aquelas de escolaridades mais altas, sem policiamento, produzem a glide antes do arquifonema /S/ em posição final.

Bibliografia

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