Alterações posturais de escolares do ensino fundamental II da escola estadual Olga Falcone Cambios posturales de los estudiantes de primaria de la escuela estatal II Olga Falcone Postural changes of students of elementary school II of state school Olga Falcone |
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Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas Laboratório de Estudos em Neurociências e Comportamento (Brasil) |
Fernanda Pontes Cavalcante Carmen Silvia da Silva Martini |
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Resumo Na atualidade o ser humano vive em constante mudança, e seu estilo de vida contribui para o risco de doenças, sendo uma delas as alterações posturais, podendo ser decorrentes não só das alterações e adaptações da espécie humana, mas também de fatores sociais e culturais, podendo acometer crianças e adolescentes. Este estudo teve como objetivo avaliar as alterações posturais dos escolares de 12 anos da Escola Estadual Olga Falcone. A amostra foi composta por escolares (N=31) com 12 anos de idade de ambos os sexos, sendo 21 do sexo feminino e 10 do sexo masculino do Ensino Fundamental II. Para avaliação, foi utilizada a ficha de Instrumento de Avaliação Postural (IAP) proposto por Liposki, Rosa Neto e Savall (2007), compreendendo vista anterior (cabeça, ombros, triângulo de Thales, tronco, cristas ilíacas e quadril), vista lateral (cabeça, ombros, coluna cervical, coluna torácica, coluna lombar, cintura pélvica e joelhos) e vista posterior (ombros, coluna vertebral, pregas glúteas e pé), com auxílio do simetrógrafo. Dentre os escolares avaliados, 12,90% não apresentaram alteração postural e 87,09% apresentaram uma ou mais alterações na postura. Em meio aos resultados foram identificadas alterações posturais em vista anterior, prevalecendo às alterações nos segmentos dos ombros e triângulo de Thales; em vista lateral as alterações da coluna lombar hiperlordótica, ombros, e joelhos, e por fim em vista posterior as ocorrências foram nos segmentos das escápulas e pregas glúteas juntamente com alterações de pés planos e valgos, visto que foram identificadas 2 escolares com este tipo de alteração nos pés. Conclui-se a necessidade do profissional de educação valorizar e enfatizar a avaliação postural, cabendo ao mesmo identificar, planejar e orientar as atividades específicas para as distintas faixas etárias de forma educativa, preventiva e de recondicionamento postural para que os escolares possam aprimorar sua postura e usufruir de uma melhor qualidade de vida. Unitermos: Coluna vertebral. Avaliação postural. Escolares.
Abstract At present the human changing lies, and you lifestyle contributes to the risk of disease, one of the postural changes may be due not only changes and adaptations the human species, but also social and cultural factors, can affect children and adolescents. This study aimed to evaluate changes posture of school 12 years posture of students 12 years of State School Olga Falcone. The sample consisted of school (N=31) 12 years old of both sexes, with 21 female and 10 male do basic education II. For evaluation, we used record of Postural Assessment Instrument (IPA) proposed by Liposki, Rosa Neto and Savall (2007), comprising anterior view (head, shoulders, Thales triangle, trunk, hip and iliac crests), side view (head, shoulders, cervical spine, thoracic spine, lumbar spine, pelvis and knees), and posterior view (shoulders, spine, foot and gluteal folds), using the squared. Among the students evaluated 12.90% did not change postural and 87.09% had one or more changes in posture. Among the results identified postural changes in anterior view, prevailing changes in the segments of the shoulders and triangle Thales; in lateral view changes hiperlordótica lumbar spine, shoulders, and knees, and finally in the rear view occurrences were in segments of the scapula and gluteal folds together with changes flat feet and valgus, since been identified 2 students with this type of change in feet. It was concluded the need for physical education teachers enhance and emphasize the postural evaluation, fitting the same identify, plan and guide specific activities for different age groups of an educational, preventive and reconditioning postural that schoolchildren can improve your posture and enjoy a better quality of life. Keywords: Spine. Postural assessment. School.
Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.
Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 07/08/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na atualidade o ser humano vive em constante mudança, e seu estilo de vida contribui para o risco de doenças, sendo uma delas as alterações posturais, podendo ser decorrentes não de adaptações da espécie humana, mas também de fatores sociais e culturais, acometendo crianças e adolescentes.
Para Kendall (2007) a coluna vertebral pode adquirir alterações, exacerbando suas curvaturas denominadas de hiperlordose cervical e lombar, em que ocorre o aumento das lordoses; de hipercifose, quando ocorre o aumento da curvatura da cifose torácica; e, a escoliose, que advém pelo desvio lateral da coluna para esquerda ou para direita e/ou para ambos os lados, sendo considerada a mais grave, e classificadas de acordo com a magnitude, localização, direção e etiologia (Natour, 2004).
É no período de desenvolvimento da criança que acontecem às transformações posturais, porque o corpo está em busca do equilíbrio, e os escolares freqüentemente assumem posturas inadequadas que induzem as compensações patológicas (Santos, 2009).
Segundo Pereira e Ávila (2004) a postura da criança, na faixa etária entre 7 e 12 anos, sofre grande transformação na busca do equilíbrio compatível com as novas proporções do seu corpo. As crianças na fase escolar podem apresentar problemas posturais e, um dos fatores que pode ocasioná-las é a posição sentada, e que na maioria das vezes em carteiras e/ou cadeiras inadequadas à sua estatura.
Diante disto, sabe-se que a idade escolar é a melhor fase para reabilitar disfunções da coluna vertebral, após esse período o tratamento é mais difícil e prolongado (Martelli e Traebert, 2008).
Na infância, especialmente, as alterações posturais desencadeiam quadros álgicos, limitando futuramente a vida adulta do individuo. Os programas de avaliação escolar e em comunidades foram freqüentes nos últimos anos e colaboraram muito na detecção e encaminhamento precoce para a confirmação dos desvios posturais e tratamento (Natour, 2004).
Assim sendo, a avaliação postural é essencial para prevenção dos desvios posturais viciosos adotados pelos escolares, pois a reeducação postural incentivada precocemente se torna mais eficaz, que nesta faixa etária de 10 a 14 anos de idade, onde estão se aproximando da adolescência, que ocorrem constantes alterações físicas e fisiológicas) (Silva et al, 2010).
Rosa Neto (1991) aborda que a avaliação postural feita nas escolas, quando realizadas pelo profissional interessado em melhorar a saúde dos escolares, pode contribuir muito para a sociedade, evitando enfermidades futuras na coluna vertebral, além de melhorar no rendimento do aluno e promover seu bem-estar físico e emocional.
Para tanto, este estudo teve como objetivo avaliar as alterações posturais dos escolares de 12 anos da Escola Estadual Olga Falcone.
População e amostra
Foi constituída por quarenta e três (43) alunos matriculados do Ensino Fundamental II da Escola Estadual Olga Falcone, de doze (12) anos de idade completos, de ambos os gêneros.
Material e métodos
O instrumento utilizado foi à avaliação postural proposta por Liposki, Rosa Neto e Savall (2007) e simetógrafo, após a aprovação pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos com o CAAE20594513.2.0000.5020.
Após a análise dos dados dos alunos e autorização dos pais, verificamos que somente trinta (31) alunos se enquadraram nos critérios de inclusão, o que equivale a 36,9% da amostra.
Procedimentos
A avaliação foi realizada em uma sala da escola, durante a aula de Educação Física, no tempo de 30 minutos para cada escolar. A sessão foi filmada, analisada e observada após prévia autorização, pela declaração de consentimento. No dia da avaliação a criança compareceu a escola devidamente uniformizada, durante a avaliação ficaram com as peças solicitadas, pregando nas crianças um número para facilitar a sua identificação, o local estava silencioso, bem iluminado e ventilado.
Os dados foram registrados na ficha correspondente da avaliação proposta por Liposki, Rosa Neto e Savall (2007). Ao término desta avaliação, os alunos continuaram praticando suas atividades, nas aulas de Educação Física, e os resultados foram analisados e mensurados através da sua freqüência em porcentagem (%) para que sejam tabulados e organizados em gráficos de forma descritiva utilizando o software Microsoft Office Excel 2010.
Resultados
Na vista anterior, no triângulo de Thales, à maior incidência foi no lado esquerdo (32,25%), seguida pela elevação do ombro esquerdo (22,58%) e elevação do ombro direito (16,12%), não observando alterações na rotação externa do quadril esquerdo e genovaro esquerdo, conforme Tabela 1.
Tabela 1. Ocorrências das alterações posturais da cabeça ao joelho em vista anterior
As alterações em vista lateral com mais freqüência foram de 38,7% à cintura pélvica em antiversão; 22,58% de ombros retraídos e de 19,35% de joelhos genorecurvado conforme a Tabela 2.
Tabela 2. Ocorrências das alterações posturais da cabeça ao joelho em vista lateral
Entre outros resultados observados na vista lateral, foi identificado que 6,45% possuem projeção de cabeça para frente, 22,58% de ombros retraídos e, 19,35% de joelhos genorecurvado.
Em vista posterior, 3,22% das ocorrências foi de escápula alada a direita, 16,12% de escápula retraída á direita e 6,45% a escápula retraída á esquerda. Quanto às pregas glúteas, foram encontradas 6,45% de assimetria à direita e 12,93 nas pregas glúteas assimétricas á esquerda, sem identificação de alteração de escoliose “S”, escoliose “C” e escoliose “S” invertida, conforme demonstra a Tabela 3.
Tabela 3. Ocorrências das alterações posturais da cabeça ao joelho em vista posterior
Da posição dos pés, identificamos alterações iguais no pé direito e esquerdo como plano e pé direito e esquerdo valgo (6,45%), varo (3,22%).
Discussões
SILVA et al. (2010) declara a incidência de 58% dos avaliados com assimetria no triângulo de Thales e 42% com ombros desalinhados, em alunos com a faixa etária de 14 a 18 anos da cidade de Porto Velho/RO. Com os resultados obtidos entre os escolares da presente pesquisa, se tornam preocupantes, considerando que 96,76% da população estudada apresentaram alguma alteração postural. Estes resultados, no entanto acorda com Politano (2006), quando em seu estudo, com escolares (N=129) de 11 a 15 anos na cidade de Cacoal-RO, aponta que 55% destes apresentaram algum tipo de desvio postural.
Lemos et al. (2012) mostra que em na cidade de Porto Alegre/RS, identificou 78,2% da amostra estudada com antiversão lombar, que as meninas apresentaram mais ocorrência (84,5%) do que os meninos (73,1%). Esta pode ocorrer devido à diminuição nos níveis de aptidão física, especialmente da força muscular no entorno da coluna lombar, cujos músculos abdominais exercem função estabilizadora, no auxílio de manutenção da boa postura.
Lima (2006) revela que em escolares de Florianópolis/SC, constatou diferenças significativas nos segmentos da cabeça em meninos (73,33%) e meninas (55,66%) e, nos ombros detectando entre meninos 70,67% de assimetria e nas meninas 65,09%.
Xavier et al. (2011) aclara que obteve uma média de 61,11%, ombros elevados e escápulas aladas com 44,4%, escápulas retraídas 38,88%, e ombros retraídos 16,66%, com uma amostra de 36 alunos com idade de 11 anos da cidade de Ji-Paraná/RO. Para Zílio (2005) as alterações nas escápulas podem ser notadas quando o individuo está em pé, sendo comum ser acometida pela diminuição de força muscular e/ou encurtamento dos músculos da cintura escapular. No que respeita a assimetria das pregas glúteas, Verderi (2003) expõe que as pregas glúteas e o triângulo de Thales em desalinhamento acusam um desnível da cintura pélvica.
Biava e Lima (2010) declaram a ocorrência de alterações de pé plano direito e esquerdo com 29,17%, cavo direito com 29,17%, varo direito com 3,13% e valgo esquerdo com 9,38%, mas divergente nos resultados do pé cavo.
Assim sendo, Corrêa e Pereira (2005) afirmam que os escolares com pé plano possuem a marcha alterada caracterizada por movimentos descoordenados, sem simultaneidades dos movimentos dos membros superiores com os membros inferiores, alteração de equilíbrio corporal e postural comparado a estudantes que apresentaram pé normal.
Conclusões
É fato a existência destas deformidades e que podem promover o agravamento da saúde postural dos escolares, justamente nesta fase de desenvolvimento acelerado onde o sistema musculoesquelético não se encontra preparado para a sobrecarga de peso da mochila, das más posturas quando sentado na sala de aula e demais situações da vida diária, no decorrer dos anos. Este, futuramente, favorecerá o surgimento da hiperlordose, hipercifose e dos diversos tipos de escoliose no decorrer da adolescência, podendo agravar-se levando o indivíduo a uma vida adulta com baixa qualidade de vida.
Conclui-se a necessidade do profissional de Educação Física valorizar e enfatizar a avaliação postural, cabendo ao mesmo identificar, planejar e orientar as atividades específicas para as distintas faixas etárias de forma educativa, preventiva e de recondicionamento postural para que possa o aluno usufruir de uma melhor qualidade de vida.
Bibliografia
Biava, Jaqueline M.S. e Lima, Dartel F. (2010). Educação Postural na Escola; Uma abordagem integradora do programa de desenvolvimento educacional - PDE. UNIOESTE/PR.
Corrêa, A.L.; Pereira, J.S. (2005). Correlação entre a redução dos arcos plantares e as alterações da marcha, equilíbrio e postura em escolares. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Rio de Janeiro, v.13, n° 4, p. 47-54.
Kendall, F.P. et al. (2007). Músculos: Provas e Funções. 5ª ed. São Paulo: Manole, 96-116p.
Lemos, A. T. S; Santos, F. R. Gaya, A. C. A. (2012). Hiperlordose lombar em crianças e adolescentes de uma escola privada no Sul do Brasil: ocorrência e fatores associados. Caderno Saúde Pública, v.28, n°4, p. 781-788.
Lima, I. A. X. (2006). Estudo da prevalência de alterações posturais em escolares do ensino fundamental do município de Florianópolis-SC. Florianópolis.
Martelli, C.R; Traebert, J. (2004). Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 9. n°1, p. 120-128.
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Pereira, V.; Ávila, V. A. C. (2004). Análise Biomecânica da Postura Sentada em escolares. Maio. Disponível em http://fisiomagazine.fisioterapiasalgado.com.br/artigos/fm2/fm2_analisedapostura.htm, acessado em: 14 setembro 2013
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Silva, V.S; Souza, M.T; Cubas, J.J.M. (2010). Parâmetros para a avaliação postural em escolares com faixa etária de 10 a 14 anos. Revista Interfaces. Suzano, v.2, n°2, out.
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Xavier, A.C; Bianchi, D.M; Lima, A.P; Silva, I.L; Cardoso, F; Beresford, H. (2011). Uma avaliação a cerca da incidência de desvios posturais em escolares. Fisioter. Mov. v.3, n°7, p. 81-94.
Zílio, A. (2005). Treinamento Físico: Terminologia. 2ª. ed. Canoas: Ulbra.
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