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A fisioterapia em mulheres mastectomizadas: uma revisão integrativa

La fisioterapia en mujeres mastectomizadas: una revisión integradora

A physical therapy in women mastectomy: an integrative review

 

*Acadêmica do curso de Fisioterapia do Instituto Superior de Teologia - INTA

**Mestra e professora do Curso de Fisioterapia do Instituto Superior de Teologia - INTA

(Brasil)

Livia Braga De Siqueira*

liviaabraga@hotmail.com

Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha**

aleudinelia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A mastectomia é um método cirúrgico muito empregado no tratamento do câncer de mama (CA), no entanto, pode ocasionar complicações físicas e emocionais para a paciente, no qual a fisioterapia é um importante instrumento na reabilitação após a cirurgia para tratamento do câncer de mama. O objetivo deste estudo é a fim de avaliar os benefícios dos recursos terapêuticos no tratamento pós-operatório de mastectomia nos estudos publicados nos últimos cinco anos por meio de uma revisão integrativa. Para analisar as publicações sobre os benefícios da fisioterapia em mulheres mastectomizadas foram realizadas pesquisas de março de 2014 a agosto de 2014, nas bases de dados eletrônicas Scientfic Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências e Saúde (LILACS) e Library of Medicine (MEDLINE). Como estratégias de busca forma utilizados os seguintes descritores: “Mastectomia”, “Tratamento pós Mastectomia”, “Qualidade de vida” e “Fisioterapia”. Foram selecionados nesta revisão: estudos publicados entre os anos de 2009 a 2014, artigos com pacientes do sexo femininos com câncer de mama, que já haviam passado por intervenção cirúrgica. A intervenção fisioterapêutica em mulheres mastectomizadas é considerada, imprescindível no pós-operatório por sua importância na recuperação físico-funcional quanto na melhoria da qualidade de vida das mulheres mastectomizadas.

          Unitermos: Mastectomia. Tratamento pós mastectomia. Qualidade de vida. Fisioterapia.

 

Abstract

          Mastectomy is a widely used surgical procedure for the treatment of breast cancer (CA) cancer; however, it can cause emotional and physical complications for the patient, wherein the therapy is an important tool in rehabilitation after surgery for breast cancer. The aim of this study is in order to assess the benefits of therapeutic resources in the postoperative treatment of mastectomy in studies published in the last five years through an integrative review. To analyze publications on the benefits of physical therapy in women who underwent mastectomy research from March 2014 to August 2014 were conducted in the electronic databases scientific Electronic Library Online (SCIELO), Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS) and Library of Medicine (MEDLINE). As search strategies, form used the following descriptors: "Mastectomy", "Treatment after Mastectomy", "Quality of life" and "Therapy". Were selected in this review: studies published between the years 2009 to 2014, articles on sex female patients with breast cancer who had undergone surgery. The physiotherapy intervention in women who underwent mastectomy is considered essential in the postoperative period because of their importance in the physical and functional recovery as improving the quality of life of women with mastectomies.

          Keywords: Mastectomy, Post Mastectomy Treatment, Quality of Life, Physical Therapy.

 

Recepção: 03/05/2015 - Aceitação: 29/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 208, Septiembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De acordo com Brasil (2009), o corpo humano é constituído por células que se expandem em tecidos e órgãos e suas células naturais se dividem, amadurecem e morrem, no intuito de se restaurar a cada ciclo. Assim, o câncer alojar-se quando as células deixam de seguir esse processo natural, suportando mutações que podem desencadear agravos em um ou mais genes de uma exclusiva célula. Quando ocorre a proliferação dessas células é atípica, mas permanece um alcance é definido como um tumor benigno, e quando o aumento é desordenado e as células têm a habilidade de propagar-se pelo organismo é considerado como maligno.

    Loureiro et al (2012) destacam que o câncer de mama é uma doença crônica degenerativa e proporciona uma evolução prolongada. Essa doença apresenta células cancerosas que têm uma enorme disposição de se proliferar, sendo uma doença que está relacionada com debilidades e mutilações devido ao seu alto poder de propagação, acarretando danos expressivos quanto aos aspectos físicos, psicológicos e estéticos.

    Para Hack (2009), o câncer é hoje a terceira origem de óbitos no mundo, apenas ultrapassado pelos acidentes cardiovasculares e pelas mortes por razões externas, desse modo o câncer mamário é a principal causa de morte em mulheres em muitos países, estando em 1º lugar nos episódios de casos de câncer no Brasil. No ano 2000, houve 999 mil novos casos no mundo, com 375 mil óbitos.

    Segundo Gimenes et al (2013), as fundamentais complicações descobertas após a cirurgia de mastectomia destacam-se as assimetrias posturais, o que pode ser decorrente do volume das mamas, disfunção articular no ombro do hemicorpo envolvido, fraqueza muscular do ombro e cíngulo escapular, fadiga, presença de linfedema e lesões nervosas. Além destes a postura corporal também pode sofrer alterações, sobretudo se a paciente tiver uma mama grande e densa, onde a deficiência de peso da outra mama tenderá a elevar e girar internamente o ombro, abduzindo a escápula e desencadeando uma contratura muscular da região cervical e conseqüente dor. Todas estas complicações induzem a uma postura antálgica ou de proteção com probabilidades de escolioses e a carência de percepção corporal.

    Moura et al (2010), afirmam que de extrema importância o autoexame, pois o sinal mais corriqueiro do câncer da mama é a aparição de um nódulo ou caroço palpável na mama ou na axila, sobretudo quando não desaparece durante o ciclo menstrual e não muda de local quando apalpado, seguido ou não de dor. Também podem passar a existir alterações na pele que reveste a mama, como retrações ou uma aparência semelhante à casca de uma laranja, eritema, alteração da aréola, ulceração, sangramento ou desvio do mamilo.

    O tratamento mais comum é a extração da mama afetada. Em alguns casos, os médicos vêm fazendo apenas a remoção de partes da mama, por meio de: quadrantectomia (remoção de um quarto da mama) e lumpectomia (remoção apenas do tumor e de pequena região circunvizinha), alcançando assim bons resultados em termos de sobrevida e melhor efeito estético, já que o órgão é conservado (Moura et al, 2010).

    Rett et al (2013), relatam que a abordagem fisioterapêutica é de essencial importância em minimizar, prevenir ou tratar tais complicações participando ativamente da recuperação funcional de membros superiores de pacientes mastectomizadas.

    O presente trabalho justifica-se devido o câncer de mama acometer uma grande parcela feminina da nossa sociedade a uma elevada repercussão da doença, devem-se às alterações sofridas tanto no corpo como na mente da mulher acometida.

    Este trabalho tem como principal enfoque os benefícios que a fisioterapia traz para a paciente pós-mastectomia, de acordo com as publicações revisadas, sobre a importância desse tratamento em minimizar as conseqüências da cirurgia e favorecer o retorno às atividades de vida diária, refletindo na qualidade de vida.

    De acordo com as publicações já revisadas pode-se observar que o câncer de mama é uma das neoplasias mais freqüente em mulheres no Brasil, dessa forma se faz necessário que o profissional de saúde esteja capacitado para enfrentar essa situação.

    O presente estudo visa descrever a abordagem fisioterapêutica no tratamento no pós operatório de mulheres mastectomizadas através de uma revisão integrativa.

Metodologia

    Tratou de uma revisão integrativa da literatura, a fim de avaliar abordagem fisioterapêutica no tratamento de mastectomia, nas publicações dos últimos cinco anos que contemplassem a temática.

    Para fundamentar essa pesquisa sobre a abordagem fisioterapêutica em mulheres mastectomizadas, foram realizado levantamento de dados no período de abril de 2014 a novembro de 2014, nas bases de dados eletrônicas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências e Saúde (LILACS), Scientfic Eletronic Library Online (SCIELO), e Library of Medicine (MEDLINE). A busca pelos artigos fez-se pelas seguintes palavras-chave: “mastectomia”, “Tratamento pós mastectomia”, “Qualidade de Vida”, “Câncer de Mama” e “Fisioterapia”.

    Esta pesquisa está constituída por estudos publicados entre os anos de 2009 a 2014, Como critério de inclusão vai selecionado estudos que referenciavam a intervenção da fisioterapia em pacientes do sexo feminino com câncer de mama, que já haviam passado por intervenção cirúrgica, como critério de exclusão: artigos que não descreve sobre a mastectomia, artigos que não abordassem o tratamento fisioterapêutico, artigos que abordavam intervenções de outras áreas da saúde. A partir da seleção dos artigos, foram feitas suas leituras na íntegra e extraídos os principais resultados. Posteriormente o artigo foi agrupado em categoria que abordavam diagnóstico, prevenção e tratamento, de forma qualitativa (Minayo, 2006). E elaborado um quadro para melhor organizar os artigos encontrados, com análise dos itens seguintes: autores, anos, título, objetivo.

Resultados

    Em relação aos tipos de estudos, foram assim classificados: estudos clínico; estudos descritivo; estudos de caso analítico descritivo e longitudinal; estudo observacional descrito; estudo de caso; estudo quase experimental do tipo antes e depois; pesquisa qualitativa; revisão integrativa; estudo piloto de um ensaio clínico randomizado; revisão bibliográfica sistemática; estudo transversal com abordagem descritiva; estudo descritivo retrospectivo; estudo descritivo e seccional.

Quadro 1. Os artigos selecionados sobre o tratamento fisioterapêutico em mulheres 

mastectomizadas segundo autores, título, ano da publicação, tipo de estudo e objetivo da pesquisa

Autores

Título

Ano

Tipo de estudo

Objetivo

Adriana T, Rosenilda T, Ivana R, Alisson GSA.

Avaliação fisioterápica em pacientes pós cirurgia de câncer de mama em Joinville/SC.

2010

Estudo clínico

O objetivo do presente trabalho foi identificar as alterações, seqüelas, limitações e complicações através de avaliações fisioterápicas em indivíduos que foram submetidos a cirurgias de CA de mama pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Joinville/SC no período de 2007 a 2010.

Mariana TR, Paula de JM, Andreza RCM, Danielly PM, Josimari MS

A Cinesioterapia Reduz A Dor No Membro Superior De Mulheres

Submetidas À Mastectomia Ou Quadrantectomia

2012

Estudo de casos analítico descritivo

e longitudinal

Comparar a amplitude de movimento

(ADM), a intensidade de dor no membro superior (MS) homolateral à cirurgia e caracterizá-la antes, durante e após programa de cinesioterapia, além de correlacionar estas variáveis.

Lucas FH

Análise Do Comportamento Motor De Uma

Paciente Submetida À Mastectomia Radical

2009

Estudo observacional descritivo

Analisar o comportamento motor de uma paciente em pós-operatório tardio de mastectomia radical, na execução de algumas atividades de vida diária, sua marcha e sua postura corporal.

Viviane RE; Regina PT; Carla CH

Efeito Da Hidroterapia Na Qualidade De Vida De Mulheres mastectomizadas

2009

Estudo caso

Verificar o efeito da hidroterapia na qualidade de vida de mulheres mastectomizadas, aliando a divulgação de uma técnica às vezes pouco conhecida e utilizada.

Rafaela OG, Pascale MT, Silvio AGJ, Camila MC,

Persia ANB

Fisioterapia aquática e de solo em grupo na postura de mulheres mastectomizadas

2013

Estudo quase experimental do tipo antes e depois

Verificar a efetividade da fisioterapia aquática e de solo na postura de mulheres mastectomizadas.

Fernanda MJSPM, Michelly GS, Suziane CO, Lara JSPM

Os Sentimentos Das Mulheres Pós-Mastectomizadas

2010

Pesquisa qualitativa

Descrever os sentimentos das mulheres sobre o câncer de mama e discutir as mudanças ocorridas na vida da mulher após o câncer de mama.

Naiane DL, Andréa CGL

Recursos Fisioterapêuticos Em Linfedema Pós-Mastectomia:

Uma Revisão De Literatura

2011

Revisão integrativa

Este trabalho teve como objetivo revisar os estudos da literatura, a fim de verificar e avaliar os benefícios dos recursos fisioterapêuticos no tratamento e na prevenção do linfedema pós-mastectomia.

Vanessa MC, Manoel AS

Desconfortos Físicos Decorrentes Dos

Tratamentos Do Câncer De Mama Influenciam

A Sexualidade Da Mulher Mastectomizada?

2011

Revisão integrativa

Analisar a produção científica dedicada à sexualidade da mulher com câncer de mama após a mastectomia, com foco na interferência dos desconfortos físicos decorrentes dos tratamentos sobre sua vida sexual.

Mariana CG,

Priscilla RF,

Silva OR,

Lílian LL,

Elizabel SRV,

Maria TABCM

Amplitude De Movimento E Medida De Independência Funcional Em Pacientes Mastectomizadas Com Linfadenectomia Axilar

2012

Estudo piloto de um ensaio clínico randomizado

Avaliar a influência da fisioterapia pré-operatória na amplitude de movimento do ombro e na medida de independência funcional em mulheres submetidas à mastectomia radical modificada com linfadenectomia axilar.

Mariana NP, Adriano DF, Denizar ASM

Fisioterapia para o tratamento do linfedema no

Pós-operatório de mastectomia: revisão de literatura

2011

Revisão bibliográfica

Sistemática

Verificar a importância da fisioterapia na redução do linfedema após o tratamento cirúrgico do câncer de mama através de uma revisão bibliográfica.

Mariana TR, Ana KGS, Andreza CRM, Iris AO, Josimari MS

Efeito da fisioterapia no desempenho funcional do membro superior no pós-operatório de câncer de mama

2013

Estudo transversal com abordagem descritiva

Verificar o efeito da fisioterapia na amplitude de movimento (ADM) e no desempenho funcional do membro superior homolateral no pós-operatório para tratamento do câncer de mama e correlacionar estas variáveis.

Mariana TR, Ana KGS, Andreza CRM, Iris AO, Josimari MS

Fisioterapia no pós-operatório de câncer de mama: um enfoque na qualidade de vida

2013

Estudo de caso

Avaliar a Qualidade de vida de mulheres submetidas ao tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de câncer de mama.

Marislei SP, Valéria PS, Maria ASP, Thaís OG, Paola APM, Ana MA

Construção Do Conhecimento Necessário Ao

Desenvolvimento De Um Manual Didático-Instrucional Na

Prevenção Do Linfedema Pós-Mastectomia

2009

Estudo qualitativo

Construção do conhecimento científico e empírico, necessários para o desenvolvimento de um manual didático-instrucional, destinado às mulheres mastectomizadas, para capacitá-las à prevenção do linfedema de braço.

Fundamentou-se na teoria pedagógica de Paulo Freire da educação problematizadora.

Simony LN, Riza RO, Mariana MFO, Maria TPA

Complicações E Condutas Fisioterapêuticas Após Cirurgia Por Câncer De Mama: Estudo Retrospectivo

2012

Estudo des­critivo, retrospectivo

Investigar o desfecho des­sas mulheres, que, durante o primeiro mês pós-operatório, fo­ram submetidas a um programa de reabilitação e identificar ao longo de dois anos as complicações mais freqüentes e as condutas fisioterapêuticas mais adotadas.

Lorena PL, Thiago BV, Maria EVM, Cleoneide POP, Raimunda HMM, Vasco PDB

Incidência de complicações pulmonares em mulheres mastectomizadas no pós-operatório imediato

2012

Estudo descritivo e seccional

Verificar a incidência de complicações pulmonares em mulheres mastectomizadas no pós-operatório imediato e como objetivos específicos: caracterizar o perfil epidemiológico das mulheres mastectomizadas e verificar a aplicação da fisioterapia na prevenção e tratamento das complicações pulmonares em mulheres mastectomizadas no pós-operatório imediato.

Abordagem, diagnóstico, prevenção e tratamento fisioterapêutico

    Carvalho (2012), diz que a mama é ícone da identidade feminina proporcionando funções na atuação do papel de mãe e na sexualidade. É considerada como órgão indispensável ao corpo feminino, concebendo na esfera afetiva meios ligados à projeção da imagem e à autoestima. Além disso, a alta freqüência coopera para que o CA de mama seja, provavelmente, o mais temido no gênero.

    Cezar e Nascimento (2013), afirmam que o câncer de mama é, possivelmente, uma das patologias mais temidas pelo sexo feminino, devido aos seus grandes efeitos que afetam intensamente na vida da mulher. Além de ser o tipo de câncer com a maior prevalência na população feminina é também o maior indicador de mortalidade, convertendo-se em uma verdadeira dificuldade de saúde pública mundial.

    De acordo com Sousa et al (2014), são diferentes fatores de risco que interagem na etiologia do câncer de mama, o que bloqueia correlacionar o exato fator desencadeante do câncer de mama. Além dos fatores endógenos como idade, menopausa, menarca precoce, história familiar, reprodutiva e doença benigna prévia, diversos fatores exógenos são assinalados como de risco, como uso de anticoncepcional hormonal e de terapia de reposição hormonal, dieta, exposição à radiação ionizante e o consumo moderado de álcool e tabagismo.

    Estudos distinguem que o câncer de mama é a implicação da predisposição de fatores genéticos com o estilo de vida e o meio ambiente. Os progressos no diagnóstico e tratamento do câncer procedem na maior sobrevida, por tanto, erguem a incidência de morbidades sucedidas do tratamento. Sete entre oito mulheres estão predispostas a morbidade nos desempenhos do membro superior homolateral ao câncer após o tratamento, podendo amortecer a qualidade de vida, então, a importância da reabilitação física precoce tornasse evidente. O tratamento para o câncer de mama pode se decompuser em: local e sistêmico, sendo o local, a intervenção cirúrgica e a radioterapia na região mamária ou linfonodal próxima, e o sistêmico a quimioterapia e hormonioterapia (Leites et al, 2010).

    O câncer de mama é a doença de maior incidência e mais preocupantes entre as mulheres. No Sul do Brasil está localizado sua maior ocorrência e mortalidade, liderando o primeiro lugar no ranque em mortalidade, atingindo mulheres na faixa etária entre 40 e 69 anos. Esta doença gera muitas alterações na vida dessas mulheres provocando um imenso impacto psicológico, além das alterações fisiológicas o câncer traz diversas transformações na vida, atingindo tanto a mulher acometida quanto seus familiares, pois além da incerteza da mutilação da mama que é um importante símbolo da maternidade, sexualidade e estética, há também o medo da morte (Teodoro et al, 2010).

    Assim, devido ao grande índice de câncer de mama se faz necessário e indispensável o autoexame, pois o sinal mais corriqueiro do câncer da mama é a manifestação de um nódulo ou caroço palpável na mama ou na axila.

    Com a extração da mama pode originar muitas complicações, em alguns casos, os médicos vêm fazendo apenas a retirada de partes da mama, através de: quadrantectomia (remoção de um quarto da mama) e lumpectomia (remoção apenas do tumor e de pequena região circunvizinha), obtendo assim bons resultados e melhor efeito estético, já que o órgão é conservado (Moura et al, 2010).

    O que determina quem desenvolverá o câncer de mama e quem não desenvolverá ainda não está claro no meio acadêmico, sendo impossível desvincular o câncer da qualidade de vida e da autoestima. Muitas ocasiões, a não consentimento da doença originará danos psicológicos irreparáveis ou gravíssimos, particularmente entre as mulheres que incidiram pela intervenção cirúrgica, deixando a mulher parcialmente ou totalmente sem a mama, estrutura que culturalmente faz parte de sua sensualidade e sexualidade (Alves et al, 2013).

    O progresso da conscientização da prevenção, da detecção precoce e da modernização no tratamento, ocasionou como resultado o decaimento da mortalidade por câncer de mama e alterou um número elevado de mulheres, que compõem o grupo das sobreviventes, a apreciarem os fatores psicossociais e a qualidade de vida. Há grande empenho em avaliar a eficácia de diferentes modalidades de tratamentos para o câncer de mama, analisando além da taxa de mortalidade, o aumento na qualidade de vida dessas pacientes (Antonio, 2011).

    O tratamento mais empregado para o câncer de mama é a mastectomia, sendo responsável por várias desordens vivenciadas pelas mulheres que a encaram, pois surge como um método cirúrgico agressivo, seguido de decorrências traumáticas para a qualidade de vida dessas mulheres, exatamente por ser um acontecimento emocionalmente difícil, necessitando de um apoio adequado e de uma atenção específica durante o seu pré-operatório. Diante das fundamentais complicações que aparecem nas pacientes submetidas à cirurgia estão: a dor, o seroma, a deiscência, a aderência, a retração e fibrose cicatricial, a síndrome da mama fantasma, as alterações sensoriais na área operada bem como no membro superior homolateral, as alterações na postura, as complicações respiratórias, a trombose linfática superficial, a hipertrofia e a fibrose do músculo peitoral maior, o estiramento do plexo braquial e o edema de mama residual. As complicações podem vim associadas ao tratamento radioterápico são a fibrose mamária e axilar, a restrição articular da cintura escapular e glenoumeral, a neuropatia, a dor crônica na região mamária, a aderência cicatricial, a plexopatia e a fadiga. Entre as relacionadas ao tratamento quimioterápico estão: a fadiga, a ataxia e a neurotoxidade (Leites et al, 2010).

    Compreendendo que o procedimento cirúrgico é indispensável no tratamento do câncer de mama e que a fisioterapia proporciona uma enorme importância na recuperação físico-funcional, estima-se que a qualidade de vida concebe conhecer a percepção exposta pela mulher neste ocasião. Sobrepor medidas que meçam a qualidade de vida na prática clínica, promove o entendimento entre pesquisadores e clínicos, além de ser um enorme desafio abranger diante do impacto emocional, físico e social acarretado pelo câncer de mama e seus tratamentos coadjuvantes (Rett et al, 2013).

    Dentre as modalidades de tratamento para o câncer de mama se incluem a fisioterapia, a radioterapia, a quimioterapia, a reposição hormonal e a intervenção cirúrgica (mastectomia). A fisioterapia desempenha um papel eficaz nestes casos, empregando recursos terapêuticos específicos (físicos e naturais) para promover não só a recuperação funcional de membros superiores, além disso, minimizar complicações decorrentes do tratamento.

    Dentre os artigos já estudados a opção de tratamento na fisioterapia é controversa e várias têm sido exposta. Destaca-se a prática da cinesioterapia, hidroterapia, drenagem linfática na recuperação das mulheres mastectomizadas. Uma vez que a cinesioterapia associada a exercícios de alongamentos, ativos- livres ou ativo- assistidos nos membros superiores amenizam sintomas álgicos que é muito comum pós cirurgia. Entretanto, a hidroterapia mostrou grandes resultados através dos princípios físicos da água, onde proporcionou benefícios físicos e funcionais, auxiliou na melhora do estado emocional das pacientes, por conseguinte, na qualidade de vida destas. A drenagem linfática diminuiu o acúmulo de liquido nas áreas edemaciadas para as áreas normais, contribuindo para a melhora da ADM.

Considerações finais

    Ao analisar os artigos publicados, evidenciou-se que sua maioria não direciona a prática do recurso fisioterapêutico utilizado. Isso resulta na produção científica sobre o tratamento fisioterapêutico em mulheres pós-mastectomia, dessa forma necessita ser mais explorada, viabilizando a incrementação da fisioterapia no tratamento em mulheres mastectomizadas.

    A atuação da Fisioterapia no tratamento em mulheres pós-mastectomia é eficaz, minimizando as conseqüências da cirurgia e favorecer o retorno às atividades de vida diária, refletindo na qualidade de vida, independentemente da terapêutica utilizadas. Porém, novos estudos precisam ser desenvolvidos a respeito desse assunto, a fim de comprovar e adicionar a fisioterapia no tratamento em mulheres mastectomizadas.

Bibliografia

  • Antonio, A. et al. (2011). Avaliação da amplitude de movimento em mulheres quadrantectomizadas após aplicação do protocolo fisioterapêutico. Anuário da produção de iniciação científica, v.14, n.29, p.153-161.

  • Brasil, M. et al. (2009). Fisioterapia no câncer de mama. ConScientiae Saúde, v.12, n.3, p.392-397.

  • Carvalho, A. et al. (2012). Promoção do autocuidado a mulheres mastectomizadas. Cogitare Enferm, v.17, n.3, p.485-91, Jul/Set.

  • Cezara, K; Nascimento, C.P.A. (2014). Qualidade de Vida de Pacientes Pós-Mastectomizadas em Reabilitação Oncológica. Cient Ciênc Biol, v.16, n.1, p.29-32.

  • Gimenes, R. et al. (2013). Fisioterapia aquática e de solo em grupo na postura de mulheres mastectomizada. J Health Sci Inst, v.31, n.1, p.79-83.

  • Hack, L.F. (2009). Análise do comportamento motor de uma paciente submetida à mastectomia radical. RBPS, v.22, n.1, p.61-65.

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  • Loureiro, L. et al. (2012). Incidência de complicações pulmonares em mulheres mastectomizadas no pós operatório imediato. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, v.16, n.1, p.95-107.

  • Nascimento, S. et al. (2012). Complicações e condutas fisioterapêuticas após cirurgia por câncer de mama: estudo retrospectivo. Fisioterapia Pesquisa, v.19, n.3, p.248-255.

  • Rett, M. et al. (2013). Efeito da fisioterapia no desempenho funcional do membro superior no pós-operatório de câncer de mama. Revista Ciência & Saúde, v.6, n.1, p.18-24, jan/abr 2013.

  • RETT, M. et al. Fisioterapia no pós-operatório de câncer de mama: um enfoque na qualidade de vida. ConScientiae Saúde, v.12, n.3, p.392-397.

  • Sousa, L. et al. (2014). Prevenção secundária do câncer de mama em mulheres. Arq. Ciênc. Saúde, v.21, n.1, p.55-9, Jan-Mar.

  • Teodoro, A. et al. (2010). Avaliação fisioterápica em pacientes pós cirurgia de câncer de mama em Joinville/SC. Cinergis, v.11, n.1, p.60-68, jan/jun.

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