efdeportes.com

Prática pedagógica para treinar atletas iniciantes: 

uma resenha do livro ‘Ensinando voleibol para jovens’

Práctica pedagógica para entrenar jugadores principiantes: una reseña del libro “Ensinando voleibol para jovens”

 

Licenciado em Educação Física pela Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA

Especializando em Alimentos, Nutrição e Saúde no Espaço Escolar

pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA

Professor de Educação Física das redes estadual

e municipal de ensino em Foz do Iguaçu - PR

Leandro Pereira da Silva

leandrops@seed.pr.gov.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este texto é uma resenha do livro “Ensinando Voleibol para Jovens”, escrito pela American Sport Education Program (ASEP) e traduzido para o idioma português por Ugrinowitsch e Barbanti (1999). O material é uma referência para profissionais inexperientes que pretendem aperfeiçoar suas práticas pedagógicas para atuarem como técnicos de voleibol.

          Unitermos: Livro. Voleibol. Técnico. Jovens.

 

Resumen

          Este texto es una reseña del libro “Ensinando Voleibol para Jovens”, escrito pela American Sport Education Program (ASEP) y traducido al portugués por Ugrinowitsch y Barbanti (1999). El material es una referencia para los profesionales que desean mejorar sus prácticas pedagógicas para actuaren como técnicos de voleibol.

          Palabras clave: Libro. Voleibol. Técnica. Jóvenes.

 

Recepção: 28/04/2015 - Aceitação: 12/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

1 / 1

    O livro “Ensinando Voleibol para Jovens” (título original em inglês: Coaching Youth Volleyball) é uma produção da American Sport Education Program (ASEP)1. Foi traduzido para a língua portuguesa pelos professores universitários Carlos Ugrinowitsch e Valdir José Barbanti2, e publicado no ano de 1999, pela editora Manole (São Paulo, Brasil). Composto por oito unidades (capítulos) e 155 páginas, o livro é destinado a profissionais que estão tendo ou irão ter a primeira experiência como técnicos de equipes formadas por jovens atletas. Atualmente, existe uma variedade de livros que apresentam habilidades e exercícios de voleibol, porém, são poucos os que ensinam a maneira adequada para o técnico transmitir esses conhecimentos aos atletas. Este livro é um guia com informações, orientações e sugestões importantes para o ensino do voleibol para iniciantes.

    A primeira unidade do livro designa as principais responsabilidades de um técnico. Durante a leitura, percebemos a ressalva de que os treinadores devem proporcionar uma experiência esportiva agradável e segura aos seus jovens atletas.

    “Voleibol deve ser divertido. Mesmo que nada seja completado com sucesso, tenha certeza de que os seus jogadores estão se divertindo. Tire a diversão do voleibol e você tirará as crianças do esporte” (ASEP, 1999. p. 4).

    Para oferecer um treino de qualidade é necessário dispor de recursos matérias (apito, bolas, redes etc.) e físicos (quadra e vestiários). Mas, além disso, na segunda unidade deste livro, a ASEP aponta cinco elementos que são essenciais para o técnico desenvolver um bom trabalho: compreensão, objetivos, afeição, caráter e humor. O interessante é que, ao juntar as letras iniciais dos cinco elementos, formamos a palavra coach, que significa “técnico” ou “treinador” em inglês.

    A compreensão das regras, das técnicas e das táticas do voleibol é fundamental porque, sem dúvida, é impossível doutrinar algo que não temos nenhum conhecimento a respeito.

    Quanto aos objetivos, os técnicos devem saber o que pretendem atingir com seus ensinamentos. De acordo com a ASEP, destacam-se como os objetivos mais comuns: proporcionar diversão aos jovens atletas; ajudar os jogadores a desenvolverem suas habilidades físicas, mentais e sociais e; vencer. Quando se trata de jogadores iniciantes, a busca pela vitória não pode ser a prioridade do treinador.

    É muito importante que os técnicos permitam a todos os seus jovens atletas participarem. Cada jovem – menino ou menina, baixo ou alto, normal ou deficiente, habilidoso ou não – deve ter uma oportunidade para desenvolver suas habilidades e se divertir. Lembre-se de que o desafio e o prazer do esporte são experimentados através do contínuo esforço para vencer e não através da vitória em si. Jogadores que não são titulares no time são privados de lutarem pela vitória. É aí que está a grande jogada: técnicos que permitem a todos os jogadores participarem e desenvolverem suas habilidades, ao final, alcançarão o topo (ASEP, 1999, p. 13).

    A afeição é um elemento de grande importância. É preciso “ter amor pelas crianças, sentir um desejo de dividir e compartilhar seus conhecimentos de voleibol, ter paciência e compreensão, permitindo a cada jogador crescer e se envolver cada vez mais no esporte” (ASEP, 1999, p. 14). Acredita-se que o técnico que constrói e mantém um bom relacionamento com seus atletas está mais propenso a ter sucesso no trabalho.

    Em relação ao caráter, a ASEP (1999, p. 15) afirma que os “jovens aprendem ouvindo o que os adultos dizem. Mas eles aprendem ainda mais observando o comportamento de certos indivíduos importantes. Como técnico, você representa uma figura significante na vida de seus jogadores”.

    Ter bom caráter significa modelar comportamentos de modo que sejam apropriados para o esporte e para a vida. E isso significa muito mais do que dizer as coisas certas. O que você fala e o que você faz devem casar. Não há lugar no treinamento para a filosofia “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Desafie-os, apóie-os, encoraje-os e recompense-os e eles estarão mais aptos para aceitar, e até comemorar, as diferenças. Tenha sempre controle, antes, durante e depois de todos os treinos e jogos. E não tenha medo de admitir que você errou. Ninguém é perfeito! (ASEP, 1999, p. 15-16).

    Completando os elementos, o humor ajuda a deixar os atletas confortáveis e seguros para aprender, sem receio de errar. Mesmo que os treinos requeiram seriedade, o técnico deve permitir e proporcionar momentos de alegria. Os sorrisos e risadas é um sinal de que os jovens estão gostando e se divertindo.

    Na terceira unidade, o livro aborda uma habilidade importante que os técnicos precisam desenvolver: a comunicação. Neste momento, chegamos ao um ponto muito importante da leitura, porque desenvolver uma boa comunicação é fundamental para que o processo de ensino e aprendizagem seja sucedido positivamente.

    Muitos treinadores pensam que comunicação envolve apenas a instrução para os jogadores fazerem algo, mas, na verdade, comandos verbais são uma pequena parte do processo de comunicação. Mais da metade do que é comunicado é não-verbal. Então, lembre-se quando você estiver treinando: ações falam mais do que palavras (ASEP, 1999, p. 20).

    Nessa perspectiva, a ASEP orienta o leitor a tomar cuidado com as palavras dirigidas aos atletas e faz algumas recomendações para a transmissão de mensagens.

    Quando os jovens acertarem é um bom momento para fazer um elogio, pois isso irá motivá-los. Mas não encubra jogadas incorretas com palavras doces de recompensas. Eles sabem muito bem quando erraram e nenhuma palavra de entusiasmo pode esconder os erros deles. Se você falhar por não reconhecer os erros dos jogadores, eles mesmos vão pensar que você é falso (ASEP, 1999, p. 21).

    É preciso falar alto o suficiente e repetir para que todos escutem. Além disso, é importante ser coerente com as mensagens. “Um exemplo extremo de falha seria balançar a cabeça, indicando desaprovação, e, ao mesmo tempo, dizer ao jogador ‘boa tentativa’. Em qual delas o jogador deve acreditar, nos seus gestos ou nas suas palavras?” (ASEP, 1999, p. 23-24).

    Seguindo a leitura, encontramos no livro alguns princípios de suma importância, que se referem à maneira de corrigir os erros dos jovens. Primeiramente, não abuse das críticas negativas. “[...] Evite repreendê-los por erros de execução. Repreender muito os jogadores por erros fá-los ficarem com medo até de tentar. Nada estraga mais o prazer de um jovem pelo esporte do que um técnico que reclama de todas as coisas” (ASEP, 1999, p. 28). Sendo assim, manter a calma é muito importante. Ao contrário de muitos treinadores, um bom técnico não se irrita por causa dos erros, que naturalmente acontecem. “[...] Se esbravejar a cada erro ou mau comportamento irá apenas inibir seus jogadores ou sugerir-lhes o tipo errado de comportamento como modelo” (ASEP, 1999, p. 29).

    Para a autora do livro, a melhor forma de ajudar os atletas a se desenvolverem é dando um feedback positivo.

    Recompensar os jogadores quando eles executam bons fundamentos ou se comportam bem é um meio efetivo de fazê-los repetirem (ou tentarem repetir) tal procedimento no futuro. Fornecer feedback positivo por reconhecer o esforço é um modo especialmente efetivo de motivar os jovens a trabalharem em habilidades difíceis (ASEP, 1999, p. 29).

    O feedback positivo pode ser dado verbalmente ou não-verbalmente:

    Dizer a um jogador, especialmente junto dos seus companheiros, que ele (ou ela) tem executado bem é uma ótima maneira de encorajá-lo(a). E um tapinha nas costas ou um aperto de mãos pode ser uma maneira tangível de comunicar o seu reconhecimento com o rendimento do jogador (ASEP, 1999, p. 30)

    É recomendável que o profissional mantenha uma boa comunicação com os pais, os árbitros, os torcedores e os técnicos adversários. A ASEP alerta que a falta de comunicação com esses grupos não o fará um técnico de sucesso. Convenhamos que, um treinador enriquece sua prática pedagógica ao trocar experiências com outros treinadores e consegue realizar um bom trabalho se tiver apoio dos pais e torcedores.

    A quarta unidade do livro discorre sobre alguns métodos para o ensino das habilidades do voleibol e aborda algumas idéias sobre a organização dos treinamentos. A ASEP explica que as sessões de treinamento, basicamente, devem contém um período de aquecimento, um momento para treinar as habilidades que os jogadores já saibam, alguma atividade de volta à calma e uma avaliação no final.

    Ao trabalhar com seres humanos, é importante ter bastante atenção e cuidado. Segurança é o tema da quinta unidade do livro. O livro nos traz várias orientações para prevenir a lesão de jogadores:

    [...] É importante preparar seus atletas para suportarem a exercitação do jogo de voleibol. Um programa efetivo de condicionamento físico para o voleibol envolverá corrida movimentos laterais e atividades de salto. [...] os jogadores do seu time podem responder de maneiras diferentes às atividades de condicionamento físico. Um nível variado de aptidão ou habilidade natural demonstra que uma atividade que desafia uma criança está além das capacidades de outra para executá-la com segurança. O ambiente é outro fator que pode afetar as respostas dos jogadores à atividade. O treino que é eficaz em uma manhã fria pode ser perigoso para os jogadores em uma tarde quente e úmida (ASEP, 1999, p. 52).

    E ainda, “para maior proteção, mantenha os seus planos da temporada, o planejamento dos treinos e as lesões dos jogadores gravados. Os planos da temporada e dos treinos são usados quando você precisa de evidências de que certas habilidades tenham sido ensinadas” (ASEP, 1999, p. 54).

    A partir da sexta unidade, o livro apresenta conceitos importantes do voleibol e adverte sobre a especialização precoce:

    [...] Iniciantes devem trabalhar no desenvolvimento de todas as habilidades básicas do voleibol sem se especializar em qualquer uma das posições. Em muitos times, devido às diferenças de maturação física, mental ou social, jovens jogadores são levados para funções especializadas (os jogadores mais altos são ensinados a apenas atacar e bloquear, os jogadores mais baixos são ensinados a somente passar e levantar) para, somente mais tarde, descobrirem que outras funções são mais apropriadas para eles. Todos os jogadores devem desenvolver as habilidades fundamentais do voleibol (saque, passe, levantamento, ataque, defesa individual e bloqueio) para jogarem eficazmente (ASEP, 1999, p. 75).

    Por fim, a sétima e a oitava unidade explicam em detalhes os fundamentos do voleibol e dão dicas de como ensiná-los. O livro também contém exemplos de exercícios que podem ser aplicados nos treinos e ensina algumas táticas básicas para fazer os atletas jogarem como uma equipe.

    “Ensinando Voleibol para Jovens” contém mais de 80 ilustrações que atraem a atenção do leitor e proporcionam uma melhor assimilação do conteúdo. É um livro de linguagem simples e de fácil compreensão, recomendável aos treinadores iniciantes e, também, aos treinadores mais experientes. O conteúdo do livro influencia positivamente a prática pedagógica de qualquer técnico, seja ele de voleibol ou de outra modalidade esportiva. Sua proposta é formar treinadores com uma filosofia de trabalho que coloque a busca pelo desenvolvimento integral dos atletas sempre à frente das vitórias em competições.

Notas

  1. American Sport Education Program (ASEP) é um programa que trabalha com a formação educacional de técnicos e demais profissionais do esporte. Seus cursos e materiais educacionais incorporam a filosofia “atletas em primeiro lugar, vitórias em segundo”. Website: http://www.asep.com

  2. Carlos Ugrinowitsch possui graduação em Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Santo André (1987), doutorado em Exercise Science pela Brigham Young University (2003), pós-doutorado pela Florida State University (2009) e, atualmente, é professor na Universidade de São Paulo - USP. Valdir José Barbanti, por sua vez, possui graduação em Licenciatura em Educação Física pela Universidade de São Paulo - USP (1970), doutorado (PHD In Physical Education) pela University of Iowa (1982) e também é professor na Universidade de São Paulo - USP.

Bibliografia

  • American Sport Education Program (ASEP) (1999). Ensinando voleibol para jovens. (2ª ed.) Traduzido por Ugrinowitsch, C., & Barbanti, V. J. São Paulo: Manole Ltda.

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 207 | Buenos Aires, Agosto de 2015  
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados