Prevalência de acidente vascular cerebral em idosos internados no Hospital Regional no município de Coari, Amazonas La prevalencia de accidente
cerebrovacular en pacientes mayores Prevalence of stroke in elderly
patients hospitalized |
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*Discentes da Universidade Federal do Amazonas - UFAM **Docente da Universidade Federal do Amazonas- UFAM (Brasil) |
Ingred Merllin Batista de Souza* ** Wandréa Sylvia Loretta Angulo de Moraes* Lindemberg Arruda da Silva* Rhuana Maria de Oliveira Pereira* Érika Gomes Alves** |
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Resumo
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou ainda Acidente Vascular Cerebral (AVC) é o equivalente do termo genérico inglês stroke, que descreve o comprometimento funcional neurológico (Chaves, 2000). Sendo ainda uma síndrome caracterizada por sinais clínicos focais (por vezes globais) de alteração da função cerebral, sem outra causa aparente do que a de origem vascular, estabelecendo-se de forma aguda, permanecendo mais de 24 horas ou levando à morte (Organização Mundial de Saúde, 2003). A patologia caracteriza interrupções ou bloqueios na normal irrigação sanguínea, com comprometimento cerebral, resultando uma síndrome de deficiência neurológica (Martins, 2002).
O envelhecimento populacional, associado ao aumento dos indicadores de risco para as doenças cerebrovasculares como hipertensão arterial, diabetes mellitus, tabagismo, etilismo, dislipidemia e obesidade explica, em parte, a grande incidência do acidente vascular cerebral (Cavalcante et al., 2010). Entre todos os países da América Latina, o Brasil é o que apresenta as maiores taxas de mortalidade por AVC, sendo entre as mulheres a principal causa de óbitos (Garritano et al., 2012).
Apesar de haver um crescimento do número de trabalhos sobre epidemiologia do AVC no país a partir de 2000, e tomando por base o tamanho do Brasil, sua população e diversidade regional, os estudos ainda são poucos, e concentrados nas regiões sul e sudeste. Muito há que se conhecer da distribuição desta doença em populações das diversas regiões e contextos socioculturais do país, sobretudo daqueles com peculiaridades ímpares em relação a outras regiões do mundo – caso da região amazônica (Fernandes, 2012).
Diante do exposto, o trabalho teve como objetivo investigar a prevalência de AVC em idosos internados na clínica médica do Hospital Regional de Coari, Amazonas, Dr. Odair Carlos Geraldo.
Procedimentos metodológicos
Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, através de uma pesquisa documental, realizada por meio da análise de prontuários de pacientes idosos internados no Hospital Regional Dr. Odair Carlos Geraldo no período de janeiro a julho de 2013, no município de Coari – Amazonas.
Os pacientes foram selecionados de forma não probabilística, por conveniência, a partir dos prontuários disponíveis durante o período de janeiro de 2013 a junho de 2014.
Foram incluídos no estudo os prontuários de paciente com idade ≥60 anos, de ambos os sexos, que tenham sido internados no setor da clinica médica do HRC. Excluindo-se todos os prontuários com preenchimento inadequado ou com dados incompletos ou que não estejam dentro da faixa etária e período de internação estipulado.
Para a obtenção dos dados foi construído um instrumento de coleta, contendo as seguintes variáveis sociodemográficas: sexo, idade, estado civil e profissão, bem como, informações sobre a hospitalização, como diagnóstico médico, tempo de internação, procedimentos e os tipos de cuidados registrados pela equipe de saúde, além de observações necessárias, que não tenham sido contempladas nas partes anteriores, como a classificação da doença pelo CID-10 e tipo de alta, conforme os registros na Autorização de Internação Hospitalar – Sistema Único de Saúde (AIH-SUS).
Por tratar se de uma pesquisa de levantamento retrospectivo de dados em prontuários, o que não interfere no cuidado recebido pelo paciente foi encaminhado ao comitê de ética documento referente à isenção do termo de consentimento livre e esclarecido sob o número CAAE. 369336148.0000.5020.
Para interpretação e análise dos dados, utilizou-se o programa EXCEL 2010, onde foram elaboradas tabelas e gráficos que ilustraram os resultados obtidos de forma descritiva.
Resultados
A distribuição dos idosos com AVC segundo os fatores sócios demográficos está descrita na Tabela 1, onde se observou um maior percentual para o diagnóstico nos homens, 79%, e somente 21% para as mulheres. Na distribuição da faixa etária e estado civil, verificou-se que 29% dos idosos tinham menos do que 70 anos, 71% tinham 80 anos ou mais, 37% dos idosos eram casados, 25% solteiros e 13% viúvos. Em relação à ocupação profissional, houve um maior percentual de idosos classificados como aposentados sendo eles 59% da população; 29% foram classificados como agricultores e 4% como domésticos. Quanto à zona de residência, idosos residentes na zona urbana tiveram um percentual maior que os idosos que residiam na zona rural, sendo de 92% e 8% respectivamente.
No que se refere ao número de idosos diagnosticados com AVC em relação à distribuição por sexo e faixa etária, observa-se a prevalência em relação à faixa etária de 70-79 anos, 38%, de 60-69 anos e 80-89 anos tiveram seus percentuais similares (29%). Tendo como média total de 73,10 anos de idade para os homens e 77,02 anos de idade para as mulheres. Na análise de distribuição quanto ao tipo de AVC em relação ao sexo verificou-se que o acidente vascular cerebral isquêmico teve um índice superior ao acidente vascular cerebral hemorrágico, sendo de 87% e 13% respectivamente. Além disto, foram encontrados 7 idosos (29%) hipertensos, 4 (17%) diabéticos e 3 (12%) com histórico de tabagismo.
Discussão
A realização de estudos epidemiológicos de doença cerebrovascular, bem como de outras enfermidades neurológicas, em países em desenvolvimento, muitas vezes apresentam dificuldades oriundas tanto da falta de mão de obra especializada (neurologistas) quanto da falta de informações sociodemográficas e da baixa qualidade e completude dos registros de saúde (Minelli et al., 2007).
Os dados demonstraram que o AVC em idosos internados no Hospital Regional de Coari possui prevalência maior em homens (79%) do que nas mulheres (21%), este resultado segue a maioria dos estudos nacionais, em que há predominância maior na população masculina (Falcão, 2004).
Sabe-se que o AVC pode ocorrer em qualquer faixa etária, entretanto, sua incidência aumenta com o passar dos anos, dobrando a cada década de vida, aumentando drasticamente após os 55 anos (Andre, 1999; O'Sullivan et al., 1993).
Em relação à presença de morbidades e/ou fatores de risco, a presença de hipertensão arterial foi relatada em 7 (29%) da amostra. De acordo com Campos (2003), tanto a hipertensão sistólica e/ou diastólica são fatores de risco casual para todo tipo de AVC, em todas as idades. Segundo Nitrini et al. (1999), os indivíduos hipertensos apresentam um risco 6 a 7 vezes maior do que a aqueles não hipertensos, de desenvolver um AVC. Estudo realizado por Pires, Gagliardi e Gorzon (2004) com 262 pacientes com diagnóstico clínico de AVC, demonstrou que a hipertensão arterial é de fato, o principal fator de risco para o AVC, estando presente em cerca de 90% dos casos de AVC, não existindo diferenças significativas entre os gêneros.
De acordo com um estudo realizado por Viebig et al. (2006), a prevalência do tabagismo na população em geral e de 22%. Segundo Campos (2003), o tabagismo aumentaria em cerca de 2 a 4 vezes a chances de se desenvolver um AVC.
Os níveis elevados de glicemia estão freqüentemente associados à maior incidência de AVC dos que os níveis mais baixos (Nitrini et al., 1999). Autores como Campos (2003) e Freitas et al. (2002), explicam que o Diabetes mellitus é um fator de risco para a doença vascular em geral, aumentando de forma independente, em duas a quatro vezes, o risco do desenvolvimento de um AVC, quando comparado ao indivíduo não diabético.
Freitas et al. (2002) acrescenta que pacientes diabéticos apresentam maior morbidade e letalidade decorrente do AVC, no entanto, o rígido controle da glicemia, mesmo com o uso de insulina, não demonstra reduzir esses ricos.
Stokes (2000) afirmam que cerca de 80% de todos os AVCs são do tipo isquêmico, ao passo que 9% aproximadamente são do tipo hemorrágico. Resultados semelhantes foram encontrados na presente pesquisa, uma vez que 21 (87%) dos idosos possuíam diagnóstico clínico de AVC isquêmico, sendo os demais 3 (13%) do tipo hemorrágico, estabelecido apenas por exame clínico, em virtude da inexistência de alguns tipos exames complementares, tais como a tomografia computadorizada, necessário para a identificação do tipo de acidente vascular cerebral.
Conclusão
O AVC representa um grande problema da saúde pública mundial e ainda há um caminho longo a se percorrer para amenizar suas conseqüências na população, sejam elas geradas pela incapacidade física, sejam pelo impacto econômico e social que afetam os pacientes, seus familiares e o sistema de saúde, apesar das conquistas e do crescente avanço da medicina, com a tecnologia de ponta e a alta complexidade do sistema hospitalar, que vão desde unidades de tratamento até as pesquisas com células tronco no tratamento do AVC. Além disto, a assistência a esta população na atenção primária necessita de medidas eficazes de prevenção e intervenções pertinentes para este grupo através do conhecimento sobre os fatores de riscos hábitos de vidas e complicações relacionados a causa do acidente vascular cerebral.
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