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Analise do posicionamento do joelho de triatletas em 

comparação com prevalência de dores nesta articulação

Análisis del posicionamiento de la rodilla de triatletas en comparación con la prevalencia de dolores en esta articulación

Analysis of triathletes knee positioning compared to prevalence of pain in this joint

 

*Faculdade de Educação Física e Fisioterapia – FEFF

Universidade Federal do Amazonas – UFAM

**Laboratório de Estudo do Desempenho Humano – LEDEHU

(Brasil)

Lucas Tavares Sampaio

Marcio Dowglas Souza de Brito

Roberto Santos de Araujo

Karolina Gabriela da Silva Nunes

João Otacílio Libardoni dos Santos

Vinicius Cavalcanti

lucedfisica@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi o de correlacionar o posicionamento do joelho com dores apresentadas pelos triatletas na articulação do joelho. Foram avaliados 18 ciclistas amadores de triatlo do sexo masculino com idade média de 30 ± 5,4 anos, massa corporal média de 72 ± 13 Kg, altura média de 1,70 ± 0,10 m, foram aplicados métodos de avaliação descritos por Burke e Pruitt (2003). Foi encontrado um ângulo médio de 146,72º ± 4,67º, onde 66,66% (n=12) apresentaram uma posição abaixo do ideal, 27,77% (n=5) estão adequados e 5,55% (n=1) apresentaram um posicionamento acima do ideal. Conclui-se que triatletas se utilizam de posições diferentes do que é encontrado como referência na literatura, apresentando selins mais baixos do que o ideal, e os indivíduos que apresentam processo doloroso em sua maioria encontram-se em selins abaixo do ideal.

          Unitermos: Ciclismo. Lesões. Dor. Bikefit.

 

Abstract

          The aim of this study was to correlate the knee positioning in pain presented by triathletes in the knee joint. We evaluated 18 amateur cyclists triathlon male mean age of 30 ± 5.4 years, mean body mass of 72 ± 13 kg, mean height of 1.70 ± 0.10 m, evaluation methods were applied and described by Burke and Pruitt (2003). An average angle of ± 146.72º 4.67º where 66.66% was found (n = 12) had a position below the ideal, 27.77% (n = 5) are adequate and 5.55% (n = 1) presented one above the ideal positioning. It follows that triathletes are used in different positions than is found in the literature as a reference, resulting in lower saddles than ideal, and individuals who have painful mostly lying on saddles suboptimal.

          Keywords: Cycling. Injuries. Pain. Bike Fit.

 

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 23/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Ao longo dos últimos anos o triatlo foi um dos esportes com um dos maiores índices de crescimento no mundo. Tendero (2013) afirma que na Espanha no ano de 2002 foram registrados 5.000 atletas, seu crescimento se deu de forma rápida, sendo que em 2012 constatou-se que a população de atletas praticamente quadruplicou chegando a 21.079 registrados na federação no país.

    Em Manaus desde a criação da Fetriam (Federação de Triathlon do Amazonas) esse acréscimo de praticantes da modalidade ocorreu rapidamente sendo perceptível o aumento da quantidade de competidores vinculados à federação. Em 2011 haviam 04 atletas federados. Em 2012, aumentaram para 110 atletas, sendo que na etapa de short triatlo que foi realizado pela FETRIAM em Agosto de 2014, foram inscritos um total de 153 atletas, onde apenas 36 não estavam filiados à Federação.

    Com o crescimento dos praticantes de triatlo é importante ressaltar o quão significativo torna-se adequar corretamente a bicicleta para o percurso, relacionando a aspectos de posicionamento específicos da modalidade, seja este um atleta amador ou de elite, pois o equipamento bem ajustado influencia no desempenho, segurança e conforto, além de prevenir possíveis lesões (Alencar e Matias, 2009). Nisto os ajustes que serão realizados deverão atender as exigências dos diferentes tipos de provas da modalidade do triatlo. Para as provas mais longas as bicicletas que serão utilizadas deverão proporcionar o uso de um posicionamento mais aerodinâmico propondo mais economia de energia, já para as provas mais curtas onde, por conta das regras da International Triatlo Union, há a possibilidade de se aproveitar o vácuo, logo é sugerido que sejam utilizadas bicicletas que proporcionem uma pedalada mais potente (Fitzgerald, 2003; Friel e Vance, 2013).

    Para realizar os ajustes necessários no equipamento, recomenda-se a intervenção de um especialista em bike-fitting, principalmente se o praticante for um iniciante na modalidade (Fitzgerald, 2003). Um fit apropriado visa gerar mais conforto, segurança, prevenção de lesões e aumento do desempenho tanto em treinos como em competições (Silberman, 2005; Diefenthaeler, 2012). Gregor (2003) aponta alguns parâmetros que aumentam o número de lesões no ciclismo, entre eles são citados o uso de bicicletas com dimensões incorretas e maus alinhamentos no pedal. Além disso, ajustes realizados com base na “tentativa e erro” ocorrem com bastante freqüência entre os ciclistas, contribuindo também para o desenvolvimento de lesões ou para um maior gasto energético (Martins, 2007).

    Gregor (2003) e Barker (1997) enumeram vários tipos de lesões referentes ao posicionamento inadequado na bicicleta, destacando como mais freqüentes as tendinites, bursites, neuropatias de compressão, síndrome escapular, síndrome do túnel carpal ou neuropatia ulnar além de identificarem os processos dolorosos mais freqüentes que são, as dores no pescoço, dores na região cervical, dor nas costas, irritações no períneo, dores no quadril, joelho e tornozelo. Podendo assim vir a causar desgastes nessas estruturas, o que desviaria o ciclismo de uma pratica voltada a saúde e lazer, para uma pratica lesiva e não recomendada.

    Os principais estudos no meio ciclístico são destinados a melhorar o desempenho de ciclistas de provas desde o velódromo à pista. Pouco interesse é demonstrado por pesquisadores em desenvolver estudos relacionados ao ciclismo nas provas de triatlo (Candotti, 2004). Em virtude do aumento da quantidade de praticantes do esporte na cidade de Manaus, o objetivo deste estudo foi o de correlacionar o posicionamento do joelho com dores apresentadas pelos triatletas na articulação do joelho.

Procedimentos metodológicos

    A pesquisa foi feita no Laboratório de Estudo em Desempenho Humano - LEDEHU, localizado na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia - FEFF, sendo sediado no campus da Universidade Federal do Amazonas - UFAM.

    Foram avaliados 18(dezoito) ciclistas amadores de triatlo do sexo masculino. As variáveis antropométricas (Estatura, Massa Corporal, IMC), distancias de treino em ciclismo dos triatletas além do tempo de pratica no triatlo se encontram na Tabela 1. Estes avaliados correspondem a 20,22% do total de participantes das assessorias Márcio Soares Sports, Santiago Ascenço Associação Esportiva e Finisher Associação Esportiva (Tabela 2).

Tabela 1. Média e desvio padrão da idade, estatura, massa corporal, IMC e distancias de treino

em ciclismo dos triatletas das assessorias esportivas da cidade de Manaus – AM

 

Tabela 2. Dados referentes ao cálculo amostral da população avaliada

    A coleta iniciou com os sujeitos realizando a leitura e a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), como instrumento de coleta de dados foi utilizada uma planilha para a verificação da avaliação do posicionamento corporal no ciclismo uma entrevista semiestruturada ambas adaptadas por Martins (2007), com perguntas abertas e fechadas sobre prevalência de dores, quilômetros pedalados e tempo de pratica.

    Foi solicitado ao avaliado que este pedalasse por um período de 20 segundos, onde foi realizada uma filmagem no plano sagital do lado direito do indivíduo com uma câmera modelo Sony CSHOT DSCHX300, com freqüência de aquisição de 60 Hz. Após esta filmagem este vídeo foi carregado em um software livre (Kinovea 0.8.15) para ser realizada a análise do posicionamento do indivíduo, que deve estar entre 150º e 155º (Burke e Pruitt, 2003). Para determinação das angulações o pé-de-vela foi alinhado com o tubo do selim na metade do tempo pedalado (10 segundos).

    Os resultados finais implicaram em uma amostragem descritiva dos objetivos e questões a investigar, por meio de gráficos e figuras. Para a análise das variáveis foi utilizada a tendência central (média) e dispersão (desvio padrão) sendo os dados apresentados em forma de tabela, verificando assim a avaliação postural dos ciclistas de triatlo das assessorias esportivas da cidade de Manaus/AM.

Resultados

    Ao analisar o ângulo interno dos joelhos dos triatletas foi encontrado um ângulo médio de 146,72º±4,67º,sendo constatado que 66,66% (n=12) dos triatletas apresentaram um posicionamento angular abaixo do que é recomendado pela literatura especializada, com angulação média de 144,76º ± 3,46º, já 27,77% (n=5) mostram-se adequados 150,25º ± 0,5º (150º a 155º) para as práticas do ciclismo no triatlo, e 5,55% (n=1) dos triatletas avaliados apresentaram um posicionamento acima do ideal com angulação de 158º.

    Na Tabela 3 estão dispostos todos os ciclistas, a identificação se estes possuem dores na articulação do joelho, sua respectiva angulação na mesma e sua classificação (Ideal 150-155, Abaixo<150, Acima>155).

Tabela 3. Identificação da prevalência de dores, angulação de cada indivíduo, e classificação de cada em Ideal: 150-155º, Abaixo: <150º, Acima: >155º

Discussão

    Uma posição incorreta no ciclismo pode acarretar um ciclo de pedalada encurtado ou estendido em excesso o que pode acarretar dores, lesões e até mesmo um déficit de potência, fato que agride principalmente atletas recreativos, por terem uma demanda de treinamento menor (Martins, 2007), assim estes atletas acabam por não obter um ajuste da bicicleta adequado. Desta maneira identifica-se com os resultados apresentados neste estudo, que 72,21% (n=13) dos triatletas mantêm um posicionamento equivocado na bicicleta, em sua grande maioria posicionamento abaixo do ideal (Tabela 3), o que corrobora com Cavalcanti (2014) que identificou ao avaliar 36 ciclistas de bicicletas aerodinâmicas da cidade de Manaus demonstrou que 75% (n=27) destes ciclistas apresentavam um posicionamento abaixo do ideal.

    Além disto pode-se observar na Tabela 3 que dos indivíduos que reportam dor no joelho, em sua grande maioria apresentava um posicionamento abaixo do ideal (<150º).O que corrobora com os achados de Pequini (2009) que ao avaliar 20 ciclistas, demonstrou em um teste com duração de 30 minutos, mantendo um posicionamento abaixo da posição preferencial pelos mesmos, reportaram um desconforto elevado na região das pernas principalmente na região dos joelho e tornozelos. Este posicionamento abaixo do ideal acarreta uma flexão ou uma rotação médio-lateral excessiva do joelho, o que pode ocasionar desgastes nessas estruturas, além de dores e possíveis lesões como, por exemplo, tendinites, bursites e neuropatias de compressão (Couto, 1995).

    A ocorrência de lesões, dores e desconfortos nesta articulação estão ligadas ao fato da grande magnitude de força muscular gerada pelo quadríceps durante o ciclismo, a qual é transmitida ao movimento principalmente por esta articulação (Diefenthaeler, 2012). Isso faz com que uma flexão excessiva da articulação do joelho leve a uma maior carga de compressão na articulação patelofemoral.

Conclusão

    A partir dos resultados encontrados neste estudo é demonstrado que triatletas se utilizam de posições diferentes do que é encontrado como referência na literatura, mantendo assim selins em posições mais baixas do que o ideal e os indivíduos que apresentam processo doloroso em sua maioria encontram-se em selins abaixo do ideal. Novos estudos que tratem da posição de triatletas,desta vez fazendo um teste progressivo correlacionando com processos de dor em diferentes posições, para assim se notar as principais diferenças entre estas.

Agradecimentos

    Agradecemos a Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, aos coordenadores do Laboratório de Estudo em Desempenho Humano – LEDEHU.

Bibliografia

  • Alencar, T.A.M.D.; Matias, K.F.S. (2009). Bikefit e sua importância no ciclismo. Revista Movimenta; Vol.2, Nº 2.

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  • Silberman, M.R., Webner, D., Collina, S., Shiple, B.J. (2005). Road Bicycle Fit. Clin J Sport Med, 15: 271-76.

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