A produção acadêmica em políticas públicas para o esporte olímpico e paralímpico El producción académica en políticas públicas para el deporte olímpico y paralímpico
	*Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) **Formado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) ***Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Brasil)	Rafael Estevam Reis* rafael_e_reis@hotmail.com Arthur Bacellar Teodoro da Silva** arthur.bacellar@hotmail.com Fernando Marinho Mezzadri*** mezzadri@ufpr.br
	Resumo           Este artigo tem por objetivo mapear a produção acadêmica relacionadas às políticas públicas para o esporte olímpico e paralímpico. Para isso, buscamos em bancos de dados utilizando palavras-chave; esses bancos foram escolhidos de acordo com sua relevância. Observamos então, pouca produção referente ao esporte Olímpico, e nenhuma para o esporte paralímpico, isso em nosso recorte. Entende-se, portanto, a necessidade de explorar essa lacuna no âmbito da pesquisa das políticas públicas relacionadas ao esporte olímpico e paralímpico.           Unitermos: Políticas públicas. Esporte Olímpico. Esporte Paralímpico.   Resumen           Este artículo pretende investigar la producción académica relacionada con las políticas públicas para el deporte olímpico y paralímpico. Para ello, buscamos en bases de datos utilizando palabras clave; estos bancos fueron elegidos en función de su relevancia. Observamos entonces poca producción en referencia al deporte olímpico, y ninguna para el deporte paralímpico, que en nuestro estudio. Se entiende, por tanto, la necesidad de explorar este vacío en el ámbito de la investigación de las políticas públicas relacionadas con el deporte olímpico y paralímpico.           Palabras clave: Políticas públicas. Deporte Olímpico. Deporte Paralímpico.   Recepção: 20/05/2015 - Aceitação: 16/07/2015
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Em 2009 o Brasil deu um importante passo para sua afirmação no cenário internacional ao ser eleito como cidade sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. As autoridades brasileiras presentes na cerimônia decisiva comemoraram a decisão como um marco na história do país. Assim como outras sedes, com expectativas de que os Jogos deem retorno, tanto nas perspectivas econômicas e políticas, como também sociais. Porém para isto o governo brasileiro além de despender recursos para a sua eleição também se comprometeu a realizar diversas ações para que a realização do evento seja possível. Estas propostas podem ser evidenciadas pelo menos em dois documentos oficiais: os dossiês de candidatura (Brasil, 2009) e os cadernos de legados (Brasil, 2009).

    Entretanto devido à natureza excepcional do evento existem demandas que surgem e que devem ser trabalhadas durante a preparação do evento. A grandiosidade do mesmo apresenta diversos impactos para a sociedade anfitriã, especialmente. Dentro disto precisamos pensar em estudos que levantem as demandas que surgem desta preparação e que indiquem possíveis caminhos a se seguir. Na área esportiva não poderia ser diferente.

    Três anos após a escolha do Brasil como sede é esperado que a temática esteja em ebulição com a aproximação do evento e que surjam diferentes trabalhos debatendo os rumos a serem tomados. Pois para a área esportiva um evento desta magnitude também é uma ótima forma de demonstrar sua importância social e desta forma aproveitar o evento como um potencializador de políticas públicas na área do esporte.

    Em vista disso, é de se esperar que a academia brasileira esteja trabalhando para que as ações governamentais possam ser voltadas para o bem social e que estejam contribuindo para a legitimação do esporte como política pública. Portanto o intuito deste estudo é mapear a produção acadêmica sobre políticas públicas para o esporte, acerca da temática dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Metodologia

    O presente estudo visa prover um olhar sobre o campo das políticas públicas para o esporte com relação ao Esporte Olímpico e Paralímpico no campo acadêmico. De forma geral foram observados trabalhos escritos pela academia brasileira com relação às políticas públicas esportivas. Desta forma este trabalho se trata de uma pesquisa de estado da arte da área em questão.

    Para tal utilizamos como recurso metodológico a busca em bancos de dados por palavras-chave. Os bancos de dados selecionados foram escolhidos pela sua relevância nacional e por sua abrangência, assim selecionamos o Banco de teses da Capes, site que hospeda os títulos e informações sobre trabalhos de conclusão das pós-graduações strictu-sensu realizadas no Brasil. Além disto, optamos por pesquisa diretamente nas principais revistas nacionais na área do esporte: Revista Movimento (UFRGS), Revista Motrivivência (UFSC), Revista Motriz (UNESP), Pensar a Prática (UFG) e Revista Brasileira de Ciências do Esporte (CBCE).

    Para a pesquisa utilizamos as seguintes palavras-chave: Olímpico, paralímpico, olimpismo, paralimpismo, paraolimpismo, paraolímpico, Jogos Olímpicos, Jogos Paraolímpicos, Jogos Paralímpicos, Olimpíadas; e a associação destas palavras com “políticas públicas”. A partir dos resultados das buscas os trabalhos foram selecionados através de seus títulos e de seus resumos para depois uma leitura mais aprofundada dos trabalhos selecionados. Após o levantamento dos dados, os mesmos foram comparados entre os diferentes bancos de dados para evitar casos de trabalhos repetidos. Nisto os resultados foram categorizados de três diferentes formas: tipo de pesquisa (documental/revisão), área de origem (Educação Física, História, etc.) e região de origem (Sul, Norte, etc.).

Resultados e discussões

    A pesquisa se deu primeiramente nas Revistas de maior importância, para que se evitassem repetições nos dados obtidos em banco de dados mais abrangente. Nelas a busca se realizou pelas palavras-chaves descritas na metodologia, mas como critério para uma busca mais especializada se optou por utilizar a palavra chave com maior número de resultados encontrados. Por isto a opção foi pela palavra “olímpico”.

Tabela 1. Resultados para “olímpico”

    Nesta busca foi encontrado um total de 114 artigos correspondentes, porém somente quatro artigos com temática relacionada ao tema da pesquisa. Na Revista Movimento foi encontrado um artigo de revisão da área de Educação Física. O artigo de Mascarenhas (2012) analisa os megaeventos esportivos em diversos âmbitos e a inserção da área de Ciências do Esporte e Educação Física nesta realidade. Na Revista Motrivivência foi encontrado um artigo documental da área econômica, sendo que este artigo compõe uma edição especial da revista sobre Megaeventos esportivos (2009). O artigo de Proni (2009) examina algumas projeções de impactos econômicos dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 e com isso aponta algumas conclusões com base em experiências passadas. Desta forma enfatiza a necessidade de aprimorar mecanismos democráticos para tomada de decisões com fim de evitar mau uso de dinheiro público e gerar transparência para o processo.

    Na Revista Pensar a Prática foi encontrado um artigo (Schausteck, 2012), nele é discutido a estratégia de utilização do esporte como forma de promoção de um sistema político ou da nação através da aprovação de leis que favorecem entidades esportivas nacionais voltadas para o esporte de rendimento, no caso a Lei Agnelo-Piva e o Comitê Olímpico Brasileiro.

    Também foi localizado um artigo de mesmo autor na Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Nele Schausteck (2011) analisa como a dinâmica do campo esportivo brasileiro é afetada pelas relações financeiras entre as instituições de administração do esporte olímpico brasileiro (COB e confederações), sendo o Brasil país sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A Revista Motriz dentre seus 42 artigos localizados em busca preliminar por palavra-chave não apresentou nenhum relacionado diretamente ao tema, sendo a sua maioria relacionada com o campo das Ciências Biológicas. Na busca no Banco de Teses da Capes foram selecionadas duas palavras-chave com maior número de resultados encontrados na pesquisa. No total foram encontrados dois trabalhos relacionados à temática, sendo que um deles foi encontrado em ambas as pesquisas.

Tabela 2. Banco de Teses/Capes

    O primeiro trabalho encontrado (Schausteck, 2010) é uma dissertação e tem como base o financiamento do Comitê Olímpico Brasileiro. Nele é utilizada a teoria sociológica de Pierre Bourdieu para entender a relação do campo esportivo com o campo político no país. O segundo trabalho encontrado (Melo, 2004) é um relato de caso da idealização, concepção e implementação do Projeto da Vila Olímpica da Maré e a relação entre Estado e sociedade civil.

    No que se refere ao esporte Paralímpico, pode-se destacar algumas dificuldade encontradas na busca de pesquisas. O primeiro fator influenciador para estas dificuldades deve-se a escassez de estudos que trabalhem com a temática, independente a qual área mais específica esteja relacionada. Outra barreira é o fato de existir diferentes nomenclaturas no que se refere “a prática esportiva para pessoas com deficiência”, é comumente encontrado definições como “esporte adaptado”, “paradesporto” e “esporte paralímpico” tratando da mesma temática, ao mesmo tempo em que existem, ou podem existir, diferenças entre as nomeações.

    Outro problema surgiu recentemente, o termo “Paraolímpico” sempre foi utilizado nas competições, por atletas, técnicos e dirigentes, não poderia ser diferente no âmbito acadêmico. Todavia, um pedido do Comitê Paralímpico Internacional solicitou junto ao Comitê Paralímpico Brasileiro, a troca na nomenclatura, abolindo a vogal “o” do termo “Paraolímpico”, ficando simplesmente “Paralímpico”. Devido a este motivo, pesquisas publicadas até então, tinham uma nomenclatura diferente da atual.

Tabela 3. Resultados para “paraolímpico”, “paralímpico” e “esporte adaptado”

    No banco de teses da Capes foram localizados e analisados sete itens, os quais nenhum podia ser considerados pesquisas sobre políticas públicas ao esporte paralímpico.

Considerações finais

    Com os resultados obtidos na pesquisa da produção acadêmica na área de políticas públicas para o esporte olímpico e paralímpico podemos observar de modo preliminar uma escassez de trabalhos relacionados à temática. Além dos poucos pesquisadores preocupados com estas relações existentes entre política, esporte e Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Pode ser que existam algumas possíveis causas para tal escassez. A própria eleição do Brasil como país sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos é recente, além do país nunca ter sediado este evento. Outro ponto é a limitação imposta pelo método de busca através de palavra-chave. Este método depende muito da correspondência exata entre as palavras-chave e o texto em questão, algo que pode não acontecer pela falta de mecanismos de indexação.

    Entretanto podemos ser realistas e diante da falta de espaço do esporte no contexto social limitado aos espetáculos televisivos e na política representado por ex-atletas acreditar que há problemas mais profundos geradores deste cenário. Para ilustrar podemos citar que em 2007 o país já havia sediado os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos, mas este possível estímulo não foi suficiente para que a área acadêmica se voltasse com força para o estudo deste fenômeno e suas consequências. Além disso, dificilmente a academia teria forças para evitar o desperdício de dinheiro público que ocorreu. Uma análise mais profunda permite observar que ao ser encontrado relação do esporte paralímpico com políticas publicas, o estudo trata do esporte convencional com prioridade, renegando ao esporte paralímpico um segundo plano, não pode ser encontrado um estudo que tratava apenas do esporte adaptado relacionado à políticas públicas.

Bibliografia

• Brasil. Caderno de Legados. (2009). Disponível em: http://www.esporte.gov.br. Acesso em: 16 dez. 2012.

• Capela, P.R.C. (2006). Os mega-eventos esportivos e as políticas públicas de esporte e lazer de resistência. Motrivivência. UFSC, Florianópolis, Ano XVIII, Nº 27, p. 101-116, Dez.

• Martins, D.J. Q. (2004). A formulação e a implementação das políticas públicas no campo do esporte no estado do Paraná entre 1987 e 2004. Dissertação de Mestrado. UFPR.

• Rodrigues, A.L. (2008). A desportivização das políticas sociais para a juventude: discursos salvacionistas e práticas compensatórias. Dissertação de Mestrado. PUC RS.

• Todt, N.S. (2009). Um país olímpico sem educação olímpica? In: Prêmio Brasil de Esporte e Lazer de Inclusão Social. 1ª ed. Coletânea dos Premiados de 2008. Brasília: Ministério do Esporte, p. 370-380.

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