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Efeitos da órtese posterior de tornozelo-pé em indivíduos hemiplégicos após acidente vascular encefálico: revisão sistemática da literatura

Efectos de la órtesis posterior tobillo-pie en individuos hemipléjicos después 

de un accidente cerebrovascular: una revisión sistemática de la literatura

Effect of posterior ankle-foot orthosis on hemiparetic individuals stroke: systematic literature review 

 

*Professor doutor do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Sergipe

**Fisioterapeuta pela Universidade Federal de Sergipe

***Professor doutora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Sergipe

****Professor do programa de pós-graduação de Biotecnologia Industrial 

e vice-líder do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade Tiradentes

(Brasil)

Diogo Costa Garção*

Péligris Henrique dos Santos**

Olga Sueli Marque Moreira***

Paulo Autran Leite Lima****

diogoufscar@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo 

          O Acidente Vascular Encefálico (AVE) altera o padrão de marcha, reduz o equilíbrio e aumenta o gasto energético, assim, uma das estratégias para restabelecer a deambulação é a utilização da Órtese Posterior de Tornozelo-Pé (P-AFO). Sendo assim, objetivou-se revisar sistematicamente a literatura sobre os efeitos da P-AFO em indivíduos hemiplégicos após AVE. Durante o período de Maio de 2010 a Novembro de 2011, foram realizadas buscas com os descritores Acidente Vascular Cerebral, Órtese de tornozelo-pé e Aparelhos Ortopédicos nas bases de dados Science Direct, PubMed, Scielo e PEDro por estudos que utilizaram P-AFO em pacientes após AVE. Os critérios de inclusão foram: 1- Classificação igual ou superior a cinco pontos na escala PEDro; 2-Grupo intervenção composto por pacientes hemiplégicos após AVE; 3-Utilização da P-AFO como ferramenta de intervenção. Foram excluídos: os estudos de caso e revisões de literatura. Dos 37 estudos encontrados, 11 cumpriram os critérios de inclusão. Os artigos selecionados envolveram indivíduos hemiplégicos em vários estágios de recuperação e investigaram as variáveis espaçotemporais, cinemáticas e de equilibrio. Com isso, A P-AFO aumenta a velocidade de marcha, cadência e diminui o tempo de marcha, promove a dorsiflexão, diminui a flexão plantar e consequentemente o risco de quedas.

          Unitermos: Acidente vascular cerebral. Aparelhos ortopédicos. Órtese de tornozelo-pé.

 

Abstract

          The Stroke alters the gait pattern, reduced balance and increases energy expenditure, hence to restore gait, one strategy is the utilization of Posterior Ankle-Foot Orthosis (P-AFO). The aim of this work was to review systematically the literature on the effects of P-AFO on hemiplegic subjects after stroke. During the period May 2010 to November 2011 were carried out searches with the keywords "stroke", "Ankle Foot Orthosis," and "Orthotic devices" in the databases Science Direct, PubMed, PEDro and SciELO by papers that used AFO in patients after stroke. Inclusion criteria were: 1 - Rating equal to or greater than five points on the PEDro scale, 2-group intervention consisting of hemiplegic patients after stroke, 3-P-AFO use as a tool of intervention. Exclusion criteria were: case report and literature reviews. Of the 37 papers founded, 11 fit the inclusion criteria. The papers selected hemiplegic individuals in various stages of recovery and were investigated parameters temporal spatial, kinematic and equilibrium. In conclusion, the P-AFO increased velocity, cadence and decreased the time, promotes dorsiflexion, plantar flexion decreases and hence the risk of falls.

          Keywords: Stroke. Ankle foot orthosis. Orthotic devices.

 

Recepção: 01/06/2015 - Aceitação: 02/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O surgimento da hemiplegia após a lesão do neurônio motor superior em razão do Acidente Vascular Cerebral (AVC) resulta em déficit motor, hiperreflexia, co-contração e distonia espástica no membro afetado. Consequentemente, o paciente altera o padrão de marcha, reduz o equilíbrio, aumenta o gasto energético durante a deambulação, o risco de quedas e agrega uma condição de dependência para realização das atividades de vida diária (AVD’s) (Fatone; Hansen, 2007; Cakar et al, 2010; Chen et al, 2010).

    Em virtude dos danos na marcha após o AVC, a biomecânica do tornozelo torna-se deficitária, sendo viável o uso de uma órtese de tornozelo-pé (Ankle Foot Orthosis – AFO) para restabelecer a função (Harris, 1973). As AFOs são de baixo custo, leves, fáceis de usar, ajudam na segurança e proporcionam menor gasto energético durante caminhada (Beckerman et al, 1996; Chen et al, 2008).

    Clinicamente, pode-se identificar mais de um tipo de padrão de marcha de indivíduos com AVC indicando que os pacientes necessitam usar estratégias diferentes para deambular (Fatone; Hansen, 2007; Cakar et al, 2010). Dentre os tipos de AFO estão a AFO anterior, a AFO metálica e a AFO posterior (P-AFO).

    A AFO anterior (Figura 01-A) é indicada para deambular de pé descalço, é de uso mais fácil em sapatos fechados, tem como desvantagens a limitação da dorsiflexão e a dificuldade para calçá-la (Chen et al, 2010). A AFO metálica (Figura 01-B) é indicada para pacientes obesos, intolerantes a termoplástico, com deformidades e que não tiveram êxito com os modelos convencionais (Beckerman et al, 1996). Assim como a P-AFO, a AFO metálica não tem boa aceitação dos pacientes em virtude de sua estética (Simons et al, 2009).

    Pode-se classificar a P-AFO em dinâmica, semirrígida, rígida, articulada e a redutora de tônus. A P-AFO dinâmica (Figura 01-C) permite pequenos movimentos de flexão plantar e a movimentação passiva em dorsiflexão. É indicada para alteração de marcha causada por fraqueza muscular dos dorsiflexores e dos inversores. O modelo Semirrígido (Figura 01-D) é indicado aos pacientes que apresentam desvios rotacionais, espasticidade de leve a moderada e pé eqüino. A P-AFO rígida (Figura 01-E) é fabricada com termoplástico rígido, sendo indicada aos pacientes com espasticidade grave e pé equino por impedir a flexão plantar (Beckerman et al, 1996; Carvalho, 2013).

    A P-AFO articulada (Figura 01-F) permite movimentos de flexão plantar, dorsiflexão e facilita a transferência de sentado para de pé. A P-AFO redutora de tônus (Figura 01-G) possui apoio para a cabeça dos metatarsos que facilita a extensão dos dedos através da inibição do reflexo tônico de flexão dos dedos dos pés, esse tipo de AFO também oferece imobilização estática em retro-pé e estimula a musculatura dorsiflexora (Carvalho, 2013; Iwata et al, 2003).

Figura 1. Tipos de AFO. A – AFO anterior (Chen C-K, Hong W-H, Chu N-K, Lau Y-C, Lew HL, Tang SFT. Am. J. Phys. Med. Rehabil. 2008). B – AFO metálica (Simons CDM, Van Asseldonk EHF, Van Der Kooij H, Geurts ACH, Buurke JH. Clinical Biomechanics. 2009). C– P-AFO dinâmica (Cakar E, Durmus O, Tekin L, Dincer U, Kiralp MZ. Eur. J. Rehabil. Med. 2010). D – P-AFO semirrígida (Simons CDM, Van Asseldonk EHF, Van Der Kooij H, Geurts ACH, Buurke JH Clinical Biomechanics. 2009). E – P-AFO rígida (CARVALHO, José André. Manole, 2006). F – P-AFO articulada (Fatone S & Hansen AH. JRRD. 2007). G – P-AFO inibidora de tônus (Iwata M, Kondo I, Sato Y, Satoh K, Soma M, Tsushima E. Arch. Phys. Med. Rehabil. 2003).

    Assim, o presente trabalho tem como objetivo identificar evidências científicas sobre os efeitos da P-AFO nas variáveis espaçotemporais, cinemáticas e de equilíbrio em pacientes hemiplégicos após o AVE e fornecer informações que visem auxiliar a indicação da P-AFO, uma vez que na literatura não há consenso quanto aos efeitos proporcionados pela P-AFO na marcha.

Material e métodos

    Foram realizadas buscas, durante o período de Maio de 2010 a Novembro de 2011, nas bases de dados Science Direct, PubMed, Scielo e PEDro por estudos que utilizaram a P-AFO em pacientes hemiplégicos após AVE, utilizando os descritores: Acidente Vascular Cerebral (Stroke), Aparelhos Ortopédicos (Orthotic devices) e Órtese de tornozelo-pé (Ankle Foot Orthosis).

a.    Critérios de inclusão e exclusão

    Foram inseridos no estudo os artigos em que o grupo intervenção foi constituído por pacientes hemiplégicos após AVE que utilizaram a P-AFO como ferramenta de intervenção e que obtiveram Classificação igual ou superior a cinco pontos na escala PEDro. Foram excluídos os relatos de caso clínico, revisões de literatura, bem como aqueles que não satisfizessem os critérios anteriormente propostos.

b.     Instrumento de avaliação

    A escala PEDro, ferramenta bastante utilizada em pesquisas, é composta por 11 itens estabelecidos por um consenso de peritos fundamentado na lista de Delph (Verhagen et al, 1998). Nesse instrumento de avaliação a pontuação varia de 0 a 10 pontos, sendo que o item 01 não é pontuado, apenas foi mantido para que a Delph list esteja completa, para os demais itens é atribuído 01 ponto quando um for totalmente satisfeito. Nesse instrumento os itens 02 a 09 ajudam a identificar quais artigos poderão ter validade interna, enquanto que os itens 10 e 11 verificam quais artigos contêm informação suficiente para que os seus resultados sejam interpretados (Pedro, 2013). Assim, esse instrumento foi utilizado no estudo para selecionar quais artigos iriam compor o estudo.

Resultados

    Foram encontrados 37 estudos, dentre os quais 11 cumpriram os critérios de inclusão (Mojica et al, 1988; Tyson; Thomton, 2001; Iwata et al, 2003; De Wit et al, 2004; Fatone; Hansen, 2007; Cruz; Dhaher, 2009; Abe et al, 2009; Fatone; Gard; Malas, 2009; Wening et al, 2009; Cakar et al, 2010; Erel et al, 2011). Entre os 26 manuscritos excluídos, 03 eram estudos de revisão de literatura, 02 eram estudo de caso, 13 abordavam aparelhos ortopédicos diferentes da P-AFO, em 06 trabalhos houve a inserção de pacientes com patologias diferentes do AVC e em 02 artigos, além da P-AFO, os pacientes foram submetidos a outro tipo de intervenção.

Tabela I. Resultados das variáveis espaçotemporais

    Dentre os artigos selecionados, 10 artigos avaliaram as variaveis espaçotemporais, assim 07 desses afirmaram que a P-AFO aumentou a velocidade de marcha (Mojica et al, 1988; Tyson; Thomton, 2001; Iwata et al, 2003; De Wit et al, 2004; Abe et al, 2009; Wening et al, 2009; Erel et al, 2011) e 04 encontraram uma melhora na cadência (Tyson; Thomton, 2001; Iwata et al, 2003; Abe et al, 2009; Wening et al, 2009). Em relação ao comprimento da passada, 03 artigos relataram aumento em ambos os lados Mojica et al, 1988; Abe et al, 2009; Wening et al, 2009) e para a largura da passada, 01 artigo afirmou haver um aumento em ambos os lados (Iwata et al, 2003). Quanto à simetria entre membros, 01 artigo encontrou uma melhor simetria entre membros (Fatone; Hansen, 2007), entretanto em 02 não foram observados diferenças para essa variável (Abe et al, 2009; Wening et al, 2009).

Tabela II. Resultados das variáveis espaçotemporais

    Em relação ao comprimento do passo, 02 artigos encontraram um aumento tanto no membro hemiplégico como no sadio (Abe et al, 2009; Wening et al, 2009) e 02 estudos afirmam que houve melhora somente no membro sadio (Fatone; Hansen, 2007; Cruz; Dhaher, 2009). Para a largura do passo, 01 artigo constatou um aumento em ambos os lados (Abe et al, 2009). 01 artigo constatou diminuição em ambos os lados (Fatone; Hansen, 2007) e 01 estudo afirmou não haver diferença (Cruz; Dhaher, 2009).

Tabela III. Resultados das variáveis espaçotemporais

    Dentre os 07 artigos que analisaram as variáveis cinemáticas, 03 artigos relataram aumento da dorsiflexão e redução da flexão plantar (Fatone; Hansen, 2007; Cruz; Dhaher, 2009; Fatone; Gard; Malas, 2009) e 01 estudo relatou maior facilidade para a fase de balanço (Cruz; Dhaher, 2009).

    De 09 artigos que avaliaram a execução de testes ou a pontuação em escalas de equilíbrio durante a utilização da P-AFO, 02 artigos relataram uma maior pontuação na escala de equilíbrio de Berg (Abe et al, 2009; Cakar et al, 2010), 02 artigos obtiveram uma melhor classificação do Perfil de deambulação funcional (Mojica et al, 1988; Abe et al, 2009) e 01 artigo afirmou não haver contribuição para o teste de alcance funcional (Erel et al, 2011).

    Quanto à execução dos testes Time Up & Go Test e Time up stairs, não houve consenso entre os artigos que analisaram o desempenho durante a utilização da P-AFO (De Voit et al, 2004; Erel et al, 2011), entretanto ao analisar o teste Time down stairs houve um melhor desempenho entre os mesmos artigos.

Tabela IV. Resultados obtidos durante os testes de equilíbrio

    Um artigo relatou que a P-AFO não contribui no Teste de Estabilidade Postural (Cakar et al, 2010), 03 artigos relataram uma maior excursão do 1° centro de pressão (Mojica et al, 1988; Fatone; Hansem, 2007; Fatone; Gard; Malas, 2009), 01 estudo obteve um menor índice do risco de quedas com o uso da P-AFO (Cakar et al, 2010) e 01 estudo declarou haver uma redução no custo energético através do uso da P-AFO (Erel et al, 2011).

Discussão

    A inclinação pélvica, hiperextensão do joelho e a excessiva flexão plantar comumente encontrados nos pacientes de AVE (Chen et al, 1999; Fish; Crussemeyer; Kosta, 2001; Chen et al, 2008; Cruz; Dhaher, 2009) levam à adoção de posturas que impedem o uso das três principais estratégias de equilíbrio (estratégia do tornozelo, estratégia do quadril e a estratégia do passo) e a P-AFO auxilia a correção dessas posturas (Cruz; Dhaher, 2009), levando à melhor ativação das estratégias, melhorando o equilíbrio (Horak; Nashner, 1986).

    Dessa forma, os componentes sensório-motores (a exemplo da estratégia do tornozelo) conseguem manter o centro de gravidade dentro da base de suporte (Nashner, 1990). À medida que o corpo sofre a atuação de forças que tendem a desestabilizá-lo, a estratégia do tornozelo é usada para tentar conferir a estabilidade necessária para manter o corpo na posição (Cook; Horak, 1995).

    Dentre os artigos selecionados (Mojica et al, 1988; Fish; Crussemeyer; Kosta, 2001), a espasticidade foi mencionada com um dos fatores a serem considerados na prescrição de órteses por proporcionar instabilidades e assim dificultar a marcha desses pacientes. Dentro desse contexto, também foi observado que pacientes mais jovens e com maior disfunção respondem melhor à utilização da AFO por não terem desenvolvido habilidades compensatórias aos movimentos (De Voit et al, 2004; Hung et al, 2011), indicando assim, que além da espasticidade, a idade e o grau de disfunção são fatores que também devem ser levados em consideração ao se indicar esses aparelhos ortopédicos.

    Ao avaliar a velocidade de marcha durante a utilização da P-AFO, não foi observado diferenças significativas (Gök et al, 2003), entretanto ao mudarem da P-AFO para a AFO metálica, foi registrado um aumento estatisticamente significativo, sugerindo que além do tempo de lesão, também o tipo da AFO deve ser considerado na prescrição desses aparelhos. Em síntese, os fatores de relevância para a indicação da P-AFO em pacientes com AVC são: a idade do paciente, o grau de espasticidade, nível de disfunção e o tipo da P-AFO.

    O aumento da dorsiflexão, a diminuição da flexão plantar e o menor torque de flexão plantar observado nos artigos (Fatone; Hansen, 2007; Cruz; Dhaher, 2009; Fatone; Gard; Malas, 2009) são resultados esperados em virtude das propriedades biomecânicas da P-AFO que diminuirá a instabilidade no tornozelo (Beckerman et al, 1996; Condie; Turner, 1997; Fish; Crossemeyer; Kosta, 2001; Verdie et al, 2004; Chen et al, 2010) através do reposicionamento articular, havendo absorção do impacto e melhora em algumas fases da marcha, em especial o contato inicial e a fase de apoio (Chen et al, 1999; Wu, 1992) que resulta em redução do gasto energético (Franceschini et al, 2003). Fatores que repercutem diretamente nas variáveis espaçotemporais, sendo observado um aumento na velocidade de marcha e na cadência.

    Não foram observadas diferenças em relação à variável tempo (Cruz; Dhaher, 2009; Erel et al, 2011), entretanto para a variável velocidade, foi registrado um aumento na velocidade de marcha (Erel et al, 2011), permanecendo como um fator controverso, pois por se tratar de uma grandeza inversamente proporcional seria esperado que um aumento na velocidade implicasse em uma redução na variável tempo.

    Para o comprimento do passo, os artigos mostraram-se bastante inconclusivos sobre qual seria o lado beneficiado, se é o lado saudável (Fatone; Hansen, 2007; Cruz; Dhaher, 2009) ou ambos os lados (Abe et al, 2009; Wening et al, 2009). Os demais estudos que analisaram essa variável, não apresentam qualquer semelhança quanto ao tempo de AVE dos participantes, sendo necessários mais estudos com metodologia adequada para verificar se a diferença metodológica foi o fator responsável pelas respostas divergentes.

    Para a largura do passo observou-se um aumento significativo em ambos os membros (Abe et al, 2009), resultado que confronta a redução da largura do passo (Fatone; Hansen, 2007) e a inalteração desses parâmetros em outros estudos (Cruz; Dhaher, 2009).

    Quanto aos manuscritos que avaliaram o comprimento da passada, foi observado um aumento (Tyson; Thomton, 2001; Abe et al, 2009; Wening et al, 2009), enquanto que para a variável largura da passada somente 01 estudo (Iwata et al, 2003) encontrou significância para essa variável.

    A correção postural e a melhor ativação das estratégias de equilíbrio explicam o melhor desempenho na escala de equilíbrio de Berg, no teste Time Down Stairs, a melhor classificação do perfil deambulação funcional, o menor risco de quedas e a redução no gasto energético durante a utilização da P-AFO. O maior deslocamento posterior do centro de pressão também contribui para a estabilidade estática e dinâmica do paciente (Fatone; Hansen, 2007; Fatone; Gard; Malas, 2009), entretanto ao avaliar o equilíbrio dinâmico através do teste de estabilidade postural (Cakar et al, 2010) não obteve efeito da P-AFO.

    Estudos anteriores relatam que não houve contribuições da P-AFO em relação ao tempo de balanço e em relação à duração do duplo apoio em ambos os membros inferiores (Fatone; Hansen, 2007; Cruz; Dhaher, 2009), fato que pode ser explicado pela fraqueza muscular no hemicorpo afetado (Genthon et al, 2009). Fatone; Hansen (2007) afirmam que houve melhora na simetria entre membros. Tyson; Thorton (2001) e Wening et al (2009) não encontraram diferenças para essa variável, indicando que o problema principal seja fraqueza muscular, uma vez que o membro saudável é incapaz de compensar todas as solicitações do membro afetado (Genthon et al, 2009).

Conclusão

    Os fatores que mostraram grande relevância para a indicação da P-AFO são: a idade do paciente, o grau de espasticidade, nível de disfunção e o tipo da P-AFO. E a partir de sua indicação há melhora da velocidade de marcha, aumento da cadência, do comprimento e largura do passo, promoção da dorsiflexão, redução da flexão plantar e do risco de quedas. Fatores que favorecem o equilíbrio estático, entretanto não foi observado contribuições no equilíbrio dinâmico, sendo assim imprescindível a associação do treino de força da musculatura hemiplégica e o uso da P-AFO para que se obtenha um maior grau funcionalidade dos pacientes hemiplégicos após o AVC.

Agradecimentos

    Os autores agradecem a realização da pesquisa ao Departamento de Morfologia e Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Sergipe, ao Programa de Pós-graduação de Biotecnologia Industrial e ao Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade Tiradentes.

Bibliografia

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