Proposta metodológica para o ensino do pole dance fitness na infância e adolescência Propuesta metodológica para la enseñanza del pole dance fitness en la infancia y la adolescencia Methodologic propose of pole dance fitness teaching in childhood and adolescence |
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Curso de Bacharelado em Educação Física Laboratório de Fisiologia do Exercício e Exergames Curitiba, Paraná (Brasil) |
Gabriela de Moura* Vanessa Cristina Gonçalves** Keith Sato Urbinati*** |
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Resumo O Pole Dance Fitness é uma modalidade esportiva realizada através de movimentos ginásticos em mastro vertical. Crianças e adolescentes têm procurado esta prática para melhoria da qualidade de vida. No entanto, não existe uma metodologia de ensino adequada a esta faixa etária. Logo, o objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia do Pole Dance Fitness adequada para crianças e adolescentes. Utilizou-se para a fundamentação da metodologia o modelo pendular de Bayer (1994), proposta metodológica de Heine, Carbinatto e Nunomura (2009) e métodos de ensino de Mosston e Ashworth (1994). Conclui-se que até os 7 anos considera-se fase dos princípios operacionais- nível Básico I no Pole Dance Fitness, dos 7 aos 10 anos fase das regras de ação- níveis Básico I, II e III do Pole Dance Fitness e a fase dos gestos específicos técnicos, que compreende dos 10 aos 12 anos- níveis Básico I, II e III e Intermediário do Pole Dance Fitness. Unitermos: Dança. Desenvolvimento motor. Qualidade de vida.
Abstract The Pole Dance Fitness is a sport performed through gymnastic and dance moves in a vertical mast. Sundry children and adolescents have tried this practice to improve the quality of life. However, there isn’t an appropriate teaching methodology for this group. Therefore, the aim of this study was developed a methodology of Pole Dance Fitness to children and adolescents, subsidiary as a reference for future works. This study is the result of a literature review of books, scientific papers and on line consultation. Was used for the reasoning of the pendulum model methodology Bayer (1994), methodological proposal for Heine, and Carbinatto Nunomura (2009) and teaching methods Mosston and Ashworth (1994). The conclusion of this study was: in the Basic level used to operation principle (age 7-10 years old); in the motor skill technical fase used the Basic I, II and III levels (10-12 years old). Keywords: Dance. Motor development. Quality of life.
Recepção: 18/06/2015 - Aceitação: 06/08/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
O Pole Dance se constitui em uma forma de dança em torno de uma barra de metal altamente polida. Combina movimentos de ginástica e dança, e exige força, flexibilidade e coordenação. Pode se apresentar através de estilos de dança como ballet e dança moderna, com componente sexy e/ou puramente fitness (Wilke, 2012; Fernandes, 2012). Apesar de estigmatizado pela sensualidade, o Pole Dance tem sido cada vez mais reconhecido mundialmente como forma respeitável de dança e atividade física (Haslam e Cooper, 2010).
Divididos conceitualmente em Pole Dance sensual e fitness, o Pole Dance sensual trabalha o erotismo, explorando a volúpia da mulher, e o Pole Dance Fitness visa somente o lado acrobático do Pole Dance, enfatizando a técnica de execução (Wilke, 2012; Fernandes, 2012) dos movimentos.
O Pole Dance Fitness é uma modalidade nova, que vem despertando interesse em novos praticantes. Dentre eles, o público de crianças e adolescentes (Whitehead e Kurz, 2009).
Entre os benefícios que esta atividade produz, estão o aumento de força e resistência muscular, perda de peso e melhora na aptidão cardiorrespiratória (Haslam e Cooper, 2010; Parizzi, 2008).
Sua prática é importante, pois fornece meios de expressão e comunicação de maneira singular, características que não podem ser encontradas em outras atividades, apenas nas danças e ginásticas (Haslam e Cooper, 2010).
Historicamente o Pole Dance se inicia na antiga Índia, onde existia a prática do Mallakhamb (“homem de força” ou “ginástica do poste”) que consistia em uma espécie de yoga, praticada em um poste de madeira com cordas, existentes desde o século XII (Parizzi, 2008). O Mallakhamb de poste era mais praticado por homens e meninos e o Mallakhamb de corda por mulheres e meninas (Ipdfa, 2013). Além do Mallakhamb, existia o Mallastambha (ginástica do pilar), modalidade já extinta, que era utilizada em sua maioria por lutadores de wrestling para trabalho de hipertrofia e força muscular (Parizzi, 2008; Production, 2008; Ipdfa, 2013; Jiang e Liang, 2008).
No Ocidente, em 1840, início da era Vitoriana, surge o estilo Burlesque relacionado à Comédia dell’arte, cuja parte central do show, de caráter cômico, consistia no personagem principal, que detinha um burle (bastão) almofadado, usado para bater em outros personagens. O principal difusor do estilo burlesque sensual foi o Show Moulin Rouge, que recebia dançarinas de todos os lugares do mundo (Parizzi, 2008).
Todavia foi durante os anos 20, época marcada pela Grande Depressão Americana, que o Pole Dance atual começou a se estruturar. Um grupo de artistas conhecidos como Tour Fair Shows (semelhantes a artistas circenses) viajava pelas cidades fazendo suas apresentações e divertindo o público. Além do espetáculo principal existiam alguns shows paralelos em tendas pequenas, ao redor da tenda principal. Uma das tendas mais famosas era onde se apresentavam as dançarinas eróticas Hoochi Coochi - nome originado em função do movimento de quadril utilizado pelas dançarinas (Parizzi, 2008; IPDFA, 2013). Para se adaptarem ao espaço dos palcos, que não era muito apropriado, as dançarinas começaram a utilizar os postes próximos ao palco, que serviam de sustentação para a tenda, como parte do show (Holland, 2010; Parizzi, 2008).
Em 1968, Belle Jangles, dançarina, fez uma performance num clube de strip-tease em Oregon, marco inicial da documentação do Pole Dance moderno (Parizzi, 2008). A disseminação foi tanta, que em meados dos anos 90, Fwania (praticante canadense) através de um DVD com instruções de Pole Dance Fitness e dança, divulgou a modalidade como forma de condicionamento físico (Jiang e Liang, 2008). Além dos shows em circos, casas noturnas, e aulas em DVD, o pole dance também ganhou o mundo artístico, quando o Cirque du Soleil incorporou em seus shows o mastro chinês (Parizzi, 2008).
A expansão do Pole Dance Fitness se deu em 2006, especialmente pelo surgimento de campeonatos com regulamentos e federações, caso da International Pole Dance Fitness Association fundada em 2007 (IPDFA, 2013), da International Pole Sports Federation com a constituição de regulamentos dispostos em 2011 (IPSF, 2013), e da International Pole Fitness Federation (IPFF, 2013) que promove competições internacionais. No Brasil existe a Federação Brasileira de Pole Dance, fundada em 2009 (FBPOLE, 2013) que promove competições nacionais desde 2012; bem como o Studio Grazzy Brugner, organizador de competições no cenário brasileiro desde 2009.
São várias as categorias de Pole Dance competitivo, entre elas: amadora, profissional e máster feminino; categoria em duplas e categoria masculina (IPFF, 2013), bem como níveis de ensino: básico, intermediário, avançado e profissional (FBPOLE, 2013). Apesar de diferentes escolas de Pole Dance adotarem variados métodos de ensino, geralmente as competências são desenvolvidas em níveis de ensino. A Tabela 1 apresenta os principais conteúdos trabalhados em cada um dos níveis.
Tabela 1. Competências conforme o Nível do Pole Dance
Fonte: Adaptado de Wilke (2012)
No entanto, esta metodologia nem sempre respeita as diferentes fases de desenvolvimento das crianças e adolescentes. Neste sentido, alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos relacionando o Pole Dance Fitness com propostas metodológicas para crianças. No Brasil já existem trabalhos com crianças em alguns Studios de São Paulo (Pole Kids, 2013). Entretanto, a maior referência de trabalhos relacionados com o Pole Dance Fitness para crianças é realizado no exterior, caso da Finlândia com a atleta e educadora física Oona Kivela (Gymi, 2013), em Vancouver no Canadá (CBC News, 2012) e na Inglaterra (Seery, 2012). Devido à disseminação do Pole Dance com caráter sensual até o início da década de 80 (Jiang e Liang, 2008), ainda existe certa confusão sobre a aplicabilidade do Pole Dance Fitness em crianças e adolescentes. Desde que seja desenvolvido com caráter de exercício físico, não existem maiores problemas, especialmente no desenvolvimento da sexualidade de crianças e adolescentes (Seery, 2012).
O Pole Dance Fitness para crianças e adolescentes deve ser visto como um instrumento para o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, onde a descoberta dos movimentos ocorre de maneira lúdica e direcionada conforme a fase de desenvolvimento (Gallahue e Donnelly, 2008). Nesse sentido, é importante esclarecer as diferenças estabelecidas no presente estudo entre o Pole Dance sensual e o fitness, para que não haja confusão e julgamentos equivocados frente à modalidade. Talvez, essa interpretação errônea seja conseqüência da falta de informações e subsídios científicos nesta área.
Para tanto, o objetivo do presente estudo foi desenvolver e fundamentar uma metodologia de ensino do Pole Dance Fitness, específica para crianças e adolescentes.
Metodologia
Realizou-se revisão bibliográfica em livros, artigos científicos, e consultas online para o levantamento dos principais exercícios e classificações dos níveis de desenvolvimento das técnicas do Pole Dance Fitness, bem como investigou-se os atributos que envolvem as condições motoras da 2ª e 3ª infância.
Como base para a criação da metodologia, utilizaram-se as teorias de metodologias de ensino para a iniciação esportiva de Mosston e Ashworth (2009), o modelo pendular de Bayer (1994) e a proposta de estilos de ensino para a iniciação a Capoeira, de Heine, Carbinatto e Nunomura (2009), considerando as fases de desenvolvimento motor (Gallahue e Donnelly, 2008).
Constituindo-se assim uma proposta metodológica do Pole Dance Fitness para crianças de 2ª e 3ª infância.
Resultados e discussão
O modelo pendular de Bayer (1994) estabelece os princípios operacionais a serem trabalhados com crianças de até 7 anos de idade, fase que compreende o desenvolvimento das habilidades fundamentais. No Pole Dance Fitness corresponde aos movimentos do nível Básico I (movimentos de adaptação com a barra, rolamentos e figuras estáticas) utilizando como metodologia de ensino atividades de cunho lúdico, tarefa, programa individualizado, descoberta orientada e solução de problemas.
Nas regras de ação, que compreende a fase dos 7 aos 10 anos, inicia-se a combinação das habilidades fundamentais através dos movimentos dos níveis Básico I, II e III trabalhando giros, subidas, movimentos de sustentação do próprio corpo com o desenvolvimento de força produzido pelo movimento, além de travas de pernas realizadas na barra vertical. As metodologias utilizadas são: atividades de cunho lúdico, comando, tarefa, avaliação recíproca, programa individualizado, descoberta orientada e solução de problemas.
No modelo pendular de Bayer (1994) tem-se ainda os gestos específicos técnicos, que trabalha com movimentos dos níveis: Básico I, II e III e início do Intermediário. A fase dos gestos específicos técnicos é compreendida por crianças de 10 a 12 anos de idade, onde podem ser desenvolvidas habilidades complexas, incluindo os seguintes movimentos: rolamentos, movimentos estáticos, giros, sustentação, movimentos de travas com as pernas, inversões, apoios invertidos e desenvolvimentos de exercícios específicos para o desenvolvimento de força e flexibilidade. A Tabela 2 apresenta um resumo da proposta para o desenvolvimento do trabalho do Pole Dance Fitness com crianças e adolescentes (Bayer, 1994; Mosston e Ashworth, 2004; Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009).
Tabela 2. Metodologia de ensino do Pole Dance Fitness para crianças e adolescentes
Fonte: presente estudo
Importante fator no processo de ensino aprendizagem na infância é a variedade de movimentos que podem ser repetidos e especialmente construídos com a utilização do repertório motor e social da criança. O Pole Dance Fitness oferta tal variedade de movimentos (Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009).
Quanto ao método de ensino, pode ser dividido em reprodutor e produtor (Mosston e Ashworth, 1994).
No método de ensino reprodutor a principal característica é o modelo tradicional, baseado no tecnicismo, onde o aluno imita os movimentos realizados pelo professor, pautado apenas em progressões pedagógicas (Mosston e Ashworth, 1994). Neste modelo, muitas vezes o praticante-aluno torna-se professor reproduzindo a mesma metodologia de ensino a qual foi submetido, em suma, sem uma análise crítica do processo ensino aprendizagem e com limitações em criar e construir novas possibilidades metodológicas conforme as necessidades de seus alunos.
No método de ensino produtor estimula-se o aluno para que seja capaz de criar novas possibilidades corporais. Neste estilo o professor não é mais o centro de atenções, ele se contrapõe ao estilo tradicional reprodutor (Mosston e Ashworth, 1994). O aluno passa a ser um produtor criativo sendo orientado e guiado pelo professor, o mesmo assume um papel de elemento incentivador nas atividades orientadas, e o aluno busca através da descoberta respostas para desenvolver suas habilidades fundamentais (Gallahue e Donnelly, 2008).
A metodologia de ensino produtora consiste em um espectro com seis estilos de ensino. São eles: a) comandos, b) tarefas, c) avaliação recíproca d) programação individualizada, e) descoberta orientada e f) solução de problemas / tomada de decisões, relacionadas com as fases de planejamento, e estilo de ensino com descoberta guiada (Mosston e Ashworth, 1994; Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009).
Para o Pole Dance Fitness na 2ª e 3ª infância propõe-se a seguinte metodologia de ensino baseada na teoria de Mosston e Ashworth (1994) e Heine, Carbinatto e Nunomura (2009):
A. Comando
Neste estilo de ensino o aluno executa precisamente o comando dado pelo professor. É o professor o principal elemento do processo ensino-aprendizagem, determinando o que, e como deve ser feito.
Como exemplo prático no ensino do Pole Dance, o professor inicia a aula com um aquecimento diferenciado, contando uma estória conhecida pelas crianças como “chapeuzinho vermelho” e pede aos alunos para que usem a barra vertical como parte da história, incentiva-os para que corram em torno da barra ou subam nela (da maneira que conseguirem) para fugirem do “lobo mau” (Figura 1) e os alunos aos poucos vivenciam movimentos de adaptação com a barra vertical. Esse estilo de ensino por comando pode auxiliar muito no processo ensino-aprendizagem das crianças de 2ª e 3ª infância, pois os objetivos são claros e específicos, mas não são distantes do mundo de fantasias característico da idade em que se encontram, auxiliando no desenvolvimento motor através da criatividade e vivência lúdica do movimento.
Figura 1. Exemplo de estilo de ensino comando, atividade para fugir do Lobo Mau
Fonte: presente estudo
Esse estilo de ensino, se usado adequadamente irá trazer benefícios para o desenvolvimento global do aluno, atentando para que o professor não limite a capacidade criativa e a variedade de opções de construção de novos movimentos, que são fundamentais para o desenvolvimento da criança (Gabbard, Leblanc e Lowy, 1994).
B. Tarefa
No estilo de ensino por tarefas leva-se em consideração o ritmo de cada aluno e a aprendizagem é diferenciada de acordo com as necessidades e objetivos do aluno. O processo de ensino é baseado na criação de condições para que o aluno aprenda, ele é respeitado como pessoa com potencialidades e capacidades, estabelecendo uma relação de congruência entre professor e aluno no processo ensino-aprendizagem. Com base nisso o professor escolhe as estratégias para realização de tarefas sem formas rígidas de organização (Stacciarini e Esperidião, 1999).
A apresentação do conteúdo, em geral, é feita para toda turma, mas pode ser realizada segundo diferentes padrões de desempenho conforme os níveis em que se encontram os alunos.
Como exemplo da aplicação desse estilo no Pole Dance Fitness para crianças tem-se um trabalho de força com a execução de exercícios abdominais diferenciados utilizando a barra vertical como instrumento de apoio para executar os movimentos:
Figura 2. Exemplo de estilo de ensino tarefa, com utilização de exercícios de força
Fonte: presente estudo
Os alunos de nível Intermediário podem realizar os abdominais em maior número de repetições. Como forma de progressão pedagógica a realização dos exercícios pode se dar em diferentes alturas na barra. É importante lembrar que os alunos do nível Básico devem iniciar os abdominais no solo, para depois progredir na barra. A proposta de exercícios deve sempre respeitar o nível em que se encontram os alunos.
C. Avaliação recíproca
Nesse estilo de ensino o professor não é o responsável direto pelo processo, transferindo ao aluno uma maior parcela de responsabilidade na tomada de decisão. Os alunos executam os movimentos em duplas e cabe ao aluno auxiliar no desenvolvimento do seu parceiro, bem como avaliar seu desempenho na tarefa a ser executada, papel que anteriormente era do professor (Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009).
Um exemplo de aplicação prática no Pole Dance Fitness deste estilo seria: os alunos se organizarem em duplas. Um aluno executa o movimento do “elefantinho” (movimento de inversão de pernas com apoio da cabeça utilizando a barra vertical ou a parede como apoio) (Figura 3) e o outro auxilia na execução caso seja necessário, para dar maior segurança para o aluno que está executando o movimento.
Os alunos devem vivenciar as duas funções, tanto a prática como o auxílio, avaliando seu próprio desempenho e o do colega. Uma boa proposta para a assimilação do conteúdo é a utilização de fotos dos movimentos técnicos relacionados ao nível em que se encontra o aluno.
Figura 3. Exemplo de estilo de método de ensino de avaliação
recíproca, atividade de inversão com apoio de cabeça
Fonte: presente estudo
D. Programação individualizada
A Programação Individualizada consiste na metodologia que prioriza as características do aluno (Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009). Logo, neste estilo o professor sairá da rotina de planejar uma mesma aula para todos, e deverá planejar cada exercício levando em conta as particularidades dos seus alunos. O professor exercerá um papel fundamental onde seu dever é orientar e auxiliar os alunos na execução dos movimentos. Na Figura 4 pode-se observar diferentes figuras, considerando as variáveis de aptidão física, força e flexibilidade.
Figura 4. Programação individualizada com demonstração de habilidades em diferentes níveis
Fonte: presente estudo
E. Descoberta orientada
Tem como característica o desenvolvimento do domínio cognitivo do aluno, onde o mesmo é levado a pensar (Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009). O professor elabora questões e desafios para que os alunos desenvolvam esta capacidade durante as aulas (Gabbard; Leblanc e Lowy, 1994). Como exemplo: a brincadeira do Macaco Simão, também conhecida como Mestre Mandou, onde o aluno só pode realizar o movimento que o professor ordenar. No Pole Dance a brincadeira pode ser realizada com estímulos como: “Quem consegue imitar um macaquinho subindo na árvore...?” (Utilizar a barra vertical como se fosse uma árvore - Figura 5). Através desse estilo de ensino é possível recordar informações já vivenciadas, estimular a reflexão e efetuar avaliações e retificações da aprendizagem.
Figura 5. Exemplo de atividade de descoberta orientada, com atividade de subida em barra
Fonte: presente estudo
F. Solução de problemas
Utiliza o aluno como ser capaz de solucionar problemas por si. O professor desempenha o papel de estimular o processo criativo e a capacidade de improvisar do aluno, deixando de ser o centro das tomadas de decisões (Heine, Carbinatto e Nunomura, 2009).
Este estilo de ensino busca encontrar a resposta mais próxima de satisfazer um objetivo pré-determinado. No caso do Pole Dance Fitness, pode-se pedir aos alunos que dancem uma música, utilizando elementos aprendidos e movimentos desenvolvidos durante a aula. O aluno terá liberdade para fazer os movimentos que quiser e dançar conforme o ritmo da música. No caso da dança os alunos poderão criar coreografias e estilos que melhor os identifiquem ao executar os movimentos.
Figura 6. Exemplo do método de ensino solução de problemas.
Processo criativo na composição coreográfica
Fonte: presente estudo
A Tabela 2 apresenta a relação do método de ensino de Mosston e Ashworth (1994) com a proposta de Bayer (1994) para as diferentes faixas etárias apresentadas no presente estudo.
Compreende-se que os diferentes métodos de ensino de Mosston e Ashworth (1994) devem respeitar as fases propostas por Bayer (1994), bem como a idade cronológica da criança. Considera-se até os 7 anos de idade fase dos princípios operacionais, com a presença de habilidades motoras fundamentais, o que corresponde ao nível Básico I do Pole Dance Fitness. Dos 7 aos 10 anos, fase das regras de ação, onde ocorre a combinação de habilidades fundamentais, correspondente aos níveis Básico I, II e III do Pole Dance Fitness. E por fim dos 10 aos 12 anos de idade, fase dos gestos específicos técnicos, onde já aparecem as habilidades complexas. Correspondente aos níveis Básico I, II, III e Intermediário do Pole Dance Fitness.
Conclusão
A proposta da metodologia de ensino do Pole Dance Fitness apresentada foi elaborada especialmente para o público de crianças e adolescentes. Neste sentido, entende-se que os estilos de ensino de Bayer (1994), Heine, Carbinatto e Nunomura (2009) e Mosston e Ashworth (1994) são aplicáveis a esta metodologia de ensino e através desta proposta é possível trabalhar de forma sistematizada com Pole Dance Fitness na infância e adolescência.
Acredita-se que este trabalho poderá contribuir para a fundamentação teórica do Pole Dance Fitness enquanto atividade física, esporte, dança e ginástica, especialmente para a iniciação desportiva.
É importante verificar a aplicabilidade da metodologia aqui proposta, visto que tem sido aplicada de forma isolada em alguns Studios. Futuros estudos com a descrição de resultados ocasionados pela aplicação deste método tornam-se necessários.
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