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Dislexia na escola: o professor tem formação para identificar?

Dislexia en la escuela: ¿el profesor está capacitado para identificar?

 

*Licenciado em Educação Física pela Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA

**Graduada em Biologia pela Universidade de Mogi das Cruzes - UMC

Graduada em Pedagogia - Orientação e Supervisão pela

Faculdade de São Bernardo do Campo - FASB

Especialista em Psicopedagogia

***Licenciado em Educação Física pela Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA

Professor de Educação Física das redes estadual

e municipal de ensino em Foz do Iguaçu - PR

(Brasil)

Egnaldo Alves Andrade*

egnaldoand@hotmail.com

Rita de Cássia Sawaya**

rtsawaya@yahoo.com

Leandro Pereira da Silva***

leandrops@seed.pr.gov.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem a proposta de mostrar a importância do conhecimento que o professor possui sobre a dislexia no âmbito escolar. A dislexia é definida como um transtorno ou distúrbio de aprendizagem na área da leitura e da escrita. O objetivo desse estudo é saber se os professores têm formação para identificar os sinais que caracterizam a dislexia na escola. E também, mostrar que intervenção dos profissionais na vida de um disléxico é fundamental para o desenvolvimento integral do indivíduo. Os dados foram obtidos com a pesquisa que coletou informações sobre o conhecimento do professor sobre a dislexia. Responderam o questionário 26 profissionais da educação, sendo 92% do gênero feminino e 8% do gênero masculino. 88% dos professores tiveram em sua formação alguma disciplina relacionada à dificuldade de aprendizagem e 96% deles já sentiram que é ou era necessário ter informações sobre a dislexia na sua formação acadêmica. Pretende-se mostrar que é importante levar para o âmbito escolar uma reflexão do educador sobre seu conhecimento da dislexia e suas características.

          Unitermos: Dislexia. Escola. Professor.

 

Resumen

          Este estudio propone mostrar la importancia de los conocimientos que el profesor tiene sobre la dislexia en el ambiente escolar. La dislexia se define como un trastorno o discapacidad de aprendizaje en el área de lectura y escritura. El objetivo de este estudio es saber si los profesores están capacitados para identificar los signos que caracterizan la dislexia en la escuela. Y también, mostrar que la intervención de los profesionales en la vida de un dislexico es fundamental para el desarrollo integral de la persona. Los datos se obtuvieron de la búsqueda que recogió información sobre el conocimiento de los profesores sobre la dislexia. Contestaron el cuestionario 26 profesionales de la educación, 92% mujeres y 8% hombres. 88% de los profesores tuvieron en su formación una disciplina relacionada con las dificultades de aprendizaje y en el 96% de ellos ya han notado que es o fue necesario disponer de información sobre la dislexia en su formación académica. La finalidad es mostrar que es importante llevar al ámbito escolar la reflexión del educador sobre su conocimiento de la dislexia y sus características.

          Palabras clave: Dislexia. Escuela. Profesor.

 

Recepção: 26/03/2015 - Aceitação: 16/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A dislexia é responsável por muitas dificuldades de aprendizagem que estão presentes na vida de escolares. Dislexia é uma disfunção que afeta o córtex responsável pela a identificação das palavras, leitura e escrita. Conforme Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), numa pessoa com dislexia, a parte do cérebro responsável pela leitura e escrita apresenta a função desordenada, dificultando o reconhecimento das palavras. É fundamental que o profissional da área da educação tenha conhecimento para auxiliar o educando no desenvolvimento pedagógico. Sendo assim, a abordagem que norteou a pesquisa teve início da seguinte indagação: Em relação à dislexia, o professor teve formação adequada para identificar o lidar com o transtorno?

    A formação e concepção do professor foram os focos da pesquisa através do questionário respondido pelos profissionais da área da educação. É importante frisar que a instrução que o professor recebeu para lidar com os problemas de aprendizagem que estão presentes no cotidiano escolar é de grande proveito tanto para a vida do professor quanto para o educando. É importante a observação comportamental da criança que apresentou dificuldades de leitura e troca de palavras, dificuldade de recitar versos, problemas motores, noção de espaço e assimilação.

    A ideia do estudo foi verificar se os professores conseguiam observar os sinais que supostamente caracterizava uma criança com dislexia, sem que esses sinais fossem confundidos com preguiça, baixa inteligência, comportamento inadequado ou outro tipo de dificuldade de aprendizagem.

Breve histórico

    Conforme relatam Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), O termo dislexia” foi usado pela primeira vez por Rudolf Berlin em 1872. Em 1896, Morgan, depois de avaliar um adolescente com problemas na leitura, apresenta o termo como “cegueira verbal”. Stevenson em 1907 mantém este termo ao apresentar um estudo com pessoas da mesma família, com o mesmo diagnóstico, indicando para um problema de natureza genética.

    Os primeiros profissionais que ajudaram a constatar a dislexia foram os oftalmologistas. Até então, acreditava-se que o problema era na visão. Eles mostraram que a causa do distúrbio era nas áreas de linguagem do cérebro e não na visão. Hallgério, em 1950, publicou o primeiro estudo clínico genético, que chamou de “dislexia especifica”, em substituição a expressão “cegueira verbal congênita”. Com isso surgiram muitos pesquisadores interessados em estudar a causa, principalmente os psicólogos, que aplicaram diversos testes e progrediram em suas pesquisas (Rotta, Ohlweiler e Riesgo, 2006).

    Em 1995, dislexia foi definida como um dos muitos distúrbios de aprendizagem que resulta em dificuldades que não são esperadas com relação à idade e a outras dificuldades acadêmicas cognitivas e não um resultado de distúrbios de desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se apresenta através de dificuldades em diferentes formas de linguagem, frequentemente incluindo, além das dificuldades com leitura, uma dificuldade de escrita e de soletração (Lyon, apud, Evans, 2006).

Dislexia: definições e tipos

    De acordo Associação Brasileira de Dislexia - ABD, a International Dyslexia Association - IDA (2002) usa a seguinte definição:

    A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.

    Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006) relatam que Myklebust e Johnson dividiram a dislexia em auditiva, visual e mista. Na dislexia auditiva foram observadas as dificuldades na compreensão de sons de letras e palavras compostas, sequências, instruções e histórias. Na dislexia visual, são apresentadas as dificuldades em seguir e reter sequência visual, frequentemente ocorre inversões de letras, impossibilitando a criança de continuar a leitura. A criança também mostra uma grande dificuldade de montar peças de quebra cabeça. Quando ocorre a junção das duas formas, é chamada de dislexia mista, que é uma falha no cérebro que afeta a parte visual e auditiva, e faz com que as informações recebidas sejam modificadas.

    A dislexia disfonética ou dislexia auditiva é a dificuldade de descodificação de sons associados às letras. Segundo Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), seus principais sintomas são: trocas de palavras por outras visualmente semelhantes, omissão ou acréscimo de letras e alterações das letras ou sílabas. A parte afetada do cérebro, quanto apresenta essa disfunção, se encontra na região temporal.

    A dislexia diseidética ou dislexia visual caracteriza-se como uma dificuldade de natureza visual e espacial. Para Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), os principais sintomas são: leituras silabadas, sem alcançar a união e associação, maior dificuldade no processo de leitura alusivo à escrita, complexidade em assimilar direita-esquerda e apresenta dificuldade na coordenação motora fina. Na dislexia visual é apresentado dificuldade de identificação da mensagem recebida visualmente codificada pela região occipital do cérebro.

    De acordo com Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), a dislexia mista é a presença da disfonética e diseidética juntas que se manifesta em um mesmo individuo. Na dislexia mista é apresentada a disfunção do cérebro, na região occipital e temporal possibilitando a dificuldade no aprendizado do indivíduo.

    Segundo os dados ABD, 17% da população mundial tem o problema. E ainda citam algumas personalidades que apresentaram o distúrbio: Albert Einstein, a escritora Agatha Christie e atualmente os atores Tom Cruise e Robert Williams.

Dislexia na escola

    Conforme a ABD, uma equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos, são os profissionais capacitados que podem, cuidadosamente, avaliar e diagnosticar se a criança é ou não disléxica. Dependendo do resultado da avaliação, os profissionais das áreas da neurologia e oftalmologia deverão ser incluídos nesse processo.

    Na escola, ainda segundo a ABD, os métodos avaliativos para alunos com dislexia devem ser diferenciados dos demais alunos. A atenção deve estar direcionada na dificuldade em que os alunos enfrentam no decorrer das aulas e naqueles que apresentam o menor rendimento.

    De acordo com Massi (2007), muitas crianças são rotuladas como disléxicas ou portadoras de dificuldades de aprendizagem por professores e por outros profissionais.

    Essas crianças, em geral, mesmo sem apresentar qualquer alteração capaz de justificar tal rotulo, introjetam uma dificuldade, um distúrbio, com importantes repercussões sobre a auto-estima, as quais podem se estender por toda a vida adulta, comprometendo a formação da identidade desses sujeitos (Massi, 2007).

    Quando o problema da dislexia ainda não é identificado, a criança é considerada como alguém com falta de interesse, desatenta, desorganizada, atrasada e lenta. Surge então um sentimento de inferioridade, culpa e, algumas vezes, como resultado, ocorre o abandono da escola.

    No âmbito escolar, a dislexia é pouco identificada. Isso ocorre devido a pouca ou nenhuma informação que o professor adquiriu na sua formação acadêmica.

    Hoje, adultos que não foram identificados como disléxicos na infância, apresentam dificuldades com lateralidade, desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, decorrentes da falta de uma observação correta por parte dos profissionais da escola durante a infância.

    Para Ianhez e Nico (2001) é importante que todos os professores saibam o que é dislexia. Se o aluno apresentar algum distúrbio de aprendizagem, o melhor seria que o professor não tentasse adivinhar ou diagnosticar, mas, encaminhá-lo para a coordenação pedagógica da escola. As escolas precisam investir na formação continuada de cada professor dando-lhe a oportunidade de ganhar mais conhecimento sobre o que trabalhar para identificar as dificuldades de aprendizagem.

    O professor deve ter uma formação de qualidade e ser valorizado de maneira que se sinta um profissional prestigiado e seguro do bom trabalho prestado a favor da sociedade.

Metodologia

    Foi realizada uma pesquisa de campo em duas escolas públicas e duas escolas particulares do município de Foz do Iguaçu, estado Paraná, Brasil. Foi feito um convite para responder a um questionário e 26 professores aceitaram participar da pesquisa. Os professores participantes lecionam para turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

    O questionário composto por vinte e uma questões relacionadas à dislexia foi elaborado pelos próprios autores. Eram vinte questões fechadas e uma questão aberta.

    As respostas foram quantificadas e apresentadas em valor percentual.

Análise dos resultados

    Dos 26 professores que participaram 92% eram do sexo feminino e 8% do sexo masculino.

    Quando responderam se na formação acadêmica teve alguma disciplina relacionada com alguma dificuldade de aprendizagem, 88% dos professores assinalaram a opção SIM e 12% NÃO. Quando perguntado ao professor se alguma vez sentiu necessidade de formação nesta área, 96% marcaram SIM e 4% NÃO. Dessa forma, percebe-se que há uma necessidade de conhecimento sobre a dislexia. É interessante que, concomitantemente, ao serem questionados se já ouviram falar sobre dislexia, 100% responderam SIM.

    Com relação à questão se o professor teve ou têm aluno com diagnóstico de dislexia, 34% marcaram SIM, 58% marcaram NÃO e 8% não responderam. Para 100% dos professores, a intervenção especializada é indispensável em caso de suspeita e/ou diagnóstico positivo. Se a escola possui algum material de apoio, 58% responderam SIM e 42% responderam NÃO.

    Como professor, você já preparou algum método, técnica e/ou atividade para trabalhar com alunos disléxicos? Em resposta a essa pergunta 84% disseram que não, 4% faz uso de caixa de trabalho, 4% alfabeto móvel e frequentar fonoaudiólogo, 4% aplica atividades orais e 4% responderam que sim, sem mencionar o método, técnica ou atividade especifica.

    Na questão que afirma que crianças com dislexia tem habilidade para artes, teatro, música, desporto e desenho, 56% responderam que não concordam e nem discordam, 22% concordam e 22% discordam. Dentro desta questão, observa-se que, o percentual de professores que não tiveram uma resposta concreta foi elevado, isso explana a falta de informação sobre o assunto.

    Uma criança com dislexia sempre apresenta problema na escrita? Diante dessa pergunta, 76% assinalaram que concordam, 12% discordam e outros 12% não concordam nem discordam.

    O baixo ou médio nível intelectual é uma das características da criança disléxica? 58% responderam que discordam, 11% que concordam e 31% dos professores não concordam nem discordam.

    Quando perguntados se a criança com dislexia pode ser mais criativa que as outras crianças: 57% concordam, 19% não concordam e 24% não concordam nem discordam. Observando atentamente e comparando o percentual dessa questão com a anterior, nota-se que a maioria dos professores ainda não apresenta uma opinião formada sobre o assunto.

    A criança disléxica se esforça mais para ler do que as outras crianças? Nas respostas obtidas ficou um percentual de 53% para concordo, 31% para não concordo nem discordo e 16% para discordo.

    Por fim, analisando a questão aberta “o que é dislexia?”, constatou-se que 61% dos professores participantes entendem que tem ligação direta com a leitura e escrita, 28% dos professores acreditam que tem relação com outros aspectos sensoriais e de compreensão e, 11% não responderam.

Considerações finais

    Através desse estudo de investigação foi possível perceber que no decorrer dos anos muitos pesquisadores demonstraram preocupação e interesse em buscar aprofundar as informações sobre a dislexia, procurando uma definição apropriada, assim como as causas e consequências do transtorno.

    Conclui-se que a maioria dos professores investigados, não possui conhecimento suficiente para identificar a dislexia na escola.

    O atual ponto de vista dos professores do município de Foz do Iguaçu é de que falta apoio adequado com relação ao conteúdo para orientá-los a respeito de qual seja o modo mais apropriado para trabalhar com alunos que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem, especificamente, a dislexia. É mencionada também a falta de material didático diferenciado, pois, não possuem suporte para dar continuidade ao trabalho com esses alunos.

    Quanto à formação do professor, há uma necessidade de capacitação, que possibilite esse profissional compreender a dislexia e desenvolver atividades pedagógicas que facilite o seu trabalho na escola com os alunos disléxicos.

    Acredita-se que o presente estudo é importante para incitar novas pesquisas que contribuam com informações mais aprofundadas sobre a dislexia na escola.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados