Estudo comparativo da eficácia de dois tempos de alongamento passivo dos músculos isquiotibiais em mulheres sedentárias Estudio comparativo de la efectividad del estiramiento pasivo de dos tiempos de los músculos isquiotibiales en las mujeres sedentarias Comparative efficacy of two periods of passive stretching of the hamstring muscles in sedentary women |
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*Fisioterapeuta, Docente da Universidade do Estado do Pará do curso de Fisioterapia, Santarém-PA **Acadêmicos do 8° semestre de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará, Santarém-PA (Brasil) |
Patrícia de Alcântara Oliveira* Axell Timotheo Lima Acioli Lins** Nathércia de Sousa Figueiredo** Sávio Augusto de Sousa Moraes** |
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Resumo O objetivo desse trabalho foi verificar possíveis ganhos de flexibilidade plasticamente após a realização de alongamento muscular passivo de diferentes tempos. Mulheres jovens, sedentárias e saudáveis foram avaliadas no inicio ao fim e depois de uma semana da aplicação do protocolo de atendimento através do teste de sentar e alcançar para avaliar o grau de encurtamento dos músculos isquiotibiais. As voluntárias foram divididas em dois grupos, com 4 sujeitos cada,e realizaram exercicios de alongamento de forma passiva. Foram dez sessões de alongamento durante duas semanas. Cada posição era mantida por dois minutos em um grupo e três minutos em outro, repetida por três vezes em cada membro inferior por sessão em ambos os grupos. Os dois grupos apresentaram ganhos significativos de flexibilidade, quando comparados as referidas medidas antes do tratamento. Quando os grupos foram comparados entre si, o Grupo B apresenta uma manuntenção do ganho da flexibilidade maior que o grupo A. O número de sessões e ambos os tempos de alongamento são suficientes para provocar modificações na flexibilidade dos músculos isquiotibiais de mulheres jovens e saudáveis. Unitermos: Alongamento passivo. Alongamento plástico. Isquiotibiais.
Abstract The aim of this study was to assess possible gains flexibility plastically after performing passive muscle stretching in different times. Girls, sedentary, were evaluated at the beginning and at the end after a week of applying service protocol trough the sit and reach test to assess of shortening of the hamstrings muscles. The volunteers were divided into two groups, each with four voluntary, stretching exercises performed passively. Were tem sessions stretching over two weeks. Each position was held two minutes in a group and other three minutes, repeated three times for each leg section in both groups showed flexibility when compared those measures before treatment. When the groups were compared, the group B has a maintenance gain greater flexibility than the group A. the number of sessions in both periods of stretching are sufficient to cause changes in the flexibility of the hamstrings muscles of healthy women and young. Keywords: Passive stretching. Stretching plastic. Hamstrings.
Recepção: 02/11/2014 - Aceitação: 07/02/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
A flexibilidade é caracterizada pela habilidade de uma uma articulação se movimentar com a amplitude de movimento (ADM), de maneira confortável, livre de dor e restrições (Aquino et al, 2006). Os principais tecidos moles que podem restringir a mobilidade articular são músculos, tecidos conectivos e pele (Polachini, 2005).
Um dos fatores que tem grande influência na perda da flexibilidade no músculo esquelético é o sedentarismo, caracterizado como falta ou grande diminuição da atividade física. Além da perda da flexibilidade o sedentarismo também provoca no musculo a hipotrofia (Herbert e Gabriel, 2002).
Caracterizado como um dos grupos musculares mais acometidos pela perda de flexibilidade são os isquiotibiais, compostos pelos músculos bíceps femoral, semimenbranoso e semitendinoso.
O método mais usados como tratameto e prevenção da perda da flexibilidade é o alongamento muscular, definido como qualquer técnica aplicada para promover o aumento da mobilidade dos tecidos moles (Almeida, 2009), porém ainda não há consenso de como executá-lo de forma a garantir a sua máxima eficiência. Isso se deve, entre outros fatores, as dúvidas geradas a partir da diversidades de técnicas, número de repetições, frequência e tempo de duração do alongamento (Branco et al, 2006).
Dentre as variáveis do alongamento muscular temos ainda o tipo de alterações que se esperam provocar no músculo, já que este pode sofrer tanto alterações elásticas como plásticas. A elaticidade é capacidade de o tecido mole retornar ao seu comprimento de repouso após o alongamento passivo. A plasticidade é a tendencia do tecido mole de assumir um comprimento novo e maior, após a força de alongamento ser removida (Chebel, Galuppo e Bertoncello, 2007).
O alongamento inicial de um músculo ocorre no componente elástico em série e a tensão aumenta agudamente. Após esse ponto, ocorre um comprometimento mecânico das pontes transversas, à medida que os filamentos se separam com o deslizamento e verifica-se um alongamento brusco nos sarcômeros (Chebel, Galuppo e Bertoncello, 2007).
Tendo em vista todos esses aspectos, o presente estudo teve como objetivo verificar qual o melhor tempo de alongamento para os músculos isquiotibiais, plasticamente em mulheres sedentárias jovens.
Metodologia
O estudo do tipo descritivo, prospectivo e analítico foi realizado no mês de junho de 2013. Aceitaram participar da pesquisa 10 pessoas do sexo feminino, com idade entre 16 e 25 anos. Todas as voluntárias foram esclarecidas sobre os procedimentos e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido antes do inicio da pesquisa.
Como critério de inclusão, as participantes deveriam ter entre 16 e 25 anos, história de no mínimo 3 meses sem realizar qualquer atividade física e encurtamento muscular de isquiotibiais. Foram excluídas as que realizassem atividade física, que não apresentassem encurtamento muscular ou faltassem a qualquer sessão de alongamento.
A amostra final foi composta por 8 mulheres, com média de idade de 18,75 anos, e peso de 59 kg. Foram distribuídas randomicamente através de papel opaco selado em dois grupos, GA e GB.
Procedimentos
Todas as participantes foram avaliadas quanto ao grau de encurtamento dos músculos isquiotibiais através do teste de sentar e alcançar, sendo medido através da distância entre a falange distal do dedo médio até o hálux ipsilateral. antes de começar as sessões de alongamento, após a ultima sessão e uma semana depois do fim da aplicação do protocolo. Tendo os resultados das avaliações evidenciados através do Gráfico 1, onde especifica no eixo y o nível de encurtamento mínimo (zero) e máximo (20) estipulado pelos pesquisadores e no eixo x as avaliações dos grupos separado em 1º, 2º e 3º avaliação.
Gráfico 1. Grau de encurtamento em centímetros antes e após sessões de alongamento
Eixo X: Avaliações periódicas - Eixo Y: Valor mínimo e máximo de encurtamento em cm
Durante duas semanas consecutivas, o grupo GA (n=4) foi submetido a um protocolo de alongamento passivo composto de três séries de dois minutos cada, em ambas as pernas; o grupo GB (n=4) passou as mesmas duas semanas submetido a um protocolo de alongamento passivo composto de três séries de três minutos cada também em ambas as pernas .
Ao realizar o alongamento, em ambos os grupos, as voluntárias encontravam-se em decúbito dorsal. Com o joelho estendido foi realizada a flexão de quadril, na perna a ser alongada, até o limiar de dor da voluntária. O membro contralateral foi mantido em extensão.
Resultados
Na primeira avaliação, antes da realização do protocolo de alongamento, o grupo A apresentou média de 10,5 cm de encurtamento, na segunda avaliação houve uma redução de aproximadamente 78,5% ficando com uma média de 2,25cm, já na terceira avaliação quando haviam decorrido sete dias desde a última sessão de alongamento houve um aumento de aproximadamente 57% e a média subiu para 5,25cm. Em relação à primeira avaliação houve uma redução de 50% no grau de encurtamento .
O grupo B apresentou 14,75cm de encurtamento na primeira avaliação evoluindo para 4,25cm na segunda avaliação o que corresponde a uma perda de aproximadamente 71% de encurtamento muscular. Já na terceira avaliação o grupo em questão apresentou aumento de quase 40% em relação à segunda avaliação ficando com a média de 7cm de encurtamento, em comparação com a primeira avaliação houve uma redução de quase 53% no grau de encurtamento.
Quando comparados entre si na primeira e segunda avaliação o grupo B apresenta uma significante diferença no grau de encurtamento em relação ao grupo A, na primeira quase 30% a mais e na segunda esse valor sobe para aproximadamente 47%. Já na terceira avaliação os valores se aproximam permanecendo uma diferença de 25% a mais no grupo B.
Duas voluntárias, uma em cada grupo, chegaram a apresentar 0 cm para o teste de sentar e alcançar no final das sessões de alongamento. Este valor foi mantido por ambas voluntárias na avaliação final.
Discussão
O alongamento muscular embora pareça algo simples envolve muitas variáveis como as diversidades de técnicas, número de repetições, frequência e tempo de duração. Essas variáveis podem influenciar o resultado do tratamento.
Dentro do estudo, entre os grupos A e B, embora randomizado, houve uma grande diferença no grau de encurtamento das voluntárias entre um grupo e outro com incidência de maior de grau de encurtamento nas voluntárias do grupo B. Esse fator pode ter influenciado nos resultados da pesquisa. Em comparação a primeira avaliação com a última os dois grupos apresentaram ganhos de aproximadamente 50% em relação à redução no grau de encurtamento muscular. O estudo realizado por Aquino et al (2006) que mensura a flexibilidade e a rigidez dos isquiotibiais em 33 indivíduos, com uso de um dinamômetro isocinético para registrar o torque em 3 ângulos de movimento demonstrou que apesar das variáveis diferentes de flexibilidade a rigidez passiva do músculo, não há uma progressão que explique diretamente essa rigidez.
Contudo ao se verificar a permanência do ganho de flexibilidade da última avaliação com a segunda, verificamos que o grupo B apresentou um aumento de 40% no grau de encurtamento enquanto que o grupo A apresentou um aumento de 57%. Estes achados reforçam a ausência de associação forte entre flexibilidade e rigidez, uma vez que mudanças da flexibilidade, avaliadas através da amplitude de movimento da articulação, podem ocorrer na ausência de modificação da rigidez passiva (Hebert, 2002 & Tracker, 2004). Estes mesmos autores também evidenciam os baixos valores de correlação encontrados entre flexibilidade e rigidez passiva possivelmente justificam a ausência de evidências na literatura com relação aos efeitos do ganho de flexibilidade na prevenção de lesões músculo-esqueléticas.
Quanto ao tempo de alongamento, Tirloni et al (2008) realizou um estudo com 30 pacientes que foram divididas em 5 grupos e receberam alongamento com diferentes tempos 15, 60, 90, 120 segundos e grupo controle. Os grupos com maiores tempos, tiveram aumento na flexibilidade do músculo o que corrobora com os objetivos deste estudo. De acordo com alguns autores como Knight et al (2001) apud Tirloni et al (2008) o alongamento não se torna eficaz quando utilizado por menos de 6 segundos, mas é eficiente quando utilizado de 15 a 30 segundos ou com um número maior de repetições. Bandy et al. comentam em seu estudo que tempos superiores, como 90 e 120 segundos, precisam ser avaliados, pois poderiam levar a um aumento ainda maior da flexibilidade, evidenciando este fato através dos resultados obtidos neste estudo. Segundo Doretto (1996), isso ocorre devido à presença dos órgãos tendinosos de Golgi (OTGs), que ajudam a impedir a força excessiva durante a contração muscular e alongamento.
Sugere-se que novas pesquisas sejam feitas, onde a variação média do grau de encurtamento entre os grupos comparados sejam menores.
Conclusão
Os resultados obtidos indicam que alongamento passivo com tempo de duração de três minutos é mais eficaz na manutenção do ganho de flexibilidade dos músculos isquiotibiais de mulheres jovens, sedentárias e saudáveis que o alongamento passivo sustentado por dois minutos. O número de sessões (dez) é suficiente para provocar modificações na flexibilidade, devido ao aumento do comprimento do músculo.
Bibliografia
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