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Ações educativas sobre higienização das mãos no ambiente hospitalar

Acciones educativas de lavado de las manos en el ámbito hospitalario

 

*Estudante do curso de Bacharelado em Enfermagem

pela União Metropolitana de Educação e Cultura – UNIME, unidade acadêmica de Itabuna.

**Doutora. Docente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

***Fisioterapeuta. Residente em Fisioterapia Hospitalar Pediátrica

e Neonatal pela Faculdade Adventista da Bahia - FADBA.

****Enfermeiro. Especialista em Saúde Pública pela Faculdade Madre Thaís. Discente

do Programa do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal

da Bahia. Bolsista da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia.

*****Enfermeiro. Mestre em Enfermagem e Saúde pela UESB. Discente do Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da UESB

Edmilson Alves dos Santos*

Irenilda Oliveira de Santana*

Alba Benemérita Alves Vilela**

Renato Portella da Silva Segundo***

Tilson Nunes Mota****

Adilson Ribeiro dos Santos*****

adilsonenfcuidar@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Educação em Saúde é considerada uma alternativa para promoção da saúde nos vários espaços de produção do cuidado. Trata-se de um relato de experiência que analisou uma atividade de educação em saúde para ressignificação das práticas de lavagem das mãos no ambiente hospitalar. A higienização das mãos é um ato profilático individual, efetivo e necessário a todos que interagem nos serviços de saúde e uma prática relevante para prevenção de infecções. A construção dessa atividade iniciou-se pelo olhar sensível da Coordenadora da equipe de Enfermagem, ao perceber as condições de higiene das mãos dos acompanhantes dos usuários em uma unidade hospitalar. Observou-se, que estes acompanhantes foram receptivos à atividade educativa. Vale ressaltar, que a realização dessa atividade fortaleceu as relações da integração ensino-serviço e comunidade na formação de profissionais de saúde.

          Unitermos: Educação em Saúde. Cuidados de enfermagem. Desinfecção das mãos. Hospitais.

 

Resumen

          La Educación para la Salud se considera una alternativa para promover el cuidado de la salud en las distintas áreas de promoción en la atención sanitaria. Se trata de un relato de experiencia que analizó una actividad de educación sanitaria para la reformulación de las prácticas de lavado de manos en el hospital. La higiene de manos es un acto profiláctico individual, eficaz y necesario para todos los que interactúan en los servicios de salud y es una práctica relevante para prevenir las infecciones. La construcción de esta actividad fue iniciada por el ojo sensible del Coordinador del Equipo de Enfermería, dándose cuenta de las condiciones de higiene de las manos de los acompañantes de los pacientes en el hospital. Se observó que estos acompañantes fueron receptivos a la acción educativa. Es de destacar que la realización de esta actividad fortalece las relaciones entre la integración docencia-servicio y de la comunidad en la formación de los profesionales de la salud.

          Palabras clave: Educación para la Salud. Atención de enfermería. Lavado de las manos. Hospitales.

 

Recepção: 08/01/2015 - Aceitação: 20/05/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A educação em saúde é uma importante tecnologia de produção de cuidados em saúde. Esta ferramenta mostra-se como um recurso cada vez mais utilizada na (re)orientação de práticas e cuidados, por apresentar um baixo custo e uma potência de reflexão constante. Portanto, pode-se compreender a educação em saúde, como uma ferramenta que possui a capacidade de promover mudanças e reorientação de hábitos na vida das pessoas.

    Segundo o Ministério da Saúde (MS), a Educação em Saúde pode ser compreendida como processo educativo de construção de conhecimentos em saúde, visando à apropriação temática pela população e não à profissionalização ou à carreira na saúde. Trazendo-a também como conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado, na sua relação com os profissionais e com os gestores a fim de alcançar uma atenção à saúde de acordo com suas necessidades (Brasil, 2009).

    No estudo realizado por Alves (2005), a educação em saúde é reconhecida como um recurso que veicula o conhecimento cientificamente produzido no campo da saúde para os usuários. No entanto, os profissionais necessitam ressignificar práticas para atingir a vida cotidiana das pessoas, uma vez que, a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde, a exemplo, da higiene adequada das mãos.

    A higienização das mãos é um dos assuntos mais preocupantes e bastante abordados no contexto hospitalar, pois registros no índice de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) se relaciona pela não compreensão, por profissionais e demais envolvidos na assistência, da importância do ato de lavar corretamente as mãos.

    Desde a antiguidade têm-se a preocupação com a higie­nização das mãos, considerada um ato de limpeza e purificação, entretanto somente após a descoberta dos microrganismos nas super­fícies corporais, é que a hi­gienização das mãos foi tida como forma de combate à transmissão de doenças (Silva et al, 2013).

    Historicamente, estudiosos contribuíram de forma significativa para o controle de infecções. Como um marco no processo de higienização das mãos, podemos citar o médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis que, em 1846, comprovou a íntima relação da febre puerperal com os cuidados médicos. Ele percebeu que os médicos que iam da sala de autópsia para a de obstetrícia tinham odor desagradável nas mãos. Dessa forma, Semmelweis, por meio do primeiro estudo experimental sobre este tema, demonstrou claramente a relação da higienização das mãos e do adoecimento das puérperas (Souza; Rodrigues y Santana, 2009).

    Existe, desde sempre, a necessidade da educação em saúde ocupar os mais variados espaços nos quais se produz o cuidado em saúde. No ambiente hospitalar, essa necessidade se destaca pela interação que se dá entre os profissionais e usuários, e por vezes das intervenções de familiares no auxílio ao cuidado de pessoas hospitalizadas. Com essa interação a lavagem das mãos é uma premissa para a manutenção da segurança dos mais diversos atores em interação nesse cenário.

    Este relato compreende a experiência de oficinas de reflexão realizadas com acompanhantes dos usuários internados em um hospital público de um município baiano sobre a importância da lavagem correta das mãos. Diante da importância, desta prática na redução da incidência de IRAS, este estudo mostra-se relevante por ser uma opção de ação educativa para reorientação das práticas de lavagem das mãos.

    Desta forma, traçamos como objetivo analisar as atividades de educação em saúde para ressignificação das práticas de higienização das mãos de acompanhantes de usuários no ambiente hospitalar.

Método

    A gênese das atividades educativas, relatadas neste estudo partiu da inquietação da Coordenadora da equipe de Enfermagem de um hospital de médio porte do município de Itabuna na Bahia. Ao perceber que lavagem incorreta das mãos pelos acompanhantes dos usuários internados na instituição, e em parceria com outros profissionais e de estudantes da graduação em Enfermagem planejou-se as oficinas com os acompanhantes para promoção de ações de educação em saúde envolvendo a temática supracitada.

    A relevância de um relato de experiência está em sua pertinência e na importância dos problemas que nele se expõem, assim como, o nível de generalização na aplicação dos procedimentos ou de resultados da intervenção em outras situações similares, ou seja, uma colaboração às práxis metodológicas da área a qual pertence, bem como, pela possibilidade de colocar em análise o processo de trabalho no contexto do Sistema Único de Saúde - SUS (PEPSIC, 2014).

    Salientamos que o relato de experiência nos possibilita partilhar das mais diversas realidades nos mais diferentes contextos de produção do cuidado no âmbito do SUS, colaborando para o fortalecimento de novas práticas no enfrentamento das problemáticas que se apresentam nos locais de atenção à saúde.

O ato em si: Refletindo sobre a importância da lavagem correta das mãos

    As atividades foram desenvolvidas na enfermaria pediátrica de um hospital, em Itabuna, entre os meses de Julho e Agosto de 2014, uma vez ao mês com a colaboração de enfermeiros, estudantes de Enfermagem e demais funcionários voluntários. Em um momento anterior, todos os participantes se reuniram com a finalidade de planejamento das ações, definindo também os mecanismos de avaliação dos trabalhos.

    Compuseram o público da atividade, os acompanhantes das crianças internadas no período corrente. Foi escolhida a enfermaria com maior espaço físico para acolher o maior número de pessoas do hospital. Traçou-se como objetivo, das oficinas, refletir sobre a importância da lavagem adequada das mãos, de modo a diminuir o risco de infecção hospitalar.

    Na primeira atividade, realizada em Julho, distribuiu-se cartazes informativos em cada quarto de todas as enfermarias informando sobre o risco de infecção que a falta da lavagem adequada das mãos pode trazer. Após a colagem de cartazes, toda a equipe direcionou-se às enfermarias convidando os acompanhantes para participarem da atividade educativa. Foram expostos vídeos didáticos em formato de animação, para que, de maneira lúdica, promove-se a compreensão da temática.

    Após a exposição dos vídeos, uma enfermeira problematizou a temática e promoveu um momento de interação com os participantes. Foram escolhidas três acompanhantes para simular a lavagem correta das mãos. Dispomos de uma pia e sabão líquido. Uma voluntária colocou tinta guache nas mãos de cada participante e ao som de um fundo musical cada um, por vez, realizou a limpeza das mãos.

    No final da dinâmica um dos enfermeiros avaliou as mãos dos participantes para verificar se conseguiram retirar a sujidade com a ajuda da técnica correta. O acompanhante que realizou a lavagem de maneira mais satisfatória foi contemplado com um brinde. Segundo Souza et al (2011), ao realizarmos atividades educativas utilizando estratégias participativas, os indivíduos tornam-se transformadores ativos, possibilitando mudanças nos seus hábitos de vida, no exercício da autonomia e responsabilização pelo cuidado com a sua saúde, além de se tornarem disseminadores dos conhecimentos construídos, transformando o meio em que vivem.

    De acordo com manual específico do MS, a higienização das mãos é a maneira individual simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde. Sendo o termo “lavagem das mãos” substituído por “higienização das mãos”, englobando a higienização simples, a higienização antisséptica, a fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos (Brasil, 2010).

    Silva, Morais e Campos (2013), dialogando com Freire, afirmam que o educador problematizador proporciona aos educandos as condições ideais para que possa ocorrer a construção criativa e reflexiva do conhecimento.

    Como resultados das ações educativas foram colocados outros cartazes menores, em forma de adesivo nas pias dos banheiros das enfermarias Ilustrando a técnica correta da lavagem das mãos e os funcionários do hospital foram sensibilizados para a importância da realização de ações de educação em saúde no ambiente de trabalho.

Avaliação

    Na reunião de avaliação, todos os envolvidos tiveram como propósito apresentar os pontos positivos e negativos das atividades educativas, pontuando a participação da equipe envolvida nas oficinas, dos acompanhantes e a própria condução da metodologia planejada.

    Foi evidenciada a importância dessas atividades com maior frequência de modo a contemplar um maior número de acompanhantes devido à rotatividade dos mesmos. Destacou-se também, a necessidade de ampliar as ações pelas demais unidades do hospital.

    Como ponto negativo, alguns acompanhantes mostraram resistência em deixar o leito de seu familiar para participar das oficinas. Neste quesito, esta resistência pode ser associada ao medo em desacompanhar a rotina prescrita dos usuários em tratamento. A equipe buscou sensibilizá-los, reafirmando a necessidade da participação como uma possibilidade de construção de novos conhecimentos sobre os cuidados no ambiente hospitalar.

    Foi percebido que os acompanhantes que compareceram à oficina de lavagem das mãos, de modo geral, estavam interessados nas construções propiciadas e que o aprendizado, ali produzido, contribuiria para a perpetuação de práticas que possibilitam a diminuição do risco de infecção hospitalar. A participação efetiva do público pode associar-se ao interesse por conhecer a temática, tornando a oficina mais dinâmica e participativa, potencializando a disseminação do conhecimento, tornando-o igualitário e efetivo.

    A equipe entendeu que a distribuição de materiais educativos nas unidades também poderia ser um fator positivo para a redução do risco de infecção. Dessa maneira, pode-se perceber a importância da oficina para além de uma atividade de educação em saúde, mas como uma ferramenta de otimização de novas práticas pelos trabalhadores do serviço.

Considerações finais

    Verificamos uma importante participação dos acompanhantes com uma atuação satisfatória na realização da atividade, sendo este um momento que proporciona novas vivências no ambiente hospitalar.

    Em relação à equipe, as ações de educação em saúde, mostram-se uma nova perspectiva de atualização da equipe e uma forma de estreitar os laços entre trabalhador e usuário. Além disso, durante esses momentos foi possível aos acadêmicos de enfermagem interagir com a equipe, de forma que o mundo do trabalho foi observado de maneira critica e reflexiva configurando-se como um canal importante de crescimento acadêmico.

    Destaca-se também a importância de se ter uma equipe de enfermagem ativa nas instituições de saúde para a construção de uma mudança positiva no quadro de infecção hospitalar através das atividades de educação em saúde.

Bibliografia

  • Alves, V. S. (2004/2005). Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade. Interface - Comunic., Saúde, Educ., 9(16), 39-52.

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  • Souza, L. P. S.; Figueiredo, M. F. S., Rodrigues Neto, J. F., Leite, M. T. S., Messias, R. B., Silva, J. R. et al. (2011). Mudanças favorecidas pela educação em saúde na perspectiva dialógica. EFDeportes.com, Revista Digital. 16(161), Oct. http://www.efdeportes.com/efd161/educacao-em-saude-na-perspectiva-dialogica.htm

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