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Análise da variabilidade da freqüência
cardíaca de um atleta de rugby

Análisis de la variabilidad de la frecuencia cardíaca de un jugador de rugby

 

*Mestre em Psicologia

**Mestranda em Psicologia

Universidade Federal de Santa Catarina

(Brasil)

Joana Bastos Matos*

djoubm@hotmail.com

Karen Cristine Teixeira**

kkmclean@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo buscou analisar a variabilidade da freqüência cardíaca em um atleta de Rugby em diferentes momentos da temporada. A pesquisa caracterizou-se como estudo de caso descritivo e foi composta por um atleta de rugby do sexo masculino, capitão de uma equipe de Florianópolis. Os dados foram coletados em três partidas diferentes que integraram as finais do campeonato e em um treinamento. Durante a coleta de dados o sujeito foi monitorado, em posição ortostática, dez minutos antes do esforço físico, durante cinco minutos. Do mesmo modo, dez minutos após o esforço o sujeito foi monitorado novamente por cinco minutos. A VFC foi coletada através do freqüencímetro Polarâ S810i e analisada através do Kubios HRV. Em termos gerais, verificou-se que as mudanças na VFC se mostraram mais expressivas durante os jogos da final e semifinal. A FC apresentou aumento enquanto os intervalos de RR diminuíram tanto antes quanto depois dos jogos. Observou-se também maior predomínio do sistema simpático, quando se observa a razão LF/HF. O atleta demonstrou alterações no final do campeonato, em comparação com as outras situações, no RMSSD e no HF. Os valores diminuíram demonstrando sinais de fadiga. Observou-se, em termos gerais, que as mudanças na VFC se mostraram mais expressivas durante os jogos da final e semifinal, com aumento da atividade simpática, dada a influência dos eventos na modulação autônoma.

          Unitermos: Variabilidade da freqüência cardíaca. Rugby. Atleta.

 

Resumen

          Este estudio tuvo como objetivo analizar la variabilidad de la frecuencia cardíaca (VFC) en un atleta de rugby en diferentes momentos de la temporada. La investigación se caracterizó como un estudio de caso descriptivo y se centró en un atleta de rugby masculino, capitán de un equipo de Florianópolis. Los datos fueron colectados en tres partidos diferentes que integraron la final del campeonato y de un entrenamiento. Durante la recolección de datos se monitorizó el sujeto en la posición ortostática, diez minutos antes del esfuerzo físico, durante cinco minutos. Del mismo modo, diez minutos después del esfuerzo el sujeto fue monitorizado de nuevo durante cinco minutos. La VFC se recogió a través del medidor de frecuencia cardíaca Polar S810i y analizada por Kubios HRV. En general, se encontró que los cambios de la VFC fueron más significativos durante los partidos de la final y semifinal. HR mostró un aumento mientras que los intervalos RR disminuyeron tanto antes como después de los partidos. También se observó el predominio del sistema simpático, al sostener el LF/HF. El atleta mostró cambios en el final del campeonato, en comparación con otras situaciones, en RMSSD y HF. Los valores diminuyeron demostrando signos de fatiga. Se observó, en términos generales, que los cambios en la VFC fueron más significativos durante los partidos de la final y semifinal, con un aumento de la actividad simpática, dada la influencia de los acontecimientos en la modulación autónoma.

          Palabras clave: Variabilidad de la frecuencia cardíaca. Rugby. Atleta.

 

Recepção: 13/02/2015 - Aceitação: 11/04/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O estudo da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) é uma ferramenta útil na prescrição do treinamento esportivo, tanto para ajustes de cargas quanto para acompanhamento dos processos psicofisiológicos, cujas modificações podem ser desencadeadas pelo treino. A VFC se constitui como um meio não invasivo de mensuração da função autonômica cardíaca e atua como parâmetro de análise das respostas ao exercício físico (Alonso et al, 1998). Por ser um indicador não invasivo da atuação do sistema nervoso autônomo (SNA), auxilia na identificação de dificuldades de recuperação do atleta. Possibilita o manejo do treinamento para evitar o estabelecimento de quadros mais complexos, como a fadiga crônica (Baumert et al, 2006).

    O coração é um órgão que recebe inervações das divisões simpática e parassimpática do SNA. A freqüência cardíaca (FC) resulta de influências reflexas sobre uma ou ambas destas divisões, onde há estimulação de diversos receptores, como os barorreceptores e outros. De acordo com as características da situação, auxiliam na regulação da expressão de cada ramo do SNA, causando aumento ou diminuição na atividade do sistema nervoso simpático (SNS) e parassimpático (SNP) (Levy, 1998). O SNA é responsável por regular os recursos fisiológicos de acordo com as demandas do ambiente, e responder eficientemente a um ambiente complexo requer equilíbrio dinâmico entre os dois ramos do SNA (Thayer & Lane, 2000; 2009).

    Em situação de repouso, indivíduos saudáveis apresentam uma predominância da atividade parassimpática. No começo do exercício, há uma diminuição do tônus vagal e aumento da atividade dos nervos simpáticos, de acordo com a intensidade e tempo de execução da atividade. Durante o exercício há um aumento da FC devido à diminuição da atuação do SNP e ao passo que a intensidade do exercício aumenta, há também um incremento na atividade nervosa simpática (Levy, 1998). Ao término da atividade há, novamente, predominância do SNP e menor expressão do SNS. Porém, o indivíduo que se encontra em situação de fadiga apresenta um desequilíbrio na habilidade de regular o SNA.

    Pesquisadores se interessaram pelo estudo da VFC de atletas com objetivo de diversificar os protocolos e as formas de se identificar e prevenir a fadiga (Apor, Petrekanich & Szamado, 2009; Hynynen et al, 2008). Em um estudo com velocistas profissionais, que analisou a VFC durante o exercício de resistência contra peso até a exaustão, foi verificada redução significativa do indicador LF. Esta diminuição foi atribuída à inibição dos barorreceptores e à ativação do SNS logo após o exercício máximo. Apenas após dez minutos do término da atividade o SNA retomou os indicadores característicos da situação inicial de repouso (Suetake et al, 2010).

    Outro estudo analisou a relação entre a VFC e o exercício físico em ciclistas profissionais. Neste, os pesquisadores concluíram que as alterações da VFC em repouso são inversamente relacionadas ao volume e à intensidade do exercício e se devem ao esforço cumulativo dos estágios consecutivos da competição. Foi observado que, para um esforço semelhante, há uma variação na resposta autonômica cardíaca entre os indivíduos (Earnest et al, 2004). A investigação da VFC promove auxílio às situações de competição esportiva, pois fornece dados relacionados a situações estressoras, como respostas de nervosismo e ansiedade, que correspondem à maior ativação do sistema nervoso simpático. A freqüência cardíaca e os intervalos R-R permitem análise da influência autonômica no organismo e sua relação com os estados mentais e níveis de estresse (Suetake et al, 2010).

    O rugby é um esporte que demanda respostas fisiológicas diversificadas, como corridas de alta intensidade e contato corporal, e que envolve colisões, corridas de explosão, resistência e processamento tático para armação das jogadas independente da posição assumida pelo jogador (Brooks, Fuller, Kemp & Reddin, 2005; Lopes et al, 2011). Entretanto, estudos sobre os as demandas físicas e processos de fadiga em relação a este esporte, que integrará o programa olímpico a partir de 2016, ainda são escassos (Higham, Pyne, Anson & Eddy, 2012).

    Nesse sentido, a identificação dos aspectos psicofisiológicos dos atletas em situações de treinamento e competição é importante, pois auxilia a prescrição de treinamento, identificação de fadiga e quadros de estresse e ansiedade. Logo, a produção de conhecimento sobre este esporte apresenta grande relevância social e científica. O objetivo deste estudo foi verificar as alterações da variabilidade da freqüência cardíaca de um atleta de rugby durante as finais do período competitivo de um campeonato municipal.

Método

    A pesquisa caracteriza-se como estudo de caso descritivo e foi composta por um atleta de rugby, do sexo masculino, capitão de uma equipe de Florianópolis. O sujeito apresenta 18 anos e treina há quatro anos, com freqüência de treinamento especifico ao rugby de três vezes na semana, e os demais treinamentos cinco vezes na semana.

    O instrumento utilizado para coleta da variabilidade da freqüência cardíaca foi o freqüencímetro Polarâ S810i e a respectiva cinta com eletrodos e a unidade transmissora acoplada. Os indicadores utilizados para a análise da VFC são: média da freqüência cardíaca, média dos intervalos RR, SDNN, RMSSD, LF, HF, LF/HF, SD1 e D2, que são explicitados a seguir.

    A freqüência cardíaca (FC) pode ser medida pelo número de contrações do coração por minuto, ou batimentos por minuto (bpm). É através do intervalo entra as batidas que é possível calcular a VFC (Stickel, Ebner, Nordmann, Searle & Holzinger, 2009). A FC é uma medida bastante acessada para medidas na medicina do esporte e treinamento, principalmente para monitoramento de desempenho e pico de treinamentos (Bosquet, Merkari, Arvisais & Aubert, 2008). Já os valores de RR representam o tempo entre as batidas do coração durante um ritmo cardíaco normal, sendo medidos em milissegundos. Quanto maior a variação neste intervalo, maior a variabilidade da freqüência cardíaca (Mourot et al, 2004).

    O SDNN representa a média do desvio padrão dos intervalos RR, sendo que quanto maior este valor, maior a VFC (Fronquetti, Aguiar, Aguiar, Nakamura & Oliveira, 2007). Aubert, Seps e Beckers (2003) explicam que o SDNN é influenciado também pela duração da gravação dos dados e que valores de diferentes durações não devem ser comparados. O indicador RMSSD equivale à raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre os intervalos RR normais adjacentes (Aubert, Seps & Beckers, 2003) e se constitui de um marcador do comportamento vagal (Menezes et al, 2009).

    O LF é o componente de baixa freqüência do ramo do SNA que está relacionado à atividade simpática (Cervantes, Florit, Parrado, Rodas & Capdevila, 2009). Alom, Begu, Ferdousi, Begum et al (2009) complementam que o LF apesar de representar a predominância do SNS, também se relaciona com o SNP. Já o componente de alta freqüência (HF) representa uma parte do ramo do SNA que está sob domínio da atividade do sistema nervoso parassimpático (Cervantes et al, 2009).

    O HF está associado com o tônus vagal e também indica variações da respiração (Alom et al, 2009). A relação entre os componentes de baixa e alta freqüência é um indicador utilizado como medida do equilíbrio entre os ramos simpático e parassimpático. Constitui-se como um meio não invasivo de medir o balanço simpatovagal, e o incremento nos valores LF/HF indica uma influência maior da atividade simpática (Bosquet et al, 2008; Cervantes et al, 2009).

    O indicador não linear SD1 quantifica separadamente a variabilidade instantânea entre os batimentos (Blásquez, Font & Ortís, 2009), sendo o desvio padrão dos intervalos RR instantâneos e um índice que quantifica a modulação vagal da FC sem a influencia de tendências (Fronquetti et al, 2007). Por sua vez, o D2 é uma análise não linear de dimensão de correlação. Behnia, Akhshani, Mahmodi e Hobbenagi (2008) relacionam baixos valores de D2 com a incapacidade de um individuo lidar com sistemas complexos ou mudanças inesperadas.

    Os dados foram coletados em três partidas diferentes que integraram as finais do campeonato e em um treinamento. As coletas relativas às partidas foram todas estruturadas da mesma forma, sendo o sujeito monitorado dez minutos antes do início da partida, durante cinco minutos. Do mesmo modo, dez minutos após o término da partida o sujeito foi monitorado novamente por cinco minutos. A coleta realizada no treinamento foi programada para verificação da recuperação da VFC após uma sessão de treinamento intenso, havendo coleta basal com duração de cinco minutos antes do treino e após o treino com duração também de cinco minutos. Em todas as situações a coleta foi realizada com o atleta em posição ortostática.

    Os registros realizados pelo cardiofreqüencímetro foram posteriormente acessados por meio do software Polar Precision Performanceâ. Em seguida, os dados foram exportados para o software Kubios HRV Analysis, que gera os indicadores da VFC. Posteriormente, os indicadores foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva através do Excelâ.

Resultados e discussão

    Ao analisar a FC do atleta, verificou-se que antes do treino, em situação de repouso, a freqüência apresentou valores mais baixos (61,2 bpm), enquanto antes do jogo 1, não decisivo, a freqüência de repouso subiu para 66,3 bpm. Já no jogo da semifinal (jogo 2) o valor subiu para 103,4 bpm e na final (jogo 3) foi de 94,59 bpm (Tabela 1). Em sujeitos treinados, Seiler, Haugen e Kuffel (2007) encontraram valores para FC de 60bpm no pré exercício, desta forma, a diferença entre os valores da freqüência cardíaca entre os jogos pode ser justificada pela ansiedade pré-competitiva relacionada à importância da partida para o jogador. Nota-se que quanto mais se aproxima da decisão do campeonato, maior a FC pré-jogo.

    No pós jogo a FC apresentou valores mais altos quando comparados aos pré jogo, como se observa no jogo 3, com valor de 126,14 bpm. Bricout, DeChenaud e Juvin (2010) explicam que a FC é maior após um exercício extenuante, para manter o fluxo sanguíneo ativo nos músculos e para remoção de metabólitos produzidos durante o exercício, principalmente depois de uma condição de competição. Entretanto, tanto o comportamento do RR, quanto da VFC, no jogo 3 indicou maior dificuldade do atleta na recuperação do estado exibido na linha de base. O maior RR foi encontrado na situação de treino (982,2 ms), que se justifica pela ausência da ansiedade característica de eventos competitivos.

    Em relação ao RMSSD, percebe-se que o mesmo seguiu o comportamento do RR, apresentando-se menor após o jogo da final (11,2 ms), indicando uma baixa VFC. Blásques, Font e Ortís (2009) explicam que esta queda após o período de competição está relacionada com a inibição do sistema parassimpático em situações de estresse, como o torneio. Por ser um importante indicador de situações de estresse, além do desgaste físico, este valor baixo pode estar relacionado com o fato de sua equipe ter perdido o campeonato.

    O atleta apresentou o RMSSD mais alto na situação basal do jogo 1 (70,6 ms), enquanto no pré treino o valor foi de 43,3 ms. Seiler et al. (2007) verificaram valores para RMSSD pré treino em atletas altamente treinados na faixa etária de 23 anos de 103ms. Mourot et al. (2004) em atletas treinados de 22 anos na posição de pé, encontraram um RMSSD de 36,2ms. Vale ressaltar que estas comparações dependem muito de indivíduo para indivíduo, tempo e tipo de treino, além da idade e sexo (Blásques et al, 2009).

    Ao se observar o SDNN, nota-se que este apresentou maior valor na situação de linha basal do jogo 1, e menor na situação em que seu time perdeu o campeonato (após o término do jogo 3). Malik (1996) explica que esta variável está altamente relacionada com o componente de alta freqüência, ou seja, com a modulação vagal cardiovascular. Este dado indica sinais de cansaço ou estresse, com maior atuação do sistema nervoso simpático. Mourot et al. (2004) verificaram valores de SDNN na posição de pé em atletas treinados na faixa de 22 anos de 66,3 ms.

Tabela 1. Indicadores de VFC em função da situação de coleta de dados

    Ao analisar os componentes do domínio da freqüência, verifica-se que antes da situação de treinamento o atleta exibiu maior expressão do sistema nervoso parassimpático. É possível notar que com a proximidade da final o sistema nervoso parassimpático foi se tornando mais expressivo, sendo o indicador LF/HF igual a 3,28 antes do jogo final. Os altos valores de LF/HF em situações de pós-jogo e pós-treino se devem à ativação simpática requisitada para o desempenho de atividades físicas prolongadas.

    O LF reflete alguns mecanismos de controle autonômico como as oscilações dos ramos simpático e parassimpático, assim como a resposta reflexa dos baroceptores cardíacos. Neste sentido, o aumento deste componente antes da final pode estar relacionado a alterações na modulação autonômica total e às oscilações da atividade cardiovagal presente nas flutuações dos intervalos RR atuante na banda de LF (Menezes et al, 2009). O atleta apresentou valores pré treino de LF de 15,1%, Seiler, Haugen e Kuffel (2007) observaram valores de LF pré treino, em atletas altamente treinados, de 52%.

    Mourot et al. (2004) observaram valores de SD1 em atletas na posição de pé na faixa de 22 anos de 24,6. Cervantes et al. (2009) verificaram que em situação de fadiga os valores da atividade parassimpática são menores. Behnia et al. (2008) realizaram um estudo para análise do D2 e encontraram valores de 3,15 para indivíduos saudáveis. Os autores sugerem que indivíduos saudáveis apresentam valores acima de 3. Entretanto, estes valores podem modificar em diferentes situações.

Considerações finais

    Em termos gerais, verificou-se que as mudanças na VFC se mostraram mais expressivas durante os jogos da final e semifinal. A FC apresentou aumento enquanto os intervalos de RR diminuíram tanto antes quanto depois dos jogos. Observou-se também maior predomínio do sistema simpático, quando se observa a razão LF/HF. Estudos de Pichot et al. (2000); Uusitalo, Uusitalo e Rusko (2000) e Bricout, DeChenaud e Junin (2010) demonstraram a mesma tendência, sugerindo que durante um período intenso de treinamento há uma queda da atividade parassimpática e aumento da atividade simpática.

    O atleta demonstrou alterações no final do campeonato, em comparação com as outras situações no RMSSD e no HF os valores diminuíram demonstrando sinais de fadiga. Estes índices são marcadores que são utilizados por pesquisadores como detectores de fadiga por ser um método de mensuração que não demanda altos custos, fácil e rápido (Firstbeat Technologies, 2009). Estes valores mais baixos também podem ser sinal de emoções negativas, de acordo com Thayer, Ahs, Fredrikson, Sollers e Wager (2012), que explicam que emoções negativas como estresse estão relacionadas com baixa VFC.

    Para estudos futuros sugere-se a coleta de maior volume de dados para verificação do perfil do jogador no decorrer da temporada para comparação de valores. Mais ferramentas devem ser utilizadas em conjunto, como, por exemplo, um questionário de detecção de fadiga, formando um protocolo para que se obtenham indicadores diferenciados e consistentes entre si para analisar as respostas psicofisiológicas às finais de um campeonato.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados