Qualidade do sono em escolares do ensino médio La calidad del sueño en estudiantes de escuela media Sleep quality in high school students |
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*Doutora em Ciências da Saúde Graduada/o em Educação Física **Graduada em Nutrição - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró ***Doutor/a em Ciências da Saúde - Universidade Potiguar do Rio Grande do Norte, Mossoró (Brasil) |
Isis Kelly dos Santos* Kesley Pablo Morais de Azevedo* Epaminondas Carlos de Andrade Neto* Victor Hugo de Oliveira Segundo* Rianne Soares Pinto** riannesoarespinto2010@hotmail.com Humberto Jefferson de Medeiros*** Maria Irany Knackfuss*** |
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Resumo A saúde dos escolares tem sido uma preocupação bastante relevante no âmbito acadêmico, abordando variáveis que estão diretamente ligadas as funções fisiológicas, psicológicas e biológicas. Objetivo: Analisar a qualidade do sono de escolares do ensino médio. Método: Realizou-se estudo transversal com 180 escolares de ambos os sexos, com idade de 15 a 22 anos, matriculados no ensino médio de uma escola pública da zona urbana da cidade. Como instrumento de medidas foi utilizado o questionário índice de qualidade de sono de Pittsburgh. Os dados foram analisados pela distribuição de freqüências e percentuais, teste Qui-quadrado. Resultados: 56% dos escolares apresentaram uma boa qualidade de sono e 44% uma qualidade de sono ruim. Conclusões: Os escolares do estudo apresentaram uma boa qualidade do sono. Unitermos: Qualidade do sono. Saúde do escolar. Adolescentes.
Abstract The health of school has been a very relevant concern in the academic, addressing variables that are directly related physiological, psychological and biological functions. Objective: To analyze the quality of high school students from sleep. Method: A cross-sectional study with 180 schoolchildren of both sexes, aged 15-22 years, enrolled in high school at a public school in the urban area of the city. As measures instrument was used questionnaire Pittsburgh sleep quality index. Data were analyzed for the distribution of frequencies and percentages, chi-square test. Results: 56% of students had a good sleep quality and 44% a bad sleep quality. Conclusions: Study The school had a good sleep quality. Keywords: Sleep quality. School health. Adolescents.
Recepção: 10/02/2015 - Aceitação: 22/05/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Discussões relacionadas à saúde têm sido ampliadas, onde comportamentos e hábitos passaram a ser vistos como potenciais fatores de riscos (Boscolo, Sacco, Antunes, Mello & Tufik, 2010). Dentre estes, podemos destacar o sono, que representa cerca de um terço do tempo de vida de uma pessoa, sendo que sua privação e má qualidade tem um impacto negativo na saúde e no desempenho diário (Olmos, Delgado, Reyes & Gutierrez, 2012).
O sono é considerado como estado de inconsciência, composto por dois estágios: REM e o NREM Cada um desses estágios possui um conjunto de mecanismos fisiológicos e neuroquímicos que podem contribuir exclusivamente para a consolidação da memória. Sendo assim, para um estado ótimo de vigília, no intervalo de 24 horas precisa- se de sete a oito horas de sono ininterruptas (Pinheiro, 2012).
Por ser um processo biológico base, é essencial para o crescimento e desenvolvimento saudável, mantendo interação bidirecional com os sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular, endócrino e imunitário (Gazini, Reimão, Rossini, Centeville, Mazolla, Vilela & Silva, 2012).
Em contraposição, a redução do ciclo do sono acarretará no individuo cansaço, perda da concentração, fadiga, aumento da sensibilidade à dor, ansiedade, nervosismo, idéias irracionais, alucinações, perda de apetite e maior propensão a acidentes. Podendo também associar-se a fatores maturacionais e ambientais; especialmente devido à inadequação dos hábitos alimentares, horário de escolas e comportamentos sedentários (grande tempo em frente à TV, videogame e computador) (Bernardo, Pereira, Louzada & D’Almeida, 2009).
Na adolescência por ser um período em que ocorre uma variedade de conflitos psicossociais, decorrentes das intensas alterações físicas, psicológicas e sociais, é possível compreender o fato de noites mal dormidas e um sono com duração aquém das necessidades serem comuns nessa população. Assim, estima-se que mais de 30% das crianças e adolescentes no mundo apresentam transtornos do sono que, de alguma forma, vão afetar o tempo gasto na cama (Silva, Melo, Dabbicco & Freitas, 2014).
Havendo uma prevalência, onde grande parte dos adolescentes dorme em torno de 7 horas por noite, aproximadamente uma hora a menos do que sua necessidade estimada de sono. Tal redução do sono dos adolescentes estaria vinculada ao aumento das demandas sociais, à inserção no mundo do trabalho, às atividades escolares, às mudanças hormonais que alteram o ritmo circadiano, e ao uso excessivo de equipamentos eletrônicos (Silvares; Ferreira & Pires, 2014).
Diante disso objetivou – se neste estudo investigar a qualidade do sono em escolares do ensino médio da cidade de Mossoró/RN.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal e o grupo amostral selecionado de forma não probabilística, intencional foi constituído por 180 escolares de ambos os sexos (Fem.=99, Masc.=81), com faixa etária entre 15 a 22 anos, regularmente matriculada no ensino médio de uma escola pública em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, localizada no Nordeste brasileiro.
Aqueles que fizeram parte da amostra foram informados, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE), sobre os procedimentos metodológicos e a participação no trabalho.
Os comportamentos relacionados ao sono foram coletados por meio do questionário traduzido e validado para o português do Brasil do Pittsburgh Sleep Quality Index (Índice de qualidade de sono de Pittsburgh), com questões sobre os hábitos de sono referentes ao mês anterior em que o individuo se encontra. Os itens deste questionário são agrupados em sete componentes: Qualidade subjetiva, latência, duração, eficiência habitual e distúrbios do sono. O conjunto de componentes totaliza uma pontuação que varia de 0 a 21, onde os escores maior ou igual a 5 classifica a qualidade do sono como ruim.
Para análise dos dados utilizou o programa SPSS 20.0 versão em português. A normalidade dos testes foi verificada através do teste Kolmogorov-Smirnov, com o nível de confiança de 95%, com p<0,05. O teste Qui-quadrado foi usado para quantificar as prevalências das variáveis categóricas em percentuais. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estado do Rio Grande do Norte, com o número do parecer 644.557.
Resultados
Dos 180 sujeitos envolvidos na pesquisa, 45 % foram do sexo masculino e 55% do sexo feminino. A faixa de idade se concentrou entre 15 a 18 anos, com percentual de 78,4%. A tabela 01 mostra a distribuição dos alunos por séries do ensino médio, sendo que 35% dos sujeitos estavam cursando no momento da pesquisa o primeiro ano, 42,2% o segundo ano e 22,8% o terceiro ano do ensino médio (Tabela 01).
Tabela 01. Caracterização da amostra
Com relação à latência do sono, 48% dos escolares levaram cerca de 15 minutos ou menos para adormecer no último mês, enquanto que 34% levaram em torno de 16 - 30 minutos. Na questão de impossibilidade para adormecer em até 30 minutos 33% afirmaram não ter nenhuma impossibilidade durante o último mês e 22% apresentaram ter impossibilidade de adormecer três vezes na semana.
A tabela 02 trata também da duração do sono dos escolares, onde 49% da amostra escolar conseguiu alcançar um valor superior a sete horas de sono por dia durante o ultimo mês; 25% localizaram-se um pouco abaixo desse valor, no intervalo compreendido entre seis e sete horas, sendo importante ressaltar que 11% dormem menos de cinco horas diárias (Tabela 02).
Tabela 02. Latência e duração do sono de escolares do ensino médio
No que diz respeito à qualidade subjetiva do sono do último mês, 56% (n=100) dos escolares, foram classificados como tendo uma qualidade de sono boa; e 44% (n=80) uma qualidade de sono ruim.
Discussão
Com relação à latência do sono, estudo realizado com escolares do ensino médio na faixa etária entre 15 a 19 anos, constatou que 56 % dos escolares demoraram 16 a 30 minutos para adormecerem durante o ultimo mês, apresentando sonolência diurna moderada (46%) e indisposição (76%) para desenvolver as atividades, sendo semelhantes aos nossos resultados (Rocha, Rossini & Reimão, 2010).
Ao analisar a duração de tempo para adormecer durante o último mês de escolares com idade média de 13±0,8 anos, um estudo na cidade de Uruguaiana- RS demonstrou que os estudantes demoram em média 20±15,08 minutos para pegar no sono, contrariando os resultados apresentados no nosso estudo, sendo justificado onde o número de horas de sono de um indivíduo, assim como seu padrão, varia progressivamente com o decorrer da vida, mostrando queda total de sono até o final da adolescência (Medeiros, Neves, Carpes & Carpes, 2011).
Confirmando estes achados, pesquisas constataram que escolares na faixa etária de 13 anos apresentaram uma média de horas dormidas também de 7 horas, o que corrobora com nossos achados tendo a maioria dos escolares referido dormir esse período de tempo (Olmos, Delgado, Reyes & Gutierrez, 2012).
No estudo Rocha, & Reimão (2010), com 274 escolares na faixa etária entre 16 a 19 anos, encontrou uma duração de sono entre 6 – 7 horas por dia, configurando como bons indicadores, igualmente aos dados achados neste estudo.
Com relação à qualidade do sono, pesquisas estão de acordo com nosso estudo quando relata, em sua amostra de escolares entre 18 e 19 anos, um valor relativo de 59% (n=118) da amostra, apresentando qualidade do sono boa e 41% (n=82), uma qualidade do sono ruim (Drabovicz, Salles, Drabovicz & Fontes, 2012).
Resultados semelhantes aos nossos estudos também foram encontrados por (Ferreira & Ceolim, 2012) ao analisarem estudantes do ensino médio portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), onde 53% da amostra apresentaram qualidade do sono boa, já 47% qualidade do sono ruim.
No entanto, outro estudo Sung et al (2011), diferem dos nossos ao verificar a ocorrência de distúrbios do sono de escolares do ensino médio na faixa etária entre 16 a 19 anos, onde 71% (n=378) revelaram má qualidade de sono e 29% (n=151) apresentaram qualidade do sono boa.
Sendo assim, podemos concluir que os escolares apresentaram resultados satisfatórios em relação à qualidade do sono. Sugere-se que novas pesquisas sobre a qualidade do sono em escolares sejam realizadas com a utilização de instrumentos que possam monitorar de forma sucinta a qualidade do sono, proporcionando ganhos para a memória, assim como para o processo de aprendizagem, contribuindo para um bom desempenho escolar.
Bibliografia
Bernado, M. P. S., Pereira, E. F., Louzada, F. M. & D’Almeida, V. (2009). Duração do sono em adolescentes de diferentes níveis socioeconômicos. J Bras Psiquiatr, 58 (4), 231-237.
Boscolo, R. A., Sacco, I. C., Antunes, H. K., Mello, M. T. & Tufik, S. (2010). Avaliação do padrão de sono, atividade física e funções cognitivas em adolescentes escolares. Revista Portuguesa Ciência Desporto, 7(1), 18-25.
Drabovicz, P. V. S. M., Salles, V., Drabovicz, P. E. M. & Fontes, M. J. F. (2012). Assessment of sleep quality in adolescents with temporomandibular disorders. Jornal de Pediatria, 88(2), 169-172.
Ferreira, L. T. K. & Ceolim, M. F. (2012). Qualidade do sono em portadores do vírus da imunodeficiência humana. Rev Esc Enferm USP, 46(4), 892-9.
Gazini, C. C., Reimão, R. N. A. A., Rossini, S. R. G., Centeville, M., Mazolla, T. N., Vilela, M. M. S. & Silva, M. T. N. (2012). Qualidade do sono e qualidade de vida em adolescentes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana. Arq Neuropsiquiatr, 70(6), 422 – 427..
Medeiros, R. F., Neves, D., Carpes, F. P. & Carpes, P. B. M., (2011). Perfil De Qualidade Do Sono De Escolares Da Cidade De Uruguaiana-RS. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 3(2).
Olmos, I. P., Delgado, J. M., Reyes, R. G. & Gutierrez, C. T. (2012). Percepção da qualidade do sono em jovens. Rev. Cienc. Salud, 10(1), 7- 19.
Pinheiro, A. F. (2012). Os Efeitos da Prática de Exercício Físico na Qualidade do Sono.
Rocha, C. R. S., Rossini, S. & Reimão, R. (2010). Sleep disorders in high school and pre-university students. Arq Neuropsiquiatr, 68(6), 903-2010.
Silva, M. L., Melo, R. J. P., Dabbicco, P. & Freitas, C. M. S. M. (2014). Duração do sono, sobrepeso e obesidade na adolescência: uma revisão sistemática. Manual Therapy, Posturology & Rehabilitation Journal, 12(1),755-772.
Silvares, E. F. M., Ferreira, R. E. R. & Nogueira, M. L. P. (2014). Acompanhamento Psicológico de Criança com Problema de Sono: Um Relato de Caso. Journal of Child and Adolescent Psychology, 5(2), 87-101.
Sung, V., Beebe, D. W., Van Dyke, R., Fenchel, M. C., Crimmins, N. A., Kirk, S., Hiscock, H., Amin, R. & Wake, M. (2011). Does Sleep Duration Predict Metabolic Risk in Obese Adolescents Attending Tertiary Services? A Cross-Sectional Study. Sleep, 34(7), 891-898.
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