Os benefícios da qualidade de vida dentro das empresas


	Os benefícios da qualidade de vida dentro das empresas Los beneficios de la calidad de vida dentro de las empresas The benefits of quality of life within companies
	AVM Faculdade integrada (Brasil)	Naila da Silva Lopes alegrianaila@gmail.com
	Resumo O maior objetivo desse artigo é evidenciar os benefícios da qualidade de vida no trabalho e principalmente observar e compreender os resultados obtidos com os programas de qualidade de vida dentro das empresas, visto que no sistema capitalista o interesse maior do Estado é a lucratividade, pois a competição entre os países melhor economicamente desenvolvidos é o que movimenta tudo e todos. A Qualidade de vida no trabalho (QVT) aumenta a rentabilidade das empresas devido à diminuição de gastos referentes a acidentes de trabalho ou processos trabalhistas, refletindo de forma positiva na sociedade e no governo quando gera encargos previdenciários menores, propicia uma imagem ótima da nação perante os organismos internacionais e valoriza o ser humano. Portanto, torna-se válida e importante uma revisão da literatura acerca da Qualidade de Vida no Trabalho bem como seus benefícios, tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. Unitermos: Qualidade de Vida. Benefícios. Empresas. Abstract The main objective of this article is to show the benefits of the quality of work life and especially to observe and comprehend the obtained results with the programs of quality of work life inside the organizations, since in the capitalist system the biggest States’ interest is the profitability, because the competition between the better economically developed countries is what moves everything and everybody, The Quality of Work Life increases the companies’ profitability due to the decrease of costs relating to accidents at work or labor claims, which reflects positively on the society and on the government when generating lower social security charges, providing a great image of the nation before international organizations and values the human being. Therefore, it becomes valid and important a literature review about the Quality of Work Life, both for employees and for organizations. Keywords: Quality of Life. Benefits. Organizations. Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil. Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 10/07/2015
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Segundo a Organização Mundial de Saúde, qualidade de vida são um conjunto de percepções do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores em que vive e em relação às suas metas, expectativas, padrões e preocupações. No ambiente de trabalho, tal indivíduo entende suas obrigações como forma de sobrevivência e sustento, o que pode tornar-se um fardo somando-se às exigências em larga escala por parte das empresas, estressando e até mesmo frustrando este, caso não consiga alcançar as metas impostas pelas mesmas. A QVT age de forma paralela no ambiente ocupacional para que ao invés de um peso, o trabalho seja uma fonte de satisfação, além de fazer com que o trabalhador sinta-se útil à vida e à sociedade. A QVT diz respeito principalmente à saúde física do trabalhador, tal preocupação deve ser encarada pelas empresas como um investimento e não como um custo, pois promovendo a saúde e prevenindo acidentes a empresa pode preservar sua imagem perante a comunidade, reduzir custos diretos e indiretos, diminuir os litígios trabalhistas e ainda diminuir a rotatividade de mão de obra.

    Percebendo que ao agir de forma preventiva, utilizando a QVT, têm-se funcionários saudáveis e paralelamente consegue-se diminuir os custos e/ou gastos, onde os resultados obtidos serão positivos tanto para os empregadores quanto para os empregados e principalmente para o Estado, é importantíssimo o cumprimento e utilização das normas estabelecidas para a promoção e prevenção da segurança e saúde dos funcionários, descritas nesse artigo, divididos em Higiene do Trabalho, Segurança do Trabalho e Ginástica Laboral.

Qualidade de vida no trabalho

    Segundo Limongi-França (2007), a QVT é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerencias e tecnológicas no ambiente de trabalho. De acordo com Levering (1986), um bom lugar para se trabalhar possibilita que as pessoas tenham, além do trabalho, outros compromissos em suas vidas, como família, amigos e outras atividades. Um bom ambiente de trabalho, livre de estresses garante ao trabalhador a possibilidade deste não levar para casa os problemas, as tensões, os receios e as angústias acumuladas durante a jornada de trabalho.

    Segundo Martinez (2003), para obter uma boa qualidade de vida no trabalho, seria necessário: uma ótima recompensa; segurança e saúde no ambiente de trabalho; desenvolver capacidades humanas; integração social; direito dos trabalhadores; dar espaço total de vida no trabalho e fora dele; relevância social.

    Silva (1997) afirma que o ambiente ocupacional apresenta condições físicas, materiais e qualidades psicológicas e sociais. Sendo assim, um ambiente de trabalho agradável pode influenciar o relacionamento interpessoal e a produtividade, bem como reduzir acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade de funcionários.

    A Ergonomia é definida como uma disciplina que faz o intermédio do homem com os sistemas à sua volta, foi estabelecida para que fosse assegurada a existência de um ambiente de trabalho, onde o homem pudesse conviver em harmonia com o ambiente físico em si, suas ferramentas de trabalho e demais fatores que constituem este, preconizando sempre o bem-estar e a saúde física e mental do trabalhador. (Grandjean, 1998).

    Para a qualidade de vida no trabalho é preciso analisar a estrutura deste e como o ser humano está inserido dentro dele, além do relacionamento interpessoal. O convívio entre os funcionários é o que garante a tranqüilidade no ambiente de trabalho. (Levering, 1986).

    De acordo com Silva (1997), quando os profissionais não sentem mais suas atividades desafiadoras ou não têm seus resultados reconhecidos, perdem a paixão pelo que fazem. Segundo Cooper (2009), colaboradores que têm seus trabalhos reconhecidos sentem-se realizados e seguros para trocar experiências com companheiros de trabalho e seus superiores.

    Ainda de acordo com Cooper (2009), trabalhadores que trazem maiores e melhores resultados para a empresa, quando são reconhecidos, tornam-se importantes representantes desta, pois desenvolvem suas atividades com maior empenho e prazer e têm orgulho de fazer parte da equipe, porém sua força jamais será potencializada se não houver um bom relacionamento entre os mesmos.

Segurança do trabalho

    A segurança do trabalho é definida como a ciência que atua na prevenção dos acidentes de trabalho decorrentes dos fatores de riscos ocupacionais que de acordo com a legislação brasileira, decreto n° 2.172/1997, Art. 131, podem ser acidentes a serviço da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.

    Segundo Moraes (2010), os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho, podem ser classificados em cinco grandes grupos, sendo eles:

Químicos: agentes e substâncias químicas sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais e vegetais comuns nos processos de trabalho.

Biológicos: vírus, bactérias e parasitas.

Ergonômicos e psicossociais: decorrem da organização e da gestão do trabalho, como, por exemplo, da utilização de equipamentos, máquinas e mobiliários inadequados, levando às posturas e posições incorretas; locais adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto para os trabalhadores; trabalho em período noturno, monotonia ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de produtividade, relações de trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos trabalhadores.

Mecânicos e de acidentes: ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e outros que podem levar a acidentes de trabalho.

    Sobrinho (1995) afirma que doenças profissionais decorrem da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos que agridem o organismo humano. Todo trabalhador que sofrer uma intoxicação, afecção ou infecção causada por esses agentes foi acometido por uma doença profissional.

    Quando as condições de trabalho ultrapassam os limites toleráveis do organismo, a probabilidade de provocar uma doença no trabalhador é significativa. (Moraes, 2010).

Higiene do trabalho

    Brevigliero (2008), afirma que a higiene do trabalho é uma ciência que atua no campo da saúde ocupacional, aplicando os princípios e recursos da Engenharia e da Medicina no controle e na prevenção das doenças ocupacionais as quais são diretamente atribuíveis às condições ambientais ou de execução de determinadas atividades remuneradas. Herzer (2002) diz que a mesma consiste na antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos fatores e riscos ambientais originados nos postos de trabalho e que podem causar prejuízos e enfermidades para a saúde ou bem-estar dos trabalhadores, também tendo em vista o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente em geral.

    Na determinação dos riscos é considerado o tempo de exposição, a concentração e a intensidade dos agentes, as características dos agentes e o estudo do ambiente de trabalho, por meio de levantamentos qualitativos, quantitativos, tempo real de exposição e susceptibilidades individuais. (Brevigliero, 2008).

    Brevigliero (2008) define tais riscos como:

Riscos ocupacionais ou mecânicos: são as condições adversas no ambiente de trabalho, apresentadas por aspectos administrativos ou operacionais, que aumentam a probabilidade de ocasionar um acidente. Esses riscos originam-se das atividades mecânicas que envolvem máquinas e equipamentos, responsáveis pelo surgimento das lesões nos trabalhadores, quando da ocorrência dos acidentes de trabalho.

Riscos comportamentais: envolvem os aspectos individuais do trabalhador, motivados por um despreparo técnico, um desequilíbrio psíquico ou de saúde.

Riscos ambientais: definidos pelas Normas Regulamentadoras NR-9 e NR-15 – atividades e operações insalubres, sendo eles os agentes físicos, agentes químicos e agentes biológicos.

Riscos ergonômicos: definidos pela Norma Regulamentadora NR-17 – Ergonomia como agentes decorrentes das condições de trabalho, envolvendo fatores biomecânicos, exigências psicofísicas do trabalho, deficiência do processo e condições ambientais.

    Saliba (2006) diz que o trabalho insalubre é aquele que pode causar efeitos adversos à saúde, devido à exposição habitual e permanente aos agentes de risco considerados insalubres pela legislação.

    De acordo com Saliba (2006) as fases da Higiene Ocupacional são:

Antecipação: identifica os riscos que poderão ocorrer no ambiente de trabalho, ainda na fase de projeto, instalação, ampliação, modificação ou substituição dos equipamentos ou de processos, prevendo os riscos futuros.

Reconhecimento: preocupa-se com os riscos presentes, avaliando profundamente o processo, as matérias-primas, os produtos intermediários e finais, as condições de processo, os métodos de trabalho e os equipamentos.

Avaliação e monitoramento: quantifica, periodicamente, os agentes agressivos identificados nas fases anteriores, utilizando para isso, instrumentação e metodologias adequadas que possam concluir se a exposição do trabalhador encontra-se acima dos limites de tolerância estabelecidos.

Controle e melhoria contínua: procedimentos necessários para garantir que o agente não chegue a valores mais agressivos. Melhoria do processo a fim de se identificar valores ainda menos agressivos.

Ginástica Laboral

    Devido à produção em larga escala por parte das empresas, é exigido cada vez mais do trabalhador, que por sua vez sofre severas conseqüências como distúrbios na saúde, reduzindo a produtividade. Surge então uma necessidade de se investir em programas voltados à recuperação e manutenção da qualidade de vida desses trabalhadores. Segundo Polito (2002), a Ginástica Laboral pode ser considerada como um programa de melhoria da qualidade de vida das pessoas.

    Para Carvalho (2007), a Ginástica laboral é definida como sendo o exercício físico orientado e praticado durante o horário do expediente visando a benefícios pessoais no trabalho, que tem por objetivo minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na saúde do trabalhador.

    Mendes (2004) e Leite (2004) a definem como um programa de recuperação e manutenção da qualidade de vida e promoção do lazer, planejada e aplicada no ambiente de trabalho durante o expediente. Esta é popularmente denominada como atividade física na empresa, GL compensatória, ginástica do trabalho ou ginástica de pausa.

    Delbin e Moraes (2005) afirmam que a GL consiste na execução de exercícios de aquecimento musculoesquelético, que tem por finalidade preparar o organismo para o trabalho físico, atuando de forma preventiva e terapêutica, sem gerar no trabalhador a sensação de cansaço excessivo.

    A Ginástica Laboral pode contribuir de forma bastante positiva para a empresa e principalmente para os funcionários, pois seus benefícios implicarão em prevenir os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), melhorar a atenção durante o trabalho, diminuir o absenteísmo e a procura ambulatorial, reduzir a rotatividade dos funcionários, melhorar as condições físicas em geral, prevenir a fadiga muscular, aumentar o ânimo e a disposição para o trabalho, promover a saúde, promover consciência corporal, melhorar o relacionamento interpessoal e de forma abrangente irá melhorar a qualidade de vida no trabalho. (Pigozzi, 2000)

Conclusão

    É cada vez mais claro para as organizações que investir no bem-estar dos funcionários é essencial para elas próprias e também para a sociedade. O reconhecimento do trabalho responsável e ético com um objetivo global, de forma a garantir a segurança, satisfação, bem-estar e saúde aos indivíduos, considerando que uma parcela significativa da vida destes é passada no ambiente de trabalho, torna-se de extrema importância para que esse colaborador se sinta bem em relação ao seu emprego, propiciar-lhe boas condições de trabalho representa um investimento com retorno garantido. É preciso criar nas empresas um clima onde as pessoas tenham condições para realizar seus trabalhos de forma prazerosa.

    É importante estar atento a dois conceitos diferentes: a qualidade de vida no trabalho, que envolve ações associadas a aspectos do trabalho dos colaboradores; e a qualidade de vida do trabalhador, que pode ser promovida pela organização, como assistência familiar, benefícios comunitários, como palestras, ginásticas, entre outros. Pode-se motivar o trabalhador criando um ambiente de participação ou integração com superiores, com colegas de trabalho, partindo sempre da compreensão das necessidades dos empregados. A gerência ou o líder mais próximo têm a responsabilidade de criar um ambiente onde as pessoas possam se sentir bem e precisam estar sempre demonstrando que os funcionários têm um papel fundamental na organização e que todos contam com eles.

Bibliografia

Brevigliero, E.; Possebon, J.; Spinelli, R. (2008). Higiene Ocupacional. 3ª edição. São Paulo: Ed. Senac.

Carvalho, C. M. C.; Moreno, C. R. C. (2007). Efeitos de um programa de Ginástica Laboral na saúde de mineradores. Cad. Saúde Colet. n. 15, v. I, p. 117-130.

Cooper, C. (2009). Fundamentos de Psicologia Organizacional e do Trabalho. 1ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Campus.

Delbin, M. A.; Moraes, C. (2005). Por que implantar um programa de ginástica laboral na empresa? Revista de Administração. Espírito Santo do Pinhal, v. 5, n. 9, pp. 7-9.

Grandjean, E. (1998). Manual de Ergonomia. Porto Alegre: Bookman.

Herzer, L. S. (2002). Manual da CIPA. Porto Alegre: Evangraf.

Levering, R. (1986). Um excelente lugar para se trabalhar: o que torna alguns empregadores tão bons (e outros tão ruins). Rio de Janeiro: Qualitymark Editora.

Limongi-França, A. C. (2007). Qualidade de vida de trabalho - QVT: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. São Paulo: Atlas.

Martinez, M. C. (2003). Satisfação e saúde no trabalho: aspectos conceituais e metodológicos. Cadernos de psicologia social do trabalho. 6, 59-78.

Mendes, R. A.; Leite, N. (2004). Ginástica Laboral: princípios e aplicações práticas. Barueri, SP: Manole.

Moraes, M. G. V. (2010). Doenças ocupacionais: Agentes Físico, Químico, Biológico, Ergonômico. 1ª edição, São Paulo: Ed. Iátria.

Pigozzi, H. (2000). Alterações nos sintomas de estresse com a Ginástica Laboral. Monografia (Conclusão de Curso em Educação Física). CEFID/UDESC, Florianópolis.

Polito, E.; Bergamschi, E. C. (2002). Ginástica Laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint.

Saliba, M. T. (2006). Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA. 1ª edição. São Paulo: Ed. LTR.

Silva, M. A. D.; De Marchi, R. (1997). Saúde e qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Best Seller.

Sobrinho, O. S. (1995). Temas de Ciências Sociais: Medicina básica do trabalho. Curitiba: Gênesis.

Outros artigos em Portugués

	Búsqueda personalizada
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 206 \| Buenos Aires, Julio de 2015 Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados