Analise da inclusão do aluno surdo nas aulas de Educação Física regular na perspectiva dos professoresde uma Escola Estadual, na cidade de Caratinga, MG Análisis de la inclusión de un estudiante sordo en las clases regulares de Educación Física desde la perspectiva de los profesores en una escuela pública en la ciudad de Caratinga, MG Analyze the inclusion of deaf students in regular Physical Education classes from the perspective of teachers in a state school in the city of Caratinga, MG |
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*Especialização em Esporte e Atividade Física Inclusiva para pessoas com deficiência - Ngime – UFJF **Professor orientador - Ngime – UFJF **Professor do Curso de Educação Física – UNEC (Brasil) |
Roberto Moreira da Silva *Cláudio Silva Porto** |
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Resumo Este estudo teve como objetivo a reflexão e a compreensão da necessidade acerca do conhecimento e possibilidades da inclusão de alunos com deficiência auditiva nas aulas de educação física. A análise ressaltou na pesquisa da inserção deste publico alvo em uma instituição de ensino da rede estadual em Caratinga – MG. Utilizou-se como metodologia a aplicação de um questionário contendo 13 perguntas para dois professores de Educação Física da escola em questão que trabalham em suas classes com alunos surdos com o objetivo de obter uma analise qualitativa da pesquisa. Cabe ressaltar que nas respostas dos professores dadas no questionário em questão percebe-se que o modelo escolar favorece a integração do surdo com os ouvintes, no entanto, a falta de interação do surdo com colegas e professores foi notada como exemplo de discriminação e preconceito presentes na escola. A partir do estudo realizado, e analise do contexto da realidade conclui-se que a inclusão do aluno surdo nas aulas de Educação Física regular na perspectiva dos professores não ocorre nos padrões conforme deveria ser, mais a comunidade escolar está satisfeita com esse processo embora reconheça que ocorre de forma lenta mais gradativa. Unitermos: Inclusão. Surdez. Educação Física. Professor.
Abstract This study aimed at reflection and understanding of the need and knowledge about the possibilities of inclusion of students with hearing disabilities in physical education classes. The analysis pointed out in search of the insertion of this target audience in an educational institution in the state system Caratinga - MG. Was used as a methodology to apply a questionnaire containing 13 questions for two Physical Education teachers of the school in question who work in their classes with deaf students in order to get a qualitative analysis of the research. It is noteworthy that the answers given in the questionnaire of teachers in question is perceived that the school model promotes the integration of the deaf with the audience, however, the lack of interaction with deaf peers and teachers was noted as an example of discrimination and prejudice present at the school . From the study and analysis of the context of reality is concluded that the inclusion of deaf students in regular classes in physical education from the perspective of teachers does not occur in patterns as it should be, most school community is satisfied with the process while recognizing occurs more gradually slowly. Keywords: Inclusion. Deafness. Physical Education. Teacher.
Recepção: 18/05/2015 - Aceitação: 07/07/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Historicamente as pessoas com surdez enfrentaram e ainda enfrentam inúmeros problemas com exclusão, pois o ser humano através da audição consegue entender o que está a sua volta com mais facilidade. De acordo com. Mondelli e outros (2002) apud Vidal (2014), através da audição é possível detectar, discriminar, reconhecer, localizar e compreender os sons da fala, e assim, por meio da capacidade de atribuição do significado dos sons, o homem desenvolve um sistema de comunicação único da espécie humana.
A inclusão dos surdos nas escolas nos dias atuais já é uma realidade, contudo faltam alguns critérios para que a inclusão seja realmente inserida no meio escolar de forma eficaz, pois de acordo com Dorziat (2004), apud Silva (2009), Considera que a inclusão social de pessoas surdas, objetivando sua participação social efetiva, depende de uma organização das escolas considerando três critérios: a interação por meio da língua de sinais, a valorização de conteúdos escolares e a relação conteúdo-cultura surda. Apesar de a inclusão escolar ser apontada como um dos meios para se chegar à inclusão social pode-se verificar que nas escolas “inclusivas” estes critérios não são observados: não existe interação por meio da língua de sinais, uma vez que professores e alunos ouvintes não são fluentes em LIBRAS, a aprendizagem é prejudicada e a cultura surda não é levada em conta, prevalecendo nestas escolas à cultura ouvintista.
A Educação Física como a educação em geral em seus contextos eram exclusivistas percebemos desde muito tempo que a Educação Física selecionava os melhores nos esportes, deixando de lado os tortos, os errados, os que não conseguiam acompanhar as aulas como eram ministradas. Somente nos dias atuais que podemos ver que a maioria das pessoas está preocupada com a educação inclusiva. Pois de acordo com Ghiraldelli Júnior (2001), apud Casarotto (2012) historicamente a educação física no seu processo de construção busca um resgate de sua historia com algumas concepções: Higienista (“mente são corpo são”, esta concepção é a garantia a aquisição e manutenção da saúde individual, ela objetiva-se por deixar a sociedade livre de doenças sendo assim um agente de saúde pública); Militarista (nesta concepção ocorre a seleção natural, eliminando os fracos e premiando os fortes); Pedagogista (esta concepção é baseada por teóricos que norteiam a educação física brasileira, onde esta área tem que estar dentro da escola para a formação de crianças e jovens); Competitivista (possui como característica o culto ao atleta, onde educação física escolar passa a ser um desporte de alto rendimento direcionando os alunos, ao treinamento para que um dia estes possam ser um atleta de alto nível). Pode-se dizer que esta concepção foi onde houve a disseminação da educação física escolar tornando o esporte de rendimento como conteúdo dominante, tornando este a colaborar com a exclusão; e por fim a Popular (nesta a educação física esta ligada ao interesse dos trabalhados com atividades lúdicas e cooperativas).
Há situações que propiciam para o êxito do aprendizado dos estudantes com deficiência auditiva nas aulas de educação física, sendo o maior responsável o Professor este é a peça fundamental para que haja a inclusão em suas aulas, mais também os professores mudam as atitudes, de acordo com meio onde estão inseridos. Deste modo, a atitude do professor de educação física é crucial. Recentes investigações mostram-nos que as atitudes de professores de educação física variam de acordo com o professor, o estudante e as suas variáveis relacionadas (Rizzo & Vispoel, 1991; apud Cortez, 2008). A importância do papel do professor enquanto agente de mudança, favorecendo a compreensão mútua e a tolerância, nunca foi tão evidente nos dias atuais. Os professores têm um papel determinante na formação de atitudes, positivas e negativas, face ao processo de ensino-aprendizagem (Nunes, 2007; apud Cortez, 2008).
Este presente trabalho teve como objetivo analisar a inclusão do aluno surdo nas aulas de Educação Física regular na perspectiva dos professores da Escola Estadual Engenheiro Caldas em Caratinga – MG.
Metodologia
Amostra
Para analisar os aspectos da inclusão dos alunos surdos foi aplicado um questionário, Proposto por de Andrade (2011). Participaram desta pesquisa dois professores da Escola Estadual Engenheiro Caldas na cidade de Caratinga – MG, responsáveis por lecionar a disciplina Educação Física Escolar e que têm alunos surdos incluídos em suas turmas.
Procedimentos
A coleta de dados, mediante aplicação do questionário aos professores, foi realizada na Escola Estadual Engenheiro Caldas no dia 23 de julho de 2014. O primeiro passo para a aplicação do questionário foi solicitar a autorização aos coordenadores pedagógicos da sala de recursos da escola supracitada para apresentar aos professores o motivo da pesquisa e solicitar-lhes a colaboração para respondê-lo. Com a ajuda dos coordenadores os professores mostraram-se disponíveis para colaborar com a pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
A amostra do questionário foi aplicada de forma investigativa, a partir dos dados obtidos por meio dos mesmos, foi realizado um diagnostico, concluindo as respostas apresentadas pelos colaboradores.
Resultado e discussão
Os resultados obtidos, a partir das respostas dos professores, foram compilados abaixo, juntamente com a discussão dos mesmos.
Os Professores entrevistados demonstraram seguros na atividade em que exercem a quinze anos na rede publica de ensino, apresentando qualificações e formação diferentes entre eles. Ambos são graduados com formação em Educação Física e não possuem curso de libras, durante a entrevista os mesmos afirmaram que suas capacitações para trabalhar com a Educação Física inclusiva foram adquiridas ao longo do trabalho no cotidiano, pois de acordo com Laplane (2004) apud Lacerda (2006). A fragilidade das propostas de inclusão, neste sentido, reside no fato de que, freqüentemente, o discurso contradiz a realidade educacional brasileira, caracterizada por classes superlotadas, instalações físicas insuficientes, quadros docentes cuja formação deixa a desejar. Essas condições de existência do sistema educacional põem em questão a própria idéia de inclusão como política que, simplesmente, propõe a inserção dos alunos nos contextos escolares presentes. Assim, o discurso mais corrente da inclusão a circunscreve no âmbito da educação formal, ignorando as relações desta com outras instituições sociais, apagando tensões e contradições nas quais se insere a política inclusiva, compreendida de forma mais ampla. Tendo em vista que a escola deve adequar-se ao aluno e não o oposto, a singularidade do aluno deve ser respeitada. Lorenzetti (2002/2003) apud Silva (2009) revela, porém, que a realidade educacional brasileira apresenta um quadro diferente. Pois como se percebe nas informações supracitadas está ocorrendo à ausência de qualificação por meio dos professores.
Nas aulas de educação física houve mudanças positivas a partir da implantação do processo de inclusão das pessoas com deficiência. .Pode se perceber um aumento da socialização por parte dos alunos, aceitação dos outros alunos em meio às pessoas com deficiência. A partir da implantação do processo de inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais as aulas de educação física mudaram, os outros colegas aceitaram melhor as pessoas com deficiência, aumentou a participação e interesse dos alunos com deficiência nas aulas, houve também uma melhor socialização entre todos. De acordo com Aguiar (2005), uma boa escola pública depende essencialmente de diretores e professores preparados, de um currículo conectado ao cotidiano, de instalações físicas razoáveis (como biblioteca, laboratórios e salas de aula que não estejam superlotadas), da vivência cultural dos estudantes e da participação da comunidade. Porém, tudo isso não se faz meramente com a boa vontade do povo, há necessidade de ações efetivas do governo, como destinação de verbas e melhor valorização do professor. O sucesso da inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino regular e de uma sociedade inclusiva depende da ação conjunta de toda população.
Perguntados se eles acreditam que as aulas de Educação Física para os alunos surdos, por meio da utilização de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), contribuem para elevar a autoestima do aluno surdo, responderam que não poderiam dizer nada, pois ambos não têm o curso de libras. Perguntados em media quantos alunos surdos participam das aulas e se estes interagem com os outros alunos, responderam que 100% por cento dos alunos surdos participam das aulas e que interagem muito bem com os ouvintes e entre eles. De acordo com Alves (2013).
No entanto, há necessidade de que a formação superior disponibilize condições mínimas para que o professor adquira o conhecimento sobre as possibilidades da inclusão dos surdos nas suas aulas. Este conhecimento deve partir não só por meio de disciplinas específicas, mas sendo abordada a temática em todas as demais que constituem a grade curricular do curso de formação. Deve-se considerar que os conhecimentos do professor serão ampliados mediante a sua atuação no dia-a-dia do espaço escolar, desta forma as experiências vivenciadas neste contexto social é que lhes dará subsídios pedagógicos necessários para uma prática cada dia mais diferenciado e atento para os desafios encontrados no cotidiano da escola.
Perguntados se promovem jogos de integração com os alunos surdos e os alunos ouvintes, os mesmos disseram que normalmente promovem estes jogos, quando perguntados se há discriminação por parte dos alunos ouvintes, um professor disse que às vezes sim, existe discriminação enquanto o outro disse que não existe nenhum tipo de discriminação, todos dois professores consideravam importante esta integração, para Borges (2011)... Para o aluno surdo não se trata apenas de relacionar-se com alunos e professores ouvintes, mas de ser apresentado a diversos conhecimentos numa linguagem a qual na maioria das vezes, torna-se incompreensível. Quando se adentra a sala de aula, as questões relativas à surdez se deparam com diversos fatores de fundamental importância para a compreensão dos fenômenos educacionais.
Questionados se consideram que suas aulas proporcionam a inclusão destes alunos surdos nas aulas de Educação Física e se a integração deste aluno surdo na escola proporciona uma melhor integração e convívio social fora da escola, disseram que sim que considera que as aulas de educação física proporcionam a inclusão e a integração e o convívio social fora da escola. (Freitas, 2011 apud Alves, 2014).
É a partir de uma educação pautada nos princípios da inclusão que pode acontecer o aprendizado e respeito pela diversidade e pelas diferenças, ou seja, isso indica que todos os alunos podem adquirir conhecimento, autonomia e atitudes frente aos valores que são construídos e elaborados socialmente, o que favorecerá as práticas de sociabilidade e integração entre todos os envolvidos. Embora se notasse muitos avanços, principalmente nas políticas públicas, ainda hoje, as pessoas com deficiência são induzidas a se posicionarem na sociedade como dependentes, existindo uma forte tendência para a exclusão e rejeição do que é diferente, como se houvesse uma padronização de identidade, do que é normal. Essas representações encontram espaço em alguns espaços sociais, como a escola.
Conclusão
Através dos dados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que ao analisar a inclusão do aluno surdo nas aulas de Educação Física regular na perspectiva dos professores, verificou-se que o processo de inclusão não ocorre da maneira como deveria, os mesmos demonstraram em suas falas que há uma ausência de formação e qualificação para trabalhar o publico alvo. Por outro lado perceberam-se que a partir da implantação do processo de inclusão de pessoas deficientes nas aulas de Educação Física houve mais aceitação dos outros colegas com as pessoas com deficiência auditiva, mais participação e interesse dos alunos surdos nas atividades dentro e fora da escola com isso toda comunidade escolar esta satisfeita e ciente desta inclusão que mesmo não sendo perfeita, a mesma tem contemplado a conquista de satisfação dos alunos a partir da socialização e integração dos alunos surdos com a comunidade e o convívio na sociedade.
Contudo sugere-se que os professores da rede de ensino deveriam se organizar de maneira conjunta para buscarem mais investimento por parte do Estado em qualificação com o objetivo de obter um melhor resultado no trabalho com o público em questão, garantindo mais qualidade e eficiência dos resultados.
Referencias bibliográficas
Aguiar, J. (2005). Educação Inclusiva: um estudo na área da Educação Física. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.11, n.2, 223-240.
Alves, T.P. (2014). Representações de alunos surdos sobre a inclusão nas aulas de educação física. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 27, n. 48, 65-78.
Andrade, G.F. (2011). Inclusão dos alunos surdos nas aulas de Educação Física, nas escolas públicas do plano piloto. Universidade católica de Brasília, Pró-Reitoria de Graduação. Curso de Educação Física, Brasília – DF.
Borges, F.A., Nogueira, C.M.I. (2011). A opinião de educadores ouvintes que atendem alunos surdos inclusos sobre o papel da intérprete de libras em suas aulas. lV EPCT encontro de produção cientifica e tecnológica. Paraná.
Casarotto, V.J., Rosa, C.L.L., Mazzocato, A.P.F. (2012). Educação Física e o aluno surdo. Seminário Internacional de Educação no MERCOSUL. Santa Maria.
Cortez, M.M.C.P. (2008). Atitudes dos professores de Educação Física face à inclusão de alunos com deficiência. Coimbra: Universidade de Coimbra.
Lacerda, C.B.F. (2006). A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes. Campinas, vol. 26, n. 69, 163-184.
Silva, M.C. (2009). A inclusão do aluno surdo no ensino regular na perspectiva de professores de classes inclusivas. Faculdade Santa Helena: Recife.
Vidal, M.H.C. (2014). Esportes adaptados aos deficientes auditivos. In: E.L. Ferreira (Org.). Esportes e atividades físicas inclusivas. V. 6. Niterói: Intertexto.
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