HIIT para diabéticos tipo 2: estado da arte HIIT para diabéticos tipo 2: estado del arte |
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*Graduando em Educação Física **Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal da Paraíba (Brasil) |
Yago
Pessoa da Costa* João Belisio Bartolomeu de Farias** |
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Resumo Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão na literatura a fim de encontrar evidencias cientificas para a prescrição do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) em indivíduos com Diabetes Mellitus tipo II. Foram utilizadas as palavras-chave: diabetes tipo dois, exercícios de alta intensidade em diabéticos, HIIT em diabéticos, diabetes e treinamento intervalado (tanto no idioma português, quanto no inglês) em livros relacionados e em artigos nos bancos de dados: Scielo, PubMed e Google Acadêmico. Foram encontrados apenas quatro estudos referentes ao tema. Estes tiveram sua publicação entre os anos de 2009 e 2014. Concluiu-se que o HIIT deve ser utilizado em diabéticos tipo 2 com base na literatura atual, visto que traz benefícios às pessoas que possuem esta doença. O profissional de educação física deve ter bom senso na prescrição do programa de exercícios e respeitar as individualidades. Estudos posteriores de maior duração poderão reforçar isto. Unitermos: Diabetes mellitus tipo 2. Treinamento. Educação física.
Abstract This study had the objective conduct a literature review in order to find scientific evidence for prescription of high-intensity interval training in individuals with type II diabetes. The keywords were used: type two diabetes, high intensity exercise in diabetics, HIIT in diabetics, diabetes and interval training (both in Portuguese and in English) in related books and articles in databases: SciELO, PubMed and Google Scholar. It was concluded that HIIT should be used in type 2 diabetics, a medical evaluation before and sense of physical education in the prescription of exercise program is required. Further studies of longer duration can enhance it. Keywords: Type two Diabetes mellitus. Training. Physical education.
Recepção: 22/04/2015 - Aceitação: 03/07/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Powers (2005) define diabetes como uma doença que se caracteriza por uma deficiência absoluta (tipo I) ou relativa (tipo II) de insulina que resulta em hiperglicemia. O mesmo diz que o tipo II ocorre mais tardiamente e está associado à obesidade. Os sintomas podem ser semelhantes às da diabetes tipo I, mas geralmente são menos acentuadas. Como resultado, a doença pode ser diagnosticada vários anos após o início, uma vez que já surgiram complicações (OMS, 2014).
O Diabetes Mellitus tipo II (DM2) é a forma presente em 90% a 95% dos casos e caracteriza-se por defeito na ação e secreção da insulina. A maioria dos pacientes com essa forma apresenta sobrepeso ou obesidade, sendo necessário o controle da composição corporal como forma de prevenção (OLIVEIRA & VENCIO, 2014.). A Organização Mundial de Saúde (2014) estima que em 2030 a diabetes será a sétima principal causa de morte.
O exercício físico adequado e nutrição fazem a aliança perfeita para prevenir o diabetes, obesidade e outras possíveis doenças. De acordo com Oliveira & Vencio (2014) no tratamento do diabetes podemos destacar que o exercício físico é um importante aliado, atuando sobre o controle glicêmico e sobre outros fatores de comorbidade, como a hipertensão e a dislipidemia, e reduzindo o risco cardiovascular. Em termos gerais, a glicemia após o período de jejum (8 horas) deve apresentar valor menor que 100mg/dl para caracterizar normalidade, maior ou igual a 126 mg/dl aponta diabetes. O teste pode ser feito por aparelhos portáteis, ou em laboratórios, ambos através do sangue. Já a obesidade pode ser verificada pelo índice de massa corporal (IMC) usando a formula IMC= massa corporal/Altura2, mas Sousa (2008) destaca que esse teste não deve ser usado por atletas ou pessoas com volume muscular elevado. Mesmo assim ainda é valido e pode ser usado para a população em geral aparecendo como uma alternativa prática e de baixo custo.
O treinamento intervalado de alta intensidade ou high interval trainning (HIIT) tem ganhando grande visibilidade e segundo a American College of Sports Medicine é o principal segmento aparecendo na primeira colocação como tendência fitness para 2014, apesar de não ser uma grande novidade (ACSM, 2014. “tradução nossa”). Emil Zatopeck, corredor tcheco, por volta de 1945 no período pré-cientifico desenvolveu, a partir dos conhecimentos de Toni Nett, o treinamento de intervalos, que consistia em correr distâncias de 200 a 400 metros com intervalos de 60 segundos entre as repetições (ALMEIDA et al., 2000). Posteriormente, já no período cientifico, Gerschller buscou investigar mais afundo o método realizando vários testes, o que permitiu que pudesse sugerir modificações como encurtar as distâncias e eliminar o trote de recuperação utilizado por Zatopek (Ibidem, 2000). Isso mostra que há muito tempo vem se buscando por resultados com menores volumes.
Dantas (1998) afirma que os métodos intervalados consistem numa série de estímulos (esforços submáximos) entremeados de intervalos que propiciem uma recuperação parcial (incompleta). O HIIT envolve rajadas de atividades seguidas por um curto período de repouso ou recuperação (ACSM, 2014. “tradução nossa”). No contexto atual da sociedade quando o treinamento intervalado de alta intensidade é comparado ao contínuo em relação ao tempo disponível para treinamento parece ser claro que não há como não preferir o método que traz resultados com seções menores, além de outras vantagens do HIIT. Há protocolos com duração de 4 minutos, contabilizando momentos pausados e ativos (TABATA et al., 1996).
O objetivo desse estudo foi revisar a literatura a fim de encontrar evidencias cientificas para prescrição do treinamento intervalado de alta intensidade em indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo II.
Metodologia
Esse estudo foi desenvolvido com base em uma revisão da literatura em livros relacionados e em artigos nos principais bancos de dados científicos como: scielo, pubmed e Google acadêmico.
As palavras chaves utilizadas foram: diabetes tipo dois, exercícios de alta intensidade em diabéticos, HIIT em diabéticos, diabetes e treinamento intervalado. A busca foi feita tanto no idioma português quando no inglês.
Resultados
Foram encontrados apenas quatro estudos referentes ao tema. Estes tiveram sua publicação entre os anos de 2009 e 2014.
Parpa et al. (2009) pesquisou os efeitos do HIIT em quatorze indivíduos sedentários (9 mulheres, 5 homens, idade: 57 ± 6,7 anos, peso : 94,3 ± 23,8 kg , altura : 170,5 ± 8,5 cm) durante 12 semanas, com um protocolo de 30 minutos de duração. Após o treinamento a pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, frequência cardíaca de repouso, os valores de glicemia de jejum e peso corporal foram significativamente menores.
Shaban et al. (2014) investigou os efeitos do HIIT em indivíduos diabéticos, idade média de 40,2 (± 9,7) anos e IMC acima de 24,99. Foram seis sessões individualizadas seguindo o protocolo de 4x 30s de exercício a 100% da carga de trabalho máxima, seguido por 4 minutos de descanso ativo. A glicose no sangue foi reduzida imediatamente após cada sessão tendo significância estatística (P<0,05).
Little et al. (2011) fez um estudo com 8 pacientes com diabetes tipo 2 tendo idade média de 63 anos (±8) e com índice de massa corporal de 32 ±6 km/m2. O protocolo consistia em 10(repetições) x 60s(pedalando) em bicicleta ergométrica a 90% da frequência cardíaca máxima, com 80-100 rpm, intercalados com 60s de descanso, com 6 sessões. Houve redução da concentração de glicose no sangue após o treinamento além de outros benefícios. O estudo pode concluir, então, que o HIIT pode melhorar rapidamente controle glicêmico e induzir adaptações no músculo esquelético que são ligadas à melhoria da saúde metabólica em pacientes com diabetes tipo dois.
Gillen et al. (2012) usando o mesmo protocolo do estudo de Little et al. (2011) pode concluir que exercício de alta intensidade reduz a resposta da glicose pós-prandial e a prevalência de hiperglicemia em pacientes com diabetes tipo dois.
Discussões
O exercício atua na prevenção do diabetes, principalmente nos grupos de maior risco, como os obesos e os familiares de diabéticos no qual, normalmente, o que se recomenda para diabéticos são exercícios aeróbicos como caminhada, ciclismo com duração semanal de 150 minutos. Porém atualmente o tempo destinado para exercícios é pouco, a proposta do treinamento intervalado de alta intensidade é conseguir resultados iguais ou melhores reduzindo o tempo destinado para o treino. Os exercícios mais intensos são de difícil realização e, muitas vezes, pouco seguros de serem alcançado em diabéticos (Oliveira & Vencio, 2014).
Em todos os estudos relatados nessa pesquisa, não houve nenhuma desistência por lesão causada pelo treinamento ou qualquer outro problema que viesse a ter a necessidade de parar a pesquisa, levando a crer que, com uma boa prescrição, não há um risco eminente. O que deve acontecer é um ajustamento entre médicos, nutricionistas e profissionais de educação física, cada um trabalhando na sua área para melhor atender as necessidades. Vale ressaltar que em todas as pesquisas os participantes passaram por avaliações médicas e físicas, fator preponderante antes de iniciar qualquer programa de treinamento.
Conclusão
O HIIT deve ser utilizado em diabéticos tipo 2 com base na literatura atual visto que traz benefícios a pessoas com a doença. O profissional de educação física deve ter bom senso na prescrição do programa de exercícios e respeitar as individualidades. Estudos posteriores de maior duração poderão reforçar isto.
Bibliografia
American College Of Sports Medicine (2014). Disponível em: www.acsm.org. Acesso em: 30 mai.
Dantas, E. H. M. (1998). A Prática da Preparação Física. (4ª ed.) Rio De Janeiro: Shapes.
Gillen, J. B., Little, J. P., Punthakee, Z., Tarnopolsky, M. A., Riddell, M. C. y Gibala, M. J. (2012). Acute high-intensity interval exercise reduces the postprandial glucose response and prevalence of hyperglycaemia in patients with type 2 diabetes. Diabetes Obes, Metab.
Gomes, A. C., Almeida, H. F. y Almeida, D. C. (2000). Uma ótica evolutiva do treinamento desportivo através da história. Revista Treinamento Desportivo, 5(1):40-52.
Little, J. P., Gillen, J. B., Percival, M. E., Safdar, A., Tarnopolsky M. A., Punthakee, Z. et al. (2011). Low-volume high-intensity interval training reduces hyperglycemia and increases muscle mitochondrial capacity in patients with type 2 diabetes. J. Appl. Physiol 111: 1554–1560.
Oliveira, J. E. P y Vencio, S. (orgs.) (2014). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014/Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo: AC Farmacêutica.
Parpa, K. M., Michaelides, M. A. y Brown, B. S. (2009). Effect of High Intensity Interval Training on Heart Rate Variability in Individuals with Type 2 Diabetes. Journal of Exercise Physiology Online. Vol. 12 Issue 4, p. 23-29. 7p.
Powers, S. K. (2005). Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. (5ª ed.) Barueri: Manole.
Shaban, N., Kenno, K. A. y Milne, K. J. (2014). The effects of a 2 week modified high intensity interval training program on the homeostatic model of insulin resistance (HOMA-IR) in adults with type 2 diabetes. J. Sports Med. Phys. Fitness; 54(2): 203-9.
Sousa, M. S. C. (2008). Treinamento físico individualizado (personal training): Abordagem nas diferentes idades, situações especiais e avaliação física. João Pessoa: Editora Universitária.
Tabata, I., Nishimura, K., Kouzaki, M., Hirai, Y., Ogita, F., Miyachi, M. et al. (1996). Effects of moderate-intensity endurance and high-intensity intermittent training on anaerobic capacity and VO2max. Med. Sci. Sports Exerc. 28(10):1327-30.
World Health Organization (2014). Disponível em: www.who.int. Acesso em: 30 mai. 2014.
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