Introdução
Mais do que ser professor estar presente em sala de aula produzindo o
conhecimento e fora de sala de aula planejando o conhecimento a ser aplicado, é
preciso compreender o funcionamento escolar, participar de decisões cruciais
para o bom funcionamento do ano letivo, bem como compreender o lado burocrático
existente nas instituições de ensino.
A gestão educacional para Vieira (2007):
De acordo com a Constituição e a LDB, a gestão da educação nacional se
expressa através da organização dos sistemas de ensino federal, estadual e
municipal; das incumbência da União, dos Estados e dos Municípios; das
diferentes formas de articulação entre as instancias normativas,
deliberativas e executivas do setor educacional; e da oferta de educação
escolar pelo setor publico e privado.
Assim a educação é tarefa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. A gestão escolar por sua vez é dever único da escola, a gestão
de pessoal, de recursos materiais e financeiros, o cumprimento do plano de
trabalho, o cumprimento de horas e dias letivos, a recuperação de alunos com
menor rendimento e a integração entre escola e comunidade é de total
autonomia da escola.
Assim este artigo se justifica à medida que percebe-se a escola como uma
empresa a ser bem administrada a partir dos gestores, professores e comunidade.
Para isso o dialogo deve ser constante e satisfatório atendendo a todas as
demandas.
Objetivos
O artigo busca estabelecer uma relação entre a teoria e a prática. Através
da entrevista com a professora de educação física “flor”1 e
com o artigo: As concepções de gestão escolar de professores de educação
física2. Buscando avaliar a relação teoria e prática. Bem
como, rever as relações entre a educação física, a gestão escolar e a
gestão educacional.
Metodologia
O artigo se reveste por uma metodologia dividida em três frentes:
-
Revisão
bibliográfica em revistas e periódicos, onde se selecionou o artigo: As
concepções de gestão escolar de professores de educação física.
Como modelo de comparativo para o estudo;
-
Entrevista
semi-estruturada sobre gestão escolar com uma professora de educação
física recentemente integrada ao quadro de docentes da rede estadual da
cidade de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul, aprovada no concurso
do magistério para rede estadual de ensino de 2012.
-
Relação
entre teoria (artigo) e prática (vivencia através das respostas da
professora).
Um
paradoxo entre teoria e prática?
Por
inúmeras vezes as observações feitas em livros, artigos e reportagens surgem
como uma “formula perfeita” a se seguir durante o dia-a-dia escolar. Mas,
será que quando os professores se deparam com a realidade estas tais “formulas”
agruparam toda a gama de novas informações a serem absorvidas.
Assim,
desenvolvo um bate papo com uma professora de educação física recentemente
integrada ao quadro de professores da rede estadual da cidade de Santa Maria.
Fazendo relação com o artigo: As concepções de gestão escolar de
professores de educação física, teremos então um parâmetro entre prática e
teoria.
Qual o
seu envolvimento como professora de educação física tanto na gestão
educacional quanto na gestão escolar?
“Em
relação à gestão, não tenho muito envolvimento, porque lá na escola o
prof. não tem muita voz ativa para participar dessas questões”.
Artigo:
Concepção
técnico - cientifica, [...] relação de subordinação com a equipe
diretiva. Subentendendo que a autoridade de sala de aula diz respeito
ao professor. Já a autoridade e organização institucional, seria
mais responsabilidade da equipe diretiva: diretor, vice-diretor,
supervisor pedagógico e orientador educacional (Cristino;
Ivo; Ilha; Krug, 2008).
Você
participa das reuniões pedagógicas? Foi convidado para elas? Elas tratam de
assuntos voltados a educação física? Sente que elas auxiliam em suas aulas?
“Sim,
sempre participo. Porém nas reuniões do noturno eles às vezes
"esquecem" de me chamar. Dificilmente tratam de Educação Física.
Salvo algum dia que resolvem fazer algum evento, como interséries”.
Artigo:
Dentre
as diversas disciplinas da grade curricular das escolas, encontra-se a
educação física, a qual muitas vezes é caracterizada como um
componente escolar meramente prático, sem conteúdos coesos e
importantes a serem desenvolvidos com vistas à formação dos alunos (Cristino;
Ivo; Ilha; Krug, 2008).
Sua
escola pensa a gestão escolar e educacional voltada também à educação
física?
“Para
a Educação Física especificamente, não”.
Artigo:
De
acordo com o Parecer 115/99, Brasil (1999a) particularmente relevante
é sua participação no trabalho coletivo da escola, o qual se
concretiza na elaboração e implantação do projeto pedagógico do
estabelecimento escolar e ao qual deve estar subordinado o plano de
trabalho de cada docente (Cristino; Ivo; Ilha; Krug, 2008).
Qual
é o envolvimento da sua escola com projetos de universidades, município e
estado? A sua disciplina está envolvida em algum projeto? Qual o objetivo do
mesmo? Como ele funciona na sua escola? Há bolsistas? Qual o envolvimento deles
com a gestão escolar e educacional?
Atualmente
estamos com o Mais Educação e o PIBID da Educação Física (o qual
eu coordeno). Os alunos que participam do PIBID vão no turno inverso
com os bolsistas e tem aulas que relacionam o esporte com as questões
da mídia. Os bolsistas participam dos eventos da escola, mas não tem
nenhum envolvimento direto com a gestão escolar.
Artigo:
Ser
professor não pode se restringir ao ensinar, sua atuação vai além
do espaço de sala de aula, sua capacitação deve permitir uma
atuação consciente em todos os espaços educacionais. Há a
necessidade de romper a concepção da escola “apenas” como um
lugar para se ensinar. É preciso perceber esse espaço como local de
produção de conhecimentos e saberes; um local onde identidades
individuais e sociais são forjadas, onde se aprende a ser sujeito,
cidadão crítico e participativo – atuante em sua comunidade- e
responsável (Cristino; Ivo; Ilha; Krug, 2008).
Como a
educação física é tratada em sua escola pela direção, pelos professores,
pelos alunos e pelos pais?
A
Educação Física nos últimos anos tem sido valorizada (projetos
como o PIBID também ajudaram pra isso) com as atividades
diferenciadas que são trazidas. Outros pontos que a valorizaram foi a
participação com bons resultados das equipes da escola nas
competições escolares e a participação maior dos professores de
Educação Física nas reuniões. A maioria dos professores respeitam
a área, outros nem isso. Muitos se assustam quando comentamos sobre
trabalhos teóricos feitos em aula e até com o fato de haver provas
de Educação Física.
Artigo:
Entretanto,
essa situação está mudando através de estudos, pesquisas e
práticas decentes inovadoras de professores que justificam serem
educadores e entendem a relevância e o papel da disciplina no
contexto escolar para além da execução de movimentos mecanizados.
À medida que compreendem que a educação física pode proporcionar
através de seus conteúdos, quando bem trabalhados, o desenvolvimento
e a formação integral dos alunos (Cristino; Ivo; Ilha; Krug,
2008).
Analisa-se
que parâmetros para a gestão escolar estão sendo reavaliados, mas ainda são
insuficientemente valorizados para compor mudanças expressivas no ambiente
escolar, é como uma bola de neve o Pais acusa o Estado, que acusa o Município,
que por sua vez desconta da escola, onde o gestor não ouve a comunidade, tão
pouco o professor, que não ouve o aluno.
Conclusão
O
cotidiano escolar é complicado, seus meandros políticos, institucionais,
burocráticos, bem como a gestão educacional, e gestão escolar exigem de um
professor muito mais que conhecimentos teóricos acerca destas questões. Exigem
conhecimentos de causa, conhecimentos práticos do dia-a-dia da escola.
É
sabido que o conhecimento teórico auxilia em diversos momentos para a
compreensão desta imensa viajem que é o educar e o gerir uma instituição de
ensino, como pudemos comprovar através do artigo usado para relacionar a
prática vivenciada pela professora de educação física com a teoria que muito
se estuda dentro das universidades.
O fato
que comprovamos aqui é que ainda há distinções dentro das escolas com
relação às disciplinas, mesmo que isso esteja mudando, ainda se sente os
vestígios de problemas historicamente calcados por uma falta de conteúdos
programáticos específicos a se aplicar, assim como horários em turnos
inversos, dispensas perante atividades adicionais diversas, falta de incentivo
aos professores, entre tantas outras coisas.
A
educação física se encaixa como uma dessas disciplinas menos valorizadas,
porém uma nova geração de educadores está sendo formada, com maiores
perspectivas de mudanças no que diz respeito a esses problemas há tanto tempo
persistentes, a maior participação em reuniões pedagógicas, como a
inserção de educadores físicos nas gestões escolares leva a essas melhorias.
Contudo há muito ainda a ser feito.
Percebe-se
assim que a escola é muito mais nas “cochias” do que no palco propriamente
dito, e que é preciso uma gestão única, integrando escola, direção,
comunidade, país, professores e alunos.
Notas
-
Nome fictício dado a professora a fim de não revelar sua identificação, por
motivos de preservação pessoal.
-
Artigo publicado na Revista didática Sistêmica – FURG, volume 8, no segundo
semestre de 2008.
Bibliografia
-
Cristino,
A.; Ivo, A.; Ilha, F.; Krug, H. (2008). As concepções de gestão escolar de
professores de educação física. Didática Sistêmica, Rio Grande do Sul; v.8,
dez.
-
Vieira,
S. (2007). Política(s) e gestão da educação básica: revisitando conceitos
simples. RBPAE, v.23, n.1, p.53-69, jan./abr.
Outros artigos em
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Julio de 2015
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