Motivações e percepções de clubes de futebol do Rio de Janeiro, a respeito do processo de captação e sobre a transição de atletas da categoria de juniores à categoria profissional Las motivaciones y percepciones de los clubes de fútbol de Río de Janeiro, sobre el proceso de captura y en la transición de los atletas de la categoría infantil a la categoría profesional |
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Doutor, Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca. ** Bacharéis em Engenharia de Produção pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Brasil) |
José André Villas Boas Mello* Fernando Diego de Souza Correia** Filipe Mendes Gonçalves** Hugo Marques Mourão** |
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Resumo O presente trabalho tem o objetivo de identificar e entender as motivações e as percepções de clubes de futebol, a respeito do processo de transição de atletas captados para a base e o acesso dos mesmos ao elenco de uma equipe que mantenha quadro de jogadores em categoria profissional. A pesquisa é de caráter exploratório-descritiva, multicascos, tendo como exemplos ilustrativos clubes filiados na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ). A análise dos resultados corroborou com a revisão de literatura, pois profissionais das categorias de base são gabaritados para exercer suas funções, entretanto não são estruturados para captação e retenção de jogadores. Unitermos: Futebol. Captação. Profissionalização.
Abstract This paper aims to identify and understand the motivations and perceptions of football clubs, about the transition of athletes raised for the foundation and their access to the cast of a team to keep players on board professional category. The research is exploratory and descriptive character, multihull, with the affiliated clubs illustrative examples in the State Soccer Federation of Rio de Janeiro (FFERJ). The results corroborated the literature review, as professionals in the lower grades are guideposts to perform their functions, but they are not structured to capture and player retention. Keywords: Soccer. Capture. Professionalization.
Recepção: 15/02/2015 - Aceitação: 12/05/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), existem ao todo 550 clubes de futebol no estado do Rio de Janeiro, separados em profissionais e amadores. Os clubes profissionais dispõem de jogadores remunerados e de um aparato técnico voltado exclusivamente para disputa de campeonatos, diferentemente dos clubes amadores que contam com jogadores amadores, sem remuneração e que disputam os campeonatos como uma forma de lazer.
Segundo Holanda et al. (2012) os clubes brasileiros investem na profissionalização da base com o objetivo de preparar os atletas que, depois de formados, podem gerar retorno econômico em função de sido negociados com outros clubes, gerando receita para novos investimentos.
Os clubes nacionais possuem diferentes métodos, critérios de avaliação e captação de jogadores, conforme Paoli et al. (2008) ainda não foi possível, encontrar um processo de seleção eficaz para a identificação de jogadores. Isso acaba refletindo na ausência de critérios básicos, o que consequentemente pode levar os envolvidos no processo de seleção a realizarem avaliações de forma subjetiva.
A partir do entendimento da importância do investimento nas divisões de base, como um caminho para a equalização financeira dos clubes, se justifica o tratamento estratégico como unidade de negócio. Sendo assim, se torna relevante a necessidade dos investimentos para detecção, captação e manutenção de jovens atletas para que sejam aproveitados nas equipes profissionais, se tornando pilar para a conquista de resultados relevantes nas categorias profissionais.
As categorias formadoras de atletas dos clubes brasileiros são conhecidas como categorias de base. São niveladas de acordo com a idade, sendo: mirim, infantil, juvenil e juniores; com idade até 13 anos, 15 anos, 17 anos, 20 anos, respectivamente nessa ordem. A falta ou a não adequabilidade de planejamento a cada etapa do processo, pode gerar resultados distintos ao esperado na formação e condução da carreira dos atletas. A categoria de base, uma importante unidade de negócio, e o profissional, devem ter objetivos compatíveis para obter otimização de resultados e evitar ineficiências.
O presente trabalho tem o objetivo de identificar e entender as motivações e as percepções de clubes de futebol, a respeito do processo de transição de atletas captados para a base e o acesso dos mesmos ao elenco de uma equipe que mantenha quadro de jogadores em categoria profissional.
Revisão bibliográfica
Segundo o estudo sobre a tendência atual da detecção, seleção e formação de talentos no futebol brasileiro, Paoli et al. (2008) afirma que a avaliação do desempenho de um jogador na captação é feita por “instinto”, ou seja, sem uma sistematização cientifica, fazendo com que geralmente o método de seleção de jogadores falte critérios básicos tornando-o ineficaz.
Nesse sentido Paoli et al. (2008) também afirma que no campo prático os clubes criam seu próprio método de avaliação, baseado na experiência pessoal e no modelo do jogador detentor de talento que corresponda da melhor forma quanto à filosofia tática do responsável pelo processo, que por consequência pode ocasionar falhas, tanto na seleção quanto no prognóstico de sucesso de um determinado jogador.
Quanto à perspectiva que se refere às qualidades físicas e mentais do atleta que atua nas categorias de base, considera-se que ele necessita lidar com a percepção de si, com seus desejos e impulsos, com seus objetos internos, seu poder de analisar os sinais do meio e sua inteligência para interpretar e tomar diferentes soluções motoras associadas a suas necessidades e interesses (Martens, 1995; Weinberg e Gould, 2001; Rother e Franzen, 2005).
Paoli (2008) afirma que com as novas concepções do futebol, tornou-se imprescindível a passagem, pela base, de um atleta que pretende seguir nas categorias profissional o futuro jogador profissional pelas categorias de base. Para Damo (2005) a idade inicial para a formação do jogador pode ter início aos 12 anos de idade, com tempo de duração entre 5.000 e 6.000 horas de trabalhos de desenvolvimento. Segundo Thomaz e Paoli (2007) no início da categoria de base (categorias pré-mirim, mirim, pré-infantil), assimilam-se o fundamento técnico e adquire-se condicionamento físico, para na categoria infantil absorver, principalmente, os fundamentos e/ou princípios táticos que, auxiliarão o atleta quando ele enfrentar a pressão e as altas demandas exigidas na categoria profissional.
Devido à necessidade por resultados imediatos e pressão por resultados na categoria principal, muitos atletas que poderiam ser experimentados, não recebem oportunidades, em alguns casos, pois os técnicos acreditam que o jovem atleta ainda não esteja desenvolvido físico e mentalmente. Nascimento et al. (2011) aponta ser de extrema importância para a avaliação, acompanhamento e planejamento das diferentes cargas de treino, que os treinadores levem em consideração, dentre os fatores determinantes da performance esportiva, a maturação biológica.
Nem todo jovem, mesmo aqueles de extrema habilidade técnica, consegue manter a motivação e o foco no desenvolvimento por 6, 7 anos, dedicação que os mais disciplinados por vezes com o apoio dos clubes e da família conseguem alcançar. A preparação mental e o apoio familiar são elementos que capacitam e preparam os jovens a lidar com a formação recebida nas categorias de base e com o momento de transição ao profissional. A ascensão e a consequente ocupação de um espaço no profissional não dependem apenas da capacidade técnica, mas das oportunidades que por ventura um atleta da base venha a receber.
Materiais e métodos
Inicialmente foram elaborados questionários, um para captação e outro para retenção, partindo das premissas estabelecidas nas questões problemas. A pesquisa será pautada dentre os clubes de futebol profissional do estado do Rio de Janeiro. No qual estão separados em três diferentes divisões: Série A com 16 clubes. Serie B com 20 e a Série C com 23.
Foi realizado um levantamento dos clubes que atenderiam ao estudo, em seguida, por se tratar de um ambiente de difícil disponibilidade dos entrevistados, entrou-se em contato com os clubes que atenderam aos pré-requisitos da avaliação e para que os mesmos participassem das entrevistas respondendo os questionários.
Através do Site da FERJ e de outros materiais complementares, foram identificados 59 associados na federação. Depois de ida a campo, foram obtidas respostas de 10 clubes representando 17% dos membros que disputam a três divisões. Elas se enquadram no perfil e responderam ao estudo conforme anteriormente citado, que são:
América Futebol Clube
Art Sul Futebol Clube
Associação Atlética Portuguesa
BoaVista Sport Club
Bonsucesso Futebol Clube
Botafogo de Futebol e Regatas
Clube de Regatas Vasco da Gama
Fluminense Football Club
Friburguense Atlético Clube
Nova Iguaçu Futebol Clube.
Trata-se de um estudo multicaso que avalia o processo de captação e retenção na base. A partir do estudo sobre as divisões de base, destacaremos a definição das características de seleção e metodologias de trabalho, os seus fatores limitantes e conhecimento da estrutura vigente nos clubes. Através das literaturas existentes sobre as categorias de base pretende-se ampliar o conhecimento sobre os processos de captação de jovens atletas e comparar com os clubes a serem estudados.
A vertente empírica terá como base um estudo exploratório, por meio de questionários para verificar a percepção dos profissionais de captação de atletas e até mesmo de dirigentes da base. Desenvolve-se a linha para conclusão que visa identificar os reais processos de busca e retenção e aproveitamento de jovens jogadores. Ao realizar o estudo desses meios de captação o presente trabalho busca desenvolver um plano de ação propondo uma melhoria nas divisões de base dos clubes estudados.
Os questionários utilizaram o esquema de Likert e foram aplicados aos coordenadores da base, diretores executivos, e vice-presidentes de futebol das equipes selecionadas e que aceitaram participar da pesquisa. As respostas foram tabuladas para criar um banco de dados, e logo após esses números serão analisados através de figuras.
Resultados
Os processos de captação e retenção identificados na pesquisa apresentam uma diversidade de opiniões e práticas que materializam diferentes realidades existentes no processo, e que surpreenderam pela falta de padronização e cuidado, com um processo de extrema relevância para o interesse das organizações estudadas. Essa seção apresentará as demandas existentes e a exemplificação de tais fatores, posteriormente relacionando o assunto da política de ascensão entre as categorias e as políticas de retenção do jovem qualificado.
Para 70% dos entrevistados o processo de captação atende aos objetivos do profissional. Dessa forma, a figura 1 apresenta a existência de carência técnica ou falta de um jogador para uma determinada posição, o treinador do profissional busca preencher com um atleta oriundo da base. Também se notou que para o treinador do profissional observar os atletas da base e para que os mesmos adquiriram experiência, os grupos de juniores treinem com os profissionais. Em segundo, 20% da amostra apontam que depende do treinador da base, pois pode não haver integração e treinamentos em conjunto entre base e profissional. A ausência de atletas que tenham nível desejado para atuar na categoria é refletida pelos 10% restantes.
Figura 1. Relação do processo de captação com as demandas da categoria profissional
Fonte: Autores
Sob a premissa para a execução da interface entre o trabalho da base com a categoria profissional alguns clubes podem traçar planejamentos para a ascensão do jogador conforme o resultado da figura 2.
Não existe política de acesso formal da base ao profissional: em 80% das respostas, esse acesso pode ocorrer por diversos fatores, tais como: alto rendimento nas categorias inferiores, limite de idade para a categoria estourada e demanda do profissional para uma determinada posição.
Em contrapartida, na visão de 20% dos gestores essa política representa uma sequência de acessos ou promoções entre as categorias, alinhada a uma série de fatores preponderantes para a promoção entre as categorias, analogamente comparando ao plano de carreira para um funcionário de uma organização corporativa. Questionou-se qual a principal característica para a ascensão do jogador da base para o profissional, a resposta poderá ser observada na figura 3.
Figura 2. Política de acesso formal da base ao profissional
Fonte: Autores
O fator primordial para a ascensão do atleta para a categoria profissional é representado na figura 3 pelo alto rendimento na base, respondido por 60% dos entrevistados, geralmente o jogador se destaca desde as categorias inferiores e existem casos que os atletas jogam em categorias acima da sua idade devido ao seu alto rendimento. Observa-se que 20 % optaram por outros na resposta, seja por considerarem um conjunto de todos os aspectos ao mesmo tempo, ou pelo comprometimento do atleta como o principal fator. A falta de jogador para posição aparece com 10%, esse fator é justificado pela demanda existente dentro do elenco profissional e está convergindo com o que foi apresentado na revisão da literatura na parte de captação e retenção de atletas.
Figura 3. Fator preponderante para a ascensão do atleta da base ao profissional
Fonte: Autores (2014)
Foi questionado, qual o fator preponderante para manter esse atleta treinando na categoria de base do clube. Na figura 4 foi mapeado qual o principal fator, utilizou-se à classificação por escala Likert, nela atribui-se as notas de 1 a 6, sendo 1 para o mais fraco e 6 para o mais forte, essas notas foram somadas, assim a quantidade de cada item da figura é cumulativa.
Figura 4. Fator preponderante para a manutenção do jogador na base
Fonte: Autores (2014)
A estrutura familiar foi a mais pontuada com 43 pontos, justificando a importância da família como forma de suporte ao atleta. O segundo fator mais citado com 40 pontos foi a infraestrutura adequada do centro de treinamento do clube, que envolve os campos de treinamento, sala de musculação, departamento médico e alimentação. Com 33 pontos o aspecto psicológico do atleta foi o terceiro mais citado, sendo importante o controle psicológico do atleta à medida que deve superar situações de pressão, além de superar a distância da família e se manter focado. Em quarto outros fatores receberam 35 pontos na classificação, dentre esses, foram citados: distancia de casa, a qualidade do atleta, o comprometimento, qualificação dos profissionais do clube e a influência de uma terceira pessoa. Com 28 pontos a ajuda de custo que o clube fornece aparece como o 5° mais pontuado, e por último e segundo a classificação Likert como o menos importante com 25 pontos a condição financeira da família estável.
Tendo a consciência de que os jovens qualificados, os de destaque em seus clubes, tendem a receber propostas de empresários e de outras equipes, se tem que os clubes possam lançar mão de mecanismos de retenção que evitem a saída precoce de seus talentos.
De acordo com a figura 5 utiliza-se de contratos para retenção, com 50% das respostas. Por estar vinculado ao clube através de um contrato formal, conclui-se que é a forma mais efetiva para sua permanência. O atleta receberá salário e terá uma multa contratual estipulada, limitando as possibilidades de saída. Nenhuma forma de retenção é aplicada para 20% das equipes, resposta dada principalmente por times de menor investimento por não possuírem condições financeiras de arcar com contratos. Ainda devido os recursos escassos, para 10% a conversa com os pais é essencial para convencê-los da importância da permanência no clube. O relacionamento individual do coordenador da base com o jogador também foi citado, com os mesmos 10 % a utilização de parceria com os empresários para fornecer ajuda de custo ao atleta é aplicada por um time de menor investimento.
Figura 5. Formas de retenção do jovem qualificado
Fonte: Autores (2014)
Sabe-se dos problemas para manter os jovens jogadores nas categorias de base, portanto foi questionado qual é o principal deles. Como pode ser observado, existem dois principais problemas para a manutenção desse jogador como explicitado na figura 6. Um deles é o assédio de outros clubes, o outro é motivação dos jogadores, eles em conjunto correspondem a 80% da amostra.
Figura 6. Principal problema na manutenção do jogador na base
Fonte: Autores (2014)
O assédio de outros clubes é justificado pela ausência do certificado de clube formador, já a motivação é complicada pela sua subjetividade e difícil mensuração. Observa-se que 20% dos clubes entrevistados citaram outros fatores que são: um conjunto de manutenção da motivação, infraestrutura e corpo técnico responsável com 10% desses outros, e a influência do empresário com os outros 10%.
Vários problemas também foram identificados na assinatura do 1° contrato. A figura 7 expõe a influência do empresário na negociação como item mais citado, pois muitas vezes impõem exigências que o clube não pode cumprir.
Figura 7. Principal problema na assinatura do 1º contrato
Fonte: Autores (2014)
O assédio de outros clubes aparece em 20% das respostas, complicador principalmente nas equipes que não tem o certificado de clube formador. Os problemas na legislação aparecem com 20% e se remetem a Lei Pelé. Um dado interessante é a resposta de não ter problema, representando 10% da amostra, pois o clube abordado possui certificação de clube formador, limitando o assédio de outros clubes.
Após a assinatura do 1° contrato, o clube se torna dono dos direitos federativos do jogador e tem tranquilidade para planejar a quantidade de atletas que serão promovidos para a categoria profissional ao decorrer dos anos. Sendo assim, os clubes podem colocar em prática os planos para aproveitamento de atletas, seja para composição do elenco ou para aproveitamento no time titular.
A figura 8 mostra o clube Nova Iguaçu, como a organização que mais tem atletas oriundos da base com 71 %. Isto pode ser explicado pela existência de uma filosofia de aproveitamento da base no elenco profissional, facilitada por possuir o certificado de clube formador. O Fluminense aparece com 54% dos atletas do atual elenco. Em contrapartida, os clubes que menos possuem atletas da base no elenco profissional são América e Boavista respectivamente com 11% e 10%, seja por não ter uma filosofia de aproveitamento de atletas ou não terem atletas de qualidade aproveitados para abastecer a demanda do profissional.
Figura 8. Quantidade de atletas do elenco profissional oriundos da base
Fonte: Autores (2014)
Com a implementação da filosofia de aproveitamento dos jovens advindos da base na categoria profissional, os elencos podem ser compostos por jogadores formados no clube, o que garante identificação e uma folha salarial mais adequada ao estágio de desenvolvimento do atleta. Em contrapartida, as políticas de retenção e manutenção atendem aos objetivos financeiros, evidenciando e mensurando os ativos intangíveis.
Conclusões
O presente trabalho teve como objetivo identificar e entender as motivações e as percepções de clubes de futebol, a respeito do processo de transição de atletas captados para a base e o acesso dos mesmos ao elenco de uma equipe que mantenha quadro de jogadores em categoria profissional.
Dos clubes estudados se observou que nem todos percebem os jogadores e o processo de forma similar, e que alguns, Nova Iguaçu e Fluminense, possuem o processo mais estruturado, o que faz com que os atletas da base sejam melhor encaixados no planejamento de futebol da categoria profissional. A busca por resultados também foi constada. Em detrimento ao planejamento em longo prazo, muitos dos jogadores considerados destaques não evoluem na carreira gerando uma inadequada eficiência.
A análise dos resultados corroborou com a revisão de literatura, pois profissionais das categorias de base são gabaritados para exercer suas funções, entretanto não são estruturados para captação e retenção de jogadores. Como exemplo, pode-se mencionar a pergunta na qual responderam que os jogadores da base atendem a demanda do profissional, entretanto não há uma política formal de acesso desses jogadores oriundos da base para o profissional. É possível notar a qualidade técnica como fator primordial para o jogador continuar nas categorias de base e obter um possível acesso ao profissional.
De uma maneira geral, os entrevistados indicaram que a captação atende as demandas da categoria profissional dos clubes. Em alguns casos, se mostra eficiente o treinamento conjunto entre as equipes da categoria de base e as profissionais, atividades agendadas e observadas pelo treinador do profissional. Também se identificou que não existe uma politica formal de ingresso de um jovem talento ao grupo de profissionais, situação que é viabilizada, em muitos casos, quando o atleta desenvolve alto rendimento na base.
Sabendo que a dedicação para se alcançar o alto desempenho que viabilize o ingresso na categoria profissional, se tem que o apoio da família e os recursos de um centro de treinamento, se tornam elementos viabilizadores para que os jovens não desistam da caminhada. Já os jovens que se destacam cedo, recebem convites/propostas que exigem que os clubes, principalmente os maiores, estabeleçam contratos profissionais tão logo possam, para a manutenção da promessa em seu plantel. Então, o assédio de outros clubes e a motivação do atleta em permanecer são elementos fundamentais para o garoto seguir sua formação no clube que ingressou.
A percepção geral é que para a manutenção do atleta na base, os clubes têm que lidar com empresários que se apresentam como representantes oficiais, e principais gestores de carreira. Dentre os clubes estudados, se tem o Nova Iguaçu e o Fluminense, como as organizações que melhor conseguem montar seus planteis com garotos oriundos da base. Já o Boavista e o América, se posicionam como as equipes com os piores índices de aproveitamento dos atletas oriundos de suas categorias de base.
Bibliografia
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Paoli, P.B., Silva, C.D., Soares, A.J.G. (2008). Tendência atual da detecção, seleção e formação de talentos no futebol brasileiro. Revista Brasileira de Futebol.
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Thomaz, T.R., Paoli, P.B. (2007). Percepções de técnicos da categoria infantil das escolas de futebol da Grande Vitória - ES, referentes ao desenvolvimento do componente tático no planejamento de trabalho. Lecturas: Educación Física y Deportes (Buenos Aires), 12 (115). http://www.efdeportes.com/efd115/escolas-de-futebol-desenvolvimento-do-componente-tatico.htm
Weinberg, R. e Gould, D. (2001). Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed Editora.
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