Estado nutricional e nível de atividade física em crianças de uma escola pública de Bom Jesus do Sul, Paraná Estado nutricional y nivel de actividad física en niños de una escuela pública de Bom Jesús do Sul, Paraná State nutrition and physical activity level in children of a public school Bom Jesus do Sul, Parana |
|||
*Graduada em Educação Física. Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, São Miguel do Oeste – Santa Catarina **Laboratório de Fisiologia do Exercício - LAFE. Mestre em Educação Física Professora do curso de Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC. São Miguel do Oeste – Santa Catarina |
Cristiane Corrêa da Silva* Sandra Fachineto** sandra.fachineto@unoesc.edu.br (Brasil) |
|
|
Resumo Objetivou-se analisar o estado nutricional e o nível de atividade física em crianças de uma escola pública municipal de Bom Jesus do Sul, PR. A amostra foi composta por 149 escolares. Avaliou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) por meio da medida da massa corporal e da estatura e o nível de atividade física foi determinado através do questionário “Dia Típico de Atividades Físicas e Alimentação” (DAFA). A estatística descritiva (média, desvio-padrão e a freqüência relativa - %) e o teste t de Student independente foram usados para analisar os dados. Os resultados para o estado nutricional indicaram que o padrão de normalidade prevalece entre os gêneros. Entretanto, foi observado que 16,9% dos meninos e 16,7% das meninas apresentaram sobrepeso e 11,1% das meninas são obesas. Os meninos apresentaram uma pontuação para a prática de atividade física de 37,61 e as meninas de 29,50. Esses valores são considerados baixos para parâmetros de crianças ativas. Conclui-se que a realidade encontrada no estudo se assemelha com outros estudos envolvendo o tema em questão. Nesse sentido, orienta-se intervenções educacionais para reverter esse quadro. Unitermos: Estado nutricional. Nível de atividade física. Crianças.
Abstract The objective was to analyze the nutritional status and the level of physical activity in children from a public school of Bom Jesus do Sul, PR. The sample consisted of 149 students. Evaluated the body mass index (BMI) by measuring body mass and height and level of physical activity was determined by questionnaire "Typical Day Physical Activity and Food" (DAFA). Descriptive statistics (mean, standard deviation and the relative frequency - %) and Student's t test were used to analyze independent data. The results for the nutritional status indicated that the normal range prevails between genders. However, it was observed that 16.9% of boys and 16.7% of girls were overweight and 11.1% of girls are obese. The boys had a score for physical activity of 37.61 and 29.50 of the girls. These values are considered low for active kids parameters. We conclude that the reality found in the study is similar to other studies involving the issue at hand. In this sense, guided educational interventions to reverse this situation. Keywords: Nutritional status. Physical activity level. Children.
Recepção: 05/05/2015 - Aceitação: 17/07/2015
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Um importante indicador do desenvolvimento infantil saudável é o estado nutricional, uma vez que fornece subsídios para avaliar as condições de saúde de uma população (Diniz et al., 2013). Em um estudo realizado por Baruki et al. (2006), constatou-se que crianças eutróficas são mais ativas e gastam menos tempo em atividades sedentárias do que crianças com sobrepeso, evidenciando que é fundamental educar para a adoção de hábitos saudáveis, desde a infância. Intervenções sociais envolvendo a escola, as famílias e os profissionais da área de saúde devem proporcionar orientações nutricionais, conscientizar a população para a redução do sedentarismo e incentivar a prática de atividades físicas em crianças e adolescentes.
A inatividade física vem aumentando gradativamente de geração em geração onde jogos eletrônicos, televisão e a internet substituem as brincadeiras nos parques, ruas e praças. Esta realidade se agrava ainda mais quando adicionada à falta de segurança nestes espaços e a pouca disponibilidade de tempo dos pais o que muitas vezes contribui ainda mais para a elevação deste quadro (Coelho, Virtuoso Junior e Luz, 2012)
Diante de tal situação é importante monitorar constantemente o estado nutricional e a prática de atividade física de crianças a fim de promover intervenções de promoção da saúde. O objetivo deste estudo foi analisar o estado nutricional e o nível de atividade física de crianças de uma escola pública de Bom Jesus do Sul, Paraná.
Materiais e métodos
Amostra e instrumentos de coleta de dados
A amostra foi formada por 149 escolares de ambos os gêneros com faixa etária entre 7 e 10 anos, regularmente matriculados em uma escola municipal de Bom Jesus do Sul, sendo 77 meninos e 72 meninas. A amostra foi selecionada de forma intencional, com participação voluntária e como critério de inclusão foi adotada a devolução do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) devidamente assinado pelos pais ou responsáveis.
Para avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes foi usado o índice de massa corporal (IMC) a partir de medidas de massa corporal e estatura, conforme protocolo proposto por Gaya (2012).
A avaliação da prática de atividade física foi realizada a partir da aplicação do questionário Dia Típico de Atividades Físicas e de Alimentação – DAFA (Barros et al., 2007). Para determinar o nível geral de atividade física são atribuídos três pesos distintos como forma de ponderar as atividades marcadas pela criança: peso 1 (um), para atividades de intensidade leve (devagar), peso 3 (três) para atividades de intensidade moderada (rápida) e peso 9 (nove) para atividades de intensidade vigorosa (muito rápida).
Técnica de análise dos dados
As análises estatísticas foram realizadas através do programa estatístico SPSS for Windows 17.0. Foi usada a estatística descritiva (média e desvio-padrão) para caracterizar as variáveis e a freqüência relativa (%) para classificar os escolares quanto ao IMC e nível de atividade física. Para comparar o estado nutricional e o nível de atividade física entre os gêneros foi usado o teste t de Student para amostras independentes.
Resultados e discussão
Na tabela 1 é apresentada a comparação entre os gêneros dos indicadores antropométricos, de gordura e da prática de atividade física dos alunos do 1º ao 5º ano. Entre os valores antropométricos não houve diferença significativa, porém no que se refere ao nível de atividade física os dados apresentaram diferença a ser considerada.
Tabela 1. Comparação entre os gêneros dos indicadores antropométricos, de gordurae da práticade atividade física de alunos do 1º ao 5º ano
*P≤0,05
Fonte: as autoras
Corroborando com o estudo em questão, Coelho et al. (2012), realizou uma pesquisa transversal com 661 escolares de 6-14 anos de idade da cidade de Ouro Preto, em que 52,2% eram meninos e 47,8% meninas, observou-se diferença significativa entre o nível de atividade física, ainda 80,3% dos indivíduos foram classificados como inativos, não alcançando tempo médio necessário para considerá-los ativos.
O gráfico 1 representa a comparação do estado nutricional entre os gêneros. O padrão de normalidade prevalece, os meninos apresentam 80,5% e as meninas 61,2%. Constata-se um percentual maior de meninas com obesidade e também que apresentam baixo peso. A prevalência de excesso de peso é similar em ambos os gêneros.
Gráfico 1. Percentual de escolares classificados de acordo com o estado nutricional e comparações entre os gêneros
Fonte: as autoras
Dados parecidos com o desta pesquisa são encontrados na literatura. Pelegrini et al. (2008), aponta uma pesquisa que teve como amostra 282 escolares (160 do sexo masculino e 122 do sexo feminino) entre sete e dez anos avaliando o estado nutricional, o mesmo constatou que 18,1% dos meninos e 15,6% das meninas apresentaram prevalência de sobrepeso/obesidade.
Chama-se atenção também para os valores de baixo peso encontrados, principalmente no gênero feminino. Em um estudo de Oliveira et al. (2011), os autores encontraram 5,1% de escolares com baixo peso no município de Cruzeiro do Oeste, PR. Os autores chamam a atenção de que o Brasil está passando por uma transição nutricional, onde está diminuindo os casos de desnutrição e aumento os de sobrepeso e obesidade. Embora nesta pesquisa ainda se observou altas prevalências de desnutrição há de se considerar que os valores de excesso de peso ainda são maiores.
No gráfico 2 é apresentada a proporção de escolares classificados como mais ativos nos 11 tipos de atividade física do questionário DAFA, segundo o gênero. A frequência de meninas “mais ativas” foi significativamente maior nas atividades de dançar, pular corda, caminhar e tarefas domésticas, enquanto os meninos foram “mais ativos” em maior frequência nas atividades jogar bola, pedalar, nadar, subir escadas, andar de skate, brincar com animais e ginástica. Houve maior diferença significativa (P≤0,05) entre os gêneros em andar de bicicleta, passear com o cachorro, andar se skate, jogar futebol e subir escadas a favor dos meninos e caminhar e dançar nas meninas. Assim, percebe-se, de forma geral, que os meninos tem um padrão de atividade física maior que as meninas.
Gráfico 2. Percentual de escolares classificados como mais ativos por tipo de atividade segundo o gênero
P≤0,05*
Fonte: As autoras
Costa e Assis (2011) desenvolveram um trabalho semelhante utilizando-se do mesmo questionário DAFA, em que, avaliaram crianças de 7 a 10 anos incluindo os 11 tipos de atividade segundo o sexo, os resultados foram parecidos com o estudo em questão, a frequência de meninas “mais ativas” foi significantemente maior nas atividades dançar e pular corda, enquanto os meninos foram “mais ativos” em maior frequência nas atividades jogar bola, pedalar, nadar, subir escadas, andar de skate, brincar com animais e ginástica. Não houve diferença entre os sexos na proporção de escolares “mais ativos” nas atividades caminhar/correr e nas tarefas domésticas. Estes achados sugerem que os aspectos culturais podem influenciar diretamente nas preferências pelas atividades físicas escolhidas pelas crianças nesta faixa etária.
Similar a este estudo, Spohr et al. (2012) através do questionário DAFA, utilizaram crianças do primeiro ano do ensino fundamental com escolas da rede municipal, estadual e particular, em que, os meninos demonstraram ser mais ativos que as meninas, com 36,37% versus 33,65%. Ao analisar o nível geral de atividade física, pode-se perceber que os meninos foram mais ativos que as meninas, concordando com a maioria dos estudos que fizeram as mesmas comparações entre os sexos.
Orientações para adoção de um estilo de vida saudável
A partir dos resultados obtidos na pesquisa, realizou-se uma palestra educativa na escola abordando assuntos relacionados ao sobrepeso, obesidade, hábitos saudáveis e ativos através da pirâmide alimentar e da pirâmide da atividade física. Inicialmente esses aspectos foram conceituados para que os alunos pudessem ter uma noção maior do que estaria sendo tratado, posteriormente utilizou-se dos gráficos para demonstrar os valores encontrados no nível de atividade física e no estado nutricional. Esses dados foram relevantes para chamar a atenção dos alunos quanto à importância de se ter uma vida saudável e ativa para a promoção da saúde. Além de alertar os alunos quanto a isso, os mesmos tiveram orientações de como estar praticando atividades físicas regulares e corretamente, a ingestão de água também foi abordada sua importância para o organismo.
Para complementar, Nahas (2006) afirma que a educação física tem a maior responsabilidade de trabalhar com atividades físicas e desenvolvimento humano. O autor entende que as práticas de atividade física vivenciadas na infância e adolescência se caracterizam como importantes atributos no desenvolvimento de atitudes, habilidades, e hábitos que podem auxiliar na adoção de um estilo de vida ativo fisicamente na idade adulta.
Conclusão
Quando se comparou os gêneros, meninos e meninas apresentam prevalência de excesso de peso similares e casos de obesidade foram detectados somente nas meninas.
Em relação ao nível de atividade física, observou-se de forma geral que o gênero masculino apresentou ser mais ativo que o feminino. Dentre todas as 11 atividades que foram avaliadas no questionário DAFA, os meninos são mais ativos na maioria delas. Ainda, houve diferença significativa entre os gêneros no número de pontos alcançados, ou seja, os meninos apresentaram em média 37,61 e as meninas 29,50.
Conclui-se que os dados obtidos nesta pesquisa foram relevantes para compreender a realidade das crianças em relação ao estado nutricional e nível de atividade física. Sabe-se também que o sobrepeso e a obesidade estão associados a um grande número de doenças crônico-degenerativas e que um dos fatores que desencadeiam isso é o sedentarismo ligado a falta de hábitos saudáveis. Por isso, a palestra de orientação foi uma estratégia inicial para chamar a atenção e focar em conteúdos voltados a esta temática em aulas de Educação Física.
Bibliografia
Baruki, S. B. S. et al. (2006). Associação entre estado nutricional e atividade física em escolares da rede municipal de ensino em Corumbá – MS. Revista Brasileira Medicinado Esporte, v. 12, n. 2, p. 90-94, mar/abr.
Barros, M. (2007). Validação de um questionário de atividade física e consumo de alimentos para crianças de 7 a 10 anos. Revista Brasileira de saúde maternal infantil, Recife, v.7, n.4, p. 437-448, out/dez.
Coelho, C. R; Virtuoso Junior, J. S; Luz, J. C. O. (2012). Atividade física e estado nutricional de adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos no município de Jequié, BA. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 16, n. 164. Jan. http://www.efdeportes.com/efd164/estado-nutricional-de-adolescentes-de-12-a-17.htm
Coelho, G. L. et al. (2012). Associação entre estado nutricional, hábitos alimentares e nível de atividade física em escolares. Jornal de Pediatria, Ouro Preto, v. 88, n. 5, p. 406-412.
Costa, F. F; Assis, M. A. A. (2011). Nível de atividade física e comportamentos sedentários de escolares de sete a dez anos de Florianópolis. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 48-54.
Diniz, M. L. et al. (2013). Avaliação dos parâmetros nutricionais e físicos de crianças de uma escola pública brasileira. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 17, n. 177. fev. http://www.efdeportes.com/efd177/avaliacao-dos-parametros-nutricionais-de-uma-escola.htm
Gaya, A. al. Projeto Esporte Brasil. (2012). Manual de Aplicação Medidas e Testes, normas e critérios de avaliação.
Nahas, M. V. (2006). Atividade física, saúde e qualidade de vida: orientações para um estilo de vida ativo. 4. ed. Londrina: Midiograf, 284 p.
Oliveira, A. P. et al. (2011). Estado nutricional de escolares de 6 a 10 anos em Cruzeiro do Oeste, Paraná – PR. Revista Brasileira Promoção Saúde, Fortaleza, v. 04, n. 24, p. 289-295. out/dez.
Pelegrini, A. et al. (2008). Estado nutricional de escolares com baixo nível socioeconômico de Cascavel-PR. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, n. 119, abr. http://www.efdeportes.com/efd119/estado-nutricional-em-escolares-de-baixo-nivel-socioeconomico.htm
Spohr, C. F. et al. (2012). Nível de atividade física de crianças do 1º ano do Ensino Fundamental. Revista Brasileira Ciência e Movimento. v. 20, n. 4, p.106-111.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 206 | Buenos Aires,
Julio de 2015 |