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Validação preliminar de equações antropométricas para 

a estimativa da gordura corporal em triatletas amadores

Validación preliminar de ecuaciones antropométricas para la estimación de la grasa corporal en triatletas aficionados

Preliminary validation of anthropometric equations for estimating body fat in amateur triathletes

 

Faculdade de Educação Física e Fisioterapia

Universidade Federal do Amazonas

Laboratório de Estudo do Desempenho Humano – LEDEHU

(Brasil)

Sarah Kethelen Guimarães dos Santos

Rafael Martins da Costa

Roberto Araújo Santos

Karolina Gabriela da Silva Nunes

João Otacílio Libardoni dos Santos

Vinícius Cavalcanti

sarah_kethelen@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo validar equações antropométricas que estimam o percentual de gordura corporal para triatletas. Fizeram parte do estudo oito triatletas do sexo masculino da cidade de Manaus-AM, com média de idade 30,6 ± 7,3, estatura de 174,8 ± 3,5, massa corporal de 77 ± 11 e tempo de prática de no mínimo 2 anos. Analisou-se a validade de 11 equações antropométricas através dos procedimentos estatísticos: Shapiro Wilk, teste t dependente e EPE, tendo como técnica padrão ouro a pletismografia por deslocamento de ar. Das equações analisadas, somente as propostas por Durnin e Womersley, Wilmore e Behnke, Guedes, e Forsithy e Sinning, responderam aos critérios de validação. Propõem-se mais estudos relacionados ao tema com maior número de avaliados e com maior quantidade de equações testadas.

          Unitermos: Antropometria. Estudos de validação. Composição corporal.

 

Abstract

          This study aimed to evaluate anthropometric equations to estimate the percentage of body fat for triathletes. Participants were eight male triathletes of Manaus-AM, mean age 30.6 ± 7.3, 174.8 ± 3.5 of height, body mass of 77 ± 11 and practice time in least 2 years. We analyzed the validity of 11 anthropometric equations through the statistical procedures: Shapiro Wilk, dependent t test and EPE, with the standard technique gold plethysmography air displacement. Of the equations analyzed, only those proposed by Durnin & Womersley, Wilmore & Behnke, Guedes and Forsithy & Sinning, answered the validation criteria. It is proposed further studies related to the topic with the most evaluated and tested largest amount of equations.

          Keywords: Anthropometry. Validation studies. Body composition.

 

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 10/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O triathlon é um esporte que consiste em três modalidades de endurance, dentre as quais natação, ciclismo e corrida respectivamente, e que é muito praticada em todo o mundo (Ferreira, 2005). O que não é diferente na cidade de Manaus, onde em 2011 havia quatro atletas federados e em 2012 aumentou para 110 atletas (Fetriam, 2015). E para que tenha um melhor desempenho nos treinos, é importante que o atleta tenha conhecimento de sua composição corporal, pois se sabe que a composição corporal é um dos componentes importantes da aptidão física, uma vez que o excesso de massa gorda pode prejudicar o desempenho do atleta, assim como a carência desta (Stager e Cordian, 1984; Garret e Kirkendall, 2000). Os estudos publicados em periódicos e que descrevem as características morfológicas dos triatletas, em grande parte, utilizam-se as medidas antropométricas.

    Após a obtenção dos valores das medidas, estes são empregados em equações e, por meio de cálculos, é possível fracionar a composição corporal. Para fazer uso de uma equação em determinada população, é necessário que essa equação tenha alcançado critérios de cientificidade na população avaliada, ou seja, deve ser válida para medir o que se propõe medir, caso contrário, pode subestimar ou hiperestimar valores, acarretando um erro de avaliação, o que acarreta a diagnóstico, a prescrição e a controle de treinamento equivocados (Jackson & Pollock, 1977; Glaner & Rodrigues-Añez, 1999; Vicente, López e Pascual, 2000; Di Salvo, Fagnani e De Sanctis, 2001; Fonseca et al., 2007).

    Este estudo justifica-se pela escassez na literatura abordando a técnica da pletismografia por deslocamento de ar em triatletas e principalmente a validação de fórmulas de mensuração de dobras cutâneas específica para este grupo. Portanto, o objetivo deste estudo foi validar equações antropométricas que estimam o percentual de gordura corporal para triatletas através da pletismografia por deslocamento de ar.

Procedimentos metodológicos

    Participaram do estudo 8 triatletas do sexo masculino da cidade de Manaus-AM, com média de idade (anos) 30,6±7,3, estatura (cm) média de 174,8±3,5, massa corporal (kg) média de 77±11 e tempo de prática de no mínimo 2 anos. Foi solicitado para que os atletas não praticassem exercício físico no dia da avaliação para que não houvesse alteração nos dados coletados. Aplicou-se primeiramente o teste da pletismografia por deslocamento de ar utilizando o BOD POD® (Body Composition System; Life Meansurament Instruments, Concord, CA) com os mesmos protocolos de Fields e Goran (2000) e Fields, Hunter e Goran (2000). Após o procedimento anterior foi realizado a avaliação antropométrica somente com mensuração de nove dobras cutâneas usando os protocolos da International Society of Advancement for the Kinanthropometry (ISAK). Para a demarcação dos locais onde foram mensuradas as dobras cutâneas, utilizou-se uma fita antropométrica de 2 metros (CESCORF®) e um lápis antropométrico de cor preto. A mensuração das dobras cutâneas foi feita com um adipômetro com precisão de 100 mm (CESCORF®) e para aplicação do teste foi requisitado que os avaliados utilizassem o mínimo de vestimenta possível. Foram mensuradas as dobras cutâneas: tricipital, subescapular, bicipital, axilar média, ilíaca, supraespinhal, abdominal vertical, coxa média e panturrilha.

    Os procedimentos antropométricos adotados foram os seguintes: para todas as medidas, foi adotado o lado direito do atleta; a medição foi realizada em sistema rotacional, com três medidas, adotando-se a média como medida final; as medidas foram efetuadas por um único avaliador com certificação nível I da ISAK.

    Para análise estatística foi realizado o seguinte procedimento: para verificação da normalidade dos dados aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk. Em seguida, verificou-se que os mesmos eram dados paramétricos, necessitando a utilização do Test t de Student para amostras pareadas e utilizou-se a correlação de Pearson. O nível de significância foi p<0,05. Para análise dos dados estatísticos foi utilizado o software The R Foundation for Statistical Computing version 3.2.0 para Windows.

Tabela 1. Referência, equação e valor da correlação das equações utilizadas para a validação

Resultados

    Os resultados obtidos neste estudo estão apresentados em forma de tabelas. A tabela 2 apresenta as características descritivas dos dados da pletismografia por deslocamento de ar. A tabela 3 apresenta os resultados dos critérios de validação das 11 equações.

Tabela 2. Dados da pletismografia por descolamento de ar (Bod Pod) (n= 8)

 

Tabela 3. Resultados dos critérios de validação das equações

Discussão

    Os atletas mensurados no presente estudo possuem diferença de idade e massa corporal quando comparados com atletas internacionais. O percentual de gordura dos avaliados é superestimado em comparação ao da literatura internacional, assemelhando-se somente com a estatura.

    As características de idade, estatura e massa corporal dos triatletas desta pesquisa são semelhantes aos dados dos triatletas de recreação da pesquisa de Garret e Kirkendall (2000).

    Ao correlacionar o Teste T com outros estudos, demonstrou-se que somente as equações de Durnin e Womersly (1974), Forsthy e Sinning (1973) e Wilmore e Behnke (1969) não se diferenciaram da medida padrão; já todas as outras equações apresentaram diferenças estatísticas. Além disso, a equação antropométrica utilizada especificamente para triatletas (Evans et al. 2005) não se aproximou do valor da técnica da pletismografia por deslocamento de ar, isto é, não servindo para o grupo estudado desta pesquisa. Uma hipótese para esse resultado poderia ser o fato do número de atletas avaliados ser pequeno.

Conclusão

    Com base nos resultados apresentados em neste estudo foram utilizadas onze equações, sendo seis generalizadas e cinco específicas. Também, há diferença estatisticamente significativa em três equações generalizadas (Yuhasz Sloan et al., 1974 e Petroski, 1995) e em quatro equações utilizadas das cinco específicas (Thorland et al., 1984; Withers et al., 1987; Faulkner, 1968 e Evans et al. 2005). O resultado desta pesquisa pode ter se dado devido ao pequeno número de sujeitos avaliados o que pode ter gerado conflitos na análise estatística. Propõem- se mais estudos relacionados ao tema com maior número de avaliados e com maior quantidade de equações testadas.

Bibliografia

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