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Depressão, atividade física e qualidade de vida

Depression, physical activity and quality of life

 

*Faculdade Adventista de Hortolândia – FAH – Hortolândia – SP

**Centro Universitário Adventista

***Faculdade Adventista de Hortolândia – FAH – Hortolândia – SP

(Brasil)

Olga Bouchard Monteiro*

olguibouchard@hotmail.com

Sérgio Henrique Soares Monteiro**

shs.monteiro@uol.com.br

Helena Brandão Viana***

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre a atividade física, a depressão e a qualidade de vida. Para isso foi utilizada revisão de literatura sobre os temas apontados no objetivo, discutindo artigos de pesquisa de campo que mostram a influência da atividade física sobre estados depressivos e a qualidade de vida. A literatura estudada demonstra que a prática de exercícios físicos é um fator de suma importante no tratamento de várias enfermidades, dentre as quais a depressão. As pesquisas são consistentes mostrando que a depressão pode ser tratada e amenizada através da prática regular de atividades físicas, melhorando assim a qualidade de vida individual.

          Unitermos: Depressão. Atividade física. Qualidade de vida.

 

Abstract

          The aim of this study was to analyze the relationship between physical activity, depression and quality of life. For this issue it was used literature review on the topics highlighted in the goal, arguing several articles showing the influence of physical activity on depressive states and quality of life. The literature reviewed shows that physical exercise is an important factor in the treatment of various diseases, among them, the depression. Surveys are consistent showing that depression can be treated and alleviated through regular physical activity, thereby improving individual quality of life.

          Keywords: Depression. Physical activity. Quality of life.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 15/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Doenças fazem parte da história da humanidade. Sabe-se, por exemplo, que até 2009, os problemas coronarianos eram responsáveis por mais de 30% das mortes ao redor do mundo. Outras doenças, como síndromes respiratórias, câncer e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), também acometem uma grande parcela da população mundial (Babyak et al., 2000; Nedley, 2009).

    Dentre os problemas de saúde com alta incidência encontra-se a depressão, que tem se expandido de forma alarmante, conforme notícia veiculada pela Fundação Osvaldo Cruz. Esta notícia afirma que a depressão é considerada, atualmente, um dos transtornos mentais mais comuns, gerando um alto custo social e econômico, devido aos tratamentos prolongados que requer (CRUZ, 2012).

    No entanto, embora a depressão afete ambos os gêneros, ela é mais frequente entre as mulheres. Segundo diferentes autores (Collins, 2004; Nedley, 2009), isto pode ser explicado por diversos fatores, tais como o meio em que as mulheres estão imersas, bem como por alterações hormonais, estilo de vida inadequado, sedentarismo, dentre outros.

Qualidade de vida

    A literatura define a qualidade de vida como um conjunto de fatores que influenciam a percepção do mundo e a saúde dos indivíduos, desempenhando um importante papel na obtenção de um estado geral de bem-estar (Vilarta, 2007). De acordo com o autor, fatores como uma boa nutrição, descanso, qualidade de sono, luz solar, confiança em Deus e exercícios físicos são alguns dos constituintes daquilo que se entende por qualidade de vida.

    Os exercícios realizados regularmente ajudam a baixar os níveis de tensão muscular, sendo eficazes para reduzir o estresse psicológico, aumentar a resistência do corpo, melhorar a capacidade cardiorespiratória, o controle de peso e a autoestima (Jacobson, 1978). Em virtude desses múltiplos benefícios, os exercícios físicos tambem ajudam como uma técnica de relaxamento altamente recomendada para as pessoas que sofrem de depressão (Oman & Oman, 2003).

    Obviamente, há que se começar definindo corretamente o que por qualidade de vida se entende. Há os aspectos subjetivos do conceito Qualidade de Vida (Vilarta, 2007), os quais são de difícil medição, uma vez que subjazem na auto compreensão do indivíduo e de suas expectativas. De fato, é este aspecto subjetivo que norteia a definição de Qualidade de Vida pela Organização Mundial da Saúde, segundo a qual “...a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (OMS, 1994 apud Vilarta, 2007, p. 56).

    Entende-se que mesmo este aspecto subjetivo é importante, visto que a auto avaliação e a percepção individual geram estímulos de resposta, positivos ou negativos, que moldarão a qualidade de vida futura do indivíduo.

    Por outro lado, no domínio da saúde há uma definição mais objetiva da qualidade de vida, quase um modelo matemático, um valor atribuído à vida, ponderado pelas deteriorações funcionais, as percepções e condições sociais que são induzidas pela doença, agravos, tratamentos e a organização política e econômica do sistema assistencial conforme (Silqueira, 2005). Em decorrência destas diferenças fundamentais em sua conceptualização, quando comparadas com as de outros autores de cunho mais sociológico ou econômico, os autores mencionados cunharam a expressão “Qualidade de Vida Relacionada à Saúde” (QVRS).

    De acordo com Testa e Simonson (1996, p. 72), a QVRS se refere aos “domínios físico, psicológico e social da saúde vistos como áreas distintas e influenciadas pela experiência pessoal, por crenças, expectativas e percepções”.

Depressão

    Ao atingir parcela importante da população mundial, a depressão deve ser estudada e colocada em perspectiva dentro do contexto social. Para isso, é preciso definir o que é depressão, quais são as causas e sintomas associados para, em seguida, analisar as formas de se combater este mal.

Aspectos conceituais da depressão

    Na literatura existem inúmeras definições de depressão, embora tenham aspectos em comum. Lehtinen e Joukamaa (1994, p.7) afirmam que “a depressão é um transtorno de humor caracterizado por manifestações afetivas anormais que variam em relação a sua intensidade, frequência e duração na ocorrência de sintomas”. Segundo Kraepelin (1989), a depressão envolve uma mudança do humor atrelada a uma lentidão de pensamentos e ações. A pessoa afetada pela depressão se sente impotente e a doença vem quase sempre acompanhada de outros sintomas, como humor deprimido, desânimo, tristeza profunda, sentimentos de inutilidade, vazio, irritabilidade. Para Nedley (2009), a depressão parece roubar a própria essência de quem somos e retira do cérebro as suas aptidões de criatividade, espontaneidade, realização e alegria.

    No âmbito estritamente físico, são muito comuns as dores no corpo, principalmente na coluna lombar, pescoço, ombros e abdômen (Vilarta, 2007). Outras manifestações comuns são o aumento da pressão arterial, palpitações, esgotamento, fadiga, alterações no sono, tiques nervosos, fraqueza, mal estar. Psicologicamente, a pessoa apresenta um quadro de baixa autoestima, isolamento, auto piedade, instabilidade, mortificação, desespero, dentre outros.

Etiologia da depressão

    De acordo com os autores, são várias as causas da depressão, sendo que algumas podem, ainda, atuar conjuntamente. Collins (2004), especificamente, agrupa as causas em biológicas e psicológicas, como apresentado a seguir.

Causas biológicas

    Muitas vezes, a depressão pode ter uma causa biológica, palpável e mensurável. Por exemplo, milhares de mulheres apresentam mensalmente sintomas de depressão como parte da tensão pré-menstrual (TPM). Outros fatores que podem levar a quadros depressivos são poucas horas de sono, efeitos colaterais de medicamentos, sedentarismo, disfunção neuroquímica, tumores no cérebro ou distúrbios glandulares (Nedley, 2009).

    No que diz respeito aos mecanismos que causam a depressão, os estudos avançam, mas ainda não há uma conclusão definitiva se os pensamentos depressivos provocam alterações bioquímicas ou se é um desequilíbrio químico no cérebro que provoca a depressão (Collins, 1992).

    A pesquisa associada às causas genéticas da depressão é polêmica e não conclusiva. O ponto de interesse destacado pelo autor e importante para o presente trabalho é que, ainda que haja uma tendência genética para a depressão, o estilo de vida, aliado a outros fatores, desempenhará um papel definitivo no estabelecimento ou não do quadro depressivo (Nedley, 2009).

Causas psicológicas

    Estudos têm demostrado que nem todas as causas da depressão são físicas, mas que existem diversos fatores psicológicos envolvidos (Cf. os estudos de Aromaa, Raitasalo et al., 1994; Oman e Oman, 2003; Baptista, 2004; Anttila, Knuuttila et al., 2006). Conforme Collins (1992), os mais importantes são: história da família, desespero aprendido e a presença de pensamentos negativos.

    A história de vida envolve situações de trauma e/ou conflito familiar. Por exemplo, quando os pais rejeitam o bebê aumenta a probabilidade dele apresentar, em algum momento da vida, um quadro depressivo. O mesmo acontece quando os pais criam padrões ou expectativas muito elevadas para seus filhos, tanto fisicamente quando profissionalmente, que eles não conseguem alcança-la.

    Outro fator associado à depressão é o desespero aprendido (Collins, 1992), que envolve a frustação constante por situações sobre as quais não temos controle. Por exemplo, situações repetitivas no trabalho, frustrações amorosas, acabam por ensinar que não importa o esforço as ações tomadas são sempre inúteis.

Exercício físico e qualidade de vida

    No aspecto físico, os exercícios físicos ajudam a enrijecer a musculatura, fazem com que ela trabalhe de modo mais eficiente, melhoram a postura, retardam o envelhecimento, ajudam a prevenir diversas doenças, diminui a resistência à insulina (diabetes tipo 2) e as triglicérides. Além disto, os exercícios diminuem o risco de cálculos, melhoram as fibromialgias, ajudam a evitar dores, diminuir gordura, aumentar a circulação, tirar as impurezas, diminuem o risco de certos tipos de câncer (Nedley, 2009).

    Quando o corpo é exercitado, fortalecido, você se sente mais disposto, dinâmico, feliz e leve, vê o mundo de forma mais positiva e percebe a melhoria na qualidade de vida. Uma vez que passa a ter esta percepção, a sua qualidade de vida relacionada à saúde vem a ser outra. O afastamento de doenças, a melhoria de humor, a concentração, melhor relacionamento são as recompensas (Blumenthal, Babyak et al., 1999; Brenda, Rejeski et al., 2002; Dishman, Hales et al., 2006).

    Os estudos também demostram que os benefícios para qualidade de vida existem apenas em um programa regular e não em exercícios esporádicos e não controlados (Babyak, Blumenthal et al., 2000; Heyward, 2004; Nedley, 2009). De fato, a literatura afirma que as mulheres que fazem exercícios apenas ocasionalmente tem exatamente a mesma chance de desenvolver depressão dentro de oito anos, que aquelas que nunca o fazem (Farmer, Locke et al., 1988). Extrapolando o dado, seria possível afirmar que a qualidade de vida destas mulheres que praticam atividades ocasionalmente será a mesmo daquelas que não o fazem.

    Talvez o principal problema esteja na manutenção de um programa regular de atividades físicas. É um truísmo afirmar que as academias e parques estão vazios, enquanto os consultórios médicos estão cheios. É, certamente, muito mais fácil ir ao médico e tomar os medicamentos receitados, do que seguir à risca um programa definido com exercícios. Entretanto, mesmo aqueles que fazem uso de medicamentos podem e irão se beneficiar com associação destes com um programa de exercícios (Nedley, 2009; Heyward, 2004). De fato, o estudo de Babyak, Blumenthal et al. (2000) demonstrou que esta associação entre exercícios e medicamentos reduzia grandemente a possibilidade de recorrência do quadro após 10 meses.

    Sendo assim, os dados observados sugerem que a prática regular de exercícios físicos pode auxiliar na redução da depressão nas mulheres (Cheik, Reis et al., 2003). Nedley (2009) fornece algumas ideias práticas para um programa para pessoas com depressão:

  • Faça algo que você goste. Isto fará que ocorra a liberação de endorfinas, trazendo a sensação de bem-estar e prazer, resultado na vontade de seguir.

  • Faça as atividades em companhia de alguém com quem você se sinta bem para conversar. A atividade física feita em conjunto é motivadora e diminuirá a possibilidade de que ocorra o abandono das atividades.

  • Estabeleça uma rotina tanto de horário quanto de lugar. Cuide da segurança, mas busque estabelecer uma rotina de exercícios, que devem ser seguidos. A rotina serve para acostumar seu corpo com os exercícios, e fazê-los integrar sua vida.

  • Estabeleça metas. Metas servem como motivadores. Ao perceber o atingimento destas, haverá a sensação de objetivo cumprido e de ganho. Por isto, é preciso buscar um avaliador físico, que estabelecerá, em conjunto, objetivos e os meios para alcança-los, além de acompanha-los ao longo do programa repetindo as avaliações, corrigindo desvios e mostrando os resultados.

    Conforme podemos apreender da literatura estudada, a prática de exercícios físicos faz parte de um programa de melhoria da qualidade de vida. Os benefícios, entretanto, serão sentidos apenas se os exercícios forem realizados regularmente e não o serão somente no aspecto físico, mas também no aspecto psicológico. Assim e posivel observar ao longo deste estubo bibliografico que os exercicios fisicos acompanhados por um profisional especializado, serão de fundamental relevãncia ja que eles são utiles para melhorar não somente a saúde mental como física (White, 2005).

Qualidade de vida, exercícios físicos e depressão

    Diferentes estudos têm demonstrado que a depressão é controlada não apenas por terapias e remédios, mas também por uma mudança do estilo de vida. Um estilo de vida que conduza a uma vida mais saudável, já foi demonstrado por Nedley (2009) e Heyward (2004), entre outros, levará a uma vida mais feliz, reduzindo ou mesmo fazendo desaparecer os quadros depressivos.

    Todos estes autores concordam e deixam claro que os exercícios físicos ajudam a aliviar sintomas depressivos. Seria possível mencionar, ainda, uma multidão de outros estudos que vão exatamente na mesma direção e chegam à mesma conclusão: os exercícios físicos atuam positivamente no tratamento a depressão. Estes mesmos estudos demonstram, ainda, que mesmo que uma pessoa não apresente sintomas depressivos, um programa regular de exercício físico atuará não apenas em sua estrutura física, mas também na sua mente.

    No mesmo contexto, pesquisadores da Universidade de Duke (Blumenthal, Babyak et al., 1999) analisaram o impacto sobre a depressão de um programa de exercícios físicos 3 vezes por semana com 30 minutos de duração em cada sessão, obtendo a mesma resposta que o tratamento com drogas. O desejo de mudar será de inestimável significância na vida não somente da mulher deprimida ou com sintomas para a depressão, mas também para sua família e sociedade em geral.

Considerações finais

    A pesquisa bibliográfica tem demostrado, através da análise da literatura, que a depressão é um mal que existe ainda em nossos dias e que no futuro estará presente como um vilão para a humanidade. A prática de exercícios físicos será de total eficácia e eles deveriam ser praticados regularmente. Apesar dos exercícios físicos serem um fator determinante para uma qualidade de vida melhor e sem depressão, não e único ou milagroso por si mesmo. Ele deve ser efetuado diariamente e tendo em conta uma qualidade de vida geral. Assim foi possível observar ao longo deste estudo bibliográfico que os exercicios fisicos acompanhados por um profisional especializado, serão de fundamental relevância já que eles são úteis para melhorar não somente a saúde mental como física (White, 2005).

    Foi, portanto, analisado a efetividade da qualidade de vida especialmente na prática de exercícios físicos como complemento para prevenir a depressão ou ajudar no processo de cura. Os dados apresentados demostram que os exercícios físicos são fundamentais para uma qualidade de vida. A literatura estudada é clara em demonstrar que a pratica de exercícios físicos é um fator de suma importância no tratamento de várias enfermidades, dentre as quais a depressão. Os resultados das pesquisas são consistentes com um quadro de melhoria contínua e permanente dos quadros depressivos.

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