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Estudo comparativo da autonomia funcional de mulheres idosas 

praticantes de musculação terapêutica e treinamento aeróbico

Estudio comparativo de la autonomía funcional de mujeres mayores
que practican musculación terapéutica y entrenamiento aeróbico

Comparative study of the functional autonomy of elderly women
practitioners of therapeutic fitness and aerobic training

 

Universidade do Estado do Pará

Laboratório de Exercício Resistido e Saúde (LERES)

(Brasil)

César Augusto de Souza Santos

cesylamazon@gmail.com

Lívia Patrícia da Silva Nascimento

lyvianascimento@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivando avaliar o nível de autonomia funcional em idosas praticantes de Musculação Terapêutica e Treinamento Aeróbico em 76 idosas pré e pós 20 sessões de treinamento, praticantes de MT e TA. Utilizou protocolo de GDLAM composto pelos testes caminhar 10metros, levantar-se da posição sentada, levantar-se da posição decúbito ventral, levantar-se da cadeira e locomover-se pela casa e vestir e tirar a camiseta. No TA 88% reduzindo tempo de C10M, de 68% no teste VTC, nos demais houve aumento médio de 90%. No MT houve redução no tempo ao realizar os testes, significativos 84% no C10M, 96% em LPDV e 100% em VTC. Resultados indicam que 20 sessões de MT produz benefícios, reduzindo tempo dos testes, apresentando melhor escores no IG enquanto que no TA apresentou redução no tempo dos testes de C10M e VTC. Sugere-se a MT como treino mais indicado para a manutenção da autonomia funcional em idosos.

          Unitermos: Autonomia funcional. Idosas. Musculação terapêutica e treinamento aeróbico.

 

Abstract

          To evaluate the level of functional autonomy in elderly women engaged in Bodybuilding Therapeutics and Aerobic Training in 76 older pre and post 20 training sessions, MT practitioners and TA. Used GDLAM protocol composed of tests 10metros walking, getting up from sitting position, get up from the prone position, get up from the chair and walk around the house and clothe and take the shirt. In TA 88% reducing time C10M, 68% in the VTC test, in the other there was an average increase of 90%. In MT there was a reduction in time to perform the tests, significant 84% in C10M, 96% and 100% in LPDV in VTC. Results indicate that 20 MT sessions produces benefits, reducing time of testing, with better scores on the IG while the TA decreased in time of C10M and VTC tests. It is suggested TM as most suitable for the practice of functional autonomy maintenance in the elderly.
          Keywords: Functional autonomy. Elderly. Therapeutic weight training and aerobic training.

 

          Presenteado em II Bioergonomics – International Congress of Biomechanics and Ergonomics do 4 ao 7 de junho em Manaus, Amazonas, Brasil.

 

Recepção: 08/06/2015 - Aceitação: 10/07/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O crescimento no número de idosos e o aumento da expectativa de vida mundial vêm acontecendo de forma progressiva, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2009), estima-se que o Brasil seja o sexto país do mundo em número de idosos até 2025, gerando uma maior preocupação sobre a qualidade de vida desta população, quanto a um envelhecer mais saudável, independente, ativo.

    O processo de envelhecimento pode ser determinado pela perda funcional progressiva que ocorre de forma gradual, universal e irreversível com o avançar da idade, acarretando muitas vezes a incapacidade funcional. A Organização Mundial da Saúde – OMS a incapacidade funcional é um conceito particularmente útil para avaliar as condições de saúde dos idosos, já que variam em impacto sobre a vida cotidiana, sendo definida como a dificuldade, devido a uma deficiência, para realizar as atividades típicas e pessoalmente desejadas na sociedade (IBGE, 2009).

    O decréscimo da capacidade funcional é provocado, em grande parte, pelo desuso procedente do sedentarismo, o que pode ser melhorada pela prática regular de exercícios ou adoção de um estilo de vida mais ativo, retardando os efeitos nocivos causados pelo processo de envelhecimento. Atualmente são inúmeras as abordagens científicas a cerca da boa qualidade de vida, segundo Santarém, são necessárias várias qualidades de aptidão física para a execução das nossas atividades diárias, propondo os exercícios resistidos como os melhores exercícios para estimular a integridade e a função do aparelho locomotor. Isto se deve pelo fato de que o corpo necessita muito de um trabalho de força muscular, para compensar a sua perda natural, notado principalmente em idosos e mulheres.

    O exercício resistido é geralmente associado ao termo musculação, no qual é traduzido como “ação muscular”, por isso trata-se de todo movimento realizado contra uma resistência, como pesos livres, caneleiras, elásticos, aparelhos de musculação, etc.

    O termo Musculação Terapêutica (MT), segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva, é uma modalidade de exercício físico em solo capaz de recuperar ou melhorar diversos parâmetros de indivíduos sedentários ou debilitados, trazendo-os aos padrões funcionais normais, a prescrição do exercício variam de acordo com as necessidades, as experiências prévias e o estado de saúde do indivíduo, sendo apropriadamente modificados.

    No entanto, dentre as atividades mais orientadas em programas de exercícios físicos para idosos, uma das que mais e destaca é a caminhada, que contribui para uma melhora na circulação e na atividade do coração, além de diminuir os riscos de problemas cardíacos (Caporicci et al., 2011).

    Nesta perspectiva, este estudo teve como objetivo comparar a autonomia funcional de mulheres idosas praticantes de Musculação Terapêutica (MT) e Treinamento Aeróbico (TA), utilizando o protocolo de avaliação da autonomia funcional (GDLAM), a fim de propor o treinamento mais direcionado para esta população.

Metodologia

    Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva e comparativa. Em relação ao modo de coleta, este estudo é classificado como pesquisa experimental, de caráter quantitativo.

    A população pesquisada foram idosas, acima de 60 anos, pertencentes a dois grupos: praticantes Musculação Terapêutica (MT) atendidas no Laboratório de Exercícios Resistidos (LERES) da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e as praticantes de caminhada, caracterizada como Treinamento Aeróbico (TA), cadastradas no projeto intitulado “Indicadores de Saúde’ realizado na Praça Amazonas, desta cidade.

    Para a realização da coleta de dados foi utilizado o protocolo de avaliação da autonomia funcional do idoso, desenvolvido pelo Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano (GDLAM), composto pelos testes caminhar 10metros (C10m), levantar-se da posição sentada (LPS), levantar-se da posição decúbito ventral (LPDV) e vestir e tirar uma camiseta (VTC).

    Como critério de inclusão, todas as idosas deveriam completar 20 sessões de treinamento, sendo 2 treinos semanais, com duração de 30 a 60 minutos, não sendo permitido em nenhum deles treinos consecutivos. Os exercícios realizados na MT foram supino sentado na máquina; agachamento paralelo com barra; remada unilateral na polia; flexão plantar na maquina e abdominal infra. A velocidade da caminhada foi feita de forma espontânea, variando conforme a idosa, não sendo permitido nenhum tipo de corrida.

    Foi considerado como critério de exclusão qualquer tipo de condição patológica aguda ou crônica que pudesse comprometer ou que tornasse um fator de impedimento para realização da avaliação funcional; as que não completaram as 20 sessões; as que completaram, porém com grandes intervalos de tempo entre as sessões; as que não compareceram para reavaliação e as que excederam o número de sessões semanais. Os dados foram coletados no mês de setembro a dezembro de 2014.

Resultados e discussão

    A princípio foram avaliadas 76 idosas, onde 39 eram praticantes de musculação terapêutica e 37 do treinamento aeróbico, inicialmente foram excluídas 5 participantes (2: MT e 3: TA) por não conseguirem realizar o Teste LPDV. Ao final do estudo, de acordo com os critérios de exclusão permaneceram no estudo apenas 50 idosas, sendo 25 da musculação terapêutica e 25 do treinamento aeróbico, onde mais duas participantes deste último grupo não realizaram o LPDV.

    Os testes foram realizados em uma única tentativa, em virtude de tais achados os valores não foram classificados em escores de acordo com o Índice de GDLAM (IG), no entanto, foram comparados em números e transformados em percentual.

    Em todos os testes os resultados foram agrupados em categorias de acordo com a variação de tempo em segundos (s).

Tabela 1. Número final de idosas – Treinamento Aeróbico

    Os números da Tabela 1 mostram que o Treinamento Aeróbico, a partir da caminhada proporcionou melhora na locomoção das idosas deste grupo, pois 88% (22) delas apresentou redução no tempo de C10M, outro resultado satisfatório é a redução do tempo da atividade de vestir e retirar a camisa, onde 68% das idosas obtiveram tal resultado, no entanto, nos demais testes os resultados foram extremamente preocupante, visto que 92% aumentaram o seu tempo no teste de LPS e 88% no teste de DV, mostrando que tal atividade proporciona maior mobilidade corporal, não fornecendo subsídios suficientes para a realização de atividades tão comuns do nosso cotidiano como sentar, deitar e levantar.

Tabela 2. Número final de idosas – Musculação Terapêutica

    Na Tabela 2 é possível observar que a Musculação Terapêutica traz amplos benefícios as suas praticantes, pois houve uma redução significativa no tempo de realização em todos os testes, seguido de um número expressivo de idosas que alcançaram tais resultados, onde 84% delas reduziu o tempo tanto na C10M quanto no LPS; 96% diminuíram o tempo em LPDV e 100% delas melhoraram o tempo em VTC.

Figura 1. Redução na realização dos Testes - Comparativo entre Grupos

    Ao compararmos os resultados entre os dois grupos, percebe-se em que apenas no teste de C10M, o grupo TA superou o grupo MT, provavelmente isto se deve ao fato de que a atividade de treinamento deste grupo é idêntica a atividade motora que este teste requer, o mais expressivo é que as idosas aumentaram seus tempos nos testes de LPS e LPDV, sugerindo que tal atividade promova decréscimo em seus desempenhos. O que não acontece com o grupo MT, pois o provável fortalecimento muscular adquirido a partir do treinamento gerando ganho de força para realizarem e melhorarem tais gestos motores.

Conclusão

    Este teve como objetivo a comparação da autonomia funcional entre idosas praticantes de dois tipos de treinamento. Os dados obtidos neste estudo mostram que 20 sessões de musculação terapêutica trazem melhores resultados na atividade funcional de idosas do que o Treinamento Aeróbico, embora muitas vezes este seja o Treinamento mais direcionado para esta grande parcela da população. Comparando tais achados observou-se uma diferença significativa no tempo de execução entre os grupos sendo que o grupo praticante de MT obteve melhor desempenho na realização da bateria de testes, mostrando-se como forte evidência que o MT deve ser prescrito por profissionais capacitados para a manutenção da autonomia funcional em idosas, corroborando com Santarém que afirma que os exercícios resistidos podem ser mais suaves que o ato de caminhar, além de ser o mais adequado a qualquer condição de saúde e aptidão.

Bibliografia

  • Caporicci, S.; Neto, M.F.O. (2011). Estudo comparativo de idosos ativos e inativo através da avaliação das atividades da vida diária e medição da qualidade de vida. Revista Motricidade, vol. 7, n. 2, p. 15-24.

  • Cunha, R. C. L. et al. (2010). Efeitos de um programa de caminhada sob os níveis de autonomia funcional de idosas monitoradas pelo programa saúde da família. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Vol.13 n.2 Mai/Ago, Rio de Janeiro.

  • IBGE (2009). Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil, 18 p.

  • Hawerroth, D.; Kulkamp, W.; Wentz, M. D. (2010). Exercícios resistidos e qualidade de vida: impacto na capacidade funcional e benefícios terapêuticos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, n. 143, Abr. http://www.efdeportes.com/efd143/exercicios-resistidos-beneficios-terapeuticos.htm

  • Santarém, J.S. (2012). Musculação em todas as idades. São Paulo: Ed. Manole, p. 17-21.

  • Sacon, A. B. et al. (2013). Composição corporal e aptidão física de idosos praticantes de musculação. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 10, n. 2 Mai/Ago.

  • Santos, A. B. et al. (2008). Perfil da autonomia funcional de idosos institucionalizados do município de Três Rios/RJ – Brasil. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v. 7, n. 7, set.

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