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A capoeira enquanto proposta educativa na Educação Física escolar

La capoeira como propuesta educativa en la Educación Física escolar

Capoeira as an educational proposal in school Physical Education

 

*Faculdade Sudamérica

**Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova

(Brasil)

Lucélia Pereira de Melo* | Samuel Gonçalves Pinto* **

Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga** | Glaura Aparecida Lopes da Veiga*

Valdilene Aline Nogueira* | Ronaldo de Andrade Allocca**

samuel.pto@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho vem proporcionar uma reflexão sobe a acapoeira enquanto proposta educativa na educação física escolar, ressaltando sua importância para o desenvolvimento dos alunos. Sua prática exercida para alcançar a libertação, ocorrido na época da escravatura. Hoje, a capoeira patrimônio cultural originalmente brasileiro, possui um caráter que contribui para a formação de valores nos indivíduos que a pratica, além de desenvolver inúmeras capacidades e habilidades essenciais. Suas histórias, juntamente com os procedimentos pedagógicos, e variáveis movimentos, permitem que seja vivenciada e explorada na aula de Educação Física escolar, como uma proposta educativa, que agrega valores morais no ambiente interno e ext1erno da escola, além de contribuir e vivenciar as habilidades intelectuais, motoras, culturais, dentre outras que a capoeira pode proporcionar.

          Unitermos: Capoeira. Educação Física. Proposta educativa.

 

Abstract

          This work is to provide a reflection raises a capoeira as an educational proposal in physical education, emphasizing its importance for the development of students. His practice exerted to achieve liberation, which occurred at the time of slavery. Today, capoeira originally Brazilian cultural heritage has a character that contributes to the formation of values in individuals who practices and develops numerous skills and essential skills. Their stories, along with the teaching procedures, and variable movements, allow it to be experienced and explored in class Physical Education as an educational proposal that adds moral values in the internal and external environment of the school and contribute experience and skills intellectual, motor, cultural, among others that capoeira can provide.

          Keywords: Capoeira. Physical Education. Educational proposal.

 

Recepção: 13/05/2015 - Aceitação: 28/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 206 - Julio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Tema foi concretizado “Como que a capoeira pode ser inserida nas aulas de Educação Física como proposta educativa”. Enfatizar a ação dos professores de Educação Física a inserir a capoeira como, contudo de ensino-aprendizagem identificando-a como prática pedagógica no ensino infantil, fundamental e médio como meio de valorização de cultura nacional.

    Todavia concretizando os alunos para não a violência e marginalização, pois essa é a visão que algumas pessoas têm para com a prática da capoeira. O Professor tem todos os vínculos para mudar essa visão, pois ele melhor do que ninguém sabe que a capoeira é promotora da cultura corporal, afetividade, socialização entre os praticantes.

    Devido muitos deles não utilizarem essa teoria em prática, cria uma problematização nas aulas de Educação física tornando-as monótonas, pois não diversificam suas aulas e na maioria das vezes desmotivando os alunos. Pois não existe uma troca de diálogo, informações de ensino-aprendizagem utilizam a forma tecnicista onde os alunos não progridem, pois estão fazendo movimentos repetidos sem utilizar suas habilidades Intelectuais, sociais afetivas além das motoras.

    Contudo nas aulas de capoeira essas habilidades são fundamentais e essenciais, com um professor bem renomado que sabe motivar seus alunos além de estimular às habilidades em seus docentes inserindo a capoeira no currículo das aulas pratica da Educação Física escolar.

O Berimbau Monumento a Capoeira (Sepetiba-RJ). Foto: Panoramio.com

Intervenções entre Capoeira e Educação Física: um recorte teórico

    A História da Educação Física relaciona-se com todas as ciências que estudam o passado e o presente das atividades humanas e a sua evolução. O homem, condicionado às situações de ser pensante, desempenhou, em todas as etapas da vida, um papel importante na história da educação física, a qual se propõe a investigar a origem e o desenvolvimento progressivo de suas atividades físicas, através do tempo: sua importância, as causas de seu apogeu e da sua decadência (Coletivo de Autores, 1992, p. 30).

    A educação física evolui à medida que se processa a evolução cultural dos povos. Assim, a sua orientação no tempo e no espaço está em sintonia com os sistemas políticos, sociais, econômicos e científicos vigentes nas sociedades humanas (Vieira, 1973, p.30). Na Pré-História havia a preocupação do desenvolvimento da força bruta, sob o ponto de vista utilitário-guerreiro, sem idéia definida do ponto de vista moral. Na Antiguidade, os gregos, entretanto, mais evoluídos, visavam ao desenvolvimento físico e moral do homem.

    Nesse período, a educação física visava o aspecto somático, harmonia de formas, musculatura saliente, sem exagero, de onde surgiram os atletas de porte esbelto. É a fase anatômica da educação física. Já entre os romanos, que herdaram com a conquista da Grécia as atividades físicas dos gregos, em plena decadência, orientavam a educação física, objetivando o desenvolvimento das massas musculares. Pouco se dedicavam à cultura intelectual e muito menos a da moral (Coletivo de Autores, 1992, p. 49 a 50).

    Na idade média, caracteriza-se a reação contra a adoração pagã do físico, e o espírito passa a predominar sobre a matéria. Os exercícios físicos são relegados a plano secundário e a "justo" e o "torneio" são as formas bárbaras de sua manifestação, por influência das ordens de cavalaria. Modernamente, com o desenvolvimento da fisiologia e outras ciências, cai, o conceito anatômico e passa a prevalecer o fisiológico. O que se deseja não é a força, mas sim a saúde, mais do que a força. É preciso, também, considerar o lado moral. A moral deve ser levada em conta pela educação física, pois é necessário que ela concorra para formar um coração generoso, uma moral elevada, além de uma inteligência lúcida. Estamos, pois, hoje na

    A Capoeira surgiu com a escravidão o no Brasil, sendo a princípio luta de libertação dos escravos que fugiam das fazendas, e como não dispunham de armas faziam essas de seu próprio corpo. Sua prática acontecia nos cativeiros quando os escravos e escravas dançavam em formas de rodas e com isso camuflavam a prática da luta, por isso ficava tão difícil para os capitães do mato e seus senhores impedirem a sua manifestação. A Capoeira sempre esteve na marginalidade e chegou a ser proibida pelo Código Penal da República do Brasil, entretanto tais medidas não foram suficientes para exterminá-la, pois sua prática persistia em guetos escondidos (Mello, 2002).

    Uma das teorias quanto á origem da expressão capoeira estabelece a língua tupy como àquela de onde procederia a vernaculização: caá=mato; puêra=que já foi) resultaria nos brasileirismo capuíra, capoêra e capoeira. Outros estudiosos afirmam que acepção capoeira designa um tipo especial de cesto, usado no transporte de galinhas, que eram conduzidas por escravos aos mercados. A esses escravos teria se estendido o emprego da denominação primeiramente aplicada ás gaiolas. Segundo os defensores dessa hipótese, enquanto aguardava a chegada dos comerciantes, os escravos se divertiam na prática do brinquedo que também seria abrangido pelo nome capoeira (Betti, 1991).

    Em Pernambuco, Rio de Janeiro e Salvador, após a libertação dos escravos, alguns capoeiristas tornaram-se capangas dos senhores e até guardas do exército. Eram muito temidos, pois viviam em uma época que a polícia mal era armada. Em 1930 Mestre Bimba, exímio lutador de capoeira fez uma apresentação para o então Presidente da República Getúlio Vargas, que revogou a Capoeira da criminalidade e a sua prática passou a ser permitida. (Vieira, Lazarin e Souza, 2006)

    Mestre Bimba foi o primeiro a introduzir a Capoeira nas escolas, primeiramente na Faculdade de Medicina e Direito de Salvador/BA e até mesmo no exército, aprimorando a sua conhecida Capoeira com os movimentos do Batuque, uma luta de quedas da qual seu pai era campeão, e criou a Luta Regional Baiana, que acreditava ele, não sairia da região de Salvador, e sabemos é a nossa hoje denominada Capoeira Regional, que vem sendo resgatada pela Escola de Capoeira Filhos de Bimba (1899-1974). (Camargo, 2001)

    Tratando-se de uma cultura popular, a transmissão de conhecimentos de geração em geração vem ocorrendo de forma verbal e através da própria realização da arte. Sua expressão popular faz parte do vasto e rico legado da cultura brasileira e contém elementos de educação, arte, luta esporte, terapia, assim como dança, lazer, folclore, história, ginástica, etc. (Adorno, 1999)

    A arte na Capoeira se faz presente através da música, do ritmo, do canto, da expressão corporal, da criatividade de movimentos e da presença cênica. A luta representa sua origem e sobrevivência através dos tempos na sua forma mais natural, como um instrumento de defesa pessoal genuinamente brasileiro, e uma estratégia de resistência ao aniquilamento de uma cultura. Como modalidade esportiva, ela possui elementos que se identificam culturalmente com seus praticantes, despertando o interesse da comunidade em geral. A sua prática, como forma de lazer e recreação, representa eventos conhecidos na comunidade como "rodas de capoeira", sendo evidentes os seus efeitos terapêuticos em termos educacionais, ocupacionais e de reabilitação. (Adorno, 1994, p. 65)

Entrando na prática da capoeira: estilos de capoeira Angola e Regional

    A Angola é o estilo mais próximo de como os negros escravos jogavam a Capoeira. Caracterizada por ser mais lenta, porém rápida, movimentos furtivos executados perto do solo, como em cima, ela enfatiza as tradições da Capoeira, que em sua raiz está ligada aos rituais afro-brasileiros, caracterizado pelo Candomblé, sua música é cadenciada, orgânica e ritualizada, e o correto é estar sempre acompanhada por uma bateria completa de 08 instrumentos (Silva, 2001).

    A designação "Angola" aparece com os negros que vinham para o Brasil oriundo da África, embarcados no Porto de Luanda que, independente de sua origem, eram designados na chegada ao Brasil de "Negros de Angola", vide ABC da Capoeira Angola escrito pelo Mestre Noronha quando ele cita o Centro de Capoeira Angola Conceição da Praia, criado pela nata da capoeiragem baiana no início dos anos 1920. Mestre Pastinha (Vicente Ferrera Pastinha) foi o grande ícone do estilo. Grande defensor da preservação da Capoeira Angola, inaugurou em 23 de fevereiro de 1941 o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA). Dos ensinamentos do Mestre Pastinha foram formados grandes mestres da capoeiragem Angola, a exemplo dos Mestres: João Pequeno, João Grande, Valdomiro Malvadeza, Albertino da Hora, Raimundo Natividade, Gaguinho Moreno, 45, Pessoa Bá-Bá-Bá, Trovoada, Bola Sete, dentre outros que continuam transmitindo seus conhecimentos para os novos Angoleiros, como Mestre Morais (Falcão, 2004).

    É comum a primeira vista ver o jogo de Angola como não perigoso ou não elaborado, contudo o jogo Angola se assemelha ao xadrez pela complexidade dos elementos envolvidos. Por ter uma sistemática estruturada em rituais de aprendizado completamente diferentes da Regional, seu domínio é muito mais complicado, envolvendo não só a parte mecânica do jogo, mas também características como sutileza, o subterfúgio, a dissimulação, a teatralização, a mandinga e/ou mesmo a brincadeira para superar o oponente (Silva, 2001).

A escolarização da capoeira

    Os exercícios desenvolvidos na prática da capoeira tornam uma das atividades mais completas que existe, pois desenvolve de uma forma lúdica e descontraída a flexibilidade, melhora a resistência pulmonar e o condicionamento físico, aprimora a coordenação motora, entre outros benefícios.

    Um dos principais diferenciais que a capoeira possui em relação a outros esportes, está em seu aspecto rítmico. A utilização de instrumentos musicais e canções em sua prática fazem com que o aluno desenvolva o domínio do ritmo em todas as suas formas: aprendendo a tocar instrumentos como o berimbau, pandeiro e atabaque; a cantar em público, tornando-o mais desinibido e utilizando a música como forma de aprendizado, uma vez que as canções da capoeira falam da história desta arte. Outro aspecto trabalhado pela prática da capoeira diz respeito ao convívio social do indivíduo. Trabalhando em conjunto e necessitando de solidariedade mútua para sua evolução, o aluno aos poucos vai se despindo de preconceitos inúteis e adquire um comportamento onde prevalece o respeito às diferenças individuais de cada colega (Coletivo de Autores, 1992)

    Somos hoje fruto de nossa história. Dos processos sinérgicos e dinâmicos oriundos dos movimentos sociais, políticos e econômicos que a perfazem. O respeito acerca do que nos diferencia de outros povos advém do conhecimento das nuanças e complexidades da nossa cultura, seja qual for à origem de classe da produção dos elementos culturais, que compõem a nossa identidade - e por que não -, orgulho de ser brasileiro (Ferreira, 2002).

    A capoeira, tema deste estudo configura-se como um elemento vivo e atuante dessa nossa cultura. Um povo que não se (Re) conhece não consegue avaliar a sua força e proposição de mudança. Como um elemento cultural vivo e atuante ao longo de nossa cronologia, a capoeira neste trabalho é analisada, buscando-se identificar o grau da atuação dos professores que hoje lecionam nossa Capoeira (Filho, 2001).

    Como elemento constitutivo de nossa cultura corporal, de origem negra e pobre, a discriminação social acerca da capoeira é fato histórico. Os estereótipos físicos, morais e intelectuais associados aos seus praticantes, têm uma justificativa fundada na história da formação de nosso povo, um Brasil escravista, latifundiário e perverso na sua distribuição de renda (Oliveira Neto, 2007).

    Assim através destas dimensões, o jogador de Capoeira está apita a desenvolver todas as suas habilidades físicas, como força, coordenação, resistência e velocidade. Assim como suas habilidades físicas que podem ser melhoradas com a prática da capoeira, assim como seu lado afetivo, cognitivo e motor, assim como conjunto da obra a Capoeira é um esporte completo, capaz de mudar e movimentar o seu corpo para atingir um alto grau de satisfação pessoal (Caçado, 1980, p. 26).

Considerações finais

    As transformações sofridas no processo de ensino da capoeira iniciaram a aproximação da mesma ao ambiente escolar, conclui-se com esse estudo, que a capoeira enquanto proposta educativa permite um amplo desenvolvimento das capacidades dos indivíduos favorecendo seu reconhecimento e ampliando suas perspectivas com vista a se firmar como ferramenta pedagógica no processo educativo.

    Por fim, no Brasil, por volta do final da década de 70 e início da década de 80, tivemos um grande crescimento no número de instituições de ensino da capoeira, fato este que contribuiu muito para a pulverização da capoeira em escolas, universidades e creches, acrescentando a estes ambientes de trato com o conhecimento um toque de cultura e inúmeras possibilidades de intervenção no que se refere à atividade física, que acabam sendo respaldadas por leis e sugerida por diversos instrumentos informativos que orientam a educação escolar, como por exemplo, os PCN's.

    Contudo devemos resgatar essa atividade cultural para que nossos alunos possam usufruir desta esplendorosa prática educativa. Pois as transformações sofridas no processo de ensino da capoeira iniciariam a aproximação da mesma no ambiente escolar, favorecendo seu reconhecimento e ampliando suas perspectivas como vista a se firmar como ferramenta pedagógica no processo educativo.

Bibliografia

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