A influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica do arremesso de lance livre do basquete para cadeirantes La influencia del entrenamiento
mental en el perfeccionamiento The influence of mental training
in improving basketball free |
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*Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer/DEF/UNIR **Doutorado em Biologia Experimental Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia Coordenador do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA) Integrante do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal ***Doutorado em Sociologia Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia Líder do grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal ****Professor de Matemática e Bioestatística da UNIR e membro do CEELA-UNIR ****/*Graduando do Curso de psicologia da Universidade Federal de Rondônia Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)/UNIR ******Professor de Educação Física Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA) |
Prof. Esp. Jeferson Cardoso da Silva* Prof. Dr. Ramón Núñez Cárdenas** Prof. Drª. Ivete de Aquino Freire*** Prof. PhD. Tomas Daniel Rodríguez**** Yesica Núñez Pumariega***** Prof. Ms. Andrés Rodríguez Enríquez****** (Brasil) |
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Resumo O presente trabalho teve como objetivo investigar a influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica do arremesso de lance livre no basquete para cadeirantes. Para tal investigação foi utilizado o modelo de treinamento mental de oito passos desenvolvido por Eberspächer (1995). No decorrer do trabalho foi criado um grupo de controle com seis componentes praticantes de basquete em cadeira de rodas com idade variada e um grupo experimental da mesma forma. Face aos dados significativos obtidos com o grupo experimental ficou evidenciada a influência positiva deste tipo de treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica do arremesso livre no basquete para cadeirantes. Unitermos: Treinamento mental. Arremesso livre. Basquete. Cadeirantes.
Abstract This study aimed to investigate the influence of mental training in improving the free-throw technique in basketball in wheelchairs. For this research we used the mental training model developed by eight steps Eberspächer (1995). During the work was created a control group of six basketball players’ components in wheelchair with varied age and an experimental group in the same way. Given the significant findings with the experimental group the authors emphasize the positive influence of this type of mental training in improving the technical free throw in basketball for wheelchair users. Keywords: Mental training. Free throws. Basketball. Wheelchair users.
Recepção: 17/05/2015 - Aceitação: 11/06/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Ultimamente, grande parte dos estudos da área do treinamento esportivo, vem dando grande atenção ao fenômeno das imagens que se formam no encéfalo dos esportistas, fruto da execução de suas ações, as quais determinam à eficiência das mesmas. Devido sua importância na fase de preparação técnica dos atletas é que nos empenhamos a investigar os efeitos do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica do arremesso livre do basquete em cadeirantes.
O arremesso livre é um fundamento técnico muito importante no basquete, e todo professor/treinador deve ter certos cuidados com o treinamento desse fundamento, e de acordo com Cárdenas (2000) são: Todo treinador deve ter bem claro que o movimento técnico possui tanto sua parte externa (execução no plano físico) como sua contra partida interna (representação ou imagem no plano mental). O atleta pelo tanto efetua sua execução orientada, não pelo que o treinador explicou ou demonstrou, mas pelo que destas informações ficou em seu cérebro, permitindo criar um modelo mental com o qual compara sua realização do movimento técnico. Muitos treinadores desconsideram o lado psicológico da execução de ações motrizes, o que reforça ainda mais esse estudo. Alguns pesquisadores abordam a importância do arremesso livre no basquete através de estatísticas de jogos realizados em várias temporadas, e conforme Kozar (apud Cedra e Sério, 2009, p. 3) foi realizado um estudo de 470 jogos universitários de basquete masculino (NCAA), ocorridos entre 1982 e 1992. Nestes jogos, 246 deles acabaram com diferença de nove pontos ou menos e 244 apresentaram a diferença de 10 pontos ou mais. Os números demonstraram que: 1º) 20,2% dos pontos dos jogos são derivados de lances livres; 2º) nos últimos 5 minutos dos jogos decididos por nove pontos ou menos, as equipes vencedoras marcaram quase que a metade de seus pontos (48,4 %) nos arremessos de lances livres e as equipes perdedoras, 23,3% neste fundamento. Ele observou também que a equipe vitoriosa teve uma pontuação expressivamente maior nos arremessos de lances livres, durante cada minuto dos últimos quatro restantes de jogo. Os resultados indicaram igualmente que as equipes vencedoras das partidas decididas por nove pontos ou menos obtiveram um escore acima de 2/3 dos pontos durante o último minuto em arremessos de lances livres.
Diante dos fatos acima relatados surge o seguinte questionamento que irá conduzir esse estudo: “Qual a influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica do arremesso de lance livre no basquete para cadeirantes”?
Metodologia
Tipo de pesquisa
Este estudo está caracterizado como pesquisa experimental, pois se utilizou de observação e técnicas experimentais para alcançar os objetivos propostos. Uma de suas características consiste na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como a aplicação de um determinado experimento e a observação sistemática.
Segundo Gil (2002) “de modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa cientifica”. Fundamentalmente, a pesquisa experimental versa em determinar um objeto de estudo, escolher as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, determinar as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
Conforme Gil (2002) “a pesquisa experimental constitui o delineamento mais prestigiado nos meios científicos”. Versa-se, portanto, de uma pesquisa em que o pesquisador é um agente ativo, e não um observador passivo. Este tipo de pesquisa, diferentemente do que faz supor a percepção popular, não precisam necessariamente ser realizadas em laboratório. Podendo ser desenvolvida em qualquer ambiente, desde que este ofereça as seguintes propriedades:
Manipulação: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das características dos elementos estudados; controle: o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situação experimental, sobretudo criando um grupo de controle; distribuição aleatória: a designação dos elementos para participar dos grupos experimentais e de controle deve ser feita Aleatoriamente (Gil, 2002).
Dessa forma, as pesquisas experimentais formam o mais rico procedimento disponível aos pesquisadores para avaliar hipóteses que constituam relações de causa e efeito entre as variáveis. Devido as suas possibilidades de controle, os experimentos proporcionam uma segurança muito maior que qualquer outro delineamento de pesquisa.
População e amostra
A população da pesquisa é composta por 12 atletas cadeirantes do sexo masculino integrantes de uma equipe de basquetebol com idades que variam de 13 a 55 anos. Quanto à classificação funcional, os indivíduos estão variando de 1,0 até 4,5 pontos. A amostra é constituída de seis atletas cadeirantes que compõe a mesma equipe, ou seja, a população foi dividida em dois grupos com o mesmo número de indivíduos: um grupo controle (com 6 atletas de idade que variam de 13 a 40 anos, com tempo de experiência na modalidade variando de 5 meses a 15 anos, participação em competições oscilando entre nenhuma e 15 competições e classificação funcional entre 1,0 a 4,0), e o grupo experimental (com 6 atletas de idades que variam de 30 a 55 anos, com experiência variando de 2 a 6 anos, participação em competições oscilando entre 2 e 8 e classificação funcional de 1,0 a 4,5).
Análise estatística dos dados
Para a análise das variâncias das duas amostras utilizou-se o test-f e para as análises das médias de ambas as amostras foi utilizado o teste-t. Considerou-se o nível de significância de 5% (p<0,05).
Procedimento metodológico
Antes da coleta de qualquer informação, os indivíduos foram informados sobre os objetivos da pesquisa bem como de sua participação segundo a resolução CNS 196/96. Após as explicações, o pesquisador apresentou aos participantes o Termo de Consentimento livre e Esclarecido (TCLE).
Com o intento de atingir os objetivos da pesquisa foi utilizado como primeiro passo do procedimento metodológico a observação. Tal análise foi feita através da gravação de vídeo e áudio com o uso de uma câmera digital Cyber-shot Sony 7.2 Mega Pixels. Cada indivíduo (grupo de controle e experimental) teve seu modelo externo de execução do arremesso de lance livre devidamente filmado em cinco ângulos diferentes: lado direito, lado esquerdo, frontal e posterior, ou seja, cinco tentativas. Da mesma forma e no mesmo dia, todos os integrantes de ambos os grupos (controle e experimental) tiveram seu modelo interno gravado, ou seja, eles descreveram por meio de palavras a sua idéia da técnica do arremesso de lance livre. Após a aplicação do modelo de treinamento mental de 8 passos desenvolvido por Eberspächer (somente aplicado ao grupo experimental) que foi aplicado 3 vezes por semana (terças e quintas – 18:00 às 20:30 e aos sábados das 15:00 às 17:30) com duração de 38 dias, esse processo de gravação de áudio e vídeo foi repetido em meses posteriores para que fosse possível fazer uma avaliação sobre os efeitos deste tipo de treinamento em atletas cadeirantes.
A segunda etapa desse procedimento foi quantificar os dados obtidos com a coleta de vídeo e áudio. Para tanto, foi desenvolvido um quadro que contém todas as fases de um arremesso de lance livre para cadeirantes.
Resultados e discussão
Para a análise da técnica de arremesso livre em cadeirantes, foi avaliado o modelo externo (realização do movimento técnico propriamente dito) e o modelo interno (representação interna da imagem do movimento técnico) nos atletas do grupo de controle e experimental. A avaliação do movimento técnico foi realizada por fases (fase inicial, fase principal e fase final). Após computar os resultados, foi realizada a somatória total dos itens aceitados por fases; assim como o número de erros cometidos pelos atletas na realização do movimento (modelo externo) e na representação interna da imagem da técnica (modelo interno) de ambos os grupos (tabela 1, 2,3 e 4).
Na análise de variância para ambas as amostras no modelo externo (realização do movimento técnico propriamente dito), utilizaram-se o Teste-f e o Teste-t para duas amostras presumindo variâncias equivalentes. Teve-se como resultado, diferença não significativo na execução técnica do arremesso livre para ambas às amostras, com melhor resultado para os atletas do grupo experimental (tabela 5) e (figura 1).
Tabela 5: Resultados estatísticos comparativos entre o grupo de controle e experimental na avaliação do modelo externo da técnica
do arremesso livre para cadeirantes, antes da aplicação do modelo de treinamento mental de 8 passos desenvolvido por Eberspächer.
Para a análise de variância em ambas as amostras no modelo interno (representação interna da imagem do movimento técnico), utilizaram-se o Teste-f e o Teste-t para duas amostras presumindo variâncias equivalentes. Tiveram-se como resultado, diferenças significativas na somatória total da representação técnica do arremesso livre (ST); assim como também no número de erros (NE) entre ambas às amostras, com melhor resultado na ST e menor número de erros para os atletas do grupo de controle (tabela 3 e 4). Estes resultados podem ser observados na tabela 6 e na figura 2.
Tabela 6. Resultados estatísticos comparativos entre o grupo de controle e experimental na avaliação do modelo interno da técnica
do arremesso livre para cadeirantes, antes da aplicação do modelo de treinamento mental de 8 passos desenvolvido por Eberspächer.
Após a aplicação do modelo de treinamento mental de 8 passos desenvolvidos por Eberspächer no grupo experimental, observou-se que todos os atletas do grupo experimental melhoraram a realização da técnica do arremesso livre para cadeirantes, entretanto nos atletas do grupo de controle que não foi aplicado o referido modelo, mantiveram os mesmos resultados na segunda avaliação do modelo interno e externo do movimento técnico de arremesso livre para cadeirantes (tabelas 7 e 8) e (figura 3).
Conclusões
Baseado nos resultados obtidos com esta pesquisa conclui-se que existe uma influência positiva do modelo de treinamento mental de Eberspächer no aperfeiçoamento da técnica de arremesso livre para cadeirantes.
Com o término da investigação, evidenciou-se que os atletas do grupo experimental aprimoraram expressivamente a técnica do arremesso de lance livre. O que não acarretou em um maior número de encestes depois da aplicação do treinamento mental, haja vista que esse aspecto somente será atingido no decorrer dos treinamentos.
No entanto, o grupo de controle conservou os mesmos erros na execução do gesto técnico, em todas as etapas da pesquisa.
Bibliografia
Cárdenas, R. N.(2009). A influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica arremesso livre no basquete. Universidade de Caxias do Sul. Disponível em: http://www.psicodeporte.net
Cedra, C.; Sério, T; Maria, A. P. (2008). O treinamento do lance livre no basquetebol. Rev. bras. psicol. Esporte.
Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas.
Sá, M. (2007). A origem do basquetebol. São Paulo: Disponível em: www.abviseu.pt/Origem/index.htm
Samulski, D. M. (2002). Psicologia do Esporte. Manual para a Educação Física, Psicologia e Fisioterapia. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2002.
Teixeira, A. M. F.; Ribeiro, Sonia. M. (2006). Basquetebol em cadeira de rodas: manual de orientação para professores de educação Física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro.
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