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Metodologia da Pedagogia Histórico-Crítica:
da prática social à prática social

Metodología de la Pedagogía Histórico-Crítica: de la práctica social a la práctica social

 

Licenciado em Educação Física pela Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA

Especializando em Alimentos, Nutrição e Saúde no Espaço Escolar

pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA

Professor de Educação Física das redes estadual e municipal

de ensino em Foz do Iguaçu - PR

Leandro Pereira da Silva

leandrops@seed.pr.gov.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A finalidade deste artigo é esclarecer as cinco etapas da metodologia da Pedagogia Histórico-Crítica, denominadas por Dermeval Saviani como: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e prática social final. Por meio de uma revisão bibliográfica, o texto traz uma abordagem das principais concepções deste contemporâneo método de ensino.

          Unitermos: Metodologia. Histórico-Crítica. Professor. Alunos.

 

Resumen

          La finalidad de esto artículo es explicar las cinco etapas de la metodología de la Pedagogía Histórico-Crítica, denominadas por Dermeval Saviani como: práctica social inicial, problematización, instrumentalización, catarsis y práctica social final. A través de una revisión bibliográfica, el texto trae un enfoque de las principales concepciones de este método contemporáneo de enseñanza.

          Palabras clave: Metodología. Histórico-Crítica. Profesor. Alumnos.

 

Recepção: 06/05/2015 - Aceitação: 03/06/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Considerações Iniciais

    Ao apropriar-se da metodologia da Pedagogia Histórico-Crítica na abordagem dos conteúdos, o professor procura resgatar os conhecimentos prévios dos alunos para, a partir destes, suprir os conhecimentos popularmente construídos (censo comum) com os conhecimentos científicos, a fim de que os aprendizes transformem sua realidade e a sociedade com a nova concepção dos conteúdos.

    Este método visa estimular a atividade e a iniciativa do professor; propiciar o diálogo e a participação efetiva dos alunos e do professor, sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta os interesses, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico dos alunos, sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos (Gasparin e Petenucci, 2008).

    O filósofo Dermeval Saviani caracterizou o método com cinco etapas que o professor deve promover no processo pedagógico, para que o processo de ensino-aprendizagem tenha resultados satisfatórios. São elas: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e prática social final. Este texto tem o objetivo de mostrar as definições e conceitos que a literatura apresenta sobre cada uma dessas etapas, tornando-se um material teórico de esclarecimento e revisão sobre a temática para os profissionais do magistério.

1.     Prática social inicial

    Esta é a primeira etapa da prática pedagógica realizada com o método histórico-crítico. Segundo Araújo (2009) “a prática social inicial implica em conhecer a experiência de cada aluno, sua memória e seu saber prático”.

    Em princípio, o professor situa-se em relação à realidade de maneira mais clara e mais sintética que os alunos. Quanto a estes, pode-se afirmar que, de maneira geral, possuem uma visão sincrética, caótica. Freqüentemente é uma visão de senso comum, empírica, um tanto confusa, em que tudo, de certa forma, aparece como natural. Todavia, essa prática do educando é sempre uma totalidade que representa sua visão de mundo, sua concepção da realidade, ainda que, muitas vezes, naturalizada (Gasparin, 2007).

    Steimbach (2008) explicita a prática social inicial como o ponto de partida do processo pedagógico. Nesta etapa, os alunos trazem para o ambiente escolar todas as vivências e experiências que já possuem sobre o conteúdo. Isso se faz necessário para que o conteúdo a ser trabalhado mostre vinculação com a realidade, sendo assim socialmente necessário.

    Neste momento a aula já começa de forma dialogada e participativa. É feita uma introdução do conteúdo onde o professor faz uma avaliação diagnóstica, identificando os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinando assunto para, a partir daí, iniciar sua mediação.

2.     Problematização

    De acordo com Gasparin (2007), a problematização representa o momento do processo pedagógico em que a prática social é posta em questão, analisada, interrogada, levando em consideração o conteúdo a ser trabalhado e as exigências sociais de aplicação desse conhecimento.

    Nesta etapa surgem as dúvidas e ocorre a discussão de questões inerentes ao conteúdo proposto. É aqui que ocorre o ato de vislumbrar o conteúdo em diferentes dimensões sociais. Um conteúdo problematizado deverá mostrar-se através de várias dimensões (conceitual, histórica, social, política, estética, religiosa, etc.) (Steimbach, 2008).

    Professor e alunos, juntos, procuram “detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em conseqüência, que conhecimento é necessário dominar” (Saviani, 2008). As questões levantadas pelo professor devem despertar o pensamento crítico dos alunos e estimular a busca pelo aprofundamento do conhecimento.

3.     Instrumentalização

    Nesta etapa é que o conteúdo será trabalhado em suas dimensões. Segundo Gasparin e Petenucci (2008), este é o momento em que o professor “apresenta aos alunos através de ações docentes adequadas o conhecimento científico, formal, abstrato, conforme as dimensões escolhidas na fase anterior”. E os alunos, ainda conforme os autores, “por meio de ações estabelecerão uma comparação mental com a vivência cotidiana que possuem desse mesmo conhecimento, a fim de se apropriar do novo conteúdo”.

    Saviani (2008) explica a instrumentalização:

    Trata-se de se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social. Como tais instrumentos são produzidos socialmente e preservados historicamente, a sua apropriação pelos alunos está na dependência de sua transmissão direta ou indireta por parte do professor. [...] o professor tanto pode transmiti-los diretamente como pode indicar os meios pelos quais a transmissão venha a se efetivar.

    Esta é a parte da aula onde o professor irá transmitir seu conhecimento, expondo os conceitos, explicando e dando exemplos, com fundamentação científica.

4.     Catarse

    A palavra catarse (do grego “kátharsis”) significa purificação. Neste contexto, a catarse é o momento em que o aluno manifesta um entendimento do conteúdo. Ele se “liberta” do senso comum e apropria-se do conhecimento científico, atingindo os objetivos estabelecidos pelo professor.

    Para Saviani (1999), mencionado por Gasparin (2007), catarse é

    a expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu. [...] Trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em elementos ativos de transformação social. [...] Daí porque o momento catártico pode ser considerado como o ponto culminante do processo educativo, já que é aí que se realiza pela mediação da análise levada a cabo no processo de ensino, a passagem da síncrese à síntese; em conseqüência, manifesta-se nos alunos a capacidade de expressarem uma compreensão da prática em termos tão elaborados quanto era possível ao professor.

    Gasparin e Petenucci (2008) afirmam que o aluno, neste momento, apresenta uma “nova postura mental unindo o cotidiano ao científico em uma nova totalidade concreta no pensamento. Neste momento o educando faz um resumo de tudo o que aprendeu, segundo as dimensões do conteúdo estudadas. É a elaboração mental do novo conceito do conteúdo”. Sendo assim, o professor deve empregar instrumentos de avaliação para averiguar se o conteúdo foi assimilado e se os alunos apresentaram alguma dificuldade. A catarse é uma etapa muito importante, pois é nela e que o professor saberá se alcançou os objetivos da aula e se poderá avançar no processo pedagógico.

5.     Prática social final

    Conforme Saviani (2001), citado por Araújo (2009),

    a prática social inicial e a prática social final é e não é a mesma. É a mesma no sentido de que não se consegue uma transformação das condições sociais objetivas da escola e muito menos da sociedade como um todo. Mas não é a mesma a partir do momento em que houve uma transformação do educador e do educando nesse processo, refletindo em outras instâncias da sociedade.

    A prática social final é o momento em que o aluno demonstra que realmente aprendeu, manifestando mudanças em seu comportamento em relação ao conteúdo. Para Gasparin e Petenucci (2008), esta se manifesta “pelo compromisso e pelas ações que o educando se dispõe a executar em seu cotidiano pondo em efetivo exercício social o novo conteúdo cientifico adquirido”.

Considerações finais

    De acordo com Gasparin e Petenucci (2008):

    A implementação dessa didática está vinculada a uma nova forma dos educadores pensarem a educação, sendo necessário muito esforço, estudo, experimentações, coragem para inovar, divergir, arriscar e assumir desafios. Portanto, sua aplicabilidade com êxito, depende indubitavelmente do compromisso dos educadores em aprofundar seus conhecimentos teóricos e criarem condições necessárias como, nova forma de planejar e aplicar os conteúdos e as atividades escolares, almejando um ensino significativo, crítico e transformador.

    Vale o esforço para colocá-la em prática, pois, ao contrário das tendências tradicionais, onde o aluno é um mero receptor de informações, esta metodologia é fruto de uma tendência pedagógica que busca tornar o aprendiz participante efetivo no processo de construção do conhecimento e de transformação da sociedade.

Referências

  • Araujo, D. A. C. (2009). Pedagogia histórico-crítica: proposição teórico metodológica para a formação continuada. Anais do Sciencult, 1(1). Acesso em: 04 de maio de 2015. Disponível em: http://periodicos.uems.br/novo/index.php/anaispba/article/viewFile/180/114

  • Gasparin, J. L. (2007). Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 4ª ed. Campinas – SP: Autores Associados.

  • Gasparin, J. L., & Petenucci, M. C. (2008). Pedagogia histórico-crítica: da teoria à prática no contexto escolar. Acesso em: 04 de maio de 2015. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2289-8.pdf

  • Saviani, D. (2008). Escola e democracia. Edição comemorativa. Campinas – SP: Autores Associados.

  • Steimbach, A. A. (2008). O processo de ensino numa perspectiva histórico-crítica. Acesso em: 04 de maio de 2015. Disponível em: http://www.famper.com.br/download/allan.pdf

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