Incontinência urinária na mulher idosa. Atuação fisioterapêutica Incontinencia urinaria en mujer mayor. Intervención fisioterapéutica Urinary incontinence in elderly woman. Performance physiotherapeutic |
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*Profissional de Educação Física e Fisioterapeuta graduado no Centro Universitário de Maringá (CESUMAR). Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR). Pós-graduação em Anatomia Funcional pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Pós-graduação em Geriatria e Gerontologia pela Faculdade de Educação Física e Fisioterapia de Jacrezinho/PR (FAEFIJA/PR) **Fisioterapeuta graduada na Universidade do Oeste Paulista (UNESP). Mestre em Engenharia Elétrica e Informática Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Pós-graduada em Morfofisiologia Aplicada à Reabilitação pela UEM ***Fisioterapeuta graduada na Universidade Paranaense; Mestre em Promoção da Saúde pelo UNICESUMAR. Pós-graduada em Fisioterapia em Terapia Manual e Postural pelo CESUMAR. Especialista em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Terapias e Ensino (IBRATE); Pós-graduada em Gestão da Vigilância em Saúde pela Escola de Saúde Pública do Paraná (ESPP) |
Daniel Vicentini de Oliveira* Rosângela Cocco Morales** Ana Paula Serra de Araújo*** (Brasil) |
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Resumo Este estudo teve como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre a atuação fisioterapêutica na Incontinência Urinária (IU) em mulheres idosas, reforçando as propostas de conduta para prevenção e tratamento desta enfermidade. A literatura pesquisada evidencia que a fisioterapia uroginecológica conquistou seu espaço e atualmente representa a primeira opção de tratamento para muitos pacientes e profissionais da área, visto que em busca de restabelecer as funções naturais do assoalho pélvico as formas de tratamento fisioterápico raramente causam efeitos colaterais. Dentre os meios para esta terapêutica, temos a acupuntura, cinesioterapia, exercícios de Kegel, biofeedback, terapia comportamental, exercícios resistidos, cones vaginais, dentre outros. Ao término do estudo concluiu-se que são vastos os campos e meios de atuação da fisioterapia para tratamento e controle da incontinência urinária na mulher idosa. Em geral, os mesmos são de simples e econômica utilização, além de alguns possuírem resultados comprovados cientificamente. Unitermos: Fisioterapia. Incontinência urinária. Idoso.
Abstract This study aimed to present a literature review about the physiotherapy performance in Urinary Incontinence (UI) in older women, reinforcing the proposals of conduct for prevention and treatment of this disease. The reviewed literature shows that urogynecological physiotherapy conquered its space and currently is the first treatment option for many patients and professionals, as seeking to restore the natural functions of the pelvic floor physical therapy forms rarely cause side effects. Among the means to this therapy, we have acupuncture, exercise, Kegel exercises, biofeedback, behavioral therapy, resistance exercises, vaginal cones, among others. At the end of the study it was found that are vast fields of physiotherapy and means for treatment and management of urinary incontinence in elderly women. In general, they are simple and economical use, and some possess scientifically proven results. Keywords: Physiotherapy. Urinary incontinence. Elderly.
Recepção: 28/02/2015 - Aceitação: 10/05/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A IU é um problema médico comum que exerce grande impacto sobre a saúde e a qualidade de vida do indivíduo. Além disso, causa constrangimento, induz ao isolamento, à depressão e ao risco de internação em asilos (Maciel, 2002).
A IU é um problema de saúde significante para os idosos, principalmente os do gênero feminino, que inicialmente era vista apenas como um sintoma clínico e que em 1998 passou a fazer parte das doenças constantes na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS) (Rodrigues et al., 2005; Silva; Oliveira; Kravchychyn, 2007).
Durante muito tempo a abordagem cirúrgica representou a solução clássica para a IU, porém, diante de recidivas e agravamento do prognóstico a fisioterapia uroginecológica conquistou seu espaço e atualmente representa a primeira opção de tratamento para muitos pacientes com IU (Ramos; Donald; Passos, 2006).
Este estudo tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre a atuação fisioterapêutica na Incontinência Urinária (IU) em mulheres idosas, reforçando as propostas de conduta para prevenção e tratamento desta enfermidade.
1. Fisioterapia
No final desta década, pesquisas mostraram que em média as mulheres permanecem de 5 a 8 anos com IU até que algum profissional da área da saúde as questione sobre o assunto, resultando em piora dos sintomas, queda da auto-estima e dificuldade de relacionamento social (Glashan et al., 2009). Entretanto, visto que o tratamento cirúrgico envolve procedimentos invasivos que podem ocasionar complicações, são de custo elevado e podem ser contra-indicados em algumas mulheres, tem surgido interesse crescente por opções de tratamento conservadores (Gomes et al., 2009).
A terapêutica conservadora para IU é realizada através de técnicas que visam o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Atualmente a fisioterapia uroginecológica vem sendo considerada a primeira opção de tratamento conservador para muitos indivíduos com IU, visto que em busca de restabelecer as funções naturais do assoalho pélvico (Ramos; Donald; Passos, 2006).
Inúmeras são as técnicas e recursos terapêuticos que podem vir a ser utilizados pelo fisioterapeuta durante o tratamento conservador da IU, dentre estes pode-se citar os exercícios de Kegel, o Pilates, a Reeducação Postural Global (RPG), os cones vaginais, eletroestimulação, Biofeedback e exercícios resistidos.
1.1. Exercícios de Kegel
Os exercícios mais conhecidos para prevenção e tratamento da IU de esforço são aqueles criados e popularizados pelo Dr. Arnold Kegel na década de 50. Ginecologista norte-americano utilizou pela primeira vez cientificamente os exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica objetivando melhorar os mecanismos de continência urinária. A eficácia dos exercícios depende da motivação e de como os exercícios são feitos (Caetano; Tavares; Lopes, 2004).
1.2. Pilates
O método Pilates é um programa de treinamento físico e mental que considera o corpo e a mente como uma unidade, e dedica-se a explorar o potencial de mudança do corpo humano (Aparicio; Perez, 2005).
O Pilates visa melhorar a flexibilidade, a coordenação e postura, na medida em que fortalece o centro de força do corpo e promove a coordenação da respiração com os movimentos realizados, visando o movimento consciente sem fadiga e dor.
No Pilates três músculos abdominais trabalham com os músculos da coluna para formar o centro de força também chamado de “casa de força” (“Power House”). Nesta “casa de força” a musculatura do assoalho pélvico está inclusa. Na medida em que o Pilates fortalece essa musculatura ele pode vir a promover bons resultados terapêuticos para pacientes com disfunções dos músculos do assoalho pélvico, e que apresentam IU (Craig, 2004; Oliveira, 2009).
Portanto, nos casos de IU, o Pilates pode ser uma boa alternativa na prática de atividade física e na reabilitação de idosos para o fortalecimento da musculatura abdominal e do assoalho pélvico (Lerch, 2011; Milhomen; Xavier, 2012; Silva; Santos; Borges, 2014). Já que o método de fortalecimento da musculatura abdominal no tratamento da IU baseia-se em seis princípios: a respiração, o controle, a concentração, a organização articular, o fluxo de movimento e a precisão e trabalha com exercícios musculares de baixo impacto contracional (Oliveira, 2009).
1.3. Reeducação Postural Global (RPG)
As alterações posturais causadas por modificação estrutural são uma das causas da diminuição da capacidade funcional do assoalho pélvico e, conseqüentemente, da IUE (Ribeiro, 2008).
O tratamento da IUE pela RPG busca realinhar os eixos ósseos, eliminar pontos de tensão nas cadeias musculares e colocar o centro de gravidade do corpo no centro da bacia. Como conseqüência, espera-se desenvolver uma estrutura pélvica presente no esquema corporal, com maior consciência e maior atividade dos músculos do assoalho pélvico e aumentar a capacidade de controle ativo eficaz das funções esfincterianas. (Fozzati et al., 2008).
Um estudo de três casos de IUE feminina indicou que a correção postural do complexo lombo-pélvico-femoral associado ao fortalecimento do assoalho pélvico induz diminuição da perda urinária, ganho de força muscular do assoalho pélvico e diminuição das sensações de umidade e desconforto (Haslam, 2008).
1.4. Cones vaginais
Os cones vaginais representam uma forma simples e prática de identificar e fortalecer a musculatura do assoalho pélvico, usando os princípios do biofeedback. Foram propostos por Plevnik, em 1985, que demonstrou às pacientes ser possível aprenderem a contrair a musculatura do assoalho pélvico por meio da retenção de cones vaginais com pesos crescentes (Haslam, 2008).
Os cones vaginais podem ser utilizados durante a realização de diversos exercícios cinesioterápicos e caminhadas. A utilização do cone estimula as contrações voluntárias e involuntárias dos músculos elevadores do ânus (Guedes; Sebben, 2006).
Os cones são dispositivos de mesma forma e volume, com peso variando de 20 a 100 g, o que determina para o cone um número variável de um a nove. A avaliação consiste em identificar qual cone a paciente consegue reter na vagina durante um minuto, com ou sem contração voluntária dos músculos do assoalho pélvico (conte ativo ou cone passivo) (Santos et al., 2009).
1.5. Eletroestimulação
A eletroestimulação na IU é uma técnica utilizada para propiciar a contração passiva da musculatura perineal. Ela pode ser realizada por meio de eletrodos endovaginais e/ou retais conectados a um gerador de impulsos elétricos, os quais promovem a contração perineal (Guedes; Sebben, 2006).
Atualmente a eletroestimulação se revela um meio eficaz para a conscientização do assoalho pélvico, mesmo que suas finalidades principais sejam a inibição do detrusor e o reforço muscular (Guedes; Sebben, 2006).
Os índices de cura com a eletroestimulação variam de 30 a 50%, ocorrendo melhora dos sintomas em 6 a 90% dos pacientes. A utilização de distintos critérios na avaliação diagnóstica da IUE, nos parâmetros definidos para a eletroestimulação e nos métodos empregados para a análise dos resultados são responsáveis pela diversidade dos resultados obtidos na literatura (Brandt et al., 2005).
1.6. Biofeedback
O biofeedback é um equipamento utilizado para mensurar efeitos fisiológicos internos ou condições físicas das quais o indivíduo não tem conhecimento. Fornece uma informação imediata ao paciente, para, posteriormente, levá-lo a um controle voluntário dessas funções (Guedes; Sebben, 2006).
Considerando que muitas mulheres não têm propriocepção da sua região urogenital são incapazes de contrair voluntariamente seus músculos do assoalho pélvico, o biofeedback é um método eficaz na reeducação dessa região e, também, no fortalecimento desses músculos, uma vez que fornece parâmetros de uma contração máxima (Guedes; Sebben, 2006).
1.7. Exercícios Resistidos
O aumento da força muscular através destes exercícios ocorre devido à aplicação de sobrecargas tensionais progressivas Sempre que os músculos esqueléticos são contraídos contra alguma resistência, ocorrem graus variáveis de tensão nas estruturas musculares, proporcionais à resistência (Santarém, 2004).
Não foram encontradas pesquisas sobre o efeito do exercício resistido muscular globalizado em mulheres com IU. Esta ausência de literatura se deve talvez ao fato de que o protocolo de exercícios mais conhecidos para IU, excluam o uso de músculos como abdominais, glúteos, quadríceps e adutores da coxa.
Considerações finais
São vastos os campos e meios de atuação da fisioterapia para tratamento e controle da incontinência urinária na mulher idosa. Em geral, os mesmos são de simples e econômica utilização, além de alguns possuírem resultados comprovados cientificamente.
Bibliografia
Aparicio, E.; Perez, J. (2005). O autêntico método Pilates: a arte do controle. São Paulo: Planeta do Brasil.
Brandt, F. T. et al. (2005). Influência do volume vesical na avaliação ultra sonográfica da junção uretrovesical e uretra proximal. Radiologia Brasileira, 38 (1), 33-36.
Caetano, A. S. et al. (2009). Influência da atividade física na qualidade de vida e auto-imagem de mulheres incontinentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 15 (2), 93-97.
Craig, C. (2004). Abdominais com Bola – uma abordagem de Pilates para o fortalecimento e definição dos músculos abdominais. São Paulo: Phorte Editora Ltda.
Fozzati, M.H.M. et al. (2008). Impacto da reeducação postural global no tratamento da incontinência urinária de esforço feminina. Revista Associação Médica Brasileira, 54 (1), 17-22.
Glashan, R. Q. et al. (2005). Intervenções comportamentais e exercícios perineais no manejo da incontinência urinária em mulheres idosas. Sinopse Urologia, 6 (5), 102-106.
Gomes, R. L. et al. (2009). Efeito da cinesioterapia e eletroestimulação transvaginal na incontinência urinária feminina: estudo de caso. Arquivos Ciências da Saúde, 16 (2), 83-88.
Guedes, F. M.; Sebben, V. (2006). Incontinência urinária no idoso: abordagem fisioterapêutica. Revista brasileira de ciências do envelhecimento humano, 3 (1), 105-1132006.
Haslam, J. (2008). Vaginal cones in stress incontinence treatment. Nurs Times, 104 (5), 44-45.
Lerche, S. (2011). Pilates e incontinência urinária. Recuperado em 10 de enero de 2015 de: https://www.gramadosite.com.br/estilo/silvanalersch/id:31553/imprimir
Maciel, A. C. (2002). Incontinência urinária. In: Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Milhomem, A. P.; Xavier, K. (2012). Pilates como tratamento na incontinência urinária. Recuperado em 10 de enero de 2015 de: http://karlinha-corpoemmovimento.blogspot.com.br/2012/01/pilates-pode-ajudar-no-tratamento-da.html. Acesso em: 10 janeiro 2015.
Oliveira, D. V. (2009). Prática de atividade física e incontinência urinária. Clipping de artigos e estudos ligados ao fitness e bem estar. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 5 (64), 97-101.
Ramos, B. H. S; Donald, K. F.; Passos, T. S. (2006). Reabilitação da musculatura pélvica aplicada ao tratamento da incontinência urinária. Revista Conquer, 1 (11), 10-15.
Ribeiro, F. (2008). A reeducação postural global é uma ferramenta útil no tratamento da incontinência urinária de esforço feminina? Revista Associação Médica Brasil, 54 (1), 1-11.
Rodrigues, N. C. et al. (2005). Exercícios perineais, eletroestimulação e correção postural na incontinência urinária – estudo de casos. Fisioterapia em Movimento, 18 (3), 23-29.
Santarém, J. M. (2004). Princípios profiláticos e terapêuticos. In: J. M. Santarém, Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido na saúde, doença e no envelhecimento São Paulo: CECAFI.
Santos, P. F.D. et al. (2009). Eletroestimulação funcional do assoalho pélvico versus terapia com os cones vaginais para o tratamento de incontinência urinária de esforço. Revista Brasileira de Ginecologia Obstetrícia, Rio de Janeiro, v.31, n.9, p.447-452, set.
Silva, I. P. R.; Santos, M. T. B.; Borges, J. (2014). Técnica de pilates no tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas. Recuperado em 10 de enero de 2015 de: http://www.studioequilibrium.com.br/downloads/Silva%20-%20Incontinencia%20Urinaria.pdf
Silva, E.V; Oliveira, D. V.; Kravchychyn, C. (2007). Prevalência de obesidade em mulheres na terceira idade praticantes de hidroginástica nas academias da cidade de Maringá/PR. Recuperado em 10 de enero de 2015 de: http://www.unicesumar.edu.br/prppge/pesquisa/epcc2007/anais/daniel_vicentini_de_oliveira2.pdf
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