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Instrumentos para avaliação do desenvolvimento 

motor em deficientes: uma revisão sistemática

Instrumentos para la evaluación del desarrollo motor en discapacitados: una revisión sistemática

Tools for assessment of motor development in disabilities: a systematic review

 

*Doutor em Epidemiologia em Saúde Pública

Professor de educação física do Instituto Benjamin Constant

**Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente

Professor de educação física do Instituto Benjamin Constant

***Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente

Professora de educação física do Instituto Benjamin Constant

(Brasil)

Sérgio Henrique Almeida da Silva Júnior*

sergio.edfisica@gmail.com

Antônio Fernandes Santos do Nascimento**

antonioespecial@oi.com.br

Graziela Torri da Silva***

grazitorri@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O desenvolvimento é um processo contínuo que começa na concepção e cessa com a morte, para indivíduos com deficiências de desenvolvimento, a compreensão do desenvolvimento motor fornece uma base sólida de intervenção, terapia e medicação. O objetivo do presente estudo é realizar uma revisão sistemática dos estudos que utilizam instrumentos para avaliação do desenvolvimento motor em deficientes físicos, mentais, auditivos ou visuais. Foi realizada uma revisão sistemática (MEDLINE, Scopus e Web of Science) acessadas em outubro de 2014. Dos 2.053 artigos inicialmente identificados, 47 foram selecionados. Dos artigos encontrados 63,8% utilizaram o sistema de classificação da função motora grossa e 29,8% utilizaram a medida de função motora grossa. A deficiência mais freqüente foi a paralisia cerebral (PC) (72,3%), seguido da DI (14,9%). A grande maioria dos instrumentos foi desenvolvida para indivíduos sem deficiência o que limita a avaliação nos deficientes, nesse sentido torna-se necessário o desenvolvimento de instrumentos específicos que levem em conta o tipo e as características de cada deficiência.

          Unitermos: Desenvolvimento motor. Revisão sistemática. Deficientes.

 

Abstract

          Development is an ongoing process that begins at conception and ends with death, for individuals with developmental disabilities, understanding of motor development provides a solid foundation of intervention, therapy and medication. The aim of this study is to conduct a systematic review of studies using tools for evaluating the motor development of disabled people, mental, hearing or visual. A systematic review (MEDLINE, Scopus and Web of Science) accessed in October 2014. Of the 2,053 articles initially identified, 47 were selected was held. Articles found 63.8% used the classification system of the gross motor function and 29.8% used the measure of gross motor function. The most frequent deficiency was cerebral palsy (CP) (72.3%), followed by DI (14.9%). The vast majority of instruments was developed for individuals without disabilities which limits the assessment in handicapped in that sense it is necessary the development of specific tools that take into account the type and characteristics of each disability.

          Keywords: Motor development. Systematic review. Disabled.

 

Recepção: 16/04/2015 - Aceitação: 21/05/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O desenvolvimento é um processo contínuo que começa na concepção e cessa com a morte (Gallahue, Ozmun & Goodway, 2013). O desenvolvimento motor é definido como um processo seqüencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, sendo que as mudanças mais acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida (Tani, Kokubun & Manoel, 2007).

    O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de diversas habilidades motoras que possibilitam as crianças um amplo domínio do seu corpo tanto em posturas estáticas como em dinâmicas, locomover-se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular objetos e instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc.) (Santos, Dantas & Oliveira, 2004). Esse desenvolvimento é influenciado por uma variedade de mecanismos: viso, tato e audio-motor.

    Para indivíduos com deficiências de desenvolvimento, a compreensão do desenvolvimento motor fornece uma base sólida de intervenção, terapia e medicação (Gallahue et al., 2013). Sem noções sólidas sobre os aspectos do desenvolvimento do comportamento humano, podemos apenas intuir técnicas educativas e procedimentos de intervenção apropriados.

    Durante o desenvolvimento da criança sem deficiência, a coordenação motora grossa melhora gradualmente com o aumento da idade, no entanto, isso pode não ocorrer em crianças com deficiência visual e cegueira (Haibach, Wagner & Lieberman, 2014). Em crianças cegas a perda do domínio psicomotor pode ser reflexo de privações ambientais, demonstradas na apresentação de dificuldades, aliadas a um comportamento retraído, tímido, ou, por outro lado, hipercinético, que caracteriza o estado defeituoso de coordenação, dificultando o seu desenvolvimento (Souza, Gorla, Araújo, Lifante & Campana, 2008).

    O objetivo do presente trabalho é realizar uma revisão sistemática dos estudos que utilizam instrumentos para avaliação do desenvolvimento motor em deficientes físicos, mentais, auditivos ou visuais.

2.     Métodos

    Realizou-se uma revisão sistemática conforme a metodologia proposta por Higgins & Green (2011) e segundo critérios do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman & The PRISMA Group, 2009).

2.1.     Estratégia de busca

    Foram utilizadas as bases de dados Scopus, Web of Science e Pubmed, acessadas em outubro de 2014. A estratégia de busca na base Pubmed foi baseada na seguinte chave: (movement behavior[Title/Abstract/MESH] or Motor proficiency[Title/Abstract/MESH] or motor coordination[Title/Abstract/MESH] or Motor competence[Title/Abstract/MESH] or Motor assessment[Title/Abstract/MESH] or motor skill assessment[Title/Abstract/MESH] or Psychomotor Performance[Title/Abstract/MESH] or Motor Activity[Title/Abstract/MESH] or Motor skills[Title/Abstract/MESH]) and Disability[Title/Abstract/MESH]*. Para as demais bases de dados foram utilizadas as sintaxes correspondentes específicas de cada base de dados.

    Os títulos e resumos dos artigos foram avaliados por dois revisores de forma independente, para verificar se atendiam aos critérios para inclusão na pesquisa, no caso de discordâncias os mesmos foram avaliados por um terceiro revisor.

2.2.     Critério de elegibilidade e extração dos dados

    Foram incluídos artigos de estudos que utilizaram instrumentos para avaliação do desenvolvimento motor em deficientes físicos (DF), mentais (DM), auditivos (DA) ou visuais (DV) em população de indivíduos com idade variando entre 0 a 18 anos publicados em português, inglês ou espanhol. Foram excluídos estudos de revisão, genéticos, terapias com drogas, em animais, estudos de casos ou amostras com menos de 30 sujeitos, pois estudos com amostras pequenas podem ter distribuições enviesadas (Houser & Bokovoy, 2008).

    As referências identificadas foram armazenadas e processadas por meio do programa JabRef© 2.10. Foram colhidas as seguintes informações: instrumentos utilizados, tipo de deficiência, região do estudo, idade (média), número de participantes, sexo e resultados.

3.     Resultados e discussão

    Dos 2.053 artigos inicialmente identificados, 47 foram selecionados.

    Dos artigos encontrados 63,8% utilizaram o sistema de classificação da função motora grossa e 29,8% utilizaram a medida de função motora grossa. Também foram encontrados: teste de proficiência motora de Bruininks-Oseretsky (4), bateria de avaliação do movimento para crianças (3), escala de desenvolvimento motor de Peabody (2), teste de desenvolvimento motor grosso (3), teste de proficiência motora de Lincoln-Oseretsky (1) e Top Down Motor Milestone Test (1).

    A deficiência mais freqüente foi a paralisia cerebral (PC) (72,3%), seguido da DI (14,9%). A maioria dos estudos foram realizados na Europa (38,3%), seguido da Ásia (34%). A média da idade dos participantes foi de 6,3 anos (DP = 3,2 anos). A participação foi maior entre os homens (61,5%).

3.1.     Bateria de avaliação do movimento para criança

    A Bateria de Avaliação do Movimento para crianças (Movement Assessment Battery for Children - MABC) é um protocolo de testes desenvolvido para avaliar o desempenho motor de crianças de 3 a 16 anos, desenvolvido por (Henderson & Sugden, 1992).

    Em 2007, Henderson e colaboradores publicaram a segunda versão do MABC (Henderson, Sugden & Barnett, 2007) com 43 questões. O protocolo é dividido em duas partes independentes: um teste motor e um questionário (Checklist). Este teste aborda questões acerca do comportamento motor da criança em diversas situações cotidianas, envolvendo aspectos motores que ocorrem tanto em uma sala de aula, como atividades recreativas e de educação física e situações de cuidado pessoal.

    A pontuação do teste em cada item varia de “Nem um pouco” (0), “um pouco” (1) e “muito” (3). Esta pontuação é somada para fornecer um escore total, que então é mapeada em um sistema de “Semáforo” mostrando quando a criança se enquadra nos parâmetros normais da idade esperada (zona verde), mostra o atraso ou alguns pequenos problemas de movimento que necessitam ser monitorados (zona âmbar) ou possui altamente um sério problema de movimento (zona vermelha). Este teste propicia um Escore Motor Total e categorização do comportamento motor em: competência motora apropriada para a idade, riscos de atrasos motores e dificuldades motoras graves (Henderson, Sugden & Barnett, 2007).

3.2.     Escala de Desenvolvimento Motor de Peabody

    A escala de desenvolvimento motor de Peabody (Peabody Developmental Motor Scales - PDMS) foi desenvolvida em 1983 por Folio e Fewell com o objetivo de detecção precoce de desajustamentos ou atrasos no desenvolvimento motor da criança (Ulrich, 1984).

    Em 2000 as autoras da versão original da escala elaboraram uma nova versão da PDMS - 2. Segundo (Folio & Fewell, 2000) essa escala apresenta diversas vantagens como: a) avaliar a coordenação motora; b) identificar déficits motores e desequilíbrios entre as coordenações motoras finas e grossas; c) avaliar o progresso da criança; d) determinar a necessidade/elegibilidade para programas de intervenção clínica; e) planear e avaliar programas de intervenção no contexto educativo e clínico; f) e, a sua utilização como um instrumento de medida na investigação científica.

    Esta escala é constituída de 170 itens agrupados em cinco subtestes que avaliavam a coordenação motora grossa (reflexos, equilíbrio, recepção e propulsão, posição estática e locomoção), e por 112 itens agrupados em quatro subtestes que avaliavam a coordenação motora fina (agarrar, utilização da mão, coordenação visuo-motora e destreza manual). Os resultados das PDMS-2 dividem-se em três domínios do comportamento motor: quociente motor fino (QMF), quociente motor grosso (QMG) e quociente motor total (QMT) que é resultado da soma dos dois anteriores. Como resultado a escala apresenta o desempenho motor global da criança e dos subtestes motores que compõe a escala.

    A pontuação é dada em uma escala de três pontos, 0 (não executa), 1 (proficiência mínima) e 2 (proficiência ótima). Os itens são somados em cada um dos testes e o seu valor é localizado na tabela de referência para a idade, resultando daí um valor padronizado e um valor percentílico que podem ser comparados inter-idades. A soma dos valores padronizados permite obter o QMT, QMF ou QMG de acordo com a tabela de referência. Através desses valores podemos classificar os participantes em sete categorias (de “Muito Bom” até “Muito Fraco”). Essa escala é padronizada população infantil norte-americana e apresentam um valor médio de 10 pontos (±3) para cada teste e o valor médio de 100 (±15) para os quocientes motores (Folio & Fewell, 2000).

    O PDMS foi adaptado e validado para a língua portuguesa por Saraiva et al (2011). No presente estudo somente dois artigos usaram essa medida, Wuang et al (2008) avaliando indivíduos com deficiência intelectual encontraram uma média do QMT padronizado de 72,73 (DP = 3,23) e Wang et al (2006) em indivíduos com paralisia cerebral encontraram um QMT de 56,4 (DP =- 14,7).

3.3.     Medida de função motora grossa

    A Medida de função motora grossa (Gross Motor Function Measure -GMFM) é um instrumento criado por (Russell et al., 1989) e é usado para quantificar a função motora grossa em crianças portadoras de distúrbios neuromotores, em especial aquelas com paralisia cerebral.

    O teste é composto por 88 itens divididos em cinco dimensões que contribuem em pesos iguais para a pontuação total, são eles: deitado e rolando; sentado; engatinhando e ajoelhando; ficando em pé; e andando correndo e pulando. A pontuação é dada em uma escala de quatro pontos, 0 (inatividade da criança frente à atividade pedida), 1 (inicia o movimento proposto de forma independente, executando menos de 10% do movimento), 2 (realiza o movimento parcialmente, de 10% a 100%) e 3 (realiza completamente o movimento ou postura sugeridos), os itens são somados em cada dimensão e a partir desta soma é obtido um escore total (Dianne J. Russell, Rosenbaum, Wright & Avery, 2013).

    No Brasil a adaptação transcultural do GMFM foi realizada por (Nunes, 2008). No presente estudo 29,8% dos artigos utilizaram essa medida. O escore total variou de 63,3 no estudo a 96,07% no estudo de Chen et al (2013).

3.4.     Sistema de classificação da função motora grossa

    O Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (Gross Motor Function Classification System – GMFCS) foi criado por (Palisano et al., 1997), buscando uniformizar as avaliações realizadas acerca do grau de comprometimento motor do indivíduo com paralisia cerebral e tem por objetivo classificar a função motora grossa de crianças, nas faixas etárias de 0 a 2 anos, 2 a 4 anos, 4 a 6 anos e 6 a 12 anos. Está classificação da ênfase ao movimento de sentar e caminhar por meio de cinco níveis motores, caracterizando o desempenho motor ao levar em consideração diferentes contextos como casa, escola e espaços comunitários.

    O GMFCS é classificado da seguinte forma: nível I - consegue locomover-se sem restrições; nível II - apresenta limitação na marcha em ambiente externo; nível III - é atribuído àquelas que necessitam de apoio para locomoção; nível IV - há necessidade de equipamentos de tecnologia assistiva para mobilidade e nível V - apresenta restrição grave de movimentação, mesmo com tecnologias mais avançadas.

    No Brasil a adaptação transcultural do GMFCS foi realizada por (Hiratuka, Matsukura & Pfeifer, 2010) e tem sido bastante utilizado tanto na prática clínica quanto em pesquisas. No presente estudo 63,8% dos artigos utilizaram esse sistema de classificação. A classificação de grande dificuldade motora (nível III a V) variou de 3,45% entre os participantes no estudo (Russo, Miller, Haan, Cameron & Crotty, 2008) a 68,3% no estudo de (Chen et al., 2013).

3.5.     Teste de desenvolvimento motor grosso

    O teste de desenvolvimento motor grosso (Test of Gross Motor Development – TGMD) foi desenvolvido por Ulrich em 1985 com o objetivo de avaliar as habilidades motoras fundamentais de crianças, identificar as crianças que estão significativamente atrasadas em relação a seus pares, planejar um programa curricular com ênfase no desenvolvimento motor, avaliar o progresso individual no desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais, avaliar o sucesso de um programa motor, servir como instrumento de medidas em pesquisas que envolvem as habilidades motoras fundamentais (Ulrich, 1985). A versão original da escala foi modificada por Ulrich em 2000.

    O TGMD-2 é composto por múltiplas habilidades motoras fundamentais, a fim de avaliar como as crianças coordenam o tronco e membros durante a utilização de uma habilidade motora. O TGMD-II consiste de 12 itens dos quais sete são habilidades de locomoção (correr, galopar, saltitar, salto sobre o mesmo pé, salto como os dois pés, salto com um pé e corrida lateral) e cinco são habilidades de controle de objeto (rebater, quicar, receber, chutar, arremessar).

    Os dados brutos são obtidos através do somatório de pontos recebidos pelo indivíduo na execução de cada habilidade motora, considerando-se a forma do movimento executado pelo indivíduo em cada tentativa, sendo um total de três tentativas. Eles variam de zero a 46 pontos tanto para habilidades de locomoção quanto para habilidades de controle de objeto.

    O TGMD foi validado para amostra brasileira por (Spessato, Pick & Villwock, 2006). No presente estudo três artigos usaram esse teste. (Haibach et al., 2014) avaliando indivíduos com deficiência visual encontraram para habilidade locomotora uma média de 29,4 (DP = 7,75) entre os meninos e 29,5 (DP = 7,55) entre as meninas, para a habilidade de controle de objetos os autores encontram uma média de 33,1 (DP = 8,27) para os meninos e 29,5 (DP = 10,03) para as meninas. (Houwen, Hartman, Jonker & Visscher, 2010) também avaliando indivíduos com deficiência visual encontraram uma média de 31,9 (DP = 5,24) para habilidade locomotora e 29,4 (DP = 7,43) para a habilidade de controle de objetos. (Hartman, Houwen, Scherder & Visscher, 2010) em indivíduos com deficiência intelectual encontraram em indivíduos com deficiência intelectual leve uma média para habilidade locomotora de 36,0 (DP = 0,79) e para habilidade de controle de objetos uma média de 34,7 (DP = 0,72), para indivíduos com deficiência intelectual severa os autores encontraram uma média de 38,1 (DP = 0.61) para habilidade locomotora e 35,5 (0,55) para habilidade de controle de objetos.

3.6.     Teste de proficiência motora de Bruininks-Oseretsky

    O teste de proficiência motora de Bruininks-Oseretsky (Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency - BOTMP) foi desenvolvido em 1978 por (Bruininks, 1978). Tem por objetivo fornecer informações a respeito da motricidade de um indivíduo através de seu desempenho em determinadas habilidades motoras. Este teste permite realizar um diagnóstico da proficiência em determinadas habilidades motoras de crianças dos 4 aos 21 anos. Em 2005 este teste foi revisado e publicado como Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency, Second Edition (Bruininks & Bruininks, 2005).

    O teste completo inclui 46 itens que são constituídos de 8 subtestes: 1 - velocidade de corrida e agilidade (1 item); equilíbrio (8 itens); 3 - coordenação bilateral (8 itens); 4 – força (3 itens); 5 - coordenação dos membros superiores (9 itens); 6 - velocidade de resposta (1 item); 7 – controle viso-motor (8 itens); 8 - destreza e velocidade dos membros superiores (8 itens), além disso esse teste possui uma versão reduzida com 14 itens (Bruininks, 1978).

    O BOTMP subdivide-se em: composto motor amplo que compreende os subtestes de l a 4, composto motor fino, subtestes de 5 a 8 e o composto da bateria, que é a soma do resultado obtido em toda os subtestes e que fornece o índice da proficiência motora geral da criança.

    Até o momento não foram identificados estudos com a validação desse teste para amostra brasileira. No presente estudo encontramos três artigos de validação desse instrumento em deficientes intelectuais realizado por Wuang et al (Yee-Pay Wuang, Lin & Su, 2009; Yee-Pay Wuang & Su, 2009; Y. P. Wuang, Su & Huang, 2012) e um dos mesmos autores investigando o perfil das funções motoras em escolares com deficiência intelectual, nesse estudos, eles encontraram um índice da proficiência motora geral de 127,14 (DP = 22,8).

3.7.     Teste de proficiência motora de Lincoln Oseretsky

    O teste de proficiência motora de Lincoln Oseretsky (Lincoln-Oseretsky Test of Motor Proficiency – LOTMP) foi é desenvolvida em 1948 por William Sloan e é uma adaptação do teste de proficiência motora de Oseretsky. O teste original é composto de 46 itens. Em 1955 William Sloan revisou esse teste e o reduziu para 36 itens. Ele avalia as habilidades motoras das crianças tais como: equilíbrio, coordenação motora fina, coordenação olho-mão, coordenação motora grossa e coordenação mão-pé (Vandenberg, 1964). Os escores médios da escala ajustadas por idade para os subtestes são 15 (DP = 5), a pontuação do escore completo varia de 20 para 80.

    Também não foram identificados estudos com a validação desse teste para amostra brasileira. (Malekpour et al., 2012), avaliando o efeito de um treino adaptado em indivíduos com DI mostraram associação entre escore médio desse teste e o treino adaptado.

3.8.     Top Down Motor Milestone Test

    O Top Down Motor Milestone Test (TDMMT) é uma teste integrante ao Mobility Opportunities Via Education (MOVE) e foi desenvolvido em 1986 por Bidabe. É utilizado em crianças com deficiência múltiplas para o planejamento de instrução e progresso das habilidades motoras. Este teste é composto pelos seguintes itens: manter-se sentado; movimentar-se enquanto sentado; manter-se em pé; transição: passar de sentado para em pé; transição: passar de em pé para sentado; pivotear enquanto em pé; andar para frente; iniciar a marcha a partir da postura em pé; parar de andar e se manter em pé; andar para trás; se virar enquanto anda; subir degraus; descer degraus; andar em superfície irregular; subir ladeiras; descer ladeiras (Bidabe, 2003).

    Este teste não tem o objetivo de avaliar o desenvolvimento motor, mas serve como recurso de avaliação das habilidades motoras básicas que a criança necessita para atuar funcionalmente na escola, na casa, na comunidade e em seus ambientes cotidianos (Bidabe, 2003).

4.     Conclusão

    O presente estudo permitiu identificar os instrumentos que avaliam o desenvolvimento motor em deficientes físicos, mentais, auditivos ou visuais. Observou-se um maior número de estudos voltados para indivíduos com paralisia cerebral e com deficiência intelectual.

    A grande maioria dos instrumentos foram desenvolvidos para indivíduos sem deficiência o que limita a avaliação nos deficientes, nesse sentido torna-se necessário o desenvolvimento de instrumentos específicos que levem em conta o tipo e as características de cada deficiência.

    Não foi encontrado na literatura nacional estudos com amostra adequada para avaliação de deficientes.

Bibliografia

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