A importância da Psicomotricidade Relacional na inclusão, estimulação e reabilitação de pessoas com deficiências La importancia de la Psicomotricidad Relacional en la inclusión, estimulación y rehabilitación de personas con discapacidad The importance of Relational Psychomotor on inclusion, stimulation and rehabilitation of people with disabilities |
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Educador Físico – UNIPLI Especialista em Psicomotricidade – IBMR (Brasil) |
Marcelo Bittencourt Jardim |
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Resumo A Psicomotricidade Relacional é uma prática que permite que crianças, adolescentes e adultos com deficiências venham superar conflitos relacionais de forma preventiva e terapeuticamente sobre o processo psicomotor (coordenação motora), afetivo (sócio-emocional) e intelectual (cognitivo), diretamente vinculados a fatores psicoafetivos relacionais e ajudar essas pessoas com deficiências na interação e inclusão social. Unitermos. Psicomotricidade Relacional. Afeto. Pessoas com deficiências. Inclusão social.
Abstract The Relational Psychomotor is a practice that allows children, adolescents and adults with disabilities will overcome relational conflicts preventively and therapeutically on psychomotor process (coordination), affective (social-emotional) and intellectual (cognitive), directly linked to psycho affective relational factors and help these people with disabilities in social interaction and inclusion. Keywords: Relational Psychomotor. Affection. People with disabilities. Interaction and social inclusion
Recepção: 15/04/2015 - Aceitação: 19/05/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Psicomotricidade Relacional
Segundo André Lapierre, educador físico francês e criador da prática relacional na década de setenta. É uma prática educativa, de valor preventivo e terapêutico, que permite que crianças, jovens e adultos, expressem seus conflitos relacionais, superando – os através do brincar, do jogo simbólico.
Sendo assim, uma atividade baseada no brincar espontâneo ajudando a superar as dificuldades relacionais. Principalmente na interação com parceiros da brincadeira e consigo mesmo.
É uma prática que permite que a criança consiga a expressão e superação de conflitos relacionais, interferindo de forma esclerótica (dura), preventiva e terapeuticamente sobre o processo de desenvolvimento cognitivo, psicomotor e sócio-emocional, na medida em que estão diretamente vinculados a fatores psicoafetivos relacionais, para então proporcionar os meios de decodificação das nuances expressas nas relações, levando em consideração seu desenvolvimento psicomotor e sócio-histórico, com a finalidade de ajudar e atender ás necessidades de crianças e jovens em formação, nos aspectos psíquicos, motores e emocionais que, em conjunto, influem diretamente na construção e desenvolvimento da personalidade do sujeito (Vieira, Batista e Lapierre, 2005).
A especificidade do método relacional tem como prioridade dar atenção e concentrar o trabalho sobre a relação (interação e inclusão).
No brincar a criança está sempre acima de sua idade média, acima de seu comportamento diário. Assim, na brincadeira de faz-de-conta, as crianças manifestam certas habilidades que não seriam esperadas para sua idade. Nesse sentido, a aprendizagem cria a zona de desenvolvimento proximal, ou seja, a aprendizagem desperta vários processos internos de desenvolvimento. Deste ponto de vista, aprendizagem não é desenvolvimento; entretanto o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer (Vygotski apud Oliveira, 2002, p. 132).
O brincar faz parte do dia-a-dia da criança, os jogos devem ser inseridos gradativamente em sua rotina, por meio do simples jogo ou o ato do brincar melhorando a observação, imaginação, reflexão e observação. É por meio do lúdico que ela começa a desenvolver suas capacidades (Sousa apud Teixeira, 2015, p.3).
Segundo Marcelo Bittencourt, argumenta que:
O jogo simbólico: “É o “faz de contas” estimula a imaginação e a fantasia da criança autista. Um exemplo de faz de contas é dar comida a boneca”.
As brincadeiras são de grande importância para o desenvolvimento da criança, brincar e jogar podem ser visto por muitos como coisas simples do cotidiano delas, porém observando, podemos verificar que as atividades lúdicas por muitas vezes é o centro das idéias para o desenvolvimento intelectual, psicológico, emocional e social (Sousa apud Teixeira, 2015, p.3).
Podemos considerar que o lúdico é de suma importância para a criança tenha um bom desenvolvimento a imaginação, criatividade e curiosidade. A escola e as instituições de atendimentos a pessoa com deficiência tem o papel fundamental de proporcionar as crianças atividades que desenvolva suas capacidades físicas é necessário que a mesma valorize a seriedade na busca do conhecimento, resgatando o lúdico, o prazer do estudo, sem reduzir a aprendizagem do aluno ao que é apenas prazeroso em si mesmo (Brasil, 1997).
O Psicomotricista Relacional tem que ser capaz de detectar o sentido real que se esconde por trás do simbólico, por trás da brincadeira. Ajudando, fazendo a mediação, provocando, escutando, interagindo com o outro e com seu parceiro no jogo simbólico. Identificando as dificuldades e potenciais para poder criar estratégias que contribuam para o desenvolvimento global da criança, adolescente e adulto com deficiência.
Desenvolvendo assim, os elementos psicomotores que são: Lateralidade, Percepção de tempo e espaço, ritmo, equilíbrio estático e dinâmico, percepção óculo pedal e manual, percepção visual, coordenação visomotora, atenção, concentração e cognição. Desenvolvendo suas valências físicas como: agilidade e velocidade. A socialização, flexibilidade e a deambulação: que é o andar do indivíduo.
Segundo Esp. Marcelo Bittencourt da IBMR:
“Para existir inclusão social tem que ter interação, se não existir a interação a inclusão social está comprometida”.
Medeiros & Falkenbach (2008) por exemplo, afirmam que a “Inclusão de alunos com necessidades especiais na educação física é bem complicada na sua história, a educação física no Brasil do século XIX e início do século XX, estava voltada para formar indivíduos fortes e saudáveis, deixando de lado os corpos ‘doentes’, gerando com isso uma forma de exclusão”.
Assim, a inclusão de pessoas com deficiência no espaço escolar é um direito de todos, e é dever das instituições de ensino se adaptar para atender as necessidades dos seus alunos com deficiência, “de modo que ofereça diferentes estratégias de aprendizagem e avaliação, garantindo que nenhum aluno será excluído das atividades desenvolvidas” (Cardoso & Bastilha, 2010).
Para que haja efetivamente a prática da inclusão, os educadores, precisam aprender a aceitar as diferenças individuais, incentivar e promover a valorização das pessoas e a cooperação entre elas. Portanto, a inclusão é uma ponte para a formação de um novo tipo de sociedade através de suas transformações (Sassaki, 1997). A inclusão não deve ser apenas colocar um aluno com deficiências na escola comum e sim, é saber e aprender como vamos lidar com as diferenças e principalmente como vamos lidar com as nossas emoções.
2. Caracterização das Deficiências (estudo de caso de estimulação e reabilitação)
Maciel, Miguel e Venditti (2009) afirmam que a deficiência pode acometer o indivíduo em todos ou em partes do segmento de seu corpo, podem ser físicas (membros superiores e/ou inferiores), auditivas, visuais (perda total ou baixa visão), mentais ou múltiplas, de acordo a estes autores tais diferenciações podem ocorrer de acordo a cada caso de deficiência do indivíduo, ou seja, “uma alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo, sendo temporária ou permanente, decorrente de fatores inatos ou adquiridos”.
Por receio ou mesmo preconceito, a maioria dos alunos com deficiências tendem a ser excluídos das aulas de educação física, mas a participação nessa aula pode trazer muitos benefícios para esses alunos, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades perceptivas, afetivas, de integração e inserção social, que levam este aluno a uma maior condição de consciência, em busca da sua futura independência (PCN, 1998).
O professor é a pessoa com uma relação mais próxima e que tem maior contato com o aluno com necessidades especiais, ele é o responsável pela organização do ensino a fim de facilitar as interações sociais, seria bem mais fácil, uma ação conjunta com os outros profissionais que estão presentes na escola, o certo seria que todos pudessem trabalhar juntos (Saint-Laurent, 1997). Sendo assim:
Deficiência Visual com Encefalopatia:
Encefalopatia é a lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais. Deficiência Visual, conhecida como cegueira total nos dois olhos e encurtamento do tendão calcanear do pé direito.
Síndrome de Asperger:
É um transtorno do espectro autista diferenciando – se do autismo clássico por apresentar fala compreensível. É mais comum no sexo masculino.
Deficiência Intelectual e Craniossinostose:
Segundo AAIDD, a deficiência intelectual é definida como limitações importantes que afetam o funcionamento intelectual, significativamente abaixo da média, acompanhando de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autos cuidados, competência doméstica, habilidades sociais, interpessoais. A Craniossinostose é uma má formação no desenvolvimento decorrente da fusão prematura das suturas craniais. Suturas essas que são coronal frontal (frontal do crânio), sutura sagital (parte parietal do crânio) e sutura lambdoid (parte occiptal do crânio). Nesse caso é o acometimento da sutura sagital que fica na parte parietal da caixa craniana. Quando uma sutura do crânio se fecha prematuramente, o crânio não cresce na direção perpendicular e esta sutura afetada, o que resulta em deformidades craniais. O tipo da deformidade dependerá de qual sutura foi fechada prematuramente.
Autismo:
É um transtorno intelectual que faz a pessoa viver em um mundo totalmente diferente. Um pouco fora de nossa realidade / meio social.
3. Atuação Profissional do Psicomotricista e Educador Físico (Marcelo Bittencourt Jardim)
Deficiência Visual e Encefalopatia
Estimular a busca e procura de objetos ao redor da criança através do toque. Desenvolver o brincar através de objetos: bolas, bambolês, bonecas e túnel para desenvolver seu engatinhar. Desenvolver a estimulação sensorial (tátil e sonora), postural e proprioceptiva através do toque.
Síndrome de Asperger
Desenvolver a relação interpessoal (interação e socialização) sua atenção, concentração, respeito a limites e regras e elaboração de conflitos internos.
Deficiência Intelectual e Craniossinostose
Fortalecer e enfatizar a inspiração e expiração durante as atividades, pois eles possuem crises de bronquites – desobstrução brônquica. Desenvolver atividades para avançar com o atraso no desenvolvimento motor que eles possuem através de brincadeiras lúdicas. Desenvolver atividades para reconhecimentos de cores primárias, secundárias e sua coordenação motora fina e global.
Autismo:
Desenvolver a interação e a socialização. O Brincar a Relação.
Com materiais: bambolês, bolas etc... Para estimulação dos pacientes.
4. Considerações finais
Por meio de todas estas abordagens brevemente citadas, pretendeu-se colocar à luz a complexidade do assunto e a forma multifacetada de discutir esta questão. Os diversos fatores que podem contribuir para a estimulação e reabilitação de pessoas com deficiências. Apesar de não ignorarmos a natureza cognitiva e mental que este assunto pode carregar, nos preocupa, contudo, a patologização que pode ser dada ao tema quando determinados aspectos são superestimados em detrimento de outros. Assim, pretendemos mostrar com esse trabalho que a Psicomotricidade Relacional é de suma importância para a estimulação, reabilitação, inclusão social e interação social de pessoas com deficiências. E que a disponibilidade do profissional é importantíssimo para obter resultados expressivos e concretos.
Realização do trabalho
O trabalho foi realizado na SMPD – Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência em Rio de Janeiro, Brasil. Todos os pacientes nas fotos são cadastrados e são usuários da SMPD. Trabalho de Estimulação e Reabilitação do Psicomotricista e Educador Físico: Marcelo Bittencourt Jardim. Ministrado como aula na Universidade Federal Fluminense – UFF, na graduação de pedagogia, disciplina educação especial, sob a responsabilidade da doutora e docente da Universidade Federal Fluminense, Nelma Alves Marques Pintor.
Tema da aula ministrada
Tema do encontro na Universidade Federal Fluminense: “Interação com pessoas com deficiência na escola e na sociedade”
Tema apresentado pelo docente ministrante convidado Marcelo Bittencourt Jardim:
“A importância da psicomotricidade relacional na inclusão, estimulação e reabilitação de pessoas com deficiências”
Bibliografia
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF.
Cardoso, V. D. & Bastilha, R. R. (2010). Inclusão de alunos com necessidades especiais na escola: reflexões acerca da Educação Física Adaptada. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 15(146). http://www.efdeportes.com/efd146/inclusao-de-alunos-com-necessidades-especiais.htm
http://www.psicomotricidaderelacional.com/a-psicomotricidade-relacional. Acesso em 08 de fevereiro de 2015.
Maciel, P. A., Miguel, J. & Venditti, R., Jr. (2009) Reflexões a respeito da inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais em aulas de Educação Física Escolar: concepções e formação profissional. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 14(131). http://www.efdeportes.com/efd131/pessoas-com-necessidades-educacionais-especiais-educacao-fisica.htm
Medeiros, J. & Falkenbach, A., P. (2008). A relação professora/aluna com necessidades especiais nas aulas de Educação Física da escola comum.EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 12(117). http://www.efdeportes.com/efd117/aluna-com-necessidades-especiais-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm
Saint-Laurent, L. (1997). A educação de alunos com necessidades especiais. MONTOAN, M. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon.
Sassaki, R. (1997). Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA.
Secretaria de Educação Fundamental (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física Brasília, MEC/SEF.
Sousa, Francisco J.F. e Teixeira, Liliane S. (2015). Lúdico na Educação Física nos anos iniciais. EFDeportes.com, Revista Digital. Bueno Aires, Ano19, Nº 202, Marzo. http://www.efdeportes.com/efd202/ludico-na-educacao-fisica-nos-anos-iniciais.htm
Vieira, L. Batista, M.I.B. Lapierre, A. (2005). Psicomotricidade Relacional: a teoria de uma prática. Curitiba: Filosofart/Ciar.
Vygotski, L. (1989). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.
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