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A corpolatria e sua influência nos estudantes de 

Educação Física praticantes de treinamento de força

La corpolatría y su influencia en los Estudiantes de Educación Física practicantes de entrenamiento de la fuerza

The corpolatria and your influence on students of Physical Education practitioners of strength training

 

*Graduandos em Educação Física

pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador, Graduado em Educação Física

pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

Integrante do Grupo de Pesquisa em Cultura Corporal Carioca

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

***Orientador, Docente do curso de Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

Mestre em Ciência da Motricidade Humana

pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

(Brasil)

Jefferson Fernandes Evangelista*

Jonathan Nascimento Siqueira*

Taynara Lima Martins da Silva*

Jéssica da Silva Lima Martins*

Matheus Siqueira Barbosa Monção*

Gabriel Ferreira Luis Barbedo Martins*

Marcos Vinicios Esperança*

Arthur Maximiliano Câmara*

Romulo Caccavo**

Sérgio Ferreira Tavares***

romulocaccavo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi verificar o nível de corpolatria dos alunos do quinto ao oitavo período do curso de educação física praticantes de musculação. A amostra foi composta por vinte e oito sujeitos do sexo masculino, com idades entre 22 e 42 anos, todos praticantes de musculação no município do Rio de Janeiro. O instrumento de medida utilizado foi o Questionário do Complexo de Adônis (QCA), para avaliarmos o nível de preocupação com a imagem corporal no grupo pesquisado em dois momentos, com os seguintes resultados: no primeiro momento ao aplicar o protocolo obtivemos o resultado de 64% (não afeta seu dia-a-dia), 32% (afeta de forma branda) e 4% (afeta de forma considerável) respectivamente já após a intervenção, e a reaplicação do mesmo a classificação foi de 68% (não afeta seu dia-a-dia) e 32% (afeta de forma branda). Entre eles houve uma palestra com um profissional da área Educação Física. Conclui-se é possível influenciar positivamente o nível de corpolatria desse grupo.

          Unitermos: Indústria cultural. Corpolatria. Educação Física.

 

Abstract

          The objective of the study was verifying the level of corpolatria from the students in 5th period to 9th period of the curse of physical education bodybuilders. The sample was composed of twenty-eight men, with age between 22 to 42 years, all of them bodybuilders from Rio de Janeiro. The measuring instrument was Adonis Complex Questionnaire (QCA), to assess the level of concern about body image in the group studied on two occasions, with the following results: at first the protocol obtained by applying the result of 64% (does not affect their day-to-day), 32% (affects mildly) and 4% (affects considerably) respectively already after the intervention, and the reapplication of the same classification was 68% (does not affect their day-to-day) and 32% (affects mildly). Among them was a talk with a professional in the area physical education. Concludes it is possible to influence the level of corpolatria this group.

          Keywords: Cultural industry. Corpolatria. Physical Education.

Recepção: 20/03/2015 - Aceitação: 22/04/5015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 205 - Junio de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A indústria cultural é definida como a conversão da cultura de massa em mercadoria, semelhante a qualquer indústria baseada nos princípios da lucratividade. Esse termo é usado para designar esse modo de fazer cultura, a partir da lógica da produção industrial, significa que se passou a produzir arte com a finalidade do lucro (Adorno e Horkheimer, 1985).

    Segundo Bauman (2008), passamos da sociedade de produtores para uma sociedade onde o consumo impera sobre as relações sociais. Na sua visão, o que dá sentido à sociedade contemporânea, é a ânsia eterna por consumir sempre mais e mais rápido, descartando ainda mais rapidamente o “velho” em troca da mais nova novidade. Isto se dá não por escolha própria, mas porque toda e qualquer pessoa sabe que precisa promover a si mesma como um produto desejável e atraente ao consumo dos outros, pois só assim receberá a atenção que almeja.

    A sociedade atual vem produzindo a manifestação do que é estético e, principalmente, do que deve ser almejado, exibindo um padrão extremamente rígido quanto ao corpo ideal e não se dá conta da produção de um sintoma coletivo que circula por todos os ambientes. Assuntos relacionados às dietas, aparência física, cirurgias plásticas e a prática de exercícios físicos estão em toda parte: no trabalho, na escola e em festas (Bucaretchi, 2003).

    A corpolatria se insere como um fato social real, da sociedade de consumo, indicativo da agonia e alienação típicas desse paradigma societário, é uma espécie de “patologia da modernidade”. A obtenção de um patamar de saúde considerado possível de se avaliar, permitindo uma corrida desenfreada, à busca do “corpo perfeito”, o corpo dos olhares dessa sociedade, afinal indivíduos que se entregam a essa idolatria estão carentes de conhecer outro mundo, constituído de um ser social crítico, para então, compreender a questão da saúde de forma menos consumista. O individualismo exacerbado, o narcisismo e a mídia são alimentos da corpolatria, estes aspectos têm forte influência no comportamento do indivíduo (De Lima, 2009).

    A sociedade contemporânea exige que o profissional de educação física esteja dentro desse “padrão de beleza” imposto pela mídia, fazendo que esse futuro profissional distorça o real significado desta profissão, podendo no futuro influenciar seus alunos em relação ao valor imposto pelo corpo físico, fazendo um marketing de “corpo saudável”, quando na verdade só se está interessado na visão estética.

    Sendo assim, o presente artigo tem a finalidade de avaliar o nível de corpolatria dos estudantes de educação física do quinto ao oitavo período praticantes de musculação e gerar uma intervenção positiva em relação à preocupação com a sua imagem corporal.

Indústria Cultural e Corpolatria

    O capitalismo forja, incessantemente, novas necessidades, veiculando-as como naturais, de acordo com os interesses do mercado, controlando, manipulando e potencializando o consumo. Tratando-se de atividade física, institui e reforça a idéia do corpo saudável como uma mercadoria. Academias, spas, clínicas de estética, clubes, estúdios de personal training, estão cada vez mais especializados para captação de clientes que buscam o modelo de corpo ideal imposto pela sociedade atual de consumo. A exacerbação desse desejo, como algo a ser buscado de forma incessante e até desmedida, já tem denominação própria: corpolatria. A tendência, ou paradigma, de culto ao corpo enquanto objeto de consumo simbólico traz a questão se esse processo de mercadorização do corpo, não estaria comprometendo a saúde e a própria qualidade de vida de freqüentadores de academia que são adeptos desse culto (De Lima, 2009).

    O benefício da Educação Física à saúde é enaltecido enquanto elemento vinculado diretamente à ausência de doença, como uma ‘vacina’ eficaz para o tratamento do estresse, como possibilidade de adoecer menos ou mais amenamente, como forma mais econômica de medicina social, como remédio contra o envelhecimento e as doenças degenerativas, como a recuperação psicossomática do trabalho para um aumento da sua produtividade. O fim último dessas preocupações é sempre a readaptação social (Loureiro e Della Fonte, 1997).

    O corpo é um instrumento relacional com o mundo exterior, ou seja, muitas vezes através da linguagem corporal podemos observar várias formas de comunicação com o mundo, observando até várias formas, compreendendo até os processos psicológicos e subjacentes dessa comunicação (Silva, 2004).

    Segundo Estevão (2009), corpolatria nada mais é que o culto ao corpo de forma exagerada, colocando-o como foco central de vida, em detrimento de outros valores sociais. O corpólatra é capaz de passar horas em uma academia cultuando esse corpo, em função disso outras habilidades sociais perdem interesse. Geralmente esse indivíduo associa corpo belo e perfeito à sucesso e êxito nos mais variados assuntos humanos, como se somente o corpo fosse o parâmetro de tal êxito ou sucesso.

Complexo de Adônis

    O termo “Complexo de Adônis” é uma referência ao herói grego considerado um ícone da beleza masculina. Apesar de não estar incluída nas classificações tradicionais de transtornos mentais como doença específica, devido a vários autores não a considerarem como uma nova doença, mas sim uma manifestação clínica de um quadro já amplamente descrito (Pope et al, 2000).

    De acordo com a Psiquiatria, é uma síndrome onde as pessoas, geralmente homens, independente da musculatura, que normalmente são bem desenvolvidas, têm uma opinião patológica a respeito do próprio corpo, acreditando terem uma musculatura muito pequena, frágil e fraca. Eles se mostram excessivamente preocupados com a própria aparência, estão constantemente insatisfeitos com seus músculos e buscam incessantemente a perfeição corporal (Ballone, 2005).

    Segundo Camargo et al (2008), a intensa busca ao “corpo perfeito” a fim de levar o indivíduo a uma inclusão nos “padrões de beleza da mídia” pode acarretar em alguns tipos de transtornos, como por exemplo, a anorexia e a vigorexia, sendo o último mais freqüente no ambiente do salão de musculação.

    Diante do espelho, os vigoréxicos se vêem fracos, magros, franzinos, apesar de fortes e muito musculosos. A autoimagem distorcida leva os portadores de vigorexia à prática exagerada de exercícios físicos, em busca do “corpo perfeito” de acordo com os padrões de beleza impostos pelos valores da sociedade contemporânea. Os indícios que viabilizam um diagnóstico para a vigorexia são: distorção na percepção da imagem corporal, a permanência de tempo excessivo na academia, o uso de esteróides anabolizantes, o interesse por dietas ricas em proteínas e carboidratos, a ansiedade, a depressão, a irritabilidade, lesões articulares e/ou musculares, o cansaço físico e em alguns casos uma diminuição da libido, prejudicando o desempenho sexual (Camargo et al, 2008).

Metodologia

    O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa experimental, que na concepção de Gil (2002), consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Com delineamento ex-post-facto, onde se pretende verificar a existência de relações entre variáveis, o que o pesquisador procura fazer neste tipo de pesquisa é identificar situações que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles.

    A amostra foi constituída por vinte e oito indivíduos do sexo masculino, estudantes de educação física do quinto ao oitavo período, praticantes de musculação há no mínimo quatro meses, freqüência regular da prática ao menos três vezes por semana. Foram excluídos aqueles que não estavam preenchidos adequadamente (com rasuras ou mais de uma alternativa marcada para a mesma questão), aqueles que não estão cursando entre a faixa do quinto ao oitavo período do curso de educação física ou mesmo incompletos (onde o indivíduo deixou de responder alguma questão), restando como amostra final do presente estudo vinte e oito indivíduos.

    Para responder os objetivos específicos do estudo foram pesquisados os temas: cultura corporal, indústria cultural, corpolatria e complexo de Adônis. E foi feita uma comparação de como o modo que a preocupação com sua imagem corporal afeta a vida dos alunos do quinto e sexto período (ex e post facto) e sétimo e oitavo período (ex e post facto).

    Foi utilizado o Questionário do Complexo de Adônis, onde as instruções do preenchimento de ambos foram ditas pelos pesquisadores antes de sua aplicação. Os participantes, antes da coleta dos dados, foram informados sobre o objetivo da pesquisa e esclarecidos que todos os dados seriam utilizados apenas para divulgação científica do estudo.

    O QCA foi utilizado para questionar especificamente de que formas as preocupações com a imagem corporal podem afetar as atividades da vida diária desse indivíduo. É um questionário contendo 13 questões fechadas. Esse teste classificará os alunos em escores: a) de 0-9: Você pode ter algumas preocupações, b) de 10-19: Possui uma forma branda a moderada do Complexo de Adônis, c) de 20-29: O Complexo de Adônis é um problema sério e d) de 30-39: Possui um grave problema com a imagem corporal. Para obter seu escore QCA, atribua 0 pontos a cada pergunta com resposta “a”, 1 ponto para cada pergunta com resposta “b” e 3 pontos para cada pergunta respondida “c”. Somando os pontos você obterá um escore total de que irá de 0 a 39 (Pope et al, 2000).

    A coleta de dados se deu de forma não probabilística e acidental no campus Realengo da Universidade Castelo Branco na cidade do Rio de Janeiro.

    Após o primeiro teste aplicado (ex facto) usando o QCA será realizada uma intervenção com o público alvo. Esta intervenção tem por finalidade esclarecer os alunos do quinto ao oitavo período do curso de Educação Física quanto a importância de se estabelecer limites em sua conduta quanto à procura do "corpo perfeito", refletindo as possíveis conseqüências de hábitos extremos para se obter o corpo desejado, sua postura quanto ao tema proposto para reflexão, e sua importância quanto agente transformador e membro de uma sociedade dominada pela Indústria Cultural. Ainda dentro desta temática, no decorrer das palestras será exibido um vídeo contendo imagens de corpos "ditados pela mídia" e contrapondo esta idéia, imagens de corpos "esculpidos" através de drogas lícitas e/ou ilícitas, de excesso de exercícios que não respeitam os limites do corpo e da mente e distúrbios alimentares.

    A intervenção tem como objetivo informar os alunos do curso de educação física quanto à importância de se estabelecer limites em seu comportamento em relação à dependência ao exercício físico e a preocupação com a conquista do “corpo perfeito” ditado pela mídia. Após o evento será aplicado os mesmos questionários (post facto), onde avaliaremos se houve ou não mudança, no grupo estudado, após a intervenção. Os dados obtidos foram digitados em um banco de dados do software Microsoft Office Excel 2013 para que pudesse ser feita a análise dos dados.

Questionário do Complexo de Adônis (QCA)

  1. Quanto tempo você gasta por dia preocupando-se com algum aspecto de sua aparência (não apenas pensando a respeito, mas realmente preocupando-se com ele)?

    1. menos de 30 minutos

    2. 30 a 60 minutos

    3. mais de 60 minutos

  2. Com que freqüência você fica perturbado com suas preocupações com a aparência (isto é, sentindo-se triste, ansioso ou deprimido)?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  3. Com que freqüência você evita que outras pessoas vejam todo o seu corpo ou uma parte dele? Por exemplo, com que freqüência você evita vestiários, piscinas ou situações em que terá de tirar a roupa? Alternativamente, com que freqüência você usa certas roupas para alterar ou disfarçar sua aparência – tais como um chapéu para esconder seu cabelo ou roupas largas para esconder o corpo?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  4. Quanto tempo, no total, você gasta por dia envolvido em atividades destinadas a melhorar sua aparência?

    1. menos de 30 minutos

    2. 30 a 60 minutos

    3. mais de 60 minutos

  5. Quanto tempo, no total, você gasta por dia com atividades físicas para melhorar a aparência de seu corpo, tais como levantar pesos, fazer flexões ou correr em uma esteira? (incluir apenas aquelas atividades esportivas nas quais um dos seus principais objetivos é melhorar a aparência)

    1. menos de 60 minutos

    2. 60 a 120 minutos

    3. mais de 120 minutos

  6. Com que freqüência você se dedica à dieta, comendo alimentos especiais (por exemplo, alimentos ricos em proteína ou com baixo teor de gordura), ou toma suplementos nutricionais especificamente para melhorar sua aparência?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  7. Quanto de sua renda você gasta com itens destinados a melhorar sua aparência (por exemplo, alimentos dietéticos, suplementos nutricionais, produtos para o cabelo, cosméticos e procedimentos estéticos, equipamentos de ginástica ou mensalidades de academias)?

    1. uma quantidade desprezível

    2. uma quantidade mais substancial, mas nunca a ponto de criar problemas financeiros

    3. o suficiente para causar problemas financeiros até certo ponto

  8. Até que ponto suas atividades relacionadas com a aparência minaram seus relacionamentos sociais? Por exemplo, suas atividades físicas, práticas dietéticas ou outras condutas relacionadas com a aparência comprometeram seus relacionamentos com outras pessoas?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  9. Com que freqüência sua vida sexual tem ficado comprometida pelas suas preocupações com a aparência?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  10. Com que freqüência suas preocupações ou atividades relacionadas com a aparência comprometeram seu emprego ou sua carreira (ou desempenho acadêmico, caso você seja estudante)? Por exemplo, você tem se atrasado, faltado ao trabalho ou à escola, trabalhado abaixo do seu potencial, perdido oportunidades de progresso por causa de suas necessidades relacionadas com a aparência ou vergonha?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  11. Com que freqüência você tem evitado ser visto por outras pessoas por causa de suas preocupações com a aparência (por exemplo, não ir à escola, ao trabalho, a eventos sociais ou aparecer em público)?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

  12. Você já ingeriu qualquer tipo de droga – legal ou ilegal – para adquirir musculatura, perder peso ou melhorar sua aparência de alguma forma?

    1. nunca

    2. somente drogas legais compradas com prescrição médica

    3. uso ilegal de anabolizantes, pílulas para emagrecer ou outras substâncias

  13. Com que freqüência você tomou atitudes mais extremas (além da ingestão de drogas) para mudar sua aparência, tais como excesso de exercício, malhação mesmo quando sofre lesões; jejum ou outras atividades dietéticas não saudáveis, vômito, laxantes ou outros métodos purgativos; ou técnicas não-convencionais para o desenvolvimento muscular, o crescimento do cabelo, o aumento do pênis, etc.?

    1. raramente ou nunca

    2. às vezes

    3. freqüentemente

Resultados e discussões

    Após todos os procedimentos metodológicos ocorreu a totalização e classificação dos integrantes do grupo focal em: a) Você pode ter algumas preocupações com o complexo de Adônis, não afetando seu cotidiano; b) Possui uma forma branda do complexo de Adônis; c) o complexo de Adônis afeta seu cotidiano de forma considerável e d) possui um grave problema com a imagem corporal.

    No primeiro gráfico são apresentados os resultados do questionário pré-intervenção e no segundo gráfico os resultados apresentados são das avaliações feitas após a intervenção, sendo avaliadas em ambas as aferições os mesmos vinte e oito sujeitos, do sexo masculino, estudantes do curso de educação física da Universidade Castelo Branco, praticantes de musculação.

Figura 1. Resultado do ex-facto

    Na primeira avaliação, dos 28 sujeitos avaliados 64% mostraram que a relação com sua imagem corporal não afeta seu cotidiano, 32% mostraram que isso afeta sua vida de forma branda e 4% mostraram se preocupar de forma considerável com sua imagem corporal.

Figura 2. Resultado do post-facto

    Após a intervenção foi realizada a aplicação do segundo questionário, foram constatados que 68% dos avaliados alegam que a relação com sua imagem corporal não afeta seu cotidiano e 32% mostraram que essa relação afeta de forma branda.

    Como observado, os resultados das avaliações foram bem significativas antes da intervenção, os alunos do quinto ao oitavo período mostraram em boa parte não ter preocupações relevantes em relação a sua imagem corporal que era o esperado.

    Após a intervenção, podemos notar uma leve alteração nos resultados, houve um aumento do percentual de indivíduos em que o complexo de Adônis não afeta seu cotidiano e o grupo que alegava ser afetado de forma considerável, provavelmente foi atingido de forma positiva e entrou para o grupo em que o complexo de Adônis interfere de forma branda. O que nos leva a acreditar que os sujeitos avaliados passaram a ter uma melhor aceitação sobre a sua imagem corporal.

    Feita uma análise mais detalhada dos dados pré e pós intervenção entre o quinto e sexto período podemos notar que ocorreu uma mudança de postura significativa.

Figura 3. Comparativo dos resultados ex e post-facto (5º e 6º período)

    Na análise dos resultados do sétimo e oitavo período observamos uma mudança expressiva, com a extinção de uma categoria e aumento considerável do grupo em que o CA interfere de forma irrelevante.

Figura 4. Comparativo dos resultados ex e post-facto (7º e 8º período)

    O que nos leva a ficarmos surpresos, pois esperávamos que os estudantes de quinto e sexto período teriam o nível de corpolatria maior do que o grupo do sétimo e oitavo, devido há um menor tempo na graduação e conseqüentemente menor contato com os eventos relacionados à indústria cultural expostos nas semanas de educação física.

Escores do questionário do Complexo de Adônis (QCA)

  • Resposta A = 0 pontos

  • Resposta B = 1 ponto

  • Resposta C = 3 pontos

  • Total = 0 a 39 pontos

Escores de 0 a 9: o entrevistado pode ter algumas preocupações menores acerca da corporal, mas elas provavelmente não afetam tão seriamente seu dia a dia.

Escores de 10 a 19: o entrevistado provavelmente possui uma forma branda a moderada do Complexo de Adônis. As preocupações com a imagem corporal podem ou não comprometer seriamente seu dia a dia, mas o sujeito pode muito bem ser vítima de alguma(s) força(s) social(is) e/ou psicológica(s) que estimulam as pessoas a quererem ser mais fortes. Se o entrevistado pertence à extremidade superior desta faixa, precisa dar uma olhada séria no efeito que o Complexo de Adônis está exercendo sobre a sua vida.

Escores de 20 a 29: o Complexo de Adônis é provavelmente um problema sério para o entrevistado. Ele deveria considerar algumas opções de tratamento.

Escores de 30 a 39: o entrevistado indubitavelmente possui um grave problema com a imagem corporal. É sugerido que o sujeito faça uma consulta urgente com um profissional de saúde mental confiável e que tente alguns tratamentos.

Conclusão

    Baseado na análise dos dados obtidos após a intervenção, concluímos que o objetivo do estudo foi alcançado, é possível influenciar positivamente o nível de corpolatria dos estudantes de educação física, a preocupação desses indivíduos com seu corpo, em geral não afeta de forma agravante seu cotidiano. Dessa forma podemos perceber a necessidade de ações e intervenções a fim de alertar e informar quanto a ter um corpo saudável que acaba por ser refletido em um “corpo perfeito” que esta sendo estipulados pelos padrões da sociedade e sugerimos aprofundarmos mais o assunto com novas pesquisas nesta mesma linha para gerar outras possibilidades e chegar a uma conclusão mais precisa sobre o tema.

Bibliografia

  • Adorno, T. & Horkheimer, M. (1986). Dialética do Esclarecimento. 2ª edição, Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

  • Ballone, G.J. (2005). Vigorexia - Síndrome de Adonis - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/ acesso em 28/10/2014 as 14:29.

  • Bauman, Zygmunt (2008). Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar.

  • Bucaretchi, Henriette Abramides (2003). Anorexia & Bulemia Nervosa. Casa do psicólogo.

  • Camargo, Tatiana Pimentel Pires de et al. (2008). Vigorexia: revisão dos aspectos atuais deste distúrbio de imagem corporal. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, v. 2, n. 1, p. 01-15.

  • De Lima, Marisa Mello (2009). Mercadorização do Corpo, Corpolatria e o Papel do Profissional de Educação Física. PUC-GO.

  • Estevão, Adriana; Bagrichevsky, Marcos (2009). Cultura da “corpolatria” e body-building: notas para reflexão. Revista Mackenzie de educação física e esporte, v. 3, n. 3.

  • Gil, Antônio Carlos (2002). Como classificar as pesquisas. Como elaborar projetos de pesquisa, v. 4, p. 41-56.

  • Loureiro, Robson; Della Fonte, Sandra Soares (2003). Indústria cultural e educação em "tempos pós-modernos". Campinas: Papirus.

  • Pope, Harrison; Phillips, Katharine A.; Olivardia, Roberto (2000). The Adonis complex: The secret crisis of male body obsession. Simon and Schuster.

  • Silva, Eduardo Osório (2004). Corporeidade animal na construção do corpo cênico. Dissertação de mestrado. UNICAMP.

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