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Vegetarianismo: um ponto de vista nutricional

sobre a alimentação sem carne em adultos

El vegetarianismo: un punto de vista nutricional sobre la alimentación sin carne en adultos

Vegetarianism: a point of view on the nutritional meals without meat in adults

 

*Acadêmica do curso de graduação em Nutrição da Universidade Regional Integrada

do Alto Uruguai e das Missões- URI- Campus de Frederico Westphalen-RS

**Nutricionista. Docente do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai

e das Missões-URI - Campus de Frederico Westphalen. Mestre em Envelhecimento Humano

pela Universidade de Passo Fundo, UPF, RS

***Nutricionista pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões-URI

Campus de Frederico Westphalen. Mestranda do Mestrado em educação pela Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI- Campus de Frederico Westphalen-RS

****Nutricionista. Docente do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai

e das Missões- URI- Campus de Frederico Westphalen. Latu Senso em Saúde Pública

pela Universidade Regional do Noroeste do estado do rio Grande do Sul, UNIJUI Mestre

em Envelhecimento Humano pela Universidade de Passo Fundo, UPF, RS

Tamyra Ayres*

tamyra_ayres@hotmail.com

Fábia Benetti**

benetti@uri.edu.br

Taís Fátima Soder***

soder@uri.edu.br

Dionara Simoni Hermes Volkweis****

dshermes@uri.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A dieta vegetariana vem sendo aderida por muitas pessoas nos últimos anos por questões de saúde, religião, meio ambiente, ética ou direito dos animais. Sabe-se que a alimentação vegetariana exclui qualquer tipo de carne, e pode ainda eliminar outros tipos de alimentos como ovos, leite e mel. Objetivo deste estudo é analisar os benefícios e possíveis deficiências que uma dieta vegetariana pode causar no organismo humano. A metodologia usada foi um estudo bibliográfico a partir de artigos publicados em revistas científicas indexadas, livros, dissertações, teses e publicações de organismos nacionais, publicados entre os anos de 1999 e 2014. A maioria dos artigos foi identificada a partir das bases de dados Medline, Scielo. Atualmente há muitas discussões acerca do tema, debates sobre benefícios e/ou as possíveis deficiências vitamínicas e protéicas que essa dieta pode trazer a saúde. Existem, entretanto muitos mitos sobre a dieta vegetariana que veiculam principalmente através da mídia e no âmbito popular, que necessitam de esclarecimentos e explicações baseadas em dados científicos. Com base nessa é de fato, importante o acompanhamento nutricional para quem decide seguir essa dieta, pois, um plano alimentar nutricionalmente adequado, pode suprir todas as necessidades de nutrientes que o organismo humano necessita diariamente, contribuindo para a saúde e homeostase corporal.

          Unitermos: Dieta vegetariana. Nutrientes, Doenças crônicas.

 

Abstract

          The vegetarian diet has been joined by many people in recent years for health reasons, religion, environment, ethics and animal rights. It is known that the vegetarian diet excludes any kind of meat, and can even eliminate other types of food such as eggs, milk and honey. This study aims to analyze the benefits and possible deficiencies that a vegetarian diet can cause the human body. The methodology used was a bibliographical study from articles published in scientific journals, books, dissertations, theses and publications of national bodies, published between 1999 and 2014. Most of the articles were identified from Medline and SciELO. There are currently many discussions on the subject, discussions on benefits and / or the possible vitamin and protein deficiencies that diet can bring health. There are, however many myths about vegetarian diet that serve mainly through the media and popular level that need clarification and explanations based on scientific data. Based on this is indeed important nutritional counseling for those who decide to follow this diet, for a nutritionally adequate diet plan, can meet all nutrient requirements that the human body needs daily, contributing to the health and body homeostasis.

          Keywords: Vegetarian diet. Nutrients. Chronic diseases.

 

Recepção: 31/01/2015 - Aceitação: 10/04/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Muitas são as razões que levam os indivíduos a adotarem a dieta vegetariana. Os principais motivos estão relacionados à saúde, à ética e aos direitos dos animais, ao meio ambiente, à fome, à economia e à religião (Couceiro, Slywitch e Lenz, 2008). Por quase 2500 anos, europeus e americanos chamavam aqueles que seguiam o vegetarianismo de Pitagóricos. O termo vegetariano não era usado generalizadamente até a fundação da Sociedade Vegetariana Britânica em 1847 (Blix, 2007).

    Os argumentos de Pitágoras a favor de uma dieta sem carne apresentavam três pontos: veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica. Estas razões continuam a ser citadas hoje em dia por aqueles que preferem levar uma vida mais saudável. O Cristianismo primitivo, com raízes na tradição judaica, viu o vegetarianismo como um jejum modificado para purificar o corpo. Isto tornou as restrições dietéticas, como o vegetarianismo, muito comuns no comportamento cristão da época (Slywitch, 2012).

    Nos últimos anos tem-se tornado constante o avanço da ciência da alimentação e nutrição, gerando informações para a melhoria da qualidade de vida da população. Estudiosos têm voltado sua atenção para a relação entre alimentação e doenças em grupos específicos como os vegetarianos (De Biase, Fernandes, Gianini e Duarte, 2007).

    O modelo alimentar vegetariano busca uma alimentação variada, saudável e equilibrada, a qual fornecerá níveis mais baixos de gordura saturada, colesterol, proteína animal e níveis mais elevados de carboidratos, fibras, vitamina C e E, entre outros nutrientes (Cozzolino, 2007).

    Porém, apesar dos muitos benefícios da alimentação vegetariana, deve-se cuidar para que não hajam implicações no estado nutricional do indivíduo, em virtude de possíveis deficiências de proteínas, minerais e vitaminas, pelo fato destes serem encontrados com maior facilidade em carnes e derivados, devendo ser observados e supridos, sempre que necessários (Lopes, 2002).

    Se a alimentação vegetariana for bem planejada, na qual todos os grupos de alimentos estejam representados nas quantidades adequadas, visando suprir as necessidades do indivíduo, será considerada saudável e adequada em termos nutricionais, além de apresentar benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças (Duarte, 2007). Se a dieta for elaborada de forma planejada e balanceada, proporcionará maior expectativa de vida (Bontempo, 2003).

    Assim, na tentativa de compreender de forma mais efetiva o tema envolvendo o vegetarianismo, considerando a importância do assunto para os profissionais da nutrição, levanta-se um questionamento: a dieta vegetariana atende as necessidades nutricionais do ser humano e é benéfica para a saúde?

Metodologia

    Foi realizado um estudo bibliográfico a partir de artigos publicados em revistas científicas indexadas, livros, dissertações, teses e publicações de organismos nacionais, publicados entre os anos de 1999 e 2014. A maioria dos artigos foram identificados a partir das bases de dados Medline e Scielo.

Alimentação vegetariana

    Segundo a Sociedade Brasileira Vegetariana (2014), vegetarianismo é o regime alimentar segundo o qual nada que implique em sacrifício de vidas animais deva servir à alimentação. O regime vegetariano não é exclusivamente vegetal e seu nome não se origina de alimentação vegetal e, sim, do latim vegetus que significa "forte", "vigoroso", "saudável".

    Do ponto de vista nutricional, ser vegetariano significa não se alimentar de nenhum tipo de carne (bovino, frango, peixe, carneiro, avestruz, escargot, “frutos” do mar, entre outros) nem de produtos feitos com carne (presunto, salsicha, hambúrguer, salame, atum enlatado etc.) (Slywitch, 2012).

    Este grupo exclui da alimentação, alimentos de origem animal e podem ser classificados de acordo com grau de restrição (Slywitch, 2012): Ovolactovegetarianos: não consomem nenhum tipo de carne, mas consomem leite, ovos e derivados de ambos; Lactovegetarianos: não consomem nenhum tipo de carne e ovos, mas consomem leite e derivados; Ovovegetarianos: não utiliza laticínios, mas consome ovos; Vegetarianos estritos ou veganos: consomem exclusivamente alimentos de origem vegetal (Navarro, 2010).

Benefícios da dieta vegetariana

    De acordo com publicações científicas atuais, a dieta vegetariana pode proporcionar muitos benefícios à saúde humana, desde que bem orientada, a fim de atender as necessidades nutricionais (Ferreira, 2008).

    Indivíduos que seguem uma dieta vegana, comparado com as outras dietas vegetarianas (ovolactovegetariana e lactovegetariana) tendem a consumir menos gordura saturada e colesterol e mais fibras (Craig e Mangels, 2009).

    Em uma dieta vegana existe uma ingestão maior de frutas e vegetais, principais contribuintes de fitoquímicos, e de fibras que auxiliam na diminuição do risco de doenças. Normalmente as pessoas adeptas a essa dieta não fumam, ingerem pouca ou nenhuma bebida alcoólica e praticam mais atividades físicas que os demais. Podemos dizer que essas características são essenciais para uma vida saudável (Sizer e Whitney, 2003).

    O não consumo de carnes melhora a manutenção do peso corporal, regula a pressão sanguínea, reduz as doenças cardíacas, diminui as desordens do trato gastrointestinal e reduz a prevalência de certos tipos de cânceres (Angelis, 2005).

    Segundo Couceiro, Slywitch e Lenz, (2008), segue as recomendações para otimização da biodisponibilidade de nutrientes em dietas vegetarianas: enfatizar variedade na dieta, especialmente de alimen­tos com elevada densidade de micronutrientes; Incluir grande variedade de leguminosas, inclusive na forma de brotos; incluir o consumo de alimentos fermentados à base de soja; selecionar frutas secas para a sobremesa; enfatizar o consumo de frutas frescas e de vegetais fo­lhosos verdes; evitar o consumo de alimentos ricos em cálcio e ferro na mesma refeição; enfatizar o consumo de alimentos ricos em vitamina C junto com as refeições; avaliar, regularmente, a ingestão de ferro, zinco, cálcio e fitato com o auxílio de tabelas de composição de ali­mentos; usar alimentos fortificados com ferro e zinco se houver recomendação de um profissional da área de nutrição.

    Os vegetarianos estão imunes a todas as doenças que possam ser adquiridas com a ingestão de carne, como por exemplo, a Encefalopatia espongiforme bovina popularmente conhecida como “doença da vaca louca” e alguns parasitas presentes especialmente nas carnes, como é o caso da teníase e também da cisticercose (Derose, 2004). Entretanto ressalta-se ainda que esta última pode ser transmitida não só pela carne de porco, mas também por outros alimentos que contenham ovos do parasita (Brasil, 2003).

Dietas vegetarianas e doenças crônicas

    A posição da American Dietetic Association (Associação Dietética Americana) e da Dietitians of Canada (Nutricionistas do Canadá) é que dietas vegetarianas corretamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e trazem benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças (Navarro, 2010).

Obesidade

    O excesso de calorias da alimentação não consumido como energia é armazenado no tecido adiposo e se traduz por aumento do peso corporal. O aumento excessivo de tecido adiposo no organismo, além das necessidades fisiológicas resulta ao longo do tempo em efeitos adversos à saúde, tais como alterações metabólicas e cardiovasculares (Brasil, 2009).

    Um menor consumo de gorduras saturadas reduz também a probabilidade de um indivíduo se tornar obeso, e a obesidade, por si só, já traz inúmeros problemas de saúde (Pinheiro, 2008).

    Estudos populacionais demonstram Índice de Massa Corporal (IMC) menor dos vegetarianos em comparação com onívoros. Isso não significa que a dieta vegetariana traga ajuste de peso e emagrecimento, mas pode indicar uma maior preocupação dessa população com a saúde, que escolheria melhor os alimentos e melhoraria o estilo de vida (Slywitch, 2012).

Doença cardiovascular

    Pesquisas mostram que vegetarianos e veganos apresentam taxas menores de homocisteína e de colesterol, triglicerídeos totais e de colesterol LDL quando comparados com indivíduos onívoros, tendências clínicas que favorecem a prevenção de doenças cardiovasculares (De Biase, Fernandes, Gianini e Duarte, 2007).

    Um vegetariano consome menos gordura saturada, que é encontrada em carnes e outros produtos de origem animal. Por isso, seus níveis de colesterol são mais controlados e correm menos risco de ter infarto ou AVE (Acidente Vascular Encefálico) (Pinheiro, 2008).

    Estudos demonstram que os vegetarianos apresentam pressão arterial mais baixa (entre 5 mmHg e 10 mmHg) que os onívoros e menor prevalência de hipertensão arterial, mesmo quando o índice de massa corporal (IMC) é similar. A mortalidade por doença isquêmica do coração foi 24% mais baixa entre os vegetarianos, comparativamente aos onívoros, sendo ainda mais baixa entre os ovolactovegetarianos (Navarro, 2010).

    O menor risco cardiovascular entre vegetarianos poderia ser explicado, em parte, pela ocorrência de níveis mais baixos de colesterol nesses indivíduos. De acordo com estudo experimental de seguimento de um ano em coronariopatas, as dietas vegetarianas seriam ainda capazes de reduzir a estenose coronariana secundária à aterosclerose. A redução das placas, ainda que modesta, poderia explicar a redução da angina nos pacientes que adotaram a dieta vegetariana nesse estudo (Teixeira, Molina, Zandonade e Mill, 2007).

Diabetes Mellitus Tipo 2

    Com uma alimentação mais saudável, com pouca gordura saturada e açúcar, muitas fibras e proteínas, também é possível prevenir o diabetes, especialmente a tipo 2 (Pinheiro, 2008).

    Segundo uma metanálise, o consumo de carne está associado ao aumento do risco do diabetes tipo 2. O uso de carnes e embutidos tem resultado negativo no diabetes, mesmo após ajustes do IMC, quantidade calórica ingerida e atividade física. Um estudo mostra que o risco do diabetes aumenta em 26% quando ingerida carne e 38% a 73% quando ingerido embutidos (Slywitch, 2012).

    Os pacientes diabéticos têm maior risco de doença cardiovascular, problemas oculares e doenças renais. Especula-se que essas complicações sejam causadas principalmente por uma alteração do metabolismo celular, que ocorre em resposta à hiperglicemia crônica, que se acredita causar danos irreversíveis aos tecidos. A dieta vegetariana poderia influenciar o curso do diabetes através de mecanismos indiretos – tais como a obesidade, a hipertensão e a hiperlipidemia – ou diretos, através de efeitos sobre o metabolismo da fibra e outros nutrientes (Navarro, 2010).

    Uma dieta vegetariana pode ser útil no controle do diabetes. Recomendações atuais para diabéticos incluem reduzir gordura total, gordura saturada e colesterol, assim como aumentar o consumo de fibras. Isto pode resultar num padrão alimentar semelhante à dieta vegetariana, especialmente se estiverem incluídas fontes significativas de proteínas vegetais. Como os diabéticos estão propensos a nefropatia diabética, isso pode ser particularmente apropriado. Evidencias de diabéticos insulinodependentes sugerem que substituição hipocalórica de proteína vegetal no lugar de proteína animal resulta em efeitos benéficos para a função renal (Shils, Shike e Ross, 1999).

Doença renal

    Dietas vegetarianas têm sido promovidas como forma de retardar a progressão do dano renal, além de manter nutrição adequada. Outro benefício reside no fato de que fontes vegetais de proteínas promovem um resíduo alcalino, o que preveniria o dano causado pela acidose. Recentemente, pesquisadores observaram efeitos diferentes entre proteínas de origem animal e proteínas de origem vegetal. Alguns estudos sugerem que dietas ricas em proteína vegetal não aceleram a doença renal crônica na mesma proporção que as proteínas de origem animal fazem (Barbosa e Salomon, 2013).

    Outros fatores presentes nos primórdios da deterioração do rim são a hiperlipidemia, a proteinúria persistente, a hiperfiltração glomerular e a hipertensão arterial. A dieta vegetariana, rica em proteínas vegetais em especial a soja, tem efeitos positivos na pressão sanguínea, perfil lipídico, melhoria da proteinúria, hiperfiltração e perfusão renal, diminuindo o dano renal22 e reduzindo os indicadores inflamatórios no organismo (Navarro, 2010).

Riscos das dietas vegetarianas

    As desvantagens que o vegetarianismo tem em relação com a saúde só ocorrem se a dieta não estiver balanceada, ou seja, é necessário ingerir os alimentos certos, nas quantidades recomendadas para que não haja déficit de nutrientes (Pedro, 2010).

    Os estudos demonstram que apenas a vitamina B12 pode estar em quantidade inadequada numa dieta vegetariana estrita bem planejada, e, nesse caso, é necessário complementá-la. Todos os outros nutrientes podem ser adequadamente supridos. Os estudos populacionais mostram que, de forma geral, os vegetarianos ingerem mais nutrientes (vitaminas e minerais). Apesar de muito comentada, a proteína não é fator preocupante na dieta vegetariana. Se a pessoa supre sua necessidade calórica com alimentos baseados em cereais e leguminosas, a cota protéica com todos os aminoácidos essenciais é atingida automaticamente do que os não vegetarianos (Slywitch, 2011).

    Sabe-se que os riscos de uma dieta pobre em nutrientes, sendo ela vegetariana ou não, podem resultar em fraqueza, perda de memória, cansaço com facilidade, anemia, perda de peso, irritabilidade, entre outras (Teixeira, Molina, Flor, Zandonade e Mill, 2006).

Deficiência protéica

    A quantidade da proteína alimentar pode ser um problema potencial, isso se relaciona às questões de digestibilidade, assim como conteúdo real de proteínas de alimentos comumente estabelecidos. Teoricamente, dietas baseadas em leguminosas e cereais possuem potencial de fornecimento de quantidades mais do que adequadas de proteínas. Na prática, a digestibilidade das proteínas vegetais em sua forma natural é menor do que a das proteínas animais. Considerando uma digestibilidade de fontes vegetais é de 89% para o milho, 93% para o arroz, 90% para o trigo integral, 90 % para aveia e 82% para feijões. Como vemos, a discussão sobre a adequação protéica diz respeito principalmente aos vegetarianos estritos ou veganos (Navarro, 2010).

    Os alimentos de origem vegetal (exceto feijões) contêm menos proteínas do que as fontes animais, mas, mesmo assim, em teor maior do que o organismo humano necessita. Além disso, as fontes mais protéicas de origem vegetal contêm boa quantidade de fibras e diversos micronutrientes com baixo teor de gordura. Como o nosso organismo não estoca proteínas, todo excesso ingerido se transforma em carboidrato e gordura, sendo que o uso de proteína animal em excesso também traz excesso de gorduras saturadas (Slywitch, 2011).

Deficiência de Vitamina B12

    A vitamina B12 é hidrossolúvel, não-sintetizada pelo organismo humano, presente em alimentos de origem animal. Sua deficiência é muito freqüente entre idosos, vegetarianos e indivíduos que adotam baixa dieta protéica ou apresentam problemas de absorção gastrintestinal. A deficiência de vitamina B12 leva a transtornos hematológicos, neurológicos e cardiovasculares, principalmente, por interferir no metabolismo da homocisteína e nas reações de metilação do organismo. Muitas vezes a deficiência pode permanecer assintomática por longos períodos, desencadeando uma deficiência crônica que, se mantida, pode levar a manifestações neurológicas irreversíveis (Paniz, Grotto, Schmitt, Valentini, Schott, Pomblum et al. 2005).

Deficiência de minerais

    Os minerais são elementos da terra, necessários para as reações elétricas e químicas das células do corpo. Intervém na formação dos ossos e dos dentes, na constituição dos glóbulos vermelhos e na regulação das células (Siqueira, Mendes e Arruda, 2007).

    Embora em doses mínimas, o organismo necessita diariamente de sais minerais, que devem compensar as perdas resultantes essencialmente das excreções (fezes, urina, suor). A carência de sais minerais provoca determinadas doenças, como o bócio, a cárie dentaria e a anemia. O potássio, o ferro, o fósforo, o magnésio, o cálcio, o flúor, o cloro, o sódio, o zinco, o iodo, etc., são encontrados abundantemente em vegetais de folhas verdes, nas cascas de grãos e vegetais, nos grãos, nos cogumelos, nos frutos e nas algas (Centro Vegetariano, 2002).

Deficiência cálcio

    Não há diferença entre a prescrição nutricional de cálcio para lactovegetarianos e para onívoros. No entanto, na dieta vegetariana estrita a escolha das demais fontes de cálcio tem maior importância, já que o leite e seus derivados são a fonte usual para a maioria (Slywitch, 2012).

    Estudos relacionados com a ingestão de nutrientes em ovolactovegetarianos têm demonstrado uma alta ingestão de cálcio devido, principalmente, ao conteúdo de ovo e leite em duas dietas. Um efeito benéfico é que esses vegetarianos apresentam maiores densidades ósseas e, dessa maneira, menores riscos de osteoporose.

    As proteínas animais com altas concentrações de aminoácidos sulfurados podem aumentar a perda de cálcio pela urina ao torná-la mais ácida com a excreção de sulfato, diminuindo a reabsorção tubular renal do cálcio. Dessa maneira, indivíduos que consomem dietas com baixo teor de proteínas, sobretudo de origem animal, requerem menores ingestões de cálcio que aqueles com uma dieta com alto teor desse tipo de proteína (Navarro, 2010).

Deficiência de ferro

    A deficiência de ferro é a desordem nutricional mais comum na atualidade e ocorre tanto nos países pobres quanto nos ricos. Estima-se que cerca de um terço da população mundial (mais de dois bilhões de pessoas) padeça de carência de ferro. Os estudos científicos demonstram que a incidência de anemia por deficiência de ferro é similar em vegetarianos e não vegetarianos.

    O ferro pode ser ingerido sob duas formas: heme e não heme. O heme tem uma “bolha de proteção”, chamada anel de porfirina, que o protege de fatores que dificultam a absorção (do intestino para o sangue). Já o ferro não heme é desprotegido. Ao ingerirmos vitamina C numa refeição rica em ferro vegetal, a absorção do ferro não heme ali contido será melhor. As carnes contêm ferro nas duas formas, em proporção de 40% heme e 60% não heme.

    Ferro não-heme de alimentos vegetais esta menos disponível do que o ferro heme. Entretanto, os alimentos vegetais também contem outras substâncias que elevam a absorção de ferro, e dietas vegetarianas bem planejadas freqüentemente contem mais ferro que dietas onívoras.

Considerações finais

    Portanto, pode-se visualizar através dos pesquisados que uma dieta vegetariana trás muitos benefícios para a saúde, em comparação com suas desvantagens. A carne por conter gordura saturada, eleva o LDL colesterol, causando doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, sendo que para vegetarianos, diminui significativamente a ocorrência dessas doenças. O que pode ocorrer em vegetarianos estritos é a deficiência de vitamina B12, por não ingerir alimentos como leite e derivados, deficiência essa que não ocorre em lactovegetarianos. Contudo, se a dieta for adequada, não é preciso suplementação, por isso a importância de um acompanhamento nutricional. Portanto considera-se a Dieta Vegetariana como um importante fator de qualidade de vida e saúde, quando planejada adequadamente.

Referências bibliográficas

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados