As intervenções do professor de Educação Física no processo de aprendizagem de alunos da Educação Infantil The intervention of Physical Education teacher in students learning process of early Childhood Education La intervención de la Educación Física maestro en estudiantes de aprendizaje proceso de Educación Inicial |
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*Bacharel e Licenciado em Educação Física pela PUCRS Residente Multiprofissional da APESC/UNISC **Professora orientadora da PUCRS (Brasil) |
Juliano Rodrigues Adolfo Vera Lúcia Pereira Brauner |
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Resumo Este estudo visa tratar das mais variadas intervenções e estímulos realizados pelo professor de Educação Física no âmbito escolar e que acarretam em uma maior aprendizagem e desenvolvimento dos alunos da educação infantil, um momento em que estes se encontram no início de suas vidas na escola, onde conquistam seus primeiros progressos educacionais, sociais, cognitivos e motores. Propõe-se como objetivo a busca pelo processo ideal, como agir ao encontro dos diferentes ambientes, a variabilidade dos alunos, o início dos processos, tentando assim achar não uma regra de como trabalhar com a criança, mas maneiras de como se portar, explicar, distribuir funções e demais atividades com os alunos da educação infantil, se baseando na psicomotricidade, jogos recreativos e cooperativos e principalmente na aprendizagem e desenvolvimento motores. Propôs-se assim, um questionário direcionado ás professoras da Educação Infantil sobre o papel do professor de Educação Física, quais suas principais dificuldades, o convívio sócio-afetivo e as influências que tais intervenções geram no posterior desenvolvimento dessas crianças. Desta forma, entende-se o professor de Educação Física como um mediador entre os processos corporal e motor no ensino-aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo-intelectual da criança nos estágios pelos quais ela passa. Unitermos : Educação Física. Desenvolvimento psicomotor. Educação Infantil.
Abstract This study aims to address a variety of stimuli and interventions performed by physical education teacher in the school and lead to greater student learning and development of early childhood education, a time when they are at the beginning of their lives at school, where gain their first educational progress, social, cognitive and motor. It is proposed to aim the search for the ideal process, how to act to meet the different environments, the variability of students, the beginning of the process, trying to find a rule not working with the child, but ways of how to behave, explain, distribution functions and other activities with students of early childhood education, relying on the psychomotor, and cooperative recreational games and especially in learning and development engines. It was proposed therefore a questionnaire given to teachers from kindergarten on the role of physical education teacher, what their main difficulties, socio-affective interaction and influences that generate such interventions in the further development of these children. Thus, means the physical education teacher as a mediator between the body and motor processes in the teaching-learning and cognitive development in the child's intellectual stages through which it passes. Keywords: Physical education. Psychomotor development. Early Childhood Education.
Resumen Este estudio tiene como objetivo hacer frente a una variedad de estímulos y las intervenciones realizadas por el profesor de educación física en la escuela y llevar a un mayor aprendizaje de los estudiantes y el desarrollo de la educación infantil, un momento en que se encuentran en el comienzo de sus vidas en la escuela, donde ganar su primer progreso educativo, social, cognitivo y motor. Se propone como objetivo la búsqueda del proceso ideal, cómo actuar para satisfacer los diferentes ambientes, la variabilidad de los estudiantes, el inicio del proceso, tratando de encontrar una regla que no trabajan con el niño, pero la manera de cómo se comportan explicar, la distribución de funciones y otras actividades con los alumnos de educación infantil, contando con la psicomotricidad y juegos recreativos y de cooperación, especialmente en los motores de desarrollo y aprendizaje. Por ello se propuso un cuestionario aplicado a los maestros de jardín de infancia sobre el papel de profesor de educación física, cuáles son sus principales dificultades, la interacción socio-afectiva y las influencias que generan este tipo de intervenciones en el desarrollo de estos niños. Por lo tanto, significa que el profesor de educación física como un mediador entre el cuerpo y los procesos de motor en la enseñanza-aprendizaje y el desarrollo cognitivo en etapas intelectual del niño por los que pasa. Palabras clave: Educación Física. Desarrollo psicomotor. Educación Infantil.
Recepção: 18/04/2015 - Aceitação: 14/05/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
Introdução1 / 1
O momento em que a criança ingressa na escola, conhecendo seus primeiros colegas e iniciando em uma nova fase de aprendizagem, fase do seu crescimento, onde conhece diferentes pessoas, costumes, suas primeiras necessidades físicas e psicológicas, bem como os primeiros passos no convívio social com o próximo, é nessa fase que a criança deve ser observada, estimulada e também receber todas as oportunidades que lhes é cabível conforme sua idade.
A Educação Infantil do Colégio Marista Champagnat, no nível 1, com um grupo de 18 alunos, todos com 3 anos de idade, foi o grupo qual foi feito o planejamento das aulas e o contato semanal com os mesmos, sendo as duas professoras pedagogas as entrevistadas, de acordo com o Anexo I. As condições físicas para o desenvolvimento das aulas do estágio são ótimas, de um padrão excepcional, tudo muito organizado, talvez por ser uma escola particular, mas com certeza é muito significante a estrutura, inclusive na questão material, pois possui de inúmeros recursos que irão contribuir e muito para as aulas. Na educação infantil os materiais para as aulas são mais “surrados” em relação aos das aulas para os alunos das outras faixas etárias, uma vez que para estes, são materiais de pouco uso, ou até novos, o que na educação infantil, como são usados mais para brincadeiras no recreio, ainda assim são bastante variados e para diversas atividades. Mas creio que com a estrutura que o Colégio possui, os materiais serão menos usados por essa faixa etária, de acordo com meu planejamento.
A conclusão do estágio se comparado as expectativas da escola em relação aos estagiários foi a melhor possível, uma vez que se pode observar a primeira vivência desses alunos com a atividade física, seja ela na natureza, por meio dos esportes, dos jogos, da ludicidade, enfim, tudo que possa ser trabalhado na escola e da melhor forma possível.
O que há de mais positivo na escola, para mim foi a questão organizacional, entre todas as áreas da escola, uma vez que parece estar toda interligada, todos os alunos são de alguma forma “vigiados” por parte da escola, uma coisa muito importante na minha opinião, nos pontos de vista educação, organização e comprometimento. Desde a educação infantil, todos os alunos têm uma atenção peculiar por parte dos professores, pois todos, mesmo sendo tratados de igual forma, sabem as diferenças e possíveis limitações que alguns alunos possam ter no seu desenvolvimento e processo ensino-aprendizagem.
Justificamos o interesse por este assunto por observarmos que na prática em estágios com turmas mais avançadas, como no ensino fundamental, por exemplo, encontramos muitas crianças que certas vezes não pussuem o desenvolvimento motor correspondente a sua faixa etária, assim podendo ter por causa uma falta de estímulos adequados em sua passagem pela Educação Infantil e, por conseqüência, uma difícil reestruturação nos níveis cognitivo, social, afetivo, e principalmente motor.
A Educação Infantil tem por finalidade "favorecer o desenvolvimento infantil nos aspectos motor, emocional, intelectual e social, contribuindo para que a interação e a convivência na sociedade seja produtiva e marcada por valores de solidariedade, liberdade, cooperação e respeito" (Política Nacional de Educação - MEC 1994).
Cabe a nós professores, buscar na criança uma forma de ensinar através do esporte, das atividades físicas, que buscam não apenas a formação motora, mas paralelo a isso uma formação integral, aliando os aspectos motores aos cognitivos, sociais e outros não menos importantes, como por exemplo, questões que devem ser trabalhadas na escola, como sexualidade, religião, humanidade, alimentação, que é tão importante na nossa vida, e que pode ser muito bem “trabalhada” pelo professor de Educação Física, uma vez que a criança ao descobrir com o auxílio do professor leva se não todos, vários ensinamentos para a sua vida. “Hoje, mais do que nunca, a Educação precisa ser humanizada, propiciando vivências significativas que levem as pessoas a se conhecer e a crescer, desenvolvendo-se em todas as áreas, motivando para a criatividade, solidariedade e compreensão da vida como um todo.” (Todt, 2006).
Assim proporcionando a estes alunos uma série de processos, os quais serão de extrema importância nas futuras aprendizagens que virão a passar, se observando então o quão importante são os estímulos e possibilidades de ensinamentos que o professor pode contribuir para a formação integral do aluno.
De acordo com os aspectos trabalhados em aula, para alcançar os objetivos apresentados pelos PCNs, provocamos os alunos através de jogos competitivos e cooperativos, onde meninos e meninas pertenceram ao mesmo grupo, onde negros e brancos trabalharam juntos, onde os que têm maior facilidade auxiliaram os que tiveram maior dificuldade.
Também instigamos os alunos através da ginástica, para que se conhecessem, explorassem suas possibilidades e limitações corporais e para que tivessem como objetivo conseguir fazer tudo aquilo que ainda não o tivessem feito. Trabalhamos as diferentes formas de manifestações corporais através de atividades com música, ritmadas, e atividades expressivas. E para que os alunos obtivessem autonomia e pudessem criar e respeitar regras, também os deixamos em alguns momentos livres, sem atividade dirigida, ou então com algumas poucas regras utilizando ou não de material. “O ritmo é o aspecto básico e o mais importante para o desenvolvimento de um mundo temporal estável.” (Gallahue, 2005, p. 317).
Os conteúdos abordados foram os jogos lúdicos, a dança, o ritmo, uma vivência inicial no meio dos esportes, atividades na natureza, de organização e conscientização sobre variadas perspectivas, tendo como recursos físicos utilizados a quadra do pátio, o próprio pátio, a pracinha e demais locais, os quais foram interessantes para a busca de novas percepções para os alunos, incluindo aí as escadas da escola, por exemplo. Utilizando de todos os recursos materiais oferecidos, como bolas, arcos, colchonetes, cordas, som, cadeiras, etc. assim, proporcionando ao aluno uma maior vivência possível, buscando sempre o seu desenvolvimento pleno.
TANI (2008, p. 37) sobre os aspectos do desenvolvimento afirma:
Desenvolvimento é mudança; entretanto, a representação mais comum desse processo enfoca a estabilidade do comportamento. Mais precisamente, os diferentes níveis de estabilidade pelos quais o organismo passa ao longo do tempo. Esses níveis correspondem aos estágios, fases ou etapas da seqüência de desenvolvimento. Ainda que a estabilidade seja uma parte importante do desenvolvimento motor, é a mudança de um nível de estabilidade para outro que caracteriza esse processo.
Os procedimentos metodológicos disseram respeito ao material estudado previamente e que foi abordado nessa faixa etária, salvo alguns procedimentos que puderam ser trabalhados, de acordo com o rendimento da turma, na visão conjunta com a professora da mesma. As aulas foram desenvolvidas previamente em forma de observação, a fim de descobrir possíveis situações e/ou limitações que necessitem atenção especial. Em seguida, novas vivências, de acordo com a possibilidade real da turma puderam ser apresentadas, buscando um melhor aproveitamento de ambas as partes nas atividades realizadas, tanto o aluno, quanto o professor.
E como método avaliativo, os alunos foram avaliados frente a sua participação e comportamento antes, durante e após as aulas, juntamente com a professora da turma. Essa avaliação foi feita por meio de observação contínua durante todo o período de estágio na escola.
As dificuldades encontradas inicialmente se manifestaram na nova interação com a faixa etária, uma vez que mesmo possuindo certo conhecimento sobre a estruturação que se segue para a idade, a prática ainda era desconhecida, como por exemplo, como os alunos agiriam de acordo com cada atividade proposta. Mas com certeza o conhecimento prévio sobre os conteúdos e as combinações com as professoras da turma, tornou-se mais rápido o convívio sócio-afetivo para com os alunos, uma vez que se inteirando totalmente das atividades propostas e realizando uma troca de informações com as professoras, sobre quais seus objetivos principais em sala de aula, quais as dificuldades já observadas em alguns dos alunos, o quanto eles se empenham nas atividades em classe, incluindo também possíveis aspectos psicossociais diagnosticados previamente, para se ter a consciência exata da turma a qual estaria trabalhando, para assim conseguir intervir de forma correta, podendo até arriscar em algumas vezes, mas na certeza de que seria um risco calculado, onde o aluno não viria sofrer nenhum malefício com a atividade, mas pelo contrário, se conseguindo realizar tal exercício, por exemplo, se observaria um desenvolvimento psicomotor adequado, ou no caso, acima dos demais. “Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo.” (Mello, 1989, p. 5). Através desse conceito, vimos que o professor de Educação Física tem um fundamental papel nos desenvolvimentos tanto motor quanto intelectual da criança, de acordo com o estudo proposto e a sua necessidade no processo de aprendizagem dos alunos, uma vez que é preciso ser visto esse processo com bons olhos pelo profissional da educação, vindo sempre a auxiliar o desenvolvimento motor e intelectual do aluno, uma vez que corpo e mente são elementos integrados de sua formação.
Metodologia
Neste estágio participaram 18 alunos de ambos os sexos, todos com 3 anos de idade e no nível 1 da Educação Infantil do Colégio Marista Champagnat, localizada no município de Porto Alegre – RS, no 1º semestre do ano letivo de 2011, tendo por objetivo principal do estudo a identificação e observação por parte das duas professoras da turma, abaixo declaradas como professoras A e B, sobre as intervenções do professor de Educação Física como suporte no desenvolvimento integral dos alunos, referindo os aspectos motor, social e cognitivo, utilizando-se como instrumento metodológico de pesquisa um questionário com perguntas referentes à prática da educação física e as intervenções do professor de Educação Física como auxílio no processo de aprendizagem dos alunos.
Tendo por necessidade uma busca nas mais variadas intervenções que o professor pode planejar em suas aulas, interagindo de forma a proporcioná-los uma integral formação, juntamente interligada ao seu processo de aprendizagem escolar.
A aplicação do questionário ocorreu durante o tempo de aula, tendo as duas professoras colaborado com base no voluntariado e dispondo do tempo necessário para responder a todas as questões. Não houve limite de tempo de resposta às professoras, verificando-se que todo o processo ocupou cerca de 30 a 45 minutos.
Os materiais que foram de suma importância para a coleta de dados procederam de livros de leitura corrente, artigos científicos, revistas científicas, dissertações de mestrado e doutorado e documentos governamentais. Sempre comparando os aspectos relacionados a pratica escolar juntamente com os referenciais de Educação Física e Educação Infantil.
Estrutura do referencial curricular nacional para a Educação infantil
Resultados e análise dos dados
Pôde-se perceber após as respostas das professoras ao questionário, que o papel do professor de Educação Física torna-se indispensável, mas em contrapartida não único para o auxílio no processo de aprendizagem dos alunos, uma vez que vários professores utilizam pouco da estimulação e intervenções necessárias para a formação integral do aluno, com embasamento diretamente ligado aos conteúdos vistos pelo professor em sua formação superior e que na maioria das vezes não se faz presente no âmbito escolar, talvez por falta de vontade e interesse desse professor, ou então apenas porque cai no esquecimento, o que acaba por não colaborar nesse processo de aprendizagem pelo qual a criança está passando na educação infantil.
Soares (1996) destaca:
A Educação Física está na escola. Ela é uma matéria de ensino e sua presença traz uma adorável, uma benéfica e restauradora desordem naquela instituição. Esta sua desordem é portadora de uma ordem interna que lhe é peculiar e que pode criar, ou vir a criar outra ordem na escola.
O professor deve estar sempre atento à todas as etapas do desenvolvimento do aluno, se posicionando como um facilitador em seu desenvolvimento global, intervindo desde as questões motoras, passando pelas aprendizagens cognitivas e tomando posição nos aspectos sócio-afetivos desse aluno. Devendo estabelecer uma posição perante esses alunos de forma a desenvolver-lhes os primeiros valores, incluindo aos poucos tais valores em suas atividades diárias com a turma, onde em cada momento se tira uma lição e/ou vicências onde o aluno entenda o porque de estar sendo repreendido ou parabenizado por seu ato em aula.
Desta forma, percebe-se o professor como um meio de soluções, enquanto o aluno um centro de dúvidas e vontades, pronto para descobrir coisas novas, atividades interessantes que prendam a sua atenção e que por si só, atentem para seu conhecimento nas mais variadas atividades escolares. “As habilidades motoras e perceptivas de crianças influenciam-se reciprocamente, ainda que se desenvolvam em ritmos diferentes.” (Gallahue, 2005, p. 307). Como exemplo, citamos o jogo no processo de transformação do aluno, desenvolvendo seus lados motor, cognitivo, afetivo, além de faciliar a aquizição dos valores humanos em sua formação. Sendo um grande meio didático que, utilizado de maneira adequada, surtirá em êxitos no processo de aprendizagem no ambiente escolar.
Então, para que as atividades tenham sentido na vida do aluno, o professor deve ter o conhecimento sobre o mesmo, juntamente com seus interesses e necessidades, para que assim a aula se torne prazerosa. Somente desta forma, o aluno conseguirá relacionar o seu cotidiano com as atividades propostas em aula, pois cada aluno é único, tornando-se diferente em vários aspectos em aula, visto que nenhum aluno reagirá de igual forma pós-tratamento recebido, portanto o diálogo do professor x aluno deve ser muito freqüente, partindo do próprio professor que abrirá “brechas” para os futuros questionamentos e opiniões de seus alunos. “O diferencial é que o movimento não é padrão ou único, mas construído com o professor e com os demais colegas, seja pela imitação, pela comunicação ou pela experimentação corporal individual.” (Furini, 2010, p. 31). O professor deve sempre pensar em seu aluno sem esquecer-se de onde ele vem, qual sua realidade e também se possível, suas vivências anteriores, pois assim, ao planejar suas aulas, consiga trazer o aluno de encontro a sua proposta, no aspecto participativo, o que acarretará em possibilidades maiores de laços afetivos com esse aluno, utilizando de ferramentas e/ou atividades de socialização e bem estar para as crianças.
De acordo com a professora A, sobre a importância do professor de Educação Física no desenvolvimento motor, social e cognitivo da criança ela afirma: “... o professor de Educação Física tem o importante papel de familiarizar-se com os aspectos relacionados às crianças e que estão envolvidos, direta ou indiretamente, no processo de ensino-aprendizagem. É necessário saber quais as mudanças ocorridas tanto no intelecto quanto no físico, e no comportamental.”
Considerando os citados aspectos, Silveira (2011) refere:
Observa-se que o ser humano quando brinca dispõe de uma experiência vasta, podendo ir onde quiser através de sua imaginação. Esta amplia seu lado cognitivo não só de conhecimento, mais em nível de aprendizagem também. A ludicidade é universal e todos podem usufruir deste meio, pois não precisa ter bens, nem facilidades, é algo que pode ser feito por qualquer individuo e em qualquer lugar.
Após a frase colocada pela professora A, podemos perceber o quanto é importante o papel do professor de Educação Física na formação integral dos alunos, uma vez que o aspecto afetivo se torna diretamente ligado nessa faixa etária das crianças, incluindo ainda nesse processo amplo uma gama de “parcela” na aprendizagem do aluno. Ela ainda refere, quanto aos materiais e conteúdos: “os conteúdos propostos, os materiais utilizados e os espaços físicos devem ser adequados às necessidades da criança no período de crescimento.”
“As crianças freqüentemente se atrasam em seu aprendizado perceptivo-motor por causa de restrições ambientais.” (Gallahue, 2005, p. 313). O cuidado que o professor deve ter a respeito desses aspectos torna-se tão fundamental quanto seu conhecimento teórico de como trabalhar com seus alunos, pois os conteúdos devem ser fundamentados obrigatoriamente de acordo com a faixa etária das crianças, juntamente com os materiais e os espaços físicos utilizados, que devem respeitar esse período de desenvolvimento da criança quanto ao seu desenvolvimento.
Perguntado sobre o convívio do professor de Educação Física com os alunos, a criação de algum tipo de vínculo ou afeto por parte dos mesmos, no caso do estágio, que somente nos reunia uma vez/semana, se acontecia tal aspecto afetivo e também se uma vivência maior dos alunos com a educação física seria importante no processo de aprendizagem na educação infantil, a professora A assim respondeu: “Sim, com certeza. As crianças sabem o objetivo das aulas e para que o professor está ali. Sabem da importância de respeitar igualmente as regras e combinações, além de participar efetivamente das tarefas propostas. O vínculo com certeza é estabelecido, porém claro que poderia haver maior tempo disponível a esses professores em cada turma.”
Tal afirmação nos mostra o quanto o professor de educação física se torna importante no vínculo criado com os alunos, durante o tempo de estágio, mesmo que curto. Mas também gera uma responsabilidade para o professor, que deve sempre abordar a turma com suas combinações, afim de, se precisar repreender os alunos, ter um base que foi “criada” previamente.
Questionando a professora B sobre as principais dificuldades que o professor de educação física encontra no ambiente da educação infantil, ela responde: “Penso que, por serem atividades mais livres e dirigidas, as crianças pequenas necessitariam de maior tempo e mais vezes na semana de aula de educação física, para fortalecer vínculo e desenvolverem corporalmente mais freqüentemente. A dispersão das crianças nessa idade é freqüente, necessitando uma professora auxiliar para cuidar quem não consegue fixar-se nas atividades, auxiliar nos conflitos e machucados, caso ocorram. O principal desafio da professora para trabalhar com crianças na faixa de três anos, penso ser manter a atenção dos mesmos numa atividade. É necessário criatividade e domínio da turma, além disso, uma visão geral das relações da turma nas brincadeiras.”
Essa justificativa vai de encontro ao tempo de convívio professor x alunos, visto que um dos fatores mais sentidos no estágio é a falta de acessibilidade entre esses dois grupos, uma vez que se encontram poucas vezes na semana, o que mesmo gerando vínculos, acaba por não fortalecer tais vínculos, pois é nessa fase também que a criança passa a conhecer muitas coisas novas, variadas pessoas diferentes e isso repercute no convívio professor x aluno.
Já, o questionamento referente às propostas de atividades desenvolvidas nas aulas de educação física, se teria alguma influência nas demais aprendizagens das crianças na sala de aula, podendo citar alguns exemplos, a professora A afirma: “Penso que o trabalho da educação física pode ser relacionado ao que está sendo trabalhado em aula. O exemplo da expressão corporal que trabalhamos muito no início do ano, auxilia e muito na propriocepção corporal, orientação espacial, limites nos movimentos, freio inibitório, enfim, percepção das partes do corpo que em sala irão registrar e desenvolver na grafia dos seus trabalhos. Com certeza influencia diretamente na aprendizagem, bem como na motricidade, coordenação e desenvolvimento global da criança.”
“Aprender qualquer coisa é modificar, pela produção prolongada, certos processos de elaboração comportamental que se hierarquizam e se integram em termos neurofuncionais.” (Fonseca, 2004, p. 143). Podemos notar nessas afirmações que o trabalho do professor de educação física além de formar os alunos integralmente, faz-se presente de uma forma importante nos processos de aprendizagem, extra-sala x sala de aula, uma vez que a ligação multidisciplinar abordando temas em comum e os aspectos que devem ser ensinados em sala juntamente com o desenvolvimento motor dos alunos nas aulas de educação física, envolve aspectos neuronais que confirmam tais situações encontradas, tanto no estágio como nos estudos prévios sobre o assunto.
Portanto, o professor de Educação Física tem a incumbência de saber agir com seus alunos em um ambiente diferenciado, onde esses alunos ainda não saibam diferenciar por vezes o momento do recreio e a aula de educação física, mas que no final de cada aula, após uma conversa com todos, o professor instigue os mesmos alunos a comentar como foi a aula, como se sentiram, comentando a importância de cada atividade realizada. Observando as questões abordadas no Referencial curricular nacional para a educação infantil (1998, p. 46), pode-se notar:
Outra orientação de atividades tem a ver com o reconhecimento dos sinais vitais e de sua alteração, como a respiração, os batimentos cardíacos, como também de sensações de prazer ou desprazer que qualquer atividade física pode proporcionar. Ouvir esses sinais, refletir, conversar sobre o que acontece quando se corre, ou se rola, ou se massageia um ao outro; pedir às crianças que registrem essas idéias utilizando desenhos ou outras linguagens pode garantir que continuem a entender e se expressar pelo movimento de forma harmoniosa.
O que se nota nesse simples fato estar ensinando seus alunos a compreender o que se passa na aula de Educação Física e suas variadas atividades, que se desenvolvidas de forma sempre prazerosa, desafiadora, instigante, propiciando que o processo de aprendizagem seja a cada dia mais interessante e que o aluno não se canse e/ou se desinteresse das aulas, ao mesmo tempo ele estará ganhando admiradores e alunos cada vez mais dedicados e ao mesmo tempo com mais vontade de aprender brincando.
Considerações finais
O ponto mais importante no estudo se dá primeiramente no saber do professor de Educação Física quanto a sua importância no processo de aprendizagem dos alunos, no caso desse artigo, os alunos da educação infantil. Claro que não menos importante é o entendimento que as professoras nos demonstraram ao decorrer do estágio, a sua preocupação em integrar as duas fontes de aprendizagem, os seus cuidados com os alunos e a infinita vontade em ensinar todos os seus conhecimentos de pedagogas, para assim formar não apenas alunos, mas futuros cidadãos, impondo limites e valores humanos que se não compreendidos em suas casas, é a escola que se torna um veículo de ensinamentos e aprendizados.
Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia (RCN, 1998). Os métodos utilizados inicialmente para a formação dos alunos na educação infantil têm por um dos objetivos buscar a autonomia da criança, e nesse processo tanto o professor pedagogo quanto o professor de educação física têm papéis fundamentais em suas didáticas metodológicas de como passar o conhecimento para os alunos, buscando a melhor formação possível, levando ensinamentos e ao mesmo tempo proporcionando alegria e bons sentimentos por parte de seus alunos.
Portanto, cabe a nós professores um olhar mais especial para a Educação infantil, uma vez que é nela onde todos nós iniciamos os primeiros passos, onde futuramente vamos buscar os conhecimentos lá adquiridos, e é lá que vamos lembrar do nosso primeiro professor de Educação Física, e tudo o que ele nos ensinou.
Bibliografia
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BRASIL (1997). Parâmetros curriculares nacionais: Educação física / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF. 96p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
BRASIL (1998). Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. 85p. 3v.: il. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
Fonseca, V. (2004). Psicomotricidade: Perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 176p.
Furini, A. B.; Selau, B. (2010). Psicomotricidade relacional e inclusão na escola. Lajeado, Ed. da Univates, 164 p.
Gallahue, D. L. (2005). Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças adolescentes e adultos. 3ed. São Paulo: Phorte, 586 p.
Mello, A. M. (1989). Psicomotricidade: Educação Física e Jogos Infantis. Rio de Janeiro: Ibrasa, 6ª ed. 1989, 96 p.
Silveira, L. D. (2001). Educação Física e atividade lúdica: o papel da ludicidade no desenvolvimento psicomotor. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, Nº 154, Março. http://www.efdeportes.com/efd154/o-papel-da-ludicidade-no-desenvolvimento-psicomotor.htm
Soares, C. L. (1996). Educação Física Escolar: Conhecimento e Especificidade Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, supl. 2, p. 6-12.
Tani, G. (2008). Comportamento motor: aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 336 p.
Todt, N. (2006). Educação Olímpica: em direção a uma nova Paidéia. 182f. Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Educação, PUCRS, Porto Alegre.
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 204 | Buenos Aires,
Mayo de 2015 |