Uma proposta de políticas de saúde em ambientes escolares Una propuesta para las políticas de salud en el ámbito escolar A proposal for health policies in school environments |
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*Doutor em Saúde Coletiva. Professor de Educação Física Docente da Universidade Estadual do Ceará **Mestre em Computação – Informática Educativa. Pedagoga Docente das Faculdades Cearenses ***Especialista em Educação Infantil. Professora de Educação Física Docente da Prefeitura Municipal de Fortaleza e Governo do Estado do Ceará ****Especialista em Educação Física Escolar. Professora de Educação Física Docente da Prefeitura Municipal de Fortaleza |
Heraldo Simões Ferreira* Luiza Lúlia Feitosa Simões** Mabelle Maia Mota*** Aline Lima Torres**** (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste artigo é apresentar uma proposta de política em saúde na escola e na disciplina de Educação Física. Para tanto se recorreu a um estudo descritivo e propositivo. A proposta se referencia no documento School Health Index for Physical Activity and Healthy Eating: A Self-Assessment and Planning Guide to Elementary School (CDC, 2000) para um projeto macro, no qual toda a escola se envolve na promoção da saúde e, em seguida, sugere como o tema saúde pode ser inserido nos conteúdos da Educação Física. Políticas de saúde no ambiente escolar envolvem uma equipe multidisciplinar atuante, o tempo de recreio bem aproveitado, o incentivo à prática de atividade e alimentação saudável. A educação para a saúde abrange a elaboração do currículo, bem como a promoção de aulas motivantes por professores capacitados. A oferta de alimentação saudável, a disponibilidade de serviços de saúde para alunos, professores e funcionários e a parceria da escola com os pais também fazem parte de forma mais abrangente da proposta sugerida. De forma mais específica para a Educação Física, o tempo e a freqüência de aulas, o currículo e a qualificação dos professores direcionam políticas de saúde na escola no seu cotidiano. Portanto, espera-se que esse estudo possibilite às instituições direcionar melhor suas ações para a promoção da saúde nos ambientes escolares, efetivando a formação de cidadãos protagonistas na aquisição e melhoria da saúde, seja no campo individual ou coletivo. Unitermos: Políticas de saúde. School. Equipe multidisciplinar.
Abstract The objective of this paper is to present a proposal for a health policy at school and Physical Education. For that appealed to a descriptive study and proposal. The proposal is referenced in the School Health Index for Physical Activity document and Healthy Eating: A Self-Assessment and Planning Guide to Elementary School (CDC, 2000) for a macro project, in which the whole school is involved in health promotion, and then suggests how the health issue can be inserted in the contents of Physical Education. Health policies in the school environment involve an active multidisciplinary team, the well used recreational time, encouraging the practice activity and healthy eating. The health education covers the development of the curriculum, and the promotion of motivating lessons by qualified teachers. Healthy food supply, the availability of health services for students, faculty and staff and the school's partnership with parents are also part of a more comprehensive way of the suggested proposal. More specifically for Physical Education, time and frequency of classes, the curriculum and teacher qualifications can lead to health policies at school in their daily lives. Therefore, it is expected that this study will enable the institutions to better target their actions for the promotion of health in school settings, effecting the formation of citizens protagonists in the acquisition and improvement of health, either in individual or collective field. Keywords: Health policies. School environment. Multidisciplinary team.
Recepção: 04/04/2015 - Aceitação: 30/04/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O objetivo deste artigo é apresentar uma proposta de política em saúde na escola e na disciplina de Educação Física. Para tanto se recorreu a um estudo descritivo e propositivo. É de caráter descritivo porque se detalham as ferramentas didáticas para melhorar o processo de inserção da saúde na escola e é propositivo, pois se elabora o desenho para a criação de políticas de saúde na escola e na Educação Física, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento de estratégias para a efetivação de ações de saúde em ambiente escolar.
Considera-se na proposta, que a educação para a saúde é uma alternativa viável para favorecer a disseminação dos conceitos sobre vida ativa e saudável. Bento (1991) reforça esta proposição ao citar que a orientação para a saúde é um meio de concretizar as pretensões e justificativas da própria escola.
Guedes e Guedes (1993) solicitam que a aptidão física voltada para a saúde deve ser fim e não meio da escola promotora da saúde. Para os autores, entretanto, a escola ainda não consegue transformar seus praticantes em adultos conscientes da importância da prática da vida ativa.
Entende-se que não basta realizar atividade física para a consecução da saúde. É necessário compreender a saúde em toda a sua magnitude. Justifica-se desta forma uma proposta inovadora que atinja os objetivos da saúde coletiva.
De acordo com a LDB (BRASIL, 1996), uma proposta de projeto pedagógico de qualquer disciplina deve ser analisada pelo professor, equipe pedagógica e comunidade escolar. Necessita ser aprovado e estar de acordo com o projeto da própria escola.
A justificativa da proposta de políticas de educação para saúde na escola confirma a idéia de que o aluno deve desenvolver a compreensão da relação saúde/doença, deve entender os aspectos da promoção e por fim, devem ser atores principais de sua própria condição de saúde, no campo coletivo ou individual.
Mattos e Neira (2008) explicam que, uma política de saúde na escola deve girar em torno de competências de autoconhecimento e autocuidado, desenvolver a consciência sanitária e reforçar o entendimento da saúde coletiva.
A proposta a seguir é composta por duas partes distintas, a primeira, se refere a um projeto macro onde toda a escola se envolve na promoção da saúde. Sua elaboração emergiu da adaptação livre do documento School Health Index for Physical Activity and Healthy Eating: A Self-Assessment and Planning Guide to Elementary School (CDC, 2000).
O documento é de autoria do Departamento de Educação dos Estados Unidos e é utilizado para a implantação de políticas de atividade física e de nutrição em escolas americanas. Está baseado nas estratégias das Escolas Promotoras da Saúde propostas pela OMS que têm por objetivo estruturar ambientes saudáveis na escola e em seu entorno, além de educar para a saúde e o ensino de habilidades para a vida. A segunda parte aborda sugestões específicas de como inserir o tema saúde nos conteúdos da Educação Física, sob a ótica da experiência prática e teórica dos pesquisadores.
1. Parte I. Saúde na Escola
1.1. Políticas de Saúde no Ambiente Escolar
1.1.1. Equipe multidisciplinar de saúde na escola
Há a necessidade de que seja criada nas escolas uma equipe que se volte às preocupações da saúde. Deve ser formada por um membro do núcleo gestor, de preferência o diretor da escola; representantes dos pais, professores, funcionários, merendeiros e alunos.
A equipe deve se reunir uma vez a cada semestre para planejar as ações relacionadas à prática das atividades físicas, da alimentação saudável e da saúde dos alunos. As ações refletem o acompanhamento das aulas de Educação Física e das práticas de atividades físicas; fiscalização da higiene dos alunos e do espaço escolar; estabelecimento de metas relativas a controle da dengue e doenças viróticas, registro de surtos de patologias na escola, promover palestras e encontros sobre saúde, promover ações em conjunto com postos e unidades de saúde da região próxima ao ambiente escolar; e supervisionar a merenda oferecida.
1.1.2. Recreios
O recreio deve possuir no mínimo 30 minutos de duração, pois o tempo estipulado em muitas escolas da rede municipal, até 20 minutos, é desencorajador para um comportamento ativo. Nesta proposta sugere-se que haja 10 minutos para a merenda, cinco minutos para descanso e mais 15 minutos de recreio com atividade física moderada. Durante o recreio é necessário estimular que os alunos participem das atividades, desta forma materiais, monitores e atividades programadas devem fazer parte do momento.
1.1.3. Incentivo à realização da prática da atividade física
Entende-se que há diferenças entre a prática da atividade física e uma aula de Educação Física. A escola deve incentivar a prática da atividade física, seja ou não na aula de Educação Física. As quadras devem ser cobertas, proporcionando proteção contra sol e chuva; os equipamentos e materiais devem ser adequados para a idade escolar evitando riscos a segurança dos participantes; as turmas devem conter um número não superior a 40 alunos, o que caracteriza superlotação; as atividades físicas extracurriculares devem ser oferecidas para todos os alunos interessados, não discriminando fatores econômicos, sem superlotação e com segurança.
1.1.4. Incentivo para a utilização do ambiente escolar fora dos horários de aula para a prática da atividade física
Os alunos devem ser estimulados a realizarem atividades físicas em momentos externos a aula de Educação Física. A escola deve proporcionar escolinhas de esporte; permitir o uso da quadra, pátios e playgrounds em horários distintos da grade curricular; liberar os espaços aos finais de semana para jogos e atividades recreativas; e, oferecer professores e monitores capacitados para acompanhar estas atividades. Esta ação de incentivo é fundamental para a retirada dos jovens de ambientes não saudáveis e expostos ao rico da utilização de drogas, álcool e tabaco.
1.1.5. Proibição da prática da atividade física ou a participação na aula de Educação Física como método punitivo
A escola não deve realizar medidas punitivas utilizando a não permissão da pratica da atividade física ou da Educação Física como castigo. Tal método afasta o aluno da realização dos padrões motores de movimento; gera aversão a prática física, já que o aluno faz a relação atividade física-punição; favorece o sedentarismo; estimula o auto conceito de fracasso; e, proporciona a não inclusão.
1.1.6. Diretrizes políticas em alimentação saudável
A oferta de alimentos na escola deve seguir as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar-PNAE (Brasil, 2008), dentre elas: promover refeições escolares saudáveis; oferecer alimentação escolar gratuitamente, oferecer alimentos pobres em gordura, sódio e açúcar na cantina, na merenda escolar, nas salas de aula, nos eventos e festas, nas máquinas ou lanchonetes nas dependências da escola; satisfazer as necessidades nutricionais dos estudantes; disponibilizar tempo adequado para aulas de educação nutricional. A escola deve proibir a venda e a distribuição de alimentos de valor nutricional mínimo e alimentos ricos em calorias na forma de gorduras ou açúcares e contendo poucas vitaminas ou sais minerais.
Os professores devem assegurar tempo para que os alunos realizem a higienização antes e após as refeições. A escola deve proibir a distribuição de alimentos ricos em açúcares como prêmio em atividades diversas, da mesma forma não deve punir alunos com a negação ao acesso de alimentos, devido a comportamento impróprio.
1.1.7. Entendimento dos funcionários acerca das políticas e diretrizes de saúde seguidas pela escola
Todos os funcionários da escola devem conhecer a política de saúde proposta, favorecer o acesso dos alunos ao ambiente escolar para a prática da atividade física; estimular os mesmos a participar das aulas de Educação Física; orientar sobre a alimentação saudável no interior da escola; e, responsabilizar-se por uma conduta exemplar.
1.2. Educação para a Saúde
1.2.1. Currículo
O currículo deve ser aplicado em todas as séries da educação básica considerando o aumento do grau de complexidade de acordo com a idade dos alunos de forma sequencial e não repetitiva.
Este deve abordar temas influenciadores da saúde que estão relacionados à atividade física como: benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais; componentes da aptidão física como resistência cardiovascular, força muscular, flexibilidade e composição corporal; importância das fases práticas como aquecimento, alongamento, parte principal e volta à calma; prevenção de lesões e primeiros socorros básicos; sedentarismo; influência da família, da cultura e da mídia nas escolhas e práticas corporais; como apoiar e incentivar outras pessoas a realizarem atividade física, dentre outros.
No que se refere aos temas de alimentação saudável, devem ser abordados: benefícios da alimentação saudável; a pirâmide alimentar; identificação de alimentos ricos em vitaminas e minerais; identificação de alimentos ricos em gorduras saturadas, colesterol, sódio e açúcares; segurança alimentar: higiene, compra, preparo e estocagem alimentos; relação entre a ingestão alimentar e a atividade física; diferenças corporais; distúrbios e doenças relacionados com alimentação; influencia da família, cultura e mídia no comportamento alimentar; e, práticas de controle de peso saudável.
Também podem ser inseridos no currículo temas sobre o abuso de drogas, álcool e tabaco; doenças sexualmente transmissíveis; violência e saúde; doenças coronarianas e diabetes; higiene corporal; moradia, saneamento e saúde; trabalho, lazer e ócio; saúde bucal; e, aspectos socioculturais relacionados à saúde.
1.2.2. Aulas de Educação para Saúde
As aulas devem possuir estratégias motivantes, agradáveis, importantes e diversificadas. As ações devem levar em consideração o meio sociocultural dos alunos e sua realidade. A aprendizagem deve ser ativa e participativa, realizada através de práticas laboratoriais ou de exposições dialogadas. Deve ainda favorecer a adoção de comportamentos saudáveis.
São exemplos de atividades didáticas para atingir as finalidades da educação para a saúde na escola: leitura e estudo das capacidades físicas; identificação de alimentos saudáveis; planejamento de alimentação saudável em casa; compreensão de noções de primeiros socorros; práticas de cultivo de vegetais, frutas e hortaliças; monitoramento do próprio comportamento alimentar; análise de seus hábitos de atividade física; identificação de problemas de moradia e saneamento em seu entorno; compreensão da correta realização da higienização bucal; realização do autocuidado; e, prevenção de lesões na prática da atividade física.
1.2.3. Professores de Educação para Saúde
Os professores devem ser capacitados para tratar o assunto de forma didática e acessível aos alunos, devem possuir formação específica e capacitação constante.
São atitudes que se espera deste profissional: promover estudos, pesquisas e tarefas de casa com os pais e comunidade, propagando os saberes da promoção da saúde; propiciar levantamentos sobre o nível de atividade física e alimentação saudável de familiares; realizar projetos com os alunos sobre saúde coletiva e apresentar em exposições, feiras de ciências e festivais de dança, esportes, ginásticas, lutas e competições.
1.3. Alimentação Escolar
A escola deve oferecer alimentação de forma gratuita a todos os alunos, professores e funcionários da escola. A alimentação, planejada por um nutricionista, deve conter: alimentos variados, aceitos pelos alunos e a base de vegetais, frutas, legumes, cereais, carnes, grãos e derivados do leite, com baixo teor de gordura.
A escolha, o preparo e apresentação dos alimentos devem promover o interesse dos alunos, respeitando a cultura, tradição e hábitos alimentares da comunidade. A escola deve oferecer uma alimentação que favoreça a moderação de gorduras, sódio e açucares. O refeitório deve ser agradável, bem higienizado e seguro. Os profissionais que vão atuar na alimentação oferecida pela escola devem ser capacitados e participar da elaboração, implantação e avaliação das políticas nutricionais da escola.
1.4. Serviços de Saúde na Escola
A escola deve oferecer serviços de saúde, promover a Educação Física e a prática da atividade física, desenvolver a política da boa alimentação para a comunidade escolar e propagar educação para a saúde por meio de: elaboração de cartilhas e materiais educacionais sobre o tema; apresentação de palestras e seminários; e, aconselhamentos individuais e em grupo.
Da mesma forma é necessário colaborar para a promoção da saúde dos funcionários, professores e estudantes da escola através do: desenvolvimento de políticas de saúde; desenvolvimento do currículo para a educação para a saúde; planejamento de aulas, eventos e projetos; treinamento e capacitação dos envolvidos no que se refere aos benefícios da prática da atividade física e boa alimentação; e, encorajamento às boas práticas.
É também de grande importância que o serviço de saúde da escola identifique alunos com problemas associados à inatividade física, maus hábitos e/ou imagem corporal, tais como: anemia, bulimia, anorexia, vigorexia, diabetes, obesidade, asma, uso de esteroides, anabolizantes ou medicamentos. Tais alunos devem ser encaminhados para setores específicos onde serão aconselhados e acompanhados. Por fim, o serviço de saúde da escola deve coletar dados sobre a situação da saúde dos alunos da escola uma vez ao ano.
1.5. Serviço Social, Serviço de Aconselhamento e Psicológico na Escola
O serviço deve realizar acompanhamento psicológico aos alunos, desenvolver materiais educacionais, promover discussões e debates sobre a saúde em salas de aula; realizar encontros e palestras; desenvolver política, currículo, aulas e planos de unidade; realizar treinamento de funcionários, professores e alunos sobre o tema saúde.
1.6. Promoção da Saúde dos Funcionários e Professores
A escola deve promover a saúde de funcionários e professores através de avaliações anuais de aptidão física relacionada à saúde. Os testes devem ser gratuitos e envolver: medidas antropométricas, pressão sanguínea, colesterol diabetes, glicemia, percentual de gordura e índice de massa corporal. Além dos testes físicos é necessário realizar um levantamento sobre como os aspectos sociais, econômicos, familiares e relacionados ao trabalho estão influenciando sua saúde.
A instituição deve oferecer programas de atividades físicas para seus professores e funcionários. Além da oferta, a escola deve estimular e facilitar a participação dos envolvidos. Por fim, a escola deve promover a educação para a saúde de seus professores e funcionários através de campanhas educativas. Também é necessário que escola assegure um plano de saúde para seus trabalhadores.
1.7. Envolvimento da Família e Comunidade
A escola deve oferecer a comunidade e a família dos alunos educação para saúde através de palestras, seminários, feiras, encontros, visitas domiciliares, reuniões de pais e mestres, caminhadas, passeios ciclísticos e pratica de modalidades esportivas.
Uma avaliação sobre a participação e o envolvimento dos alunos com os programas de saúde da escola deve ser realizada anualmente com a família e a comunidade. Os pais ou responsáveis pelos alunos devem participar ativamente da política de saúde da escola, sugerindo, criticando e auxiliando nas atividades.
2. Parte II. Sugestões de inserção do tema saúde nos conteúdos da Educação Física
2.1. Diretrizes Políticas em Educação Física
Na proposta, a aula de Educação Física deve: possuir frequência mínima de três sessões semanais, já que a realização de aulas únicas ou em duas sessões pouco favorecem a vida ativa; tempo mínimo de 50 minutos de aula propriamente dita; ser expandida a todos os alunos sem exceção, inclusive aqueles que estão liberados da prática, por atestado médico ou por outro motivo, que neste caso devem realizar aulas teóricas; possuir relevância social aos alunos no que se refere à aplicação dos conteúdos, aulas e programas de atividades extracurriculares, indo de encontro com as necessidades dos mesmos; ser diversificada e prazerosa, incluindo situações competitivas e não competitivas; possuir número de alunos/professor de forma similar a outras matérias, para que não haja superlotação e todos tenham oportunidade de orientação adequada; apresentar aos estudantes experiências agradáveis para o aprendizado; e, promover e estimular o hábito da atividade física ao longo da vida.
2.2. Currículo
O programa de Educação Física voltado para a saúde deve ser focado no desenvolvimento dos aspectos psicomotores, das habilidades motoras e das capacidades físicas. Para tanto se faz necessário a utilização de todos os componentes cultura corporal do movimento traduzida em jogos, danças, ginásticas, lutas, esportes, práticas alternativas e atividades aquáticas.
É importante discutir a aptidão física relacionada com a saúde durante as aulas e favorecer a aprendizagem e a pratica dos comportamentos e hábitos físicos para saúde, sem que o professor deixe de debater os outros fatores necessários para a aquisição da saúde, entre eles moradia, saneamento, trabalho, lazer, ócio, educação e segurança, dentre outros.
O programa deve seguir os padrões de segurança para a prática da Educação Física, entre eles: supervisão adequada pelo professor; utilização de roupas, sapatos e equipamentos adequados; reparo regular dos equipamentos e instalações; evitar exposição ao sol, fumaça e temperaturas extremas; controle de infecção por contato com sangue e outros fluidos corporais.
Para a utilização de meios de ensino apropriados aos alunos se faz necessário adaptar metas e objetivos da Educação Física e realizar testes sem a finalidade de comparação entre eles, mas a percepção do comportamento do próprio corpo pelos alunos.
2.3. Aulas de Educação Física voltadas para a saúde
Durante as aulas devem ser realizadas ações de discussões em classe; confecção de boletins e anúncios direcionados ao público; entrega de folhetos em casa; realização de tarefas para casa; e, confecção de artigos para revistas.
De acordo com Darido e Sousa Júnior (2007) os professores de Educação Física podem recorrer as alternativas distintas em suas aulas além do tradicional uso das quadras e bolas.
Segundo os autores citados podem ser criados hemerotecas e painéis de notícias sobre temas ligados a saúde, tais como: uso de anabolizantes, lesões, violência nos esportes, padrões impostos de beleza e outros. O uso de materiais audiovisuais como filmes, músicas, documentários, reportagens e desenhos também são atrativos e podem estabelecer relações com os assuntos abordados em aula. Instrumentalizar a coleta de informações sobre saúde na internet é uma alternativa indispensável para as aulas de Educação Física, haja vista a intimidade que a população jovem possui com este instrumento.
2.4. Os professores de Educação Física
O professor deve ser graduado em licenciatura e, de preferência, registrado no Conselho Federal de Educação Física por ser uma entidade de classe representativa da categoria; devem evitar práticas que resultem em momento de pouca ou nenhuma atividade motora durante as aulas, tais como: recorrer a jogos que eliminem os alunos; muitos estudantes observando os outros realizando atividades enquanto esperam sua vez; atividades nas quais poucos alunos têm materiais ou papel fisicamente ativo; permitir aos alunos com maior habilidade técnica ou motora o domínio das ações nas atividades. Os professores devem participar de cursos de formação continuada pelo menos uma vez por ano.
3. Considerações finais
Considerando a atual interpretação da saúde como um completo bem estar físico, mental e social, e a escola como um espaço formativo por excelência, tem-se como uma tarefa complexa promover uma educação para a saúde de modo a ampliar e efetivar os conhecimentos sobre uma vida saudável.
Nesse sentido, buscou-se através deste estudo apresentar uma proposta de política em saúde na escola e na disciplina de Educação Física. Nesta destacam-se como as principais ações o incentivo à prática de atividades físicas no ambiente escolar, seja no recreio, em momentos fora do horário escolar e nas aulas de Educação Física, e a ampliação de espaços de discussão de temas que auxiliem na aquisição de hábitos mais saudáveis. Além disso, destaca-se a importância dos profissionais envolvidos nesse processo, assim como toda a comunidade escolar para a efetivação da proposta.
Espera-se que o estudo possibilite às instituições direcionar melhor suas ações para a promoção da saúde nos ambientes escolares, efetivando a formação de cidadãos protagonistas na aquisição e melhoria da saúde, seja no campo individual ou coletivo.
Bibliografia
Bento, J. O. (1991). As funções da Educação Física. Revista Horizonte, Lisboa, Portugal, n. 45, p. 35-39
Brasil. Ministério da Saúde (1996). Promoção da saúde. Carta de Ottawa, declaração de Adelaide, declaração de Sundswal e declaração de Bogotá. Brasília: Ministério da Saúde/Fundação Oswaldo Cruz.
Brasil. Ministério da Educação (MEC). (2008). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Secretaria de Educação a Distância, 2ª ed., atual. Brasília: MEC, FNDE, SEED.
CDC. Center For Chronic Disease Prevention And Health Promotion (DHHS/CDC). (2000). School Health Index for Physical Activity and Healthy Eating: A Self Assessment and Planning Guide. Elementary school. USA.
Darido, S.C.; Souza Júnior, O.M. (2007). Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. Campinas-SP: Papirus.
Guedes, D. P., Guedes, J. E. R. P. (1993). Subsídios para implementação de programas direcionados à promoção da saúde através da Educação Física Escolar. Revista da Associação de Professores de Educação Física de Londrina. V.8, n.15 p. 3-11.
MATTOS, M.G. de, NEIRA, M.G. (2008). Educação Física na Adolescência. São Paulo: Phorte Editora.
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