Pluralidade cultural: análise e reflexão Pluralidad cultural: análisis y reflexión |
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* Discentes da graduação em Educação Físicada Universidade Castelo Branco (UCB/RJ) **Co-orientadores. Graduandos em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ) ***Orientador. Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ. Docente da UCB/RJ (Brasil) |
Carlos Alberto Garcia Rodrigues* Carla Verônica Souza Santos* Fernanda de Almeida Mercês* Lúcia de Fátima Mansini* Wolmer Cortopassi Corrêa* Thiago de Souza Santos* Yann de Castro Gutierres* Romulo Caccavo** Sérgio Ferreira Tavares*** |
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Resumo Discorreu-se sobre a pluralidade cultural no contexto histórico e legal, sobre o Art. 26, da Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional (LDB), que precisa ser cumprido na sua íntegra, no ensino fundamental e médio. Nesse contexto, tanto a Constituição Federal de 1988, e também na LDB, a questão da diversidade cultural é tratada de maneira genérica e abrangente. A dança promove o conhecimento de várias culturas, tem um forte poder de integração que facilita a descoberta da diversidade. Recursos naturais ambientais permitem produzir aulas práticas onde sejam desenvolvidas as qualidades físicas dos educandos e o despertar de uma consciência ecológica. Dessa forma, mostram-se os Eco Esportes integrando o homem com a natureza. Apresenta-se a Educação Física para Especiais como uma realidade acessível a qualquer profissional da área. A Metodologia se baseia em um modelo descritivo qualitativo e quantitativo, tipo ex-post-facto. Utilizou-se como grupo focal, os alunos do 1º período do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB). Compilou-se os resultados da pesquisa e na discussão comparou-se com outro artigo, para concluir que há necessidade de se desenvolver o futuro profissional de educação física, capacitando-o a criar um legado de oportunidades. Unitermos: Pluralidade cultural. Dança. Eco Esportes. Educação Física Adaptada.
Abstract Be talked about cultural diversity in the historical and legal context, on Art. 26 of the Law of Guidelines and Bases of National Education (LDB), which must be accomplished in its entirety in the elementary and secondary education. In this context, both the Federal Constitution of 1988, and also in the LDB, the issue of cultural diversity is addressed in a generic and comprehensive manner. Dance promotes know ledge of various cultures, has a strong Power of integration that facilitates the Discovery of diversity. Natural environmental resources permit to produce practical classes where the physical qualities of the students are developed and the awakening of environmental awareness. Thus, it is shown the Eco Sports integrating man and nature. Presents the Physical Education for Special as an affordable reality for any professional of the area. The methodology is based on a qualitative and quantitative descriptive model, ex-post-facto type. Was used as a focus group, students of the 1st semester of the Physical Education of the University Castelo Branco (UCB). Compiled the results of research and discussion was compared with another article, to conclude that there is need to develop the professional future of physical education, empowering you to create a legacy of opportunities. Keywords: Cultural plurality. Dance. Eco Sports. Adapted Physical Education.
Recepção: 20/03/2015 - Aceitação: 23/04/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Durante a condução desse artigo descortinou-se sobre a pluralidade cultural no contexto histórico e legal, a fim de realizar o arcabouço teórico que irá orientar a pesquisa realizada junto à amostra do grupo focal. Ao analisar os dados obtidos da amostra, foram feitos alguns questionamentos como: Quais os níveis de pluralidade cultural do grupo? O grupo apresentou alteração significativa dos níveis de pluralidade cultural, após a inserção das informações? Qual a área da educação física que se demonstrou ser mais conhecida pelo grupo? Houve aprendizado, no grupo focal, sobre a pluralidade cultural?
Observando o que preceitua os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.19): “Pluralidade Cultural quer dizer a afirmação da diversidade como traço fundamental na construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, e o fato de que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de ser humano”.
Para ilustrar o contexto da pluralidade cultural na aplicação dos protocolos de pesquisa, ex-post-facto, pensou-se na dança do passinho, como variante do hip hop, no eco esporte e na educação física para especiais, com uma dinâmica simulando deficiência visual. A fim de levar o grupo a uma reflexão sobre o assunto, e se possível, gerar conhecimento e aprendizado sobre o assunto. Na continuidade fez-se a discussão dos resultados obtidos, a fim de se encontrar respostas aos questionamentos, supracitados.
Pensou-se, para formulação do problema, nos alunos do 1º período de Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB), que escolhem a graduação em Educação Física, sem o conhecimento da pluralidade cultural que os envolvem nessa escolha. Contudo, preparados ou não, deverão vivenciar como futuros profissionais, e até mesmo, explorar o potencial de inclusão social de algumas áreas desse labor. Tudo isto, vem de encontro ao objetivo desse artigo que é analisar o nível de pluralidade cultural dos alunos recém chegados à UCB.
Pluralidade Cultural no contexto histórico e legal
Apesar desse fato incontestável de que somos, em virtude de nossa formação histórico-social, uma nação pluriétnica, com 202.768.562 habitantes (IBGE, 2014), de notável diversidade cultural, a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por conseguinte, não sabe trabalhar com as crianças e jovens dos estratos sociais mais pobres, constituídos, na sua grande maioria, de negros e mestiços.
Somente o conhecimento da história da África e do negro poderá contribuir para se desfazer os preconceitos e estereótipos ligados ao segmento afro-brasileiro, além de contribuir para o resgate da autoestima de milhares de crianças e jovens que se vêem marginalizados por uma escola de padrões eurocêntricos, que nega a pluralidade étnico-cultural de nossa formação. Ainda pode-se ter esperança de ver o texto do Art. 26, da Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional (LDB), ser cumprido na sua íntegra.
Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (Brasil, 1996).
A Constituição Brasileira de 1988, em seus artigos 3º e 5º, assim dispõe:
Artigo 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...]
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Artigo 5º XLII. A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. (Brasil, 1988)
Uma primeira leitura do texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1996) causa muito boa impressão. Trata-se de um texto que, numa primeira aproximação, ousa discutir de maneira mais sistemática e aprofundada a questão da pluralidade cultural na escola e a propor medidas concretas de abordagem, quando os dispositivos legais até então existentes mantêm-se prudentemente, como é de se esperar, no campo das formulações abstratas. A reflexão crítica sobre essas proposições, dada a sua complexidade, tem oferecido poucos subsídios ao debate. Seja na Constituição Federal de 1988, seja na Lei n° 9.394 de 1996, a questão da diversidade cultural é tratada de maneira genérica e abrangente. A Carta Magna procura dar resposta a essa problemática na Seção “Da Educação”, artigo 210, assegurando a utilização das línguas maternas das comunidades indígenas e dos processos próprios de aprendizagem.
Art. 210 CF. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. (Brasil, 1998)
De acordo com a LDB (Brasil, 1996), além da proposta de incorporar aos currículos do ensino fundamental e médio uma parte diversificada, “exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela” (art. 26), os artigos 78 e 79 do Título VIII das Disposições Gerais, reclamam uma atenção especial para a oferta de educação escolar bilíngüe e intercultural aos povos indígenas.
Art. 78 - O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisas, para oferta de Educação escolar bilíngüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.
Art. 79 - A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa. (Brasil, 1996)
Segundo a narrativa dos PCN (Brasil, 1996), uma das grandes questões de nossa época diz respeito ao reconhecimento da diversidade das culturas existentes como o caminho necessário para a superação das tensões e conflitos, ancorados na percepção das diferenças étnicas, raciais, de gênero, nacionais, etc., rumo à construção e consolidação de uma sociedade democrática. Nessa perspectiva, o processo educacional, enquanto formação humana, que inclui mecanismos de socialização, como a educação escolar, tem sido considerado como um campo estratégico no qual tais propostas devem ou deveriam ser estimuladas e desenvolvidas.
A dança promove o conhecimento de várias culturas
A dança, que é uma arte milenar, é uma manifestação do homem que expressa os códigos simbólicos de sua cultura. Ela tem um forte poder de integração que facilita a descoberta de diversas culturas, automaticamente, trazendo a valorização e o autoestímulo do seu próprio valor humano e suas raízes culturais. Todavia, “A dança é uma das expressões significativas que integra o campo de possibilidades artísticas, contribuindo para a ampliação da aprendizagem e a formação humana.” (Tarkovski, 1988 apud Santos e Figueiredo, 2003, p. 107).
Segundo, Santos e Figueiredo (2003, p.109), nos transmitem uma visão diferenciada da dança, onde verificamos que:
(...) a dança não pode mais ser considerada como um ato mecânico, ou apenas reproduzido pela mídia, mas como uma proposta educativa a ser desenvolvida com criatividade, expressão e comunicação, em virtude de uma intensa possibilidade de linguagem corporal. (Santos e Figueiredo, p. 109, 2003).
Neste cenário essa proposta evolui, e configura-se ainda, como sendo um canal, que a partir da arte transmite o legado cultural de cada povo. É um instrumento sedutor que desperta o interesse à experiência do conhecimento de outras culturas. Tornando-se mutante, por essência, ao longo dos anos da existência humana.
A dança na educação tem por objetivo ajudar o ser humano a achar uma relação corporal com a totalidade da existência. Ensinar a dança na escola vai muito além de reproduzir o que se vê na mídia, ou o que o professor traz de casa pronto para passar aos seus alunos. Ensinar e aprender a dança é vivenciar, criar, expressar, brincar com o próprio corpo; é deixar-se levar pela descoberta de inimagináveis movimentos, é descobrir no corpo o que é certo pode estar errado e o que é errado pode estar certo (Santos e Figueiredo, 2003).
O acesso à informação na área não se restringe aos procedimentos, mas está intimamente ligado a eles, à possibilidade concreta de vivenciar o maior número possível de práticas e modalidades da cultura corporal de movimento. Na pior das hipóteses, o contexto escolar dispõe de um tempo e de um espaço que, mesmo quando inadequados, precisam ser bem aproveitados. A Educação Física escolar não pode reproduzir a miséria da falta de opções e perspectivas culturais, nem ser cúmplice de um processo de empobrecimento e descaracterização cultural.
Eco Esportes integrando o homem com a natureza
Atualmente, percebe-se, além das modalidades esportivas tradicionais, o surgimento de novas formas de se fazer esporte, o crescimento das modalidades que, envolvendo muito mais que o corpo, abarcam o espírito de aventura, a possibilidade de vivenciar situações de risco e necessitam de condições especiais como o espaço físico ideal para essas atividades – o ambiente natural. Assim sendo, a Educação Física, ao incrementar os limites físicos, corporais e ambientais, chama-as de esporte de aventura, ou ainda, de Eco Esportes. O Turismo denomina esse tipo de práticas como ecoturísticas. (Ambiente Brasil, 2003).
Por outro lado, a falta de espaços físicos nas escolas proporciona a alternativa de levarem-se as atividades práticas para junto da natureza — prática de atividades físicas não formais — as quais se encontram na nova proposta de ensino contida nos PCN. Os recursos naturais ambientais permitem ministrar aulas práticas onde sejam desenvolvidas, simultaneamente, as qualidades físicas dos educandos e o despertar de uma consciência ecológica. A Educação Física, por sua vez, disciplina curricular de todas as escolas brasileiras, transversal ao Tema Meio Ambiente quando propõe que atividades inerentes à disciplina sejam praticadas junto à natureza. E segundo as experiências vividas por Bouet (1968) e Durand (1969), a associação dos recursos naturais ambientais, os desportos, a noção de risco e a aventura classificam-se como Desportos da Natureza.
Segundo Bento (1990) e Meinberg (1990), o desporto tornou-se plural, assumindo novas formas, modelos, valores e sentidos; surgiu como comércio, indústria, atividade cultural, estilo de vida, fator econômico, fator de sociabilização, meio de educação e formação, estratégia de saúde e objeto de investigação científica.
Educação Física para Especiais: uma realidade acessível
Segundo Araújo (1997, p.3) o desporto para pessoas portadoras de deficiência deve ser encarado como um dos vários benefícios que está sendo aos poucos conquistados neste país, através de estudos, decretos e leis, vontades e interesses políticos, e não pelo direito que é assegurado a todos pela Constituição Federal de 1988 que estabelece em seu capítulo III. Da Educação, da Cultura e do Desporto: Seção III do Desporto, Art. 217, "É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e mio-formais, como direito de cada um". Ou então, pode-se entender também, pelo direito de escolher esta prática como forma de minimizar as limitações ou dificuldades impostas pela deficiência. Define-se, portanto uma vasta área de trabalho para profissionais da educação física, e ainda, fomenta-se de forma institucional o desenvolvimento da cultura corporal para pessoas consideradas especiais, indo a reboque os integrantes da melhor idade.
Para Araújo (1997, p.5) o significado de Desporto Adaptado é a “adaptação de um esporte já de conhecimento da população. Este conhecimento está relacionado às regras estabelecidas e sua prática”. Citando como exemplo o futebol, pois a maioria dos brasileiros tem conhecimento de suas regras e do desenvolvimento desse jogo. Porém, o futebol para amputados é desconhecido pela maioria dos brasileiros e a necessidade de adaptação de suas regras, como a busca de meios para que populações diferenciadas possam praticá-lo, levou-o a ser classificado como Desporto Adaptado. A modalidade permanece na sua essência, mas é adaptado ao praticante. Winnick (1990) define Desporto Adaptado como sendo:
(...) experiências esportivas modificadas ou especialmente designadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. O âmbito do esporte adaptado inclui a integração de pessoas portadoras de deficiências com pessoas "normais", e lugares nos quais que se incluem apenas pessoas com condições de deficiência. (Winnick, 1990 apud Araújo 1997, p.5)
Metodologia
Utilizou-se como grupo focal os alunos do 1º período do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB), campus Realengo, Rio de Janeiro, com uma amostra de 18 alunos realizou-se duas intervenções, sendo a primeira em momentos anteriores a exposição dos fatos sobre dança, eco esportes e educação física adaptada. Como também a segunda, imediatamente, após essa exposição.
O presente estudo se baseia em um modelo descritivo qualitativo e quantitativo, com delineamento tipo ex-post-facto. Richardson (1999, p. 80) cita que “(...) os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Dessa forma, podem “contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos”.
Já em relação à pesquisa quantitativa, este autor discorre, “Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples (...) as mais complexas”. (Richardson, 1999, p. 70)
No modelo ex-post-facto (expressão latina com significado “a partir do fato passado” (GIL, 2008, p. 49), o grupo pesquisado forma certa amostra do universo da pesquisa, devendo ser seguido por um período específico, a fim de que se investiguem, por observação e análise comparativa, as alterações ocorridas.
A pesquisa apresenta como principal elemento de investigação dos níveis de pluralidade cultural, dentro do imaginário do grupo, acerca do que é a Educação Física, e qual o conhecimento prévio diante da diversidade cultural, da atuação do profissional de educação física na dança, eco esportes e educação física adaptada. Tudo isso, visualizado mediante uma proposta intervencionista pedagógica, a qual objetiva a ampliação de tal diversidade.
Método experimental, tipo ex-post-facto, com protocolos em anexo, alicerçada pelos referenciais teóricos bibliográficos. Dois protocolos serão aplicados como instrumentos para investigação e análise, com 4 questões cada. Os instrumentos utilizados em ambas as fases foram adaptados dos protocolos, exposto no artigo “Imaginário enquanto fator de pluralidade cultural para graduandos ingressantes no curso de Educação Física: uma abordagem reflexiva” (Camargo et al, 2011), sendo adaptado pelos autores dessa pesquisa e validado por três mestres, docentes do curso de Educação Física da UCB.
Realizou-se um evento na UCB, com apresentação de dança do passinho, vídeos sobre eco esportes e educação física adaptada contendo questões para reflexão, em cada vídeo. Ainda, como parte da estratégia para reflexão, montou-se uma dinâmica usando cones, bolas com guizo, 2 sinos e tapa-olhos para simularmos o aprendizado de deficientes visuais iniciantes de handebol.
Primeiro protocolo
1. Escreva uma palavra que possa representar sua idéia sobre Educação Física.
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2. Em quais desses locais abaixo você levaria seus alunos? Enumere as opções, de 1 a 3, considerando o número 1 como aquela que julgar mais importante.
a. ( ) bibliotecas / museus / Treinamento para especiais
b. ( ) teatro / cinema / baile de hip hop
c. ( ) caminhada ao Pico da Pedra Branca / baile de hip hop / Treinamento para especiais
3. Você consegue relacionar uma dança de hip hop ao curso de Educação Física?
a. ( ) não
b. ( ) sim
3.1. Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4. Quando se fala em Pluralidade Cultural, o que vem na sua cabeça?
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Segundo Protocolo
1. Crie sua própria definição para Educação Física.
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2. Selecione um dos locais abaixo onde, como professor de Educação Física, levaria seus alunos para que pudessem compreender e perceber claramente a presença da Pluralidade Cultural.
a. ( ) Vila Olímpica
b. ( ) Pico da Pedra Branca
c. ( ) Centro de Tradições Nordestinas
2.1. Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3. Você consegue relacionar uma dança de hip hop ao curso de Educação Física?
a. ( ) não
b. ( ) sim
3.1. Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4. Qual das alternativas abaixo melhor define a pluralidade cultural?
a. ( ) Ter conhecimento dos diversos ambientes culturais como música, teatro, religiões, danças, exposições, museus, etc.
b. ( ) Conjunto de padrões de comportamentos, crenças, conhecimentos, costumes de um povo e todas suas manifestações culturais.
c. ( ) Respeitar os diferentes grupos e culturas, incentivando o convívio entre estes e fazendo dessa característica um fator de engrandecimento cultural.
Os escores foram distribuídos conforme tabela abaixo:
Tabela 1. Critérios de avaliação e pontuação dos pesquisados
Questão 1 |
Visão voltada somente para o esporte (vale 1 ponto) |
Vê na Educação Física inúmeras possibilidades de ensino (vale 2 pontos) |
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Questão 2 |
Atribuição de maior valor às opções “a” e “b” (vale 1 ponto) |
Atribuição de maior valor à opção “c” (vale 2 pontos) |
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Questão 3 |
Resposta negativa (vale 0 ponto) |
Resposta negativa ou positiva e justificativa não esclarecedora de como o simbolismo pode ser utilizado como instrumento de ensino (vale 1 ponto) |
Resposta positiva e justificativa esclarecedora de como o simbolismo pode ser utilizado como instrumento de ensino (vale 2 pontos) |
Questão 4 |
Resposta não relacionada com o tema Pluralidade Cultural ou proximidade com o conceito, ainda que incompleta (vale 1 ponto) |
Entendimento de que o convívio e a valorização dos diferentes grupos e culturas é um fator de enriquecimento cultural (vale 2 pontos) |
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Realizada a contagem total de pontos, os valores obtidos foram classificados segundo os parâmetros abaixo em ambos os questionários:
Tabela 2. Categorias de acordo com a média de pontos obtidos
Categorias / Média de pontos |
Justificativas |
Pouco Plural (De 3 a 4 pontos) |
Dentre as respostas apresentadas, o indivíduo apresentou pouco conhecimento acerca das questões levantadas, demonstrando, desta forma, possuir uma pequena bagagem cultural. |
Parcialmente Plural (De 5 a 6 pontos) |
O indivíduo apresentou um conhecimento razoável acerca dos conteúdos propostos, fazendo-se assim um sujeito com uma bagagem cultural razoável. |
Muito Plural (De 7 a 8 pontos) |
O indivíduo mostrou em suas respostas muito conhecimento sobre temas ligados à cultura, sendo possuidor de uma ampla bagagem cultural. |
Resultados
Após análise dos protocolos respondidos pelos alunos, podem-se montar os gráficos, a seguir, a fim de realizar-se uma discussão sobre os resultados obtidos.
Gráfico 1. Nível de pluralidade (primeiro protocolo)
Gráfico 2. Nível de pluralidade (segundo protocolo)
Discussão
Ao observar o Gráfico 1, vê-se que apenas 16 % da amostra apresenta um nível pouco plural, onde basicamente foi mais efetiva a intervenção ministrada, quando se compara com o Gráfico 2, pois se reduziu a zero. A variação no nível parcialmente plural foi de 32% para 44%. Contudo, também foi observado que a adesão a aula de dança do passinho e a participação na dinâmica de educação física adaptada, para deficientes visuais, foi maciça e empolgante, o que leva a crer que também ocorreu alguma alteração de nível parcialmente plural, para muito plural, que variou de 52% para 56%.
Ao comparar-se os resultados do primeiro teste de Camargo et al (2011), tem-se: pouco plural 22%, parcialmente plural 72% e muito plural 6%. Observa-se uma diminuição sensível nos índices de pouco e parcialmente plural, mas um crescimento significativo no nível muito plural, ao comparar-se com os resultados obtidos na corrente pesquisa. Fato que também ocorreu após a inserção do segundo teste, pouco plural 22%, parcialmente plural 50% e muito plural 28%. Nota-se um desempenho diferenciado, possivelmente, pelo aspecto apresentado na pesquisa atual, oferecido pelo Eco Esportes e Educação Física Adaptada, pois estão mais próximos do conhecimento desse grupo focal.
Conclusão
Os jovens recém chegados ao meio acadêmico, por muitas vezes, escolhem a sua carreira por gostar da experiência obtida na escola, ou no meio familiar. Seria uma enorme ilusão acreditar, que eles conhecem o universo de oportunidades que envolvem a carreira escolhida. A proposta de se analisar a situação de chegada desses alunos, visa oferecer uma reflexão sobre a diversidade de opções, antes inimagináveis ou distantes da realidade social, para dentro dessa nova realidade que ora se descortina. Portanto, deve-se oferecer aos discentes de Educação Física o acesso as informações necessárias, a fim de que este possa construir um aprendizado sólido e plural dentro da sua cultura. Nesta certeza, faz-se mister o desenvolvimento do futuro profissional de Educação Física, capacitado a criar um legado de oportunidades, para que outros desfrutem de uma nova diversidade cultural.
Referências
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Brasil (1996). Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional. Diário Oficial, Brasília, 23 de dezembro, p. 27833-41.
Canen, Ana (1997). Competência pedagógica e pluralidade cultural: eixo na formação de professores? Cadernos de pesquisa, nº 102, p. 89-107.
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Campos, Alexandre Cândido de Oliveira (2004). Pluralidade Cultural e Inclusão na Formação de Professoras e Professores: Gênero, Sexualidade, Raça, Educação Especial, Educação Indígena, Educação de Jovens e Adultos, Cadernos de Pesquisa, Resenhas, v. 34, n. 123, set./dez.
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Meinberg, E. (1996). Para uma nova ética do desporto. In: Jorge Bento e Antônio Marques (Eds.), Desporto. Ética. Sociedade. Porto: Universidade do Porto.
Richardson, R. J. (1999). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas.
Santos, R.C. e Figueiredo, V.M.C. (2002). Dança e Inclusão no Contexto Escolar, Um Diálogo Possível. Pensar a Prática 6: 107-116, Jul./Jun.
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