Prática regular de exercícios físicos na melhoria da autonomia funcional e qualidade de vida em idosos El ejercicio físico regular en la mejora de la autonomía funcional y la calidad de vida de las personas mayores Regular physical exercise in improving the functional autonomy and quality of life in elderly |
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Fisioterapeuta, Acadêmico do curso de Medicina UEPA, Campus Santarém, Pará (Brasil) |
Reli José Maders |
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Resumo Objetivo: revisar os aspectos relacionados ao ganho de autonomia funcional e da qualidade de vida proporcionados pela prática regular de exercícios físicos regulares. Método: trata-se de uma de revisão narrativa, cujas informações foram obtidas em livros e artigos disponíveis em bases de dados on line nacionais de periódicos e de bibliotecas. Resultados: fizeram-se considerações sobre os ganhos de autonomia funcional e de qualidade de vida proporcionados pela prática regular de exercícios físicos. Conclusão: a partir desta pesquisa científica é possível notar que os trabalhos apontam para ganhos significativos na autonomia funcional e na qualidade de vida significativas para os idosos praticantes de diversas modalidades de exercícios, seja estes com predomínio aeróbio ou anaeróbico. Unitermos: Idosos. Exercícios físicos. Autonomia funcional. Qualidade de vida.
Abstract Objective: To review the aspects related to the gain of functional autonomy and quality of life provided by the regular practice of regular exercise. Method: this is a narrative review, whose information was obtained in books and articles available in databases online national journals and libraries. Results: were made observations on the functional autonomy gains and quality of life provided by the regular practice of physical exercise. Conclusion: from this scientific research is possible to note that the research leads to significant gains in functional autonomy and meaningful quality of life for the elderly practitioners of various forms of exercise, whether aerobic or anaerobic with this predominance. Keywords: Elderly. Physical exercises. Functional autonomy. Quality of Life.
Recepção: 24/12/2014 - Aceitação: 12/03/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Em nossa atualidade as condições e muitas vezes incapacitantes que os gerontes enfrentam em decorrência do processo de envelhecimento sedentário afeta a funcionalidade, a independência, a autonomia funcional e a qualidade de vida e tendem a piorar com o decorrer do avanço da idade. Sabe-se que normalmente tais modificações não são fatais, apenas incapacitantes. Contudo podem ser modificadas, ou mesmo atenuadas com a prática de exercícios físicos regulares e bem orientadas.
Neste sentido, esta revisão tem como objetivo central revisar os aspectos intimamente relacionados entre a autonomia funcional a qualidade de vida e a prática regular de exercícios físicos para idosos.
Metodologia
Trata-se de um trabalho de revisão narrativa com informações colhidas em livros e artigos disponíveis em bases de dados on line nacionais de periódicos eletrônicos e de bibliotecas. Os dados foram selecionados no período compreendido entre 10 de Agosto a 30 de Novembro de 2014.
Para a busca em periódicos eletrônicos foram utilizadas palavras chaves correlatas ao tema em foco para a obtenção de artigos, a saber: qualidade de vida, autonomia funcional, idosos, exercício físico aeróbico, exercício físico resistido para idosos e combinações entre estas.
Com base nos artigos pesquisados foi possível o desenvolvimento de uma fundação teórica sobre o tema em questão.
Resultados e discussão
Sabe-se que o ser humano desenvolve e aprimora suas capacidades até os 20 ou 31 anos, quando, a partir daí, o seu desempenho funcional começa a declinar de modo a atingir patamares indesejáveis, comprometendo a capacidade de realização de tarefas comuns diárias (Paschoal, 2005).
Dentre os fatores que contribuem diretamente para a deterioração da capacidade funcional dos gerontes pode-se citar a redução gradual das práticas regulares de atividades físicas, ao invés das próprias mudanças ocasionadas pelo envelhecimento. Neste contexto, a atividade física possui um importante papel para reduzir o índice de declínio da capacidade funcional, desenvolvendo a autonomia no idoso e melhorando sua qualidade de vida por um período de tempo mais expressivo (Paschoal, 2005).
Sem dúvida, a perda da capacidade funcional gera a incapacidade para a prática das AVD. Estas, conforme Okuma (1998) estão inteiramente relacionadas às atividades de cuidados pessoais básicos, como vestir-se, banhar-se levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, utilizar o banheiro, comer e caminhar uma pequena distância, diminuindo gradativamente a qualidade de vida das pessoas idosas.
Sendo assim, segundo Okuna (1998) a expectativa de vida ativa termina quando a saúde de uma pessoa se compromete ao ponto de dificultar a realização de AVD, tornando-a dependente de outras ou de demais formas de assistência.
Com o objetivo de classificar a capacidade funcional em idosos Spirduso (1995 apud Andreotti; Okuma, 1999) propuseram cinco categorias hierárquicas a destacar:
Idosos fisicamente dependentes: pessoas que necessitam melhorar as funções que favoreçam a realização das atividades de auto-cuidado, como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, usar o banheiro, transferir-se de um lugar para outro e caminhar.
Idosos fisicamente frágeis: aqueles que necessitam aprimorar as funções que permitem realizar atividades básicas e instrumentais da vida comum diária, tais como cozinhar, limpar a casa e fazer compras.
Idosos fisicamente independentes: pessoas que devem aprimorar e manter as funções físicas que lhes dão independência, uma vez que são sedentárias.
Idosos fisicamente ativos: carecem manter um nível ótimo de capacidade física e funcional. Sua idade cronológica não condiz com a biológica, ou seja, aparentam ser mais jovens.
Idosos atletas: aqueles que são engajados em atividades esportivas e competitivas. Por conta disso, necessitam de treinamento que mantenham otimizadas as capacidades motoras.
Com relação à atividade física, vários estudos, com aplicação de diferentes métodos de intervenção e procedimentos avaliativos demonstraram que são positivos os efeitos dessa prática na autonomia funcional e, conseqüentemente, na melhoria da qualidade de vida de pessoas idosas (Alves; Baptista; Dantas, 2006; Côrtes; Silva, 2005; Hernandes; Barros, 2004; Mattos; Farinatti, 2007; Vale; Novaes; Dantas, 2005; Vale et al., 2006).
Aidar et al. (2006) perceberam que 12 semanas de exercícios aquáticos praticados por um grupo de idosos (66,8 ± 4,8 anos de idade) foram importantes na prevenção de patologias, quedas e outros problemas relacionados à idade. Houve, também, e tão importante quanto, a melhora da sociabilidade e maior independência para a realização de tarefas diárias comuns.
Mattos e Farinatti (2007), ao realizarem um estudo com um grupo de 16 mulheres (68-82 anos de idade), onde as mesmas realizaram treinamento aeróbio de volume e intensidade reduzidos, perceberam que esse tipo de treino pode promover a melhora na capacidade de trabalho submáximo e na autonomia funcional em pessoas com idade mais avançadas, de ambos os gêneros.
Hernandes e Barros (2004) perceberam que um programa de atividades físicas e educacionais aumentou o desempenho de idosos (61-77 anos de idade) em executarem testes semelhantes a alguns afazeres comuns do dia-a-dia. Coelho e Araújo (2000) descobriram que praticantes de exercícios supervisionados apresentam facilidades para a execução de ações cotidianas, pelo ganho considerável de flexibilidade global, a qual é aumentada pela redução de peso corporal. A Yoga, para Alves, Baptista e Dantas (2006), além de aumentar a flexibilidade e outras capacidades motoras como a força muscular e o equilíbrio, também se mostrou benéfica para a autonomia funcional de mulheres idosas sedentárias.
Com o avançar da idade, não há dúvidas que existe uma tendência natural de redução das capacidades motoras relacionada à saúde em indivíduos não praticantes de exercícios físicos regulares (Dias et al., 2008). Esse fator contribui ao aumento da adiposidade corporal, o qual repercute negativamente na capacidade funcional de mulheres acima de 47 anos de idade (Raso, 2002), bem como a obesidade em senhoras acima de 51 anos (Silva et al., 2007). Já em mulheres fisicamente ativas percebe-se que a evolução das capacidades motoras e funcionais apresenta comportamento similar, independentemente da idade cronológica (Matsudo et al., 2003). Isso reforça ainda mais os efeitos benefícios da realização regular de atividades físicas sobre os efeitos deletérios do processo de envelhecimento.
O treinamento resistido (TR) também vem sendo considerado extremamente importante para a manutenção da realização das AVD por idosos (Mazini Filho; Ferreira; César, 2006; Rabelo; Oliveira, 2003), ainda que sejam comprometidas pela fadiga muscular aguda periférica (Paula, Vale e Dantas, 2006).
Vale et al. (2006) descobriram que o TR realizado apenas duas vezes semanais, por 16 semanas, a 75-85% de uma repetição máxima (1RM), contribuiu no incremento significativo de força muscular, flexibilidade e autonomia funcional, correlacionando-se positivamente ao aumento do desempenho para a realização das AVD em mulheres idosas.
Côrtes e Silva (2005) avaliaram 30 mulheres (68 ± 6 anos de idade) com o objetivo de nestas verificar a relação existente entre a manutenção da força muscular e a autonomia funcional. O TR foi realizado durante 12 semanas. Após esse período houve a divisão em dois subgrupos (grupo manutenção - GM e grupo controle - GC), onde o primeiro desenvolveu treinos reduzidos de apenas uma sessão semanal, durante oito semanas, enquanto o seu controle cessou o treino. Concluíram que o treinamento de força muscular, além de melhorar diversas funções biológicas, mostra que os ganhos obtidos na força e na autonomia são mantidos por até oito semanas.
Além dos benefícios em termos morfofisiológicos, a prática regular de atividade física faz com que pessoas idosas apresentem melhores resultados quanto à qualidade de vida (Toscano; Oliveira, 2009), a qual está associada a diversos fatores, como estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, relações familiares, disposição e até espiritualidade e dignidade (Nahas, 2006). Diversas pesquisas têm demonstrado que o TR também promove um aumento em domínios da qualidade de vida de pessoas idosas (Schneider; Miliani, 2002; Pereira et al., 2006).
Considerações finais
Esta revisão teve o objetivo revisar os ganhos obtidos na autonomia funcional e na qualidade de vida através da prática regular de exercícios físicos bem orientados para idosos.
Pesquisas apontam inúmeros ganhos tanto na autonomia funcional quanto na qualidade de vida de idosos praticantes de atividades físicas regulares, seja estas aeróbicas, anaeróbicas ou mesmo exercícios de flexibilidade como a Yoga.
Acredita-se ainda serem insuficientes os estudos desenvolvidos sobre a temática analisada neste trabalho. Assim, sugere-se a realização de mais estudos que mostrem e quantifiquem os ganhos na qualidade de vida e na autonomia funcional de idoso.
Referencias
Aidar, F. J.; Silva, A. J.; Reis, V. M.; Carneiro, A. L.; Leite, T. M. (2006). Idosos e adultos velhos: atividades físicas aquáticas e a autonomia funcional. Fitness & Performance Journal, v.5, n.5, p. 271-276.
Alves, A. S.; Baptista, M. R.; Dantas, E. H. M. (2006). Os efeitos da prática do yoga sobre a capacidade física e autonomia funcional em idosas. Fitness & Performance Journal, v.5, n.4, p. 243-249.
Andreotti, R. A.; Okuma, S. S. (1999). Validação de uma bateria de testes de atividades da vida diária para idosos fisicamente independentes. Revista Paulista de Educação Física, v.13, n.1, p. 46-66.
Coelho, C. W.; Araújo, C. G. S. (2000). Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 02, n. 01, p. 31-41.
Côrtes, G. G.; Silva, V. F. (2005). Manutenção da força muscular e da autonomia, em mulheres idosas, conquistadas em trabalho prévio de adaptação neural. Fitness & Performance Journal, v.4, n.2, p. 107-117.
Dias, D. F.; Reis, I. C. B.; Reis, D. A.; Cyrino, E. S. et al. (2008). Comparação da aptidão física relacionada à saúde de adultos de diferentes faixas etárias. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v.10, n.2, p. 123-128.
Hernandes, E. S. C. H.; Barros, J. F. (2004). Efeitos de um programa de atividades físicas e educacionais para idosos sobre o desempenho em testes de atividades da vida diária. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.12, n.2, p. 43-49.
Matsudo S. M.; Matsudo, V. K. R.; Neto, T. L. B.; Araújo, T. L. (2003). Evolução do perfil neuromotor e capacidade funcional de mulheres fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.9, n.6, p. 365-367.
Mattos, M.; Farinatti, P. (2007). Influência do treinamento aeróbio com intensidade e volume reduzidos na autonomia e aptidão físico-funcional de mulheres idosas. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v.7, n.1, p. 100-108.
Mazini Filho, M. L.; Ferreira, R. W.; César, E. P. (2006). Os benefícios do treinamento de força na autonomia funcional do indivíduo idoso. Revista de Educação Física, n.134, p. 57-68.
Okuma, S. S. (1998). O idoso e a atividade física: fundamentos e pesquisas. São Paulo: Papirus.
Paschoal, S. M. P. (2005). Autonomia e independência. In: M. Papaléo Netto, Gerontologia. São Paulo: Atheneu. Cap. 28, p. 313-323.
Paula, R. H.; Vale, R. G. S.; Dantas, E. H. M. (2006). Relação entre o nível de autonomia funcional de adultos idosos com o grau de fadiga muscular aguda periférica verificado pela eletromiografia. Fitness & Performance Journal, v.5, n.2, p. 95-100.
Pereira, F. F.; Monteiro, N.; Novaes, J. S.; Faria Junior, A. G.; Dantas, E. H. M. (2006). Efeitos do treinamento de força na qualidade de vida de mulheres idosas. Fitness & Performance Journal, v.5, n.6, p. 383-387.
Rabelo, H. T.; Oliveira, R. J. (2003). O treinamento de força e sua relação com as atividades da vida diária de mulheres idosas. In: E. H. M. Dantas e R. J. Oliveira, Exercício, maturidade e qualidade de vida. 2ª ed. Rio de Janeiro: Shape. Cap. 4, p. 79-97.
Raso, V. (2002). A adiposidade corporal e a idade prejudicam a capacidade funcional para realizar as atividades da vida diária de mulheres acima de 47 anos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.8, n.6, p. 225-234.
Schneider, R. E.; Miliani, N. S. (2002). Influência do trabalho de força na melhoria da qualidade de vida de idosos. Revista Mineira de Educação Física, v.10, n.2, p. 37-48.
Silva, K. M. S. Rocha, J. S, Baroboskin, R. M, Raso V. (2007). A influência da obesidade na capacidade funcional de mulheres acima de 51 anos. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v.1, n.1, p. 31-38.
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Vale, R. G. S.; Barretos, A. C. G.; Novaes, J. S.; Dantas, E. H. M. (2006). Efeitos do treinamento resistido na força máxima, na flexibilidade e na autonomia funcional de mulheres idosas. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano, v.6, n.4, p. 52-58.
Vale, R. G. S.; Novaes, J. S.; Dantas, E. H. M. (2005). Efeitos do treinamento de força e de flexibilidade sobre a autonomia de mulheres senescentes. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.13, n.2, p. 33-40.
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