Mapeamento científico: Educação
Inclusiva Producción científica: Educación Inclusiva y Educación Física (2000 a 2010) Scientific production: Inclusive Education and Physical Education (2000 to 2010) |
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Professora Departamento de Educação Física/UNICENTRO (Brasil) |
Evelline Cristhine Fontana |
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Resumo O artigo tem como objetivo levantar a produção cientifica sobre Educação Inclusiva no contexto da Educação Física, no período 2000-2011. Utilizou-se como metodologia de estudo a pesquisa bibliográfica, permeada por reflexões sobre Educação Inclusiva, Educação Física Inclusiva e Formação de Professores. As fontes de informações foram periódicos nacionais classificados com qualis B1 e B2 da área de Educação Física. As bases de dados consultadas foram os sites dos periódicos selecionados, a partir das palavras-chave: Educação Física Inclusiva/Adaptada e Formação de Professores. Os resultados apontaram, no período, de dezesseis (16) artigos sobre os temas. Verificou-se, com os resultados, que os artigos publicados sobre o tema possuem como temáticas principais: Práticas e políticas de Inclusão, formação de professores, percepções de professores/gestores e alunos sobre a Inclusão e reflexões em torno da Inclusão. Unitermos: Produção de conhecimento. Educação Física Inclusiva.
Abstract The subject has as theme to raise the science product about Inclusive Education in the context of Physical Education, in at period 2000-2011. Used as methodology of study the bibliographic search, permeated for reflections about Inclusive Education, Inclusive Physical Education and training of teachers. The sources of information gone national periodics classified with qualis B1 and B2 of the area of Physical Education. The bases of facts consulted gone the sites of the selected periodic, from of the key-words: Inclusive Physical Education/Adapted and Training of Teachers. The results will aim, in the period, of forty-two sixteen (16) subject about the themes. Verified, with the results, that the published subjects about the theme have as principal theme: Inclusion Practices and Politics, Training of Teachers, perception of teachers/managers and students about the Inclusion and reflection about Inclusion. Keywords: Knowledge production. Inclusive Physical Education.
Recepção: 16/04/2015 - Aceitação: 13/05/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Para abordar o tema proposto, parece fundamental remeter ao processo de formação de profissionais de Educação Física, fazendo uma breve diferenciação entre as distintas formações: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, de acordo com as legalizações.
A partir da Lei nº 9.696/98, regulamenta-se a profissão em Educação Física e criam-se os Conselhos Regionais de Educação Física e o Conselho Federal. A Resolução CNE/CP 01/2002, do MEC, que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, é, de fato, a disparadora dessa busca por uma formação mais consistente no âmbito das Licenciaturas. Com essas Diretrizes devem dialogar as Diretrizes específicas referentes a cada componente curricular, como é o caso da Resolução CNE/CES 7/2004, da Educação Física.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação plena em Educação Física, são instituídas em 2004, por meio da Resolução CNE/CES nº 7/2004. Portanto, os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física passaram a serem graduações diferentes, em que o licenciado em Educação Física está habilitado para atuar na docência em nível de Educação Básica e o bacharel para atuar em ambiente não escolar.
Pensando em uma necessidade atual da sociedade qual seja a “inclusão social” e relacionando-a com a prática do profissional de Educação Física e os processos de educação inclusiva, nos surgem inúmeros questionamentos: será que a formação acadêmica e docente oferecida nas universidades está direcionada para essa área de atuação? Quais são as disciplinas/conteúdos/metodologias selecionados para compor um currículo inclusivo na formação do profissional de Educação Física? Como essas questões estão sendo abordadas no interior dos cursos de Educação Física? O futuro professor de Educação Física sabe que aluno irá receber na escola, tem uma compreensão da diversidade de alunos com quem irá lidar? O que aprendeu no decorrer do curso lhe dá subsídios necessários para tomar atitudes no contexto de atuação educacional?
Tais questionamentos são relevantes tanto para a formação do bacharel quanto para o licenciado em Educação Física, no entanto, para os propósitos desse artigo direcionarei as discussões para o âmbito da formação do professor e sua relação com o currículo para a educação inclusiva. Inúmeros estudos têm sido realizados sobre o tema e o objetivo nesse momento é identificar o que se tem produzido a respeito e publicado nos principais periódicos da Educação e da Educação Física.
O professor de Educação Física tem um papel de suma importância na escola. A ele cabe a responsabilidade de atuar na educação dos alunos; proporcionar práticas desportivas e vivências grupais sem que haja distinções, discriminação e preconceitos; dominar conteúdos específicos dentro da sua área; conhecer e compreender a realidade social de seus alunos; adequar às atividades de ensino de acordo com as características dos alunos, entre outras responsabilidades.
Para Freitas (2006), pensar em inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais exige uma reflexão sobre a formação do professor e as práticas pedagógicas atuais. Para a atuação no campo da inclusão não basta apenas experiência na área, mas também é de importante o conhecimento teórico, científico e metodológico, que está a nossa disposição seja em livros, periódicos, revistas científicas e em outros meios.
A produção de conhecimentos, ou seja, os estudos científicos realizados em determina área do saber servem de apoio para a sociedade em geral e particularmente, para professores e alunos em processo de formação profissional. Estes permitem conhecer a comprovação ou a contestação de determinados conhecimentos normalmente reconhecidos apenas a nível do senso comum. A inclusão social, por exemplo, tem sido objeto de críticas e afirmações nem sempre confirmadas pelos estudos científicos e a falta de maior conhecimento sobre o tema em muito tem contribuído para ampliar o preconceito e as práticas excludentes.
Devido à grande importância de incluir alunos com necessidades especiais no âmbito regular de ensino e inclusive nas aulas de Educação Física, cabe-nos fazer uma reflexão sobre o assunto e acompanhar as produções científicas realizadas e publicadas em periódicos da grande área da Educação e da Educação Física, para que seja possível analisar as informações de como vem sendo abordada a questão da formação em Educação Física para o processo de inclusão.
Diante o exposto, o presente estudo tem como objetivo levantar a produção cientifica sobre o currículo da Educação Física para a Educação Inclusiva nas revistas nacionais de Educação Física com qualis B1 e B2. Interessa-me investigar como vem sendo abordado esse assunto nas publicações de periódicos relevantes e conceituados da área.
2. Metodologia
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas e particularmente nas aulas de Educação Física é algo que preocupa os pesquisadores, futuros docentes e já professores de Educação Física. Nesse sentido, esse estudo busca levantar informações em relação à produção de conhecimentos sobre Educação Inclusiva no contexto da Educação Física. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, permeada por reflexões sobre a Educação Inclusiva, Educação Física Inclusiva e a Formação de Professores. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituída por artigos científicos e cuja perquirição é realizada por meio da técnica de Análise de Conteúdo.
É a análise que vai permitir observar os componentes de um conjunto, perceber suas possíveis relações, ou seja, passar de uma idéia chave para um conjunto de idéias mais especificas, passar a generalização e, finalmente a crítica. (Marconi e Lakatos, 2007, p. 28).
Foram utilizados como fontes de informações para a coleta de dados, os periódicos nacionais da área da Educação Física com qualis B1 e B2. Visto que, no período da pesquisa não foram encontrados periódicos nacionais na área 21 (Educação Física) com qualis A1 e A2.
Qualis é um conjunto de procedimento de avaliação para a estratificação da qualidade da produção de conhecimentos nos programas de pós-graduação, utilizado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), a classificação dos periódicos é realizada pelas áreas de conhecimentos, os mesmos, são enquadrados em indicativos de qualidade, considerando A1 - o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero (Brasil, 2011).
Os periódicos que foram utilizados para a coleta dos artigos referentes ao tema investigado, são apresentados no quadro abaixo.
Quadro 1. Periódicos da área da Educação Física
Qualis B1 |
Qualis B2 |
Motriz: Revista de Educação Física (UNESP) |
Ciência e Saúde Coletiva |
Movimento (UFRGS) |
Paidéia (USP – Ribeirão Preto) |
Revista Brasileira de Medicina do Esporte |
Impulso (UNIMEP) |
Revista de Saúde Pública |
Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde |
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Revista Brasileira de Ciência e Movimento |
Revista Brasileira de Ciências do Esporte |
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Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano |
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Revista Brasileira de Educação Física e Esporte |
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Revista de Educação Física (UEM) |
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Saúde e Sociedade (USP) |
A seleção dos artigos se deu a partir dos seguintes critérios: 1) Publicações compreendidas no período de janeiro de 2000 a agosto de 2011; 2) a presença das palavras-chave “Educação Física Inclusiva/Adaptada e Formação de Professores”, as palavras-chave deveriam estar associadas com uma ou mais das outras, não as considerando isoladamente.
No final da coleta de dados foram selecionados dezesseis (16) artigos que compuseram o corpus de análise. Para realizar análise da literatura coligida foi elaborada uma planilha em documento Excel contendo área, periódico analisado, qualis, mês e ano de publicação, volume, número, autores, título do artigo, resumo e palavras-chave. Após leitura minuciosa foram realizadas anotações no sentido de aproximar os textos que mantinham semelhanças, diferenças e estabelecer as categorias de análise.
3. Análise e discussão dos resultados
O presente estudo teve como o objetivo levantar a produção cientifica sobre a Educação Inclusiva no contexto da Educação Física, foram analisados os periódicos da Educação Física com qualis B1 e B2, totalizando 14 periódicos. Uma análise da produção de conhecimentos nos permite observar o que cientistas e pesquisadores têm desenvolvido e descoberto sobre determinado tema.
3.2. Pesquisas sobre Educação Inclusiva no âmbito da Educação Física
Foi realizada a busca dos dados em quatorze (14) periódicos nacionais da área da Educação Física, a fim de selecionar artigos que relacionassem a Educação Física com a Educação Inclusiva, de acordo com o objetivo proposto pelo presente estudo. O quadro 2 exibe as pesquisas que compuseram o corpus de análise dos periódicos com qualis B1 e B2 da área Educação Física.
Quadro 2. Pesquisas envolvendo Educação Física Inclusiva/Adaptada, qualis B1 e B2.
Mês/Ano |
Periódicos |
V. |
N. |
Autor |
Título |
Mai/agos 2007 |
Movimento (UFRGS) |
13 |
2 |
FALKENBACH, Atos Prinz; CHAVES, Fernando Edi; NUNES, Dileni Penna; NASCIMENTO, Vanessa Flores |
A
inclusão de crianças com necessidades especiais |
jan/abril 2008 |
Movimento (UFRGS) |
14 |
1 |
CHICON, José Francisco |
Inclusão e Exclusão no Contexto da Educação Física Escolar |
abril/jun 2009 |
Movimento (UFRGS) |
15 |
2 |
GORGATTI, Márcia Greguol; JÚNIOR, Dante de Rose |
Percepções dos professores quanto à inclusão de alunos com deficiência em aulas de Educação Física |
julho/set 2009 |
Motriz: Revista Brasileira de Educação Física |
15 |
3 |
SILVA, Claúdio Silvério; NETO, Samuel de Souza; DRIGO, Alexandre Janotta |
Os professores de Educação Física Adaptada e os saberes docentes |
julho/set 2010 |
Motriz: Revista Brasileira de Educação Física |
16 |
3 |
SOUTO, Maria da Conceição Dias; LIMA, Marilena Guimarães; SILMA, Vernon Furtado; HENRIQUE, José. |
Integrando
a Educação Física ao Projeto Político Pedagógico: |
out/dez 2010 |
Motriz: Revista Brasileira de Educação Física |
16 |
4 |
COSTA, Vanderlei Balbino |
Inclusão
escolar na educação física: reflexões acerca da formação |
jan/març 2011 |
Movimento (UFRGS) |
17 |
1 |
FONSECA, Michele Pereira de Souza; SANTOS, Mônica Pereira |
Culturas, políticas e práticas de inclusão na formação de Professores em Educação Física: analisando as ementas |
2003 |
Revista da Educação Física (UEM) |
14 |
1 |
RODRIGUES, David |
A educação física perante a educação inclusiva: Reflexões conceptuais e metodológicas |
2004 |
Revista da Educação Física (UEM) |
15 |
2 |
BELTRAME, Thais Silva; RIBEIRO, Joyce. |
Atitudes de graduandos em Educação Física do CEFID em face da inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais |
2004 |
Revista da Educação Física (UEM) |
15 |
2 |
FILUS, Josiane; JUNIOR, Joaquim Martins |
Reflexões sobre a formação em educação física e a sua aplicação no trabalho junto às pessoas com deficiência |
maio. 2004 |
Revista Brasileira de Ciência do Esporte |
25 |
3 |
RIBEIRO, Sonia Maria; ARAÚJO, Paulo Ferreira |
A
formação acadêmica refletindo na expansão do desporto adaptado: Uma
abordagem brasileira |
maio. 2004 |
Revista Brasileira de Ciência do Esporte |
25 |
3 |
MELO, José Pereira; |
O ensino da educação física para deficientes visuais |
maio. 2004 |
Revista Brasileira de Ciência do Esporte |
25 |
3 |
COSTA, Alberto Martins; SOUSA, Sônia Bertoni |
Educação Física e Esporte Adaptado: história, avanços e retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o século XXI |
Abri/Jun 2005 |
Revista Brasileira de Educação Física e Esporte |
19 |
2 |
CRUZ, Gilmar de Carvalho; FERREIRA, Júlio Romero |
Processo
de formação continuada de professores |
jan. 2007 |
Revista Brasileira de Ciência do Esporte |
28 |
2 |
FALKENBACH, Atos Prinz; DREXSLER, Greice; WERLE, Verônica |
Didática da educação física e inclusão |
Jan/març 2011 |
Revista Brasileira de Ciência do Esporte |
33 |
1 |
MAZZARINO, Jane Márcia; FALKENBACH, Atos Prinz; RISSI, Simone |
Acessibilidade e inclusão de uma aluna com deficiência visual na escola e na educação física |
Após a leitura e anotações dos artigos com qualis B1 e B2 da Educação Física, foram estabelecidas quatro categorias de análise para os artigos selecionados. São as categorias: 1) Práticas e Políticas Inclusivas nas aulas de Educação Física; 2) Formação em Educação Física para a Inclusão; 3) Percepção dos professores e alunos sobre a Inclusão nas aulas de Educação Física; 4) Pesquisas reflexivas/descritivas sobre a inclusão nas aulas de Educação Física.
Em relação a essa categoria de análise, foram elencados nove artigos para sucessiva análise. Salienta-se que alguns estudos são do tipo reflexivo em ralação as práticas e políticas inclusivas. (Falkenbach, 2010; Chicon, 2008; Silva, 2009; Souto, 2010; Costa, 2010; Melo, 2004; Falkenbach, 2007; Alves, 2010; Mazzarino, 2011)3.2.1. Pesquisas que abordam Práticas e Políticas Inclusivas nas aulas de Educação Física
Falkenbach (2007) investigou em seu estudo a inclusão de crianças com necessidades especiais na prática pedagógica da Educação Física. A metodologia utilizada foi de corte qualitativo, os sujeitos que participaram do estudo foram professores de educação física que possuíam crianças com necessidades especiais em suas aulas. Como instrumentos para a coleta de dados utilizou entrevistas e observações. O estudo permitiu evidenciar que os professores reconhecem a inclusão como uma necessidade pedagógica, e a formação continuada e a prática pedagógica necessitam de aprendizagens e avanços.
Chicon (2008) realizou um diálogo com o passado, elencando os principais acontecimentos históricos do caminho percorrido pela Educação Física no âmbito escolar, analisando aspectos relacionados com a inclusão e exclusão. O estudo revelou o quanto na história da Educação Física os alunos com deficiência foram excluídos do processo ensino-aprendizagem e deixa pistas para a superação dessa exclusão.
Silva (2009) objetivou em seu artigo investigar o que sabem e como fazem os docentes para planejar, elaborar e aplicar seus conhecimentos junto aos alunos com necessidades educacionais especiais. Foi um estudo de caráter exploratório que teve as técnicas de entrevista e análise de conteúdo para a coleta dos dados. Os resultados apontam os saberes disciplinares, experienciais e pedagógicos como constitutivos da Educação Física e da Educação Física Adaptada, no planejamento, na elaboração e aplicação de conhecimentos.
Souto (2010) discutiu em seu artigo a importância da Educação Física integrada ao Projeto Político Pedagógico [PPP] da escola, visando a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na prática da cultura corporal. A falta de um PPP integrado pode refletir-se na fragmentação das práticas pedagógicas e traduzindo-se em exclusão escolar.
Costa (2010) em sua pesquisa de mestrado teve como objetivo compreender como vem se dando o processo de inclusão na Educação Física Escolar dos alunos deficientes visuais incluídos na Educação Básica. Teve como metodologia a pesquisa qualitativa ancorada nos princípios filosóficos da fenomenologia. Os resultados mostraram que o processo de inclusão em relação a Educação Física encontra dificuldades para se efetivar, dada a má preparação e formação docente. Quanto aos estudantes deficientes visuais, as observações demonstraram o quanto esses estão insatisfeitos com aulas de Educação Física, devido aos docentes dispensarem eles de participarem das atividades físicas esportivas e de lazer.
Melo (2004) teve como principal objetivo refletir sobre o ensino da Educação Física para deficientes visuais, tendo como ponto inicial a análise do trabalho desenvolvido no Instituto de Educação e Reeducação de Cegos do Rio Grande do Norte. A realidade observada favoreceu o delineamento de encaminhamentos pedagógicos para o professor de Educação Física seguir para a elaboração do projeto pedagógico a ser desenvolvido com esses alunos.
Falkenbach (2007) abordou em seu artigo a temática da didática da Educação Física e a inclusão. Descreve as repercussões do processo didático da Educação Física desempenhada com um grupo de crianças através do brincar. Foi caracterizado como um estudo de caso com uso de observações. Os resultados permitiram descrever que o processo didático favoreceu a convivência entre as crianças, ampliou os meios de aprendizagem, possibilitou uma interação professor/criança e promoveu novos recursos didáticos nas aulas de Educação Física voltada para a questão da inclusão.
Alves (2010) objetivou avaliar a funcionalidade do teste sociométrico como instrumento avaliativo do processo inclusivo de crianças como deficiência nas aulas de Educação Física. Todos os sujeitos foram submetidos ao teste sociométrico. Os resultados encontrados indicam que durante o período letivo o aluno com deficiência apresentou dificuldades na estruturação de relações sociais com seus pares. Fica claro que o teste sociométrico é capaz de avaliar e analisar o processo inclusivo do ponto de vista social.
Mazzarino (2011) em seu estudo teve como objetivo investigar o processo de inclusão e de acessibilidade de uma aluna com deficiência visual nas aulas de Educação Física. Foi uma pesquisa de caráter qualitativo, na modalidade do estudo de caso. O estudo concluiu que a inclusão de uma aluna com deficiência visual na escola contribui para um aprendizado mútuo entre os alunos, bem como a escola e sua comunidade precisa manter-se em contínua qualificação nessa área.
Todos os artigos que compuseram essa categoria de análise tiveram como metodologia a pesquisa qualitativa, mas com diferentes instrumentos para a coleta dos dados, sendo as mais utilizadas entrevistas e observações. De acordo com os resultados encontrados pelos autores dos artigos é possível perceber que a inclusão de alunos com necessidade educacionais especiais nas aulas Educação Física aos poucos vem se concretizando mesmo com as dificuldades encontradas pelos professores devido aos déficits da formação. As práticas e políticas inclusivas requerem capacidade dos professores de planejar, elaborar e executar suas aulas de maneira inclusiva, melhores qualificações e comprometimento dos professores com a prática. Dentre os estudos dessa categoria foi possível identificar a preocupação com inclusão de alunos deficientes visuais nas aulas de Educação Física, em três artigos foram abordados essa temática (Costa, 2010; Melo, 2004; Mazzarino, 2011).
3.2.2. Pesquisas que abordam a Formação em Educação Física para a Inclusão
Dentre o grupo de artigos sobre a Formação em Educação Física para a Inclusão, pode-se identificar quatro artigos (Fonseca, 2011; Filus, 2004; Ribeiro, 2004; Cruz, 2005).
Fonseca (2011) teve como objetivo analisar as ementas das disciplinas obrigatórias que compõem o currículo dos licenciados do curso de Educação Física da UFRJ, com o intuito de observar se e como a inclusão é abordada durante a formação. Realizou análise documental, dessa forma pesquisou as ementas de todas as 37 disciplinas obrigatórias, para a análise dos dados obtidos utilizou o método de Análise de Conteúdo. Apenas 5,46% remetem a questões da dimensão do desenvolvimento de políticas inclusivas. Com os resultados percebeu-se que há enorme ênfase nas práticas e grande preocupação com as questões físico-corporais e biológicas.
Filus (2004) visou identificar se os conteúdos recebidos no curso de Educação Física fornecem subsídios ao profissional que forma, em relação ao atendimento de alunos com necessidades especiais, além disso buscou a identificação dos locais de atuação dos profissionais, as atividades desenvolvidas e ainda a opinião sobre a inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular. Aplicou um roteiro de entrevistas a uma amostra composta por quatorze profissionais. Verificou que a metade dos sujeitos não teve qualquer contato com conteúdos relacionados à área da deficiência durante sua graduação. Conclui-se que todas as disciplinas do curso de Educação Física deveriam fornecer algum conteúdo sobre como cada uma delas poderia lidar com as pessoas portadoras de deficiência.
Ribeiro (2004) pretendeu em seu artigo discorrer sobre alguns fatos que envolveram a criação de uma disciplina nos currículos dos cursos de Educação Física, através de reestruturação curricular de 1990, com conteúdos voltados ao atendimento de pessoas com necessidades especiais, também enfocou a relação da implantação dessa disciplina denominada Educação Física Adaptada ou Atividade Motora Adaptada, com o desenvolvimento do desporto adaptado no Brasil.
Cruz (2005) objetivou em seu estudo acompanhar como os professores de Educação Física lidam em suas aulas com a proposta de inclusão escolar de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e em que medida um programa de formação continuada pode contribuir. A pesquisa assentou-se em pressupostos metodológicos do grupo de focalização. A coleta dos dados se deu por meio de entrevistas coletivas, observações e análise das aulas registradas em VHS e diários de campo. Os resultados encontrados indicam contradições a serem superadas no ambiente escolar, como: teoria versus prática.
As pesquisas relacionadas com a formação dos profissionais de Educação Física, foi possível identificar unanimidade com a preocupação sobre a qualificação dos professores que atuam ou que irão atuar com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. Objetivos presentes nos artigos vão desde uma reflexão histórica sobre a implantação de disciplinas voltadas para a inclusão, passando pelo processo de formação e chegando até a formação continuada. Os resultados dos artigos apontam uma precariedade na formação de Educação Física quando se diz respeito a Inclusão.
3.2.3. Pesquisas sobre a percepção dos professores e alunos sobre a Inclusão nas aulas de Educação Física
Foram categorizados três artigos para essa categoria de análise. Eles têm como temática as diferentes percepções dos professores e alunos sobre a inclusão nas aulas de Educação Física. (Lopes, 2008; Gorgatti, 2009; Beltrame, 2004)
Lopes (2008) investigou a opinião dos alunos sem deficiência sobre alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. Esta foi uma pesquisa qualitativa com técnica de elaboração e análise de unidades de significado. Foi aplicado um questionário semi-estruturado, para a análise da opinião da população investigada. Verificou-se que a participação de uma aluna com deficiência nas aulas de Educação Física nunca atrapalhou a aula, esta aluna participa das aulas com a ajuda dos colegas e o fato de tê-la na turma não afeta o andamento das atividades. Concluiu-se que os alunos sem deficiência estão reagindo positivamente à inclusão.
Gorgatti (2009) objetivou investigar a percepção dos professores de Educação Física diante a inclusão de alunos com deficiência. 90 professores responderam uma escala de afirmações. Pode observar que a percepção geral dos professores pesquisados foi negativa para a inclusão, o pessimismo mais forte foi por não se sentirem preparados para trabalhar com alunos com deficiência.
Beltrame (2004) analisou as atitudes dos graduandos em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina em face à inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Foi um estudo do tipo descritivo-exploratório, utilizou um questionário para a coleta dos dados. Os participantes apresentaram uma atitude positiva frente à inclusão, representada por 86,4% dos acadêmicos.
Essa categoria de análise nos permitiu observar claramente as percepções em diferentes contextos, nota-se que os professores são negativos em relação à inclusão justo esses que deveriam conscientizar os alunos sem deficiência sobre a importância de incluir os alunos com necessidades educacionais especiais, já os alunos não deficientes reagem positivamente com a participação de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física e mostram-se dispostos a colaborar. Não seria a hora dos professores começarem se espelhar e aprender com seus próprios alunos? Professores alegam que se sentem preparados para receber esses alunos. Já os acadêmicos que entraram no campo de trabalho mostram-se positivos no que diz respeito à inclusão, talvez pelo fato da formação em Educação Física hoje estar se preocupando mais sobre a questão da inclusão escolar e a participação de alunos com necessidades educacionais especiais nas aulas de Educação Física.
3.2.4. Pesquisas do tipo reflexivas e descritivas sobre a Inclusão nas aulas de Educação Física
Para essa categoria de análise foram selecionados dois artigos para serem analisados (Rodrigues, 2003; Costa, 2004).
Rodrigues (2003) Apresenta um contexto historio desde a aprovação da Declaração de Salamanca, realiza uma reflexão sobre a Educação Física perante a Educação Inclusiva, por ela fazer parte integrante do currículo, mas tem-se mantido as margens deste movimento inclusivo. Sugere em seu estudo que sejam melhorados os modelos de formação e apoio para possibilitar uma resposta mais adequada do professor de Educação Física quando se trata do processo inclusivo.
Costa (2004) procura explicar, os avanços, retrocessos e perspectivas da Educação Física e de esportes adaptados quando relacionado aos princípios da integração e inclusão. Por fim realizou algumas reflexões quanto à perspectiva da Educação Física voltada para os portadores de necessidades especiais neste novo milênio.
Os estudos reflexivos e descritivos nos permitem criar oportunidade de discussão sobre o andamento da Educação Física rumo a Inclusão Escolar, estes estudos estão apoiados em teorias que os fundamentam. Os estudos reflexivos preocupam-se de maneira crítica com as políticas e práticas inclusivas nas aulas de Educação Física, nesse sentido, a reflexão se coloca frente a frente com as questões da realidade possibilitando uma relação entre pensamento e ação, para que assim se torne possíveis tomadas de decisões na concepção crítico-transformadora.
4. Considerações finais
Por meio dos artigos publicados em periódicos científicos é possível analisarmos como vem sendo abordado determinado tema. Os resultados apontaram dezesseis (16) artigos em quatorze (14) periódicos analisados, esses foram classificados como pesquisa ou reflexão dentro da temática central que é a Inclusão. De acordo com o objetivo do estudo, foi possível identificar estudos que envolvem a Formação em Educação Física e a preocupação com a Inclusão, são produções meritórias por se tratar de subsídios essenciais aos conhecimentos da Inclusão na Educação e na Educação Física, que beneficiam os profissionais da área e a comunidade acadêmica, merecem serem estudadas com mais profundidade e detalhamento pelos profissionais da área. Na temática investigada as pesquisas enfocam políticas de Inclusão, formação de professores, percepções de professores/alunos/gestores sobre a inclusão escolar, práticas pedagógicas para a Inclusão e reflexões em torno da Inclusão.
O estudo permite uma reflexão em torno do tema aqui investigado, de acordo com os resultados encontrados é possível perceber que maioria dos estudos foram publicados a partir do ano de 2004. Isso denota que na década de 2000 ampliaram-se as preocupações com essa questão no âmbito educacional, assim como, as necessidades de desenvolvimento de pesquisas nessa área. Possivelmente essas temáticas decorrem das dificuldades dos profissionais ao se depararem com alunos com necessidades educacionais especiais.
Esse estudo também permite vislumbrar futuras investigações em relação aos temas levantados. Deixo como sugestão aos acadêmicos e pesquisadores da área da Educação e da Educação Física que não ignorem a relevância e as contribuições que os estudos relacionados com a inclusão proporcionam principalmente a aquelas pessoas que estão ansiosamente esperando por progressos na inclusão, para que estes possam usufruir dos direitos que tem de participar livremente e sem restrições de qualquer atividade, seja ela no ambiente escolar, familiar ou social.
Referências
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Bardin, L (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Beltrame, T. S.; Ribeiro, J (2004). Atitudes de graduando em educação física do CEFID em face da inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais. Revista da Educação Física/UEM, 15 (2), 17-22.
Bombassaro, T.; VAZ, A. F (2009). Sobre a formação de professores para a disciplina de Educação Física em Santa Catarina (1937-1945): ciência, controle e ludicidade na educação dos corpos. Educar, 33, 11-128.
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Cervi, M. L.; Torres, J. C (2009). Políticas curriculares e formação de professores: o ensino da pedagogia na modalidade a distância. Revista E-Currículum, 4 (2).
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 204 | Buenos Aires,
Mayo de 2015 |