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Corpolatria: a influência da mídia sobre o corpo perfeito

Corpolatría: la influencia de los medios de comunicación sobre el cuerpo perfecto

Body worship: the influence of the media on the perfect body

 

*Discente da graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB/ RJ)

**Co- orientadores. Graduandos em Educação Física pela UCB

***Orientador Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela (UCB, RJ)

Licenciado em Educação Física pela UCB, RJ. Docente da (UCB, RJ)

(Brasil)

Luana Peixoto*

Talles Vinícius de Miranda*

Wanessa Vieira Carmo Martins*

João Victor Rodrigues*

Angélica Verônica da Silva dos Santos*

Robson Carlos Rodrigues de Souza*

Thamara Souto Lima**

Romulo Caccavo**

Sérgio Ferreira Tavares***

romulocaccavo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa pretende investigar o grau de influencia da indústria cultural na formação da imagem corporal dos estudantes do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco. O grupo pesquisado foi exposto a um vídeo sobre a influencia da mídia para obtenção do “corpo perfeito”. Utilizou-se a metodologia de pesquisa experimental Ex-Post-Facto, com os questionários BSQ 34e BSQ 8. Constatou- se que o grau de preocupação com a imagem corporal diminuiu após a intervenção.

          Palavras chave: Indústria cultural. Influência da mídia. Corpolatria.

 

Abstract

          This research aims to investigate the degree of influence of the cultural industry in the formation of body image of Physical Education students of University Castelo Branco. The research group was exposed to a video about the influence of media to obtain the “perfect body”. We used the methodology of experimental research Ex-Post-Facto, with BSQ 34 and BSQ 8 questionnaires. It was found that the degree of concern about body image decreased after the intervention.

          Keywords: Cultural industry. Influence of the media. Body worship.

 

Recepção: 18/03/2015 - Aceitação: 27/04/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Escola de Frankfurt nasceu no ano de 1924, em uma quinta etapa atravessada pela filosofia alemã, depois do domínio de Kant e Hegel em um primeiro momento; de Karl Marx e Friedrich Engels em seguida; posteriormente de Nietzsche; e finalmente, já no século XX, após a eclosão dos pensamentos entrelaçados do existencialismo de Heidegger, da fenomenologia de Husserl e da ontologia de Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu viva no Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu, depois de enfrentar duas Guerras Mundiais (Santana). Nessa escola se destacam, entre outros pensadores, Theodor Wiesengrund-Adorno e Max Horkheimer.

    O termo indústria cultural surgiu em 1947, na publicação Dialética do Iluminismo, de Horkheimer e Adorno. Adorno usou o termo indústria cultural para falar da exploração de bens considerado culturais como rádio, cinema. Para ele, ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, ela determina o próprio consumo. (Adorno, 1999)

    Para Coelho (1980), a indústria cultural é um dos fenômenos da industrialização, e não poderia ser vista antes da revolução indústria século XVIII. Para a existência dessa indústria, também é necessário uma economia baseada no consumo de bens, ou seja, uma sociedade consumista.

    O mundo inteiro é forçado a passar pelo filtro da indústria cultural. A velha experiência do espectador de cinema, que percebe a rua como um prolongamento do filme que acabou de ver, porque este pretende ele próprio reproduzir rigorosamente o mundo da percepção quotidiana, tornou-se a norma da produção. (Adorno e Horkheimer, 1985, p. 59)

    Nesse pensamento, as pessoas fazem de suas vidas, um prolongamento do que se assiste nas telas de TV e cinema, modificam seus códigos culturais, para se assemelharem ao que parece ser o ideal.

    A saúde “... não pode ser definida em termos de ‘adaptação’ do indivíduo à sua sociedade, [...] pelo contrário, deve ser definida como adaptação da sociedade às necessidades do homem” (Fromm, 1983, p.30 apud Lima, 2009).

    A corpolatria é um culto exagerado ao corpo, que com o passar as décadas, com influência direta da mídia ele se altera e ele é posto a “venda” em grande parte do dia ou se não há todo momento pelos veículos de comunicação.

    A Organização Mundial de Saúde define saúde como “[...] estado de completo bem-estar físico e social e não meramente como ausência de doença”. O benefício da Educação Física à saúde é enaltecido enquanto elemento vinculado diretamente à ausência de doença, como uma ‘vacina’ eficaz para o tratamento do estresse, como possibilidade de adoecer menos ou mais amenamente, como forma mais econômica de medicina social, como remédio contra o envelhecimento e as doenças degenerativas, como a recuperação psicossomática do trabalho para um aumento da sua produtividade. O fim último dessas preocupações é sempre a readaptação social (Della Fonte; Loureiro, 1997 apud Lima, 2009).

    A incidência de transtornos relacionados com o corpo, como anorexia e bulimia, na população ocidental tem aumentado. O surgimento desses tipos de transtornos é mais elevada em pessoas que exercem determinadas atividades (modelos, bailarinas, atletas e profissionais da área da saúde. Provavelmente pelo fato de sofrerem maiores pressões associadas a padrões estéticos. Indivíduos que apresentam preocupação com a imagem corporal (BOSI, 2008).

    Sendo a Educação Física um ramo da área da saúde e diretamente ligada ao corpo, imagina-se que seus profissionais estejam mais sujeitos a terem certos transtornos, fazendo com que o presente estudo tenha como objetivo ocasionar uma reflexão a cerca dos cuidados com o corpo tomados pela sociedade sob influência da mídia. E com isso verificar o nível de corpolatria dos estudantes de Educação Física da Universidade Castelo Branco.

Desenvolvimento

    O corpo é o nosso primeiro meio de comunicação, pois relaciona o indivíduo com o meio em que vive, emitindo mensagens que o aproxima, afasta e individualiza através de escopos e categorias de apresentação e representação social. É por meio dele que os primeiros contatos com o mundo são realizados, as primeiras experiências são corpóreas e logo ele é percebido como mídia para se externar ou forjar emoções, signos de pertença, afirmação de si, significação e ressignificação. (Wanderley, 2005)

    Para Codo (2004), o corpo é tratado como uma religião, e ele passa a ser idolatrado por seus fiéis e assim como outras instituições religiões, vai à busca de novos membros e temos como principais pregadores os profissionais de Educação Física.

    Codo (2004) compara a corpolatria ao narcisismo, que é uma paixão por si mesmo, é era considerado uma doença, e nos dias atuais podemos ver essa doença virando sinônimo de saúde, e isso é colocado há todos os momentos pelos meios de comunicação. Podemos ver essa mudança, no título do capítulo, que é “Eu me amo...” como se esta frase fosse uma forma de cuidado com o corpo e ao invés disso é um culto exacerbado dele.

    Segundo Fischler (1995) a obsessão pela conquista de um padrão de beleza próximo àquele que é disseminado com veemência pela mídia faz com que os pretensos adeptos do universo do fitness se familiarizem e façam uso de práticas extremadas, para se livrarem, a qualquer custo, do excesso de gordura corporal. [...] são considerados transgressores; eles parecem violar constantemente as regras que governam o comer, o prazer, o trabalho e o esforço, à vontade e o controle de si. Dito de outro modo, o obeso (seu corpo o trai) passa por alguém que come mais do que os outros, mais do que o normal, numa palavra: mais do que a sua parte.

    A cultura de massa aliena, forçando o individuo a perder ou a não formar uma imagem de si mesmo diante da sociedade, uma das primeiras funções por ela exercidas seria a narcotizante, obtida através da ênfase ao divertimento em seus produtos. Procurando a diversão, a indústria cultural estaria mascarando realidades intoleráveis e fornecendo ocasiões de fuga da realidade. (Coelho, 2007)

    Segundo Adorno e Horkheimer (1985) é possível observar que a indústria cultural é um modelo da gigantesca maquinaria econômica que lança no mercado, todos os dias, uma enorme quantidade de produtos como grupos musicais, dançarinos, filmes, novelas, padrões de beleza, jogos de computadores entre outros. Esses produtos não tem outro objetivo senão de adestrar o espectador entregue a ele.

    Gomes (2001) introduz que a "verdade" presente nos saberes estabelecidos pela mídia, tecida nas redes simbólicas das quais emergem discursos dos mais variados campos, produz modos de ser que constituem subjetividades. Na medida em que e também construtora e propagadora de imaginários, a mídia serve de referencial para a produção das identidades.

    Russo (2005) salienta que as necessidades de cunho social mostram-se mais relevantes do que as necessidades individuais no mundo contemporâneo, contudo uma indústria da imagem corporal foi construída através dos meios de comunicação e o corpo e vendido de maneira estigmatizada, devendo se encaixar em padrões pré- estabelecidos.

    De todo modo, já há outros caminhos para que tais perspectivas de rejuvenescimento sejam alcançadas. A medicina dispõe para quem pode pagar, das mais modernas técnicas de cirurgia plástica. Com essas inter­venções, as imperfeições físicas indesejadas podem se tornar inconvenientes do passado. A obtenção do padrão de beleza do corpo malhado parece garantir a promessa de felicidade eterna [...] (Revista Boa Forma, 2003, p.9 apud Estevão, 2004)

Metodologia

    A presente pesquisa foi realizada com 15 alunos de ambos os sexos e diversas faixas etárias, do curso de Educação Física (Bacharelado e Licenciatura) da Universidade Castelo Branco, no período da manhã, no Bloco F.

    Neste trabalho foi realizada uma pesquisa experimental. A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Temos como elemento principal dos estudos da corpolatria, sobre a influência da indústria cultural, e a prática de atividades físicas. Além de experimental, esta pesquisa também é Ex-Post-Facto. Segundo Pedron (2003) a pesquisa Ex-Post-Facto é definida como um experimento que se realiza depois dos fatos acontecidos espontaneamente, e por isso não tem controle sobre as variáveis.

    Neste modo de pesquisa são tomados como experimento, situações q se desenvolveram naturalmente, espontaneamente, e trabalha- se sobre como se estivessem submetidas a controles. Deste modo, nossa pesquisa foi realizada com dois testes contendo uma intervenção entre eles. O teste usado pré intervenção foi o BSQ 34, e o pós teste BSQ 8.

    Body Shape Questionnaire (BSQ 34), idealizado por Cooper et al (1987), avalia o grau de preocupação com a imagem corporal. O BSQ-34 foi traduzido por Cordás e Neves (1999) e validado para uma população de universitários brasileiros por Di Pietro e Silveira (2008). O instrumento é composto por 34 questões em uma escala Likert com seis opções de respostas: 1 – nunca; 2 – raramente; 3 – às vezes; 4 – freqüentemente; 5 – muito freqüentemente; 6 – sempre. Quanto à qualificação dos resultados, o BSQ 34 é categorizado em quatro níveis de percepção de imagem corporal, sendo os resultados: Menor ou igual a 80 pontos, classificado como nenhuma preocupação da imagem corporal; Entre 81 e 110 pontos, classificado como leve preocupação da imagem corporal; Entre 111 e 140 pontos, classificado como moderada preocupação da imagem corporal; Superior a 140 pontos classificado como grave preocupação da imagem corporal.

    Body Shape Questionnaire (BSQ 8), conforme versão traduzida para o português por Cordás e Castilho do original de Cooper et al. validada por Conti et al. (2010). O questionário BSQ-8 foi traduzido por Cordás e Neves (1999) e validado para uma população de universitários brasileiros por Di Pietro e Silveira (2008). O instrumento é composto por 8 questões em uma escala Likert com seis opções de respostas: 1 – nunca; 2 – raramente; 3 – às vezes; 4 – freqüentemente; 5 – muito freqüentemente; 6 – sempre. Em sua classificação dos resultados, o BSQ 8 é caracterizado em quatro níveis de percepção de imagem corporal, sendo os resultados: Menor ou igual a 19 pontos, classificado nenhuma preocupação da imagem corporal; Entre 19 e 25 pontos, classificado como leve preocupação da imagem corporal; Entre 26 e 33 pontos, classificado como moderada preocupação da imagem corporal; Superior a 30 pontos, classificado como grave preocupação da imagem corporal.

Resultados e discussão

    Como o explicado na metodologia, o grupo estudado foi submetido a duas avaliações, com uma intervenção feita entre elas. Os entrevistados (15 pessoas ou 100%) eram dos sexos masculino e feminino.

    Após os procedimentos metodológicos foi realizada a totalização e classificação dos indivíduos do grupo em: Nenhuma preocupação, Leve preocupação, Moderada preocupação e grave preocupação corporal.

    No momento pré intervenção, ao aplicar o BSQ 34, obtivemos os resultado 60%, 13%, 20% e 7% respectivamente. Já no momento pós intervenção, ao ser aplicado o BSQ 8, obtivemos os resultado 73%, 7%, 13% e 7% respectivamente.

    Com a tabela acima, podemos observar que houve uma mudança nos resultados após a intervenção ao serem comparados com os resultados pré intervenção. Onde houve um aumento de indivíduos que não tem nenhuma preocupação com sua imagem corporal, uma diminuição dos indivíduos com leve e moderada preocupação, porém o número de indivíduos com grave preocupação se manteve.

Conclusão

    Conclui-se que após realizar a intervenção o objetivo de ocasionar uma reflexão a cerca dos cuidados com o corpo foi alcançado, visto que houve mudança na preocupação da imagem corporal dos participantes da pesquisa. Diante do presente estudo, foi comprovado a necessidade de aumentar o número de amostras e aprofundar mais os estudos sobre indústria cultural, mídia e corpolatria nos estudantes de educação física.

Referências

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