Controvérsias sobre a eficácia do tribulus terrestris na função hormonal e aumento de massa muscular Polémicas sobre la eficacia del tribulus terrestris en la función hormonal y en el aumento de la masa muscular Controversies about the effectiveness of tribulus terrestris in hormone function and increased muscle mass |
|||
Acadêmico do curso de Nutrição da Faculdade Estácio de Alagoas/FAL Maceió, Alagoas |
Luiz Eduardo Marinho Falcão eduardomarinhonutri@gmail.com |
|
|
Resumo Dentre inúmeros recursos disponíveis para melhoria do desempenho no esporte, o que parece crescer dentre estes é a planta originária do oriente: Tribulus terrestris. Teoricamente a erva pode aumentar os níveis de testosterona e reverter quadros de disfunção erétil. Diante de tais benefícios que a erva pode desempenhar, a mesma é utilizada como uma alternativa para indivíduos que recorrem a substâncias que podem melhorar o rendimento, como os esteróides anabólicos androgênicos (EAA). Portanto, parece necessário conhecer estudos e assimilar se o Tribulus terrestris tem comprovação científica suficiente para ser aplicada na pratica clínica e esportiva. Unitermos: Tribulus terrestris. Testosterona. Disfunção erétil. Substâncias para melhoria do desempenho.
Abstract Among numerous resources available for improving performance in sports, which seems to grow among these is the plant originating from the east: Tribulus terrestris. Theoretically the herb can increase testosterone levels and reverting erectile dysfunction. Given these benefits that the herb can play, it is used as an alternative for individuals who use substances that can improve the performance, such as anabolic-androgenic steroids (AAS). Therefore, it seems necessary to know and assimilate studies Tribulus terrestris has the sufficient scientific proof to be applied in clinical and sports practice. Keywords: Tribulus terrestris. Testosterone. Erectile Dysfunction. Substances for performance improvement.
Recepção: 03/02/2015 - Aceitação: 18/04/2015
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Entre uma das muitas plantas exóticas que promete ser um remédio para infertilidade, impotência, disfunção erétil e baixa libido está a Tribulus terrestris (TT) que desde o inicio de 1980 tem se mostrado atraente para a medicina não convencional em países ocidentais para um aumento de testosterona. Sendo assim uma potente erva atrativa para atletas de competição, como uma alternativa sobre as drogas que pudessem melhorar o rendimento, os esteróides anabólicos androgênicos (EAA) (Porkrywka et al, 2014). A erva é muito usada há séculos na medicina chinesa, e tem sido motivo de atletas e fisiculturistas usarem na crença e um marketing pesado que a planta aumente as concentrações de testosterona (Qureshi et al, 2014). A mesma tem sido usada nas terapias pós-ciclo por parecer aumentar desde os níveis de testosterona ate a queda de libido. Sabe-se que a busca por substâncias que possam aumentar o rendimento esportivo não é atual, tanto que os modismos dietéticos se remetem desde meados de 400-500 anos a. C., onde se acreditava que os guerreiros e atletas gregos consumiam fígado de cervo e coração de leão para melhorar o rendimento esportivo, na busca de que as vísceras produzissem velocidade, bravura e força (Applegate & Grivetti, 1997). Levando em consideração que o uso de TT é crescente sobre uma possível melhora no aspecto hormonal, esta revisão busca ponderar os efeitos da suplementação de TT sobre o desempenho físico, composição corporal e aumento de libido.
Tribulus terrestris e a composição corporal e performance de indivíduos treinados
Avaliando a intervenção de Tribulus terrestris (TT) sobre a composição corporal e o desempenho em um treinamento de resistência. Homens treinados (n=15) foram aleatoriamente designados para suplementar com TT (3,21 mg/Kg/dia) ou um placebo. Antes e depois do exercício foi aferido o peso e composição corporal, força máxima, ingestão dietética e estado de humor. Logo após realizaram um treinamento de resistência personalizado (leg press e supino) por um período de 8 semanas. O resultado do estudo mostrou que o grupo suplementado com TT não melhorou composição corporal ou desempenho sobre o treinamento de resistência em relação ao grupo placebo (Antonio et al, 2000).
Associação do aumento de testosterona com a suplementação de Tribulus terrestris
Sobre uma possível influência de Tribulus terrestris no metabolismo androgênico de jovens do gênero masculino, Neychev & Mithev (2005) selecionaram jovens (n=21) com idade entre 20-36 anos e logo após separaram de forma aleatória em grupos experimentais (baixa dose e alta dose de Tribulus terrestris) e placebo. Os indivíduos depois de selecionados consumiram diariamente baixas doses (10mg/Kg de extrato de TT), altas doses (20mg/Kg de extrato de TT) ou um placebo por um período de 4 semanas. O estudo não mostrou diferenças significativas sobre o grupo TT sobre o grupo placebo em relação a um possível aumento dos níveis de testosterona em jovens do sexo masculino. Outro estudo envolvendo 2 voluntárias ingerindo 1500mg/dia 2 dias consecutivos foram avaliadas as concentrações de DHEA e LH e não houve aumento acima do limite de corte, mostrando nenhum impacto sobre a testosterona endógena de mulheres após suplementação de TT (Saudan et al, 2008).
Uso do Tribulus terrestris como ergogênico nutricional
Sobre sua associação no esporte, o Tribulus terrestris (TT) foi objeto de estudo em jogadores de elite da liga de rugby australiano no ano de 2007. Os jogadores do gênero masculino (n=22) de forma aleatória foram distribuídos de maneira duplo-cego para a suplementação de Tribulus terrestris (450 mg/dia) ou placebo no meio de determinar os efeitos de TT sobre a força e massa muscular magra em 5 semanas de pré-temporada. Mais uma vez a suplementação de TT não se mostrou eficaz, desta vez como recurso ergogênico por não ser notado um ganho de força ou massa muscular magra em comparação ao grupo placebo (Rogerson et al, 2007). Como não existem muitos dados publicados ponderando a ação do TT, o Instituto Australiano do Esporte não recomenda o uso por não haver evidências seguras para a utilização no esporte (Porkrywka et al, 2014).
Aplicação clínica de Tribulus terrestris sobre disfunção erétil
Quanto à associação de Tribulus terrestris no tratamento da disfunção erétil, um estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego e placebo controlado selecionou 100 pacientes que espontaneamente se apresentaram com 40 anos ou mais, não fumantes, sem dislipidemia, não submetidos para o tratamento da disfunção erétil, sem manipulação hormonal e sem o uso de inibidores de fosfodiesterase, que após os critérios de exclusão restaram 30 homens saudáveis. Os pacientes foram submetidos a 800mg/dia de Tribulus terrestris ou um placebo administrado na mesma dosagem por um período de 30 dias. A suplementação de TT sobre indivíduos saudáveis mostrou não ser mais eficaz em relação ao grupo placebo quanto à redução nos sintomas de disfunção erétil ou maiores concentrações no soro de testosterona (Santos et al, 2014). A única hipótese que o TT parece agir como um afrodisíaco é que há uma maior liberação de óxido nítrico no endotélio e terminações nervosas nitrérgicos (Qureshi et al, 2014) visto aumento dosadas apenas em coelhos (Aidakan et al, 2000) e ratos (Gauthaman & Ganesan, 2008; Singh et al, 2012; Ghosian-Moghaddam et al, 2013)
Considerações finais
No que tange a associação de Tribulus terrestris sobre o aumento de libido ou melhora em pacientes com disfunção erétil, os estudos não corroboram com o que a literatura propõe, visto um aumento sobre maior vasodilatação do endotélio apenas em ratos e coelhos, entretanto os estudos têm uma maior validade interna para análise, porém para aplicação clínica tem de haver mais estudos comprovando a eficácia do TT sobre humanos. A utilização de Tribulus terrestris visando um aumento no nível de testosterona que subseqüentemente poderia ocasionar um aumento nos níveis de testosterona ou composição corporal parece não se sustentar com os achados recentes do presente estudo.
Bibliografia
Adaikan, P. G., Gauthaman, K., Prasad, R. N., & Ng, S. C. (2000). Proerectile pharmacological effects of Tribulus terrestris extract on the rabbit corpus cavernosum. Annals of the Academy of Medicine, Singapore, 29(1), 22-26.
Antonio, J., Uelmen, J., Rodriguez, R., & Earnest, C. (2000). The effects of Tribulus terrestris on body composition and exercise performance in resistance-trained males. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab. 10(2), 208-15.
Applegate, E. A., & Grivetti, L. E. (1997). Search for the competitive edge: a history of dietary fads and supplements. The Journal of Nutrition, 127(5), 869-873.
Gauthaman, K., & Ganesan, A. P. (2008). The hormonal effects of Tribulus terrestris and its role in the management of male erectile dysfunction–an evaluation using primates, rabbit and rat. Phytomedicine, 15(1), 44-54.
Moghaddam, M. H. G., Khalili, M., Maleki, M., & Abadi, M. E. A. (2013). The effect of oral feeding of Tribulus terrestris L. on sex hormone and gonadotropin levels in addicted male rats. International journal of fertility & sterility, 7(1), 57-62.
Neychev, V. K., & Mitev, V. I. (2005). The aphrodisiac herb Tribulus terrestris does not influence the androgen production in young men. Journal of ethnopharmacology, 101(1), 319-323.
Pokrywka, A., Obmiński, Z., Malczewska-Lenczowska, J., Fijatek, Z., Turek-Lepa, E., & Grucza, R. (2014). Insights into Supplements with Tribulus Terrestris used by Athletes. Journal of human kinetics, 41(1), 99-105.
Qureshi, A., Naughton, D. P., & Petroczi, A. (2014). A systematic review on the herbal extract tribulus terrestris and the roots of its putative aphrodisiac and performance enhancing effect. Journal of dietary supplements, 11(1), 64-79.
Rogerson, S., Riches, C. J., Jennings, C., Weatherby, R. P., Meir, R. A., & Marshall-Gradisnik, S. M. (2007). The effect of five weeks of Tribulus terrestris supplementation on muscle strength and body composition during preseason training in elite rugby league players. The Journal of Strength & Conditioning Research, 21(2), 348-353.
Santos, C. A., Reis, L. O., Destro-Saade, R., Luiza-Reis, A., & Fregonesi, A. (2014). Tribulus terrestris versus placebo in the treatment of erectile dysfunction: A prospective, randomized, double-blind study. Actas Urológicas Españolas (English Edition), 38(4), 244-248.
Saudan, C., Baume, N., Emery, C., Strahm, E., & Saugy, M. (2008). Short term impact of Tribulus terrestris intake on doping control analysis of endogenous steroids. Forensic science international, 178(1), 7-10.
Singh, S., Nair, V., & Gupta, Y. K. (2012). Evaluation of the aphrodisiac activity of Tribulus terrestris Linn. in sexually sluggish male albino rats. Journal of pharmacology & pharmacotherapeutics, 3(1), 43.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 204 | Buenos Aires,
Mayo de 2015 |