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Comportamentos e atitudes na prática desportiva 

em escalões adolescentes na modalidade de futebol

Comportamientos y actitudes en la práctica deportiva en las categorías adolescentes en la modalidad fútbol

Behaviors and attitudes in sport practice in adolescent categories in soccer

 

Instituto Politécnico da Guarda

(Portugal)

Cláudia Vaz

António Barbosa

5008355@sal.ipg.pt

 

 

 

 

Resumo

          A pertinência do presente estudo prende-se à observação e interpretação da idade e escalão de formação dos jovens adolescentes praticantes de futebol, enquanto fatores que influem nas atitudes desportivas e antidesportivas dos mesmos. O principal objetivo da presente investigação liga-se à avaliação dos comportamentos e atitudes face à prática desportiva nos escalões de adolescentes praticantes da modalidade de futebol, tendo em conta as noções de desportivismo e antidesportivismo, de acordo com o SAQ – “Questionário de atitudes face ao desporto” (SAQ – “Sports Attitudes Questionnaire”), originalmente elaborado por Lee, Whitehead e Balchin (2000) e traduzido em versão portuguesa por Gonçalves, Silva, Chatzisarantis, Lee e Cruz (2006). Para tal, estiveram envolvidos no estudo 36 atletas de três escalões distintos (Iniciados, Juvenis e Juniores) do clube Guarda Unida Desportiva, com uma média de idades de 15,53 ± 1,83 anos. Os resultados revelaram uma tendência para as atitudes pró-sociais em todos os escalões, com uma incidência ligeiramente maior no escalão mais jovem (Iniciados). Os mais novos apresentaram igualmente os resultados mais elevados no que respeita às atitudes antidesportivas, se bem que as diferenças não sejam significativas em comparação com os outros escalões. Pode aferir-se que os valores do antidesportivismo poderão constituir um alerta para uma possível mudança do paradigma de intervenção desportiva para modelos estruturados e com maior foco de atenção nas questões psicossociais da prática desportiva nos adolescentes, através de uma abordagem pedagógica baseada nos valores morais e na preparação para a vida.

          Unitermos: Atitudes. Fair play. Antidesportivismo. Adolescência.

 

Abstract

          The relevance of this study is related to the observation and interpretation of the age and level of training of young adolescents practicing soccer, as factors that influence good sportive attitudes and unsportsmanlike attitudes thereof. The main purpose of this research is related to the evaluation of behaviors and attitudes towards the sport in teenagers practicing soccer, having regard to the concepts of fair play and anti-sportsmanship, according to the SAQ – "Questionário de atitudes face ao desporto" (SAQ -" Sports Attitudes Questionnaire "), originally developed by Lee, Whitehead e Balchin (2000) and translated into Portuguese version by Gonçalves, Silva, Chatzisarantis, Lee e Cruz (2006). To do this were involved in the study 36 athletes from three different age-groups (under-13s, under-15s and under-18s), from the sports team Guarda Unida Desportiva, with an average age of 15.53 ± 1.83 years. The results revealed a tendency to prosocial attitudes at all levels, with a slightly higher incidence in younger category (Beginners?). Newer also showed the highest scores regarding unsportmanslike attitudes, although the differences were not significant compared to the other categories. It is possible to measure that the anti-sportsmanship values may be an alert for a possible paradigm change of sporting intervention for structured models and with greater focus of attention in the psychosocial issues of sport in adolescents, through a pedagogical approach based on moral values and preparation for life.

          Keywords: Attitudes. Fair play. Anti-sportsmanship. Adolescence.

 

Recepção: 15/03/2015 - Aceitação: 25/04/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática desportiva, no que respeita às faixas etárias da infância e adolescência, e mormente na modalidade de futebol, constitui assunto de interesse no olhar de diversos sectores sociais, até porque se afirma como impulsionadora, em grande parte, do desenvolvimento do carácter dos jovens. Tal é confirmado pelas palavras de Fernandes, Sénica e Moreira (2004, citado por Vaz, 2013: 1): “A prática de atividades físicas e desportivas, quando se declara como potenciadora do desenvolvimento da personalidade das crianças e jovens, transporta para o campo das práticas desportivas uma hierarquia de valores que se repercute na seleção de objetivos, conteúdos e métodos de ensino e aprendizagem por parte dos agentes sociais envolvidos e que usualmente se deseja que se traduzam em valores compatíveis com um conjunto de intenções socioculturais, psicológicas e corporais”.

    A reflexão em torno dos motivos para a prática desportiva em idades jovens é justificada em muito pelo próprio período crítico da adolescência, quer para iniciar a participação, por um lado, quer para abandonar por completo a prática, por outro (Sirard, Pfeiffer & Pate, 2006, citado por Guedes & Netto, 2013), dadas as transformações comportamentais e instabilidade associada: “Esta catástrofe biossocial é total. O interesse pela actividade varia quase diariamente e a picos de interesse sucedem-se decepções e desinteresses. O tempo é de mudança: interna e orgânica, externa e relacional.” (Barreiros, s.d.:2).

    Neste contexto, e fazendo referência à temática do presente estudo, surge o conceito de atitude. Sendo comummente tidas como predisposições comportamentais adquiridas, as atitudes representam os “resíduos da experiência passada que orientam, enviesam ou de qualquer outro modo influenciam o comportamento.” (Jaspers, 1986, citado por Vala & Monteiro, 1993:188). Segundo Neto (1998, citado por Vaz, 2013:18), “a atitude é uma disposição que resulta da organização de três componentes: afetivo, cognitivo e comportamental.

    Entrando na temática do desporto, é possível aludir ao conceito de fair play quando mencionamos os conceitos de comportamentos e atitudes. Cada vez mais assistimos a um certo enviesamento dos ideais desportivos, e comportamentos como a batota, as agressões, a falta de respeito aos adversários e árbitros são evidentes, não só no desporto profissional, como também, e indesejavelmente, no desporto jovem (Bredemeier & Shields, 1993, citado por Fernandes, Vasconcelos-Raposo, Moreira e Costa). Na atividade desportiva, as atitudes poderão influenciar os comportamentos.

    “O espírito desportivo valoriza a inteligência, o corpo e o espírito do homem, que se distinguem pelos seguintes valores: ética, fair play e honestidade (…)” (Moreira & Pestana, 2008:99). O fair play é pois muito mais do que o simples respeitar das regras. Engloba a amizade e o respeito, envolvendo todo um lado de humanismo e pensar na prática desportiva: “Quanto mais se conhece o homem, mais conhecemos os homens que jogam, porque na prática do belo jogo sempre aparece o indivíduo e seu aporte físico, biológico, social, político, cultural onde a ciência e a consciência não se limita à degradação dos gastos energéticos e neuromusculares e ainda porque, em cada gota de suor terá sempre de conter um grão de pensamento.” (Sérgio, 2008, citado por Barbosa, 2014:33). É esse lado que permite um melhor conhecimento, expressão e realização do indivíduo: o Desporto permite interação social, proporciona prazer, bem-estar e saúde (Código da Ética Desportiva, 2001).

    Tendo em conta o supracitado, podem ler-se diversos estudos realizados no âmbito dos comportamentos e atitudes na prática desportiva. Salienta-se por exemplo o estudo de Fernandes et al. (2007), que pretendeu examinar os valores desportivos e as orientações motivacionais expressos por alunos de Educação Física, perante diferentes situações desportivas (destacando-se o futebol) e comparando os comportamentos dos mesmos, de acordo com as variáveis género, faixa etária e envolvimento desportivo. Os resultados revelaram que os indivíduos concordaram em assumir atitudes perante situações desportivas, conforme os princípios básicos do desportivismo e do fair play. A variável que mais contribuiu para uma diferenciação significativa foi a faixa etária, evidenciando os alunos com idades compreendidas entre os 13 e 15 anos como menos concordantes com atitudes desportivas e revelando uma orientação para o ego (querer ser “o melhor”).

Problema / Objetivos / Hipótese

    Que atitudes (positivas ou negativas), relativamente à prática desportiva, apresentam maior predominância nos jovens futebolistas? São essas atitudes similares consoante o escalão desportivo dos praticantes? Perante o exposto, a presente investigação tem como principal intuito aferir, através da utilização do SAQ (Sports Attitudes Qestionnaire), os comportamentos e atitudes face à prática desportiva em jovens adolescentes praticantes da modalidade de futebol, tendo presentes as noções de desportivismo e antidesportivismo. Como objetivo mais específico pretende-se averiguar os comportamentos consoante o escalão etário nas atitudes e valores dos jovens participantes incluídos no estudo.

    Tais objetivos permitem criar, entre outras, a seguinte hipótese: a idade e respetivo escalão têm influência nas atitudes (desportivas e antidesportivas) tomadas pelos jovens praticantes de futebol.

Metodologia

Amostra

    O processo de amostragem foi não probabilístico, do tipo de conveniência, recorrendo, para o efeito, ao clube desportivo Guarda Unida Desportiva, nomeadamente à modalidade de futebol. A amostra do presente estudo foi constituída por um total de 36 atletas masculinos, com uma média de idades de 15,53 ± 1,83 anos, compreendidas entre os 13 e os 18 anos de idade. Os atletas tinham 6,83 ± 3,17 anos de experiência em prática desportiva de clubes, como consta nos dados da Tabela 1.

Tabela 1. Idades dos jogadores e número de anos de prática em clubes

Procedimentos e instrumentos de pesquisa

    Primeiramente, foi feita uma requisição ao presidente da direção do clube selecionado para o estudo, para se poder proceder à aplicação do questionário, cujo parecer foi favorável. De seguida, foi solicitada aos encarregados de educação dos participantes menores a assinatura de um termo de consentimento informado. Posteriormente, procedeu-se à administração dos questionários, que teve lugar numa sessão de treino de cada escalão. De referir que o contexto inerente ao estudo, bem como a correta forma de preenchimento do questionário, foram assegurados, garantido o anonimato e confidencialidade dos dados recolhidos.

    O instrumento utilizado foi o SAQ – “Questionário de atitudes face ao desporto” (SAQ – “Sports Attitudes Questionnaire”), originalmente elaborado por Lee et al. (2000, citado por Gonçalves et al., 2006), e traduzido e validado numa versão portuguesa por Gonçalves et al. (2006), tendo sido previamente requerida a autorização necessária à utilização do mesmo. Este questionário é composto por 23 itens, e pretende aferir a opinião dos inquiridos acerca do modo como praticam determinado desporto, estando estruturado segundo quatro fatores, cada um incluindo 4 itens. São eles: “Batota”(3 – “Era capaz de fazer batota se isso me ajudasse a ganhar”; 9 – “Faço batota se ninguém der por isso”; 13 – “Por vezes é preciso fazer batota”; e 19 – “Por vezes faço batota para obter vantagem”); “Antidesportivismo” (7 – “Como não é contra as regras pressionar psicologicamente os adversários, posso fazê-lo”; 18 – “Se não quiser que alguém jogue bem, tento perturbá-lo um pouco”; 20 – “É uma boa ideia irritar os meus adversários”; e 23 – “Tento que os árbitros decidam a meu favor, mesmo que não seja verdade”); “Convenção” (4 – “Cumprimento os adversários depois de uma derrota”; 8 – “Cumprimento o treinador adversário”; 17 – “Seja qual for o resultado, cumprimento os meus adversários”; e 22 – “Depois de ganhar cumprimento os meus adversários”); e “Empenho” (6 – “Dou sempre o meu melhor”; 11 – “Estou sempre a pensar em como posso melhorar”; 15 – “Esforço-me sempre, mesmo que saiba que vou perder”; e 21 – “Não desisto, mesmo depois de ter cometido erros”).

    As análises estatísticas foram efetuadas com recurso ao software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 22.0).

Definição de variáveis

    Para este estudo propõem-se como variáveis independentes a idade e o escalão. Por sua vez, as dimensões das atitudes (desportivas e antidesportivas, de acordo com o instrumento de pesquisa) foram constituídas como variáveis dependentes.

Apresentação dos resultados

    A tabela seguinte (Tabela 2) expõe a estatística descritiva de cada item do SAQ.

Tabela 2. Estatística Descritiva dos Itens do SAQ, relativos à população de jovens (n= 36)

 

N

Mínimo

Máximo

Média

Desvio Padrão

1. Vou a todos os treinos

36

3

5

4,22

,797

2. Às vezes perco tempo a perturbar os adversários

36

1

5

3,14

1,376

3. Era capaz de fazer batota se isso me ajudasse a ganhar

36

1

5

3,25

1,592

4. Cumprimento os adversários após uma derrota

36

3

5

4,56

,652

5. Se os outros fazem batota, penso que também o posso fazer

36

1

5

2,61

1,358

6. Dou sempre o meu melhor

36

2

5

4,56

,735

7. Como não é contra as regras pressionar psicologicamente os adversários, posso fazê-lo

36

1

5

3,92

1,317

8. Cumprimento o treinador adversário

36

3

5

4,64

,593

9. Faço batota se ninguém der por isso

36

1

5

3,03

1,502

10. Por vezes tento enganar os meus adversários

36

1

5

3,61

1,315

11. Estou sempre a pensar em como melhorar

36

4

5

4,58

,500

12. Felicito os adversários por um bom jogo ou por um bom desempenho

36

1

5

3,86

1,222

13. Por vezes é preciso fazer batota

36

1

5

3,03

1,444

14. Penso que posso perturbar os adversários desde que não viole as regras

36

1

5

3,67

1,265

15. Esforço-me sempre, mesmo que saiba que vou perder

36

1

5

4,28

1,059

16. Não há problema em fazer batota se ninguém notar

36

1

5

2,97

1,444

17. Seja qual for o resultado, cumprimento os meus adversários

36

1

5

4,31

1,009

18. Se não quiser que alguém jogue bem, tento perturbá-lo um pouco

36

1

5

3,42

1,339

19. Por vezes faço batota para obter vantagem

36

1

5

2,92

1,461

20. É uma boa ideia irritar os meus adversários

36

1

5

3,64

1,291

21. Não desisto, mesmo depois de ter cometido erros

36

1

5

4,17

1,082

22. Depois de ganhar, cumprimento os meus adversários

36

1

5

4,44

1,027

23. Tento que os árbitros decidam a meu favor, mesmo que não seja verdade

36

1

5

3,92

1,339

Os valores indicados reportam-se à escala de medida: 1 - Discordo totalmente; 2 – Discordo bastante; 3 - Não concordo, nem discordo; 4 – Concordo bastante; 5 - Concordo totalmente.

    Verifica-se que os itens que apresentam médias superiores são os itens 8 “Cumprimento o treinador adversário” (M= 4,64), o 11 “Estou sempre a pensar em como melhorar” (M= 4,58) e o 4 “Cumprimento os adversários após uma derrota” (M= 4,56), a par do 6 “Dou sempre o meu melhor” (M=4,56). Por outro lado, as médias mais baixas registam-se nos itens 5 “Se os outros fazem batota, penso que também o posso fazer” (M= 2,61), 19 “Por vezes faço batota para obter vantagem” (M= 2,92) e 16 “Não há problema em fazer batota se ninguém notar” (M= 2,97).

    Na tabela 3 apresentam-se os resultados de estatística descritiva relativos aos quatro fatores do questionário.

Tabela 3. Estatística descritiva dos fatores do SAQ, relativos à população de jovens (n= 36)

    Perante os resultados observados, comprova-se no presente estudo que os jovens desportistas demonstram concordar com os itens que compõem os fatores vistos como sendo de atitudes positivas (“Convenção” e “Empenho”), apresentando valores, não tão altos, mas ainda assim significativos, nos itens dos fatores considerados socialmente negativos (“Batota” e “Antidesportivismo”).

    Observando a tabela seguinte (Tabela 4), averiguam-se os resultados obtidos nas questões concernentes ao fator “Batota”.

Tabela 4. Estatística descritiva das questões do fator “Batota”

    Verifica-se que todas as questões para o fator “Batota” rondam uma média de 3, numa escala em que 1 é “discordo totalmente” e 5 corresponde a “concordo totalmente”. Observamos assim que os jovens apresentam uma opinião ambígua no que respeita a este fator visto como “socialmente negativo”.

    Contudo, analisando o mesmo fator consoante o escalão a que pertencem os inquiridos, pode-se constatar que os Juvenis e Juniores apresentam um índice inferior desta atitude antidesportiva, tendo menos atitudes relacionadas à batota quando comparados com o escalão de Iniciados, por exemplo, que revela um valor já próximo de 4 (“concordo bastante”) (Tabela 5 e Gráfico 1).

    Em relação ao fator “Antidesportivismo” (Tabela 6), foi selecionado o mesmo procedimento, analisando-se as respostas aos itens correspondentes.

Tabela 6. Estatística descritiva das questões do fator “Antidesportivismo”

    Apura-se que a questão com que os participantes menos concordam é a 18 “Se não quiser que alguém jogue bem, tento perturbá-lo um pouco”, com um valor médio de 3,42, revelando uma certa tendência para o antidesportivismo, até porque os restantes itens deste factor apresentam valores superiores – os jovens revelam-se concordantes com atitudes que têm como principal objetivo perturbar o adversário em prol do favorecimento próprio.

    Quando analisado este mesmo fator de acordo com o escalão, é de notar que os mais novos apresentam média superior a 4. Os Juvenis apresentam um valor mais baixo, porém ainda relativamente elevado (Tabela 7). Os Juniores mostram uma distribuição das respostas menos dispersa, aparecendo no entanto um caso desviante, com uma média de respostas aos fatores do “Antidesportivismo” mais baixa (Gráfico 2).

    No que respeita ao fator “Convenção”, associado a atitudes positivas na prática desportiva, verificam-se as respostas aos itens que se seguem, na Tabela 8.

Tabela 8. Estatística descritiva das questões do fator “Convenção”

    O item mais cotado pelos jovens é o 4 “Cumprimento os adversários após uma derrota” (M=4,56), sendo possível averiguar que todos os itens que constam deste fator apresentam média superior a 4.

    De acordo com o escalão desportivo, os Iniciados são os que apresentam um valor mais aproximado do 5 (“concordo totalmente”), enquanto os Juvenis mostram menor valor neste parâmetro, ainda assim superior a 4 (“concordo bastante”) (Tabela 9 e Gráfico 3). Tal demonstra que os jovens futebolistas apresentam atitudes concordantes com as atitudes de “Convenção” na prática desportiva, como por exemplo cumprimentar os adversários, independentemente do resultado.

    Por último, no que concerne ao fator “Empenho”, foi utilizado o mesmo procedimento.

Tabela 10. Estatística descritiva das questões do fator “Empenho”

    Verifica-se que a questão 11 “Estou sempre a pensar em como melhorar”, é aquela com que os inquiridos concordam mais, com uma média de 4,58. Também neste caso, pela análise da tabela e gráfico seguinte (Tabela 11 e Gráfico 4), podemos conferir que os jovens concordam com os comportamentos e questões que compõem este fator visto como socialmente positivo.

    Tal como no fator “Convenção”, este fator “Empenho” apresenta um valor alto e positivo independentemente do escalão, numa área com conotação socialmente positiva. É interessante constatar os outliers no escalão dos Juniores, apresentando valores desviantes quer abaixo, quer acima, dos valores médios – este facto representa a disparidade e heterogeneidade nas atitudes relativas ao empenho, no fim da adolescência.

Discussão e conclusões dos resultados

    Dado o exposto, é possível afirmar que os jovens desportistas dos escalões adolescentes do clube Guarda Unida Desportiva, participantes na presente investigação, mostram atitudes consideravelmente pró-sociais, ou seja, comportamentos socialmente corretos independentemente do escalão etário, de acordo com os tópicos da convenção e empenho na prática desportiva. Todavia, apesar de estas atitudes positivas se sobreporem às eticamente negativas, estas últimas apresentam valores relativamente altos, o que leva a questionar os valores transmitidos, em grande parte pelos treinadores (visto tratar-se de uma modalidade desportiva coletiva – o futebol) e apercebidos pelos adolescentes perante e durante a prática desportiva.

    Estes resultados vão de acordo às conclusões do estudo de Fernandes et al. (2007), em que os indivíduos revelaram atitudes nas situações desportivas conformes aos princípios do desportivismo e fair play. Relativamente às atitudes antidesportivas (correspondentes aos fatores “Batota” e “Antidesportivismo” do questionário aplicado), os resultados obtidos reiteram as conclusões do mesmo autor, onde os alunos com idades compreendidas entre os 13 e 15 anos (correspondentes ao escalão de Iniciados) evidenciaram um maior índice nas atitudes antidesportivas quando comparados com os escalões mais velhos. Tal poderá indicar que neste início da idade pubertária os atletas exibem uma maior orientação para o ego (querer ser o melhor, em detrimento de querer melhorar). Paradoxalmente, é curioso verificar que, no que concerne aos fatores socialmente positivos na prática desportiva (“Convenção” e “Empenho”, pelo questionário SAQ), são igualmente os mais novos a revelar os valores mais altos.

    É assim possível retirar conclusões positivas relativamente aos comportamentos adotados pelos jovens adolescentes na sua relação com a prática desportiva, sim. Contudo, os valores do antidesportivismo poderão constituir um alerta para uma possível mudança do paradigma de intervenção desportiva para modelos que enquadrem a prática de atividade física de uma forma mais abrangente.

Bibliografia

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  • Thomas, J. R., Nelson, J. K., & Silverman, S. J. (2007). Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Porto Alegre: Artmed.

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  • Vaz, A. (2013). Relação entre Orientações Motivacionais e Atitudes Desportivas em Jovens Futebolistas. Tese de Mestrado não publicada, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal.

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