efdeportes.com

Atividade física e saúde: conceitos e benefícios

Actividad física y salud: conceptos y beneficios

Physical activity and health: concepts and benefits

 

Graduando em Bacharelado em Educação Física

Departamento de Educação Física. Universidade Regional

de Blumenau (FURB), Blumenau, SC

Lucas Zick

lucasziick@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste presente estudo é: (a) apresentar definições acerca de terminologias utilizadas na área da saúde; e (b) apresentar estudos que demonstrem os benefícios da atividade física. A atividade física faz parte da história da humanidade. Antropólogos e evidências históricas relatam a existência da prática de atividades físicas desde a pré-história, fazendo parte de um componente integral de expressão social, cultural e religiosa. É sabido o aumento do conhecimento perante os benefícios da prática de atividades físicas regulares sobre a vida das pessoas. O conhecimento se relaciona principalmente com o nível de aptidão física e a qualidade de vida dos praticantes regulares. A crescente urbanização causara diversas alterações comportamentais na sociedade como um todo, influenciando principalmente o sedentarismo. Vale destacar que atividade física também pode ser utilizada de forma terapêutica para o tratamento e manutenção da saúde de pessoas portadoras de alguma patologia ou doença crônica. Considero que a atividade física deve estar presente no decorrer de toda a vida de qualquer pessoa, sabendo da grandeza que a mesma oferece em relação a sua saúde e aptidão física. Os conceitos utilizados nos dias de hoje, e os benefícios da atividade física ainda não são totalmente compreendidos por grande parte da população, mas, cabe aos profissionais da saúde continuar trabalhando para a melhora do quadro da saúde em geral da população.

          Unitermos: Atividade física. Saúde. Aptidão física.

 

Abstract

          The objectivity of this present study is: a) present definitions about the terminologies used in health area; and b) present studies that demonstrate the benefits of physical activity. The physical activity is part of human history. Anthropologists and historical evidences reported the existence of physical activity since the pre-history, doing part of an integral component of social expression, cultural e religious. It is known the growth before the benefits of the regular practice of physical activity in people’s life. The knowledge is related mainly with the level of the physical fitness and the quality of life of the regular practitioners. The increase urbanization caused several behavioral changes in the society as a whole, influencing especially the sedentary lifestyle. Worth mentioning that the physical activity can also be used therapeutically for the treatment and health maintenance of people with some pathology or chronic illness. I considered that the physical activities must be present during the whole life of anyone, knowing about the greatness that the same offers for your health and physical fitness. The concepts used today, and the benefits of the physical activity are not totally understood by most of population yet, but, is up to the health professionals keep working to improve health status of population.

          Keywords: Physical activity. Health. Physical fitness.

 

Recepção: 19/04/2015 - Aceitação: 15/05/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    É sabido o aumento do conhecimento perante os benefícios da prática de atividades físicas regulares sobre a vida das pessoas. O conhecimento se relaciona principalmente com o nível de aptidão física e a qualidade de vida dos praticantes regulares. Diante de sua aparente simplicidade, a relação entre atividade física e saúde não é dependente apenas dessas duas variáveis. Aspectos hereditários, o estilo de vida e o ambiente social na qual um indivíduo possui acabam por interferir na inter-relação da atividade física, saúde e aptidão física (Guedes, 1995).

    A crescente urbanização causara diversas alterações comportamentais na sociedade como um todo, influenciando principalmente o sedentarismo. Estima-se que hoje, uma criança dispenda menos 600 kcal/dia em atividade física do que os seus pares há 50 anos (Boreham, 2001).

    A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1998) apud Lazzoli (1998) afirma:

    Um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma redução da incidência de várias doenças crônico degenerativas bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular em geral. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir a prevalência de obesidade.

    O objetivo deste presente estudo é: (a) apresentar definições acerca de terminologias utilizadas na área da saúde; e (b) apresentar estudos que demonstrem os benefícios da atividade física.

1.1.     Justificativa

    A revolução industrial e tecnológica em meados de 1940 gera ainda hoje um grande desenvolvimento científico e tecnológico nas mais diversas áreas. Devido a isto, a atividade física é uma necessidade absoluta para o homem, pois, nos deparamos com elevado nível de estresse, ansiedade e sedentarismo o que acaba comprometendo a condição da saúde das pessoas.

2.     Desenvolvimento

2.1.     Epidemiologia

    A atividade física faz parte da história da humanidade. Antropólogos e evidências históricas relatam a existência da prática de atividades físicas desde a pré-história, fazendo parte de um componente integral de expressão social, cultural e religiosa (Health and Human Services, 1996).

    Em 1960, a partir da proposta do Método Aeróbio, de Cooper, o foco dos estudos em saúde foi fixado na aptidão cardiorrespiratória para prevenção de DAC (Cooper, 1968). E foi em 1980 que houve uma proposta de mudança de ênfase da aptidão física voltada ao desempenho para a aptidão física relacionada à saúde (AAHPERD, 1980; apud Osness, 1990).

    O processo de envelhecimento é acompanhado de um declínio do gasto energético diário dependente de uma menor atividade física. Os fatores comportamentais e sociais e o aumento de compromissos diários estão relacionados ao declínio da ativação física (SBME, 1998 apud Lazzoli, 1998).

    Hoje, a disponibilidade tecnológica, o aumento da criminalidade e a constante redução de espaços livres em centros urbanos acabam por reduzir a oportunidade de lazer das pessoas, favorecendo a escolha de atividades sedentárias, como por exemplo: jogar vídeo-games, assistir televisão, utilizar computadores e etc...

2.2.     Definições

    Para que haja melhor entendimento a respeito do assunto, é importante a definição acerca de conceitos utilizados que acabam por servir de referência no desenvolvimento de ações direcionadas a esta finalidade.

2.2.1.     Definição de Saúde

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO) (1978), saúde significa: estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença.

    Guedes (1995) diz que o termo saúde é caracterizado dentro de uma concepção vaga e difusa. Tal concepção gera interpretações equivocadas que relaciona saúde apenas à ausência de doenças. Esse problema surge em razão da saúde não ser algo de conhecimento empírico, ou um fenômeno objetivo, mas sim, por estar relacionada a demasiados aspectos comportamentais humanos voltados a um estado de completo bem estar físico, mental e social.

2.2.2.     Definição de Atividade Física

    A atividade física é definida por Caspersen et al. (1985) como: qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior que os níveis de repouso.

2.2.3.     Definição de Exercício Físico

    O exercício físico é definido também por Caspersen et al. (1985) como: atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhora e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física.

2.2.4.     Definição de Aptidão Física

    De acordo com a WHO (1978), a aptidão física deve ser entendida como: capacidade de realizar trabalho muscular de maneira satisfatória. Dentro dessa concepção, estar apto fisicamente significa o indivíduo apresentar condições que lhe permitam bom desempenho motor quanto submetido a situações em que envolvam esforços físicos (Guedes, 1995).

2.2.5.     Definição de Aptidão Física relacionada a Saúde

    De forma conceitual, Pate (1988) definiu aptidão física relacionada a saúde como: (a) realizar atividades no cotidiano com vigor e energia; e (b) demonstrar traços e capacidades associados a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de distúrbios orgânicos provocados pela falta de atividade física.

    Segundo Guedes (1995), o conceito de aptidão física relacionada à saúde implica na participação de componentes voltados as dimensões funcional-motora, morfológicas, fisiológicas e comportamentais. A dimensão morfológica é caracterizada pela composição corporal e distribuição da gordura corporal. A dimensão funcional-motora caracteriza-se principalmente pela função cardiorrespiratória e função músculo esquelético. Já a dimensão fisiológica, está ligada aos níveis de pressão sanguínea, oxidação de substratos, níveis de colesterol e tolerância a glicose. Por fim, a dimensão comportamental está ligada ao estresse.

2.2.6.     Estilo de Vida

    Nahas (2000) diz que estilo de vida é o conjunto de ações cotidianas de uma pessoa que acaba por refletir as atitudes e valores dos mesmos. São hábitos conscientes e estão diretamente ligados à percepção de qualidade de vida que a pessoa traz consigo. Sallis & Owen (1999) afirmam que o estilo de vida podem mudar ao longo dos anos, porém, isso acontecerá apenas se a pessoa conscientemente enxergar algum valor de tal comportamento que necessite de mudança.

2.3.     Benefícios

    Como dito anteriormente, os benefícios da atividade física estão diretamente relacionados com o nível de aptidão física e também à saúde das pessoas. Vale destacar que atividade física também pode ser utilizada de forma terapêutica para o tratamento e manutenção da saúde de pessoas portadoras de alguma patologia ou doença crônica.

    Bakarat et al. (2008), em estudo com 71 pessoas com DPOC (n=35 grupo reabilitação e n=36 grupo controle), aplicou um programa de treinamento de exercícios gerais e bicicleta ergométrica durante 14 semanas, três vezes por semana durante 60 minutos, a distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6min) aumentou 46 metros de 284 para 330 metros.

    Um programa de treinamento combinado (aeróbio e resistido) com alta intensidade durante 12 semanas, com frequência de três vezes por semana e duração de 60 minutos, incluindo caminhada, ciclismo e treinamento resistido, além do treinamento em circuito, promoveu maior aumento da força muscular dos membros superiores e do nível diário de atividade física, quando comparado ao treino de baixa intensidade (Camillo et al., 2011).

    Leung et al. (2011) randomizou 41 indivíduos com DPOC praticantes de Tai Chi, com frequência de sete vezes por semana e duração de 50 minutos. Duas sessões eram realizadas de forma supervisionada e outras cinco domiciliares (10 minutos de aquecimento, 30 minutos de Tai Chi, e 10 minutos de volta calma). O autor verificou melhora da capacidade de exercício e do desempenho físico. Como conclusão, sugeriu-se que o Tai Chi é uma eficiente alternativa de treinamento físico regular, justamente pelo fato de não requerer equipamentos e grandes espaços físicos, tornando viável para um elevado número de pessoas com DPOC (Leung et al., 2011).

    Whelton et al. (2002) realizaram uma meta-análise referente aos benefícios do exercício aeróbio na pressão arterial (53 ensaios randomizados controlados com duração superior a 2 semanas em indivíduos maiores de 18 anos.) que estimou a redução da PA apenas até 5 mmHg. Em relação aos regimes de treino de força, também eles demonstraram ser úteis isoladamente na redução da PA tanto sistólica quanto diastólica.

    Guimarães (2008) realizou um programa de atividade física para verificar o nível de autonomia de idosos no programa de saúde da família. A amostra foi composta de 70 idosos de ambos os sexos, divididos em grupo experimental (GE) e grupo de controle (GC). Após a intervenção com as atividades físicas, obteve-se uma melhora em todos os quesitos avaliados sobre a autonomia funcional dos idosos.

    Cheik (2003) verificou a influência do exercício físico e da atividade física nos índices de depressão em idosos. Foram selecionados 54 idosos saudáveis que foram subdivididos em três grupos. Grupo de Controle (sedentários), Grupo de Desportistas (sedentários que passaram a praticar exercícios físicos) e Grupo de Lazer (indivíduos que participavam de programas de atividade física não sistematizada). Apenas o Grupo de Desportistas iniciou um programa de atividades físicas durante quatro meses. Os resultados apresentaram índices satisfatórios de redução dos escores de depressão.

3.     Considerações finais

    Considero que a atividade física deve estar presente no decorrer de toda a vida de qualquer pessoa, sabendo da grandeza que a mesma oferece em relação a sua saúde e aptidão física. Os conceitos utilizados nos dias de hoje, e os benefícios da atividade física ainda não são totalmente compreendidos por grande parte da população, mas, cabe aos profissionais da saúde continuar trabalhando para a melhora do quadro da saúde em geral da população. Programas de políticas públicas devem ser firmados para que tenhamos cada vez mais uma população mais saudável, evitando assim, gastos excessivos com medicamentos, cirurgias e etc... Os educadores físicos devem ter conhecimentos científicos a respeito do assunto e trabalhar de forma sistemática, interdisciplinar.

Bibliografia

  • Barakat, S., Michele, G., George, P., Nicole, V. & Guy, A. (2008). Outpatient pulmonary rehabilitation in patients with chronic obstructive pulmonary disease. International Journal of COPD, 3(1):155-162.

  • Boreham, C. & Riddoch, C. (2001). The physical activity, fitness and health of children. J Sports Sci. 19:915-29.

  • Camillo, C. et al. (2011). Improvement of heart rate variability after exercise training and its predictors in COPD. Respiratory Medicine. 105:1054-1062.

  • Caspersen, C. J. et al. (1985). Physical activity, exercise and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public Health Reports, v.100, n.2, p. 126-131.

  • Cooper, K. H. (1968). A means of assessing maximal oxygen intake: correlation between field and treadmill testing. Journal of the American Medical Association, Chicago, v.203, p.135-8.

  • Cheik, N.C., Reis, I. T., Heredia, R. A. G., Ventura, M. L., Tufik, S., Antunes, H. K. M. & Mello, M. T. (2003). Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade em indivíduos idosos. R. bras. Ci. e Mov. 11(3): 45-52.

  • Guedes, D. P. & Guedes, J. E. R. P. (1995). Atividade física, aptidão física e saúde. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 1, n. 1, p. 18-35.

  • Guimarães, A. C. et al. (2008). Efeitos de um programa de atividade física sobre o nível de autonomia de idosos participantes do programa de saúde da família. Fitness & performance journal, n. 1, p. 5-9.

  • US Department of Health and Human Services. (1996). Surgeon General’s report on physical activity and health. From the Centers of Disease Control and Prevention. JAMA.

  • Leung, R.W.M. et al. (2011). A study design to investigate the effect of short-form Sun-style Tai Chi in improving functional exercise capacity, physical performance, balance and health related quality of life in people with Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD). Contemporary Clinical Trials. 32:267-272.

  • Lazzoli, J. K. et al. (1998). Atividade física e saúde na infância e adolescência. Revista brasileira de medicina do esporte, v. 4, n. 4, p. 107-109.

  • Nahas, M. V., De Barros, M. V. G. & Francalacci, V. (2000). O pentáculo do bem-estar-base conceitual para avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 5, n. 2, p. 48-59.

  • Osness, W. H., Adrian, M., Clark, B., Hoeger, W., Raab, D. & Wiswell R. (1990). Functional Fitness Assessment for Adults Over 60 Years. The American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD). Association for Research, Administration, Professional Councils, and Societies. Council on Aging and Adult Development.

  • Pate, R. R. (1988). The evolving definition of physical fitness. Quest, v.40, n.3, p. 174-179.

  • Sallis, J.F. & Owen, N. (1999). Physical activity & behavioral medicine. Thousand Oaks: SAGE Publications.

  • Whelton, S.P. & Chin, A. et al. (2002). Effect of aerobic exercise on blood pressure: a meta-analysis of randomized, controlled trials. Ann Intern Med. Apr. 2;136:493-503.

  • World Health Organization. (1978). Habitual Physical Activity and Health. WHO Regional Publications, European Series No. 6. Copenhagen: WHO, Regional Office for Europe.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 204 | Buenos Aires, Mayo de 2015  
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados