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A suplementação de leucina e o ganho de

massa muscular em praticantes de exercício físico

La suplementación de la leucina y la ganancia de masa muscular en practicantes de ejercicio físico

The supplementation of leucine and muscle mass gain in physical exercise practitioners

 

*Pós-graduando em Análises Clínicas e Toxicológicas pela Faculdade Assis Gurgacz (PR)

Licenciado em Ciências Biológicas e Pós-Graduado em Perícia Forense

**Pós-graduanda em Nutrição Exportiva Funcional

pela Universidade Cruzeiro do Sul (PR). Nutricionista

***Mestre em Nutrição Humana pela Universidade de Brasília, atualmente

é aluna de doutorado em Nutrição humana pela mesma IES

****Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual

do Oeste do Paraná UNIOESTE

*****Professora. Doutorado em Ciências Farmacêuticas

pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)

******Professor. Mestre em Biologia Celular e Molecular

pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Marcelo Fruehwirth*

Solaine Marques Barroso**

Cainara Lins Draeger***

Rafaela de Araujo Folha****

Francine Martins Pereira*****

Robson Michael Delai******

marcelo_fru@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os aminoácidos de cadeia ramificada (também conhecidos como ACR) têm em sua composição valina, leucina e isoleucina, que estão entre os nove aminoácidos essenciais na dieta humana. Em literatura, a leucina é evidenciada como uma importante fonte na regulação dos processos anabólicos e na síntese proteica muscular. O objetivo do trabalho foi levantar o maior número de estudos relacionados à suplementação de leucina isolada ou não isolada, no ganho de massa muscular em ratos e também humanos. Pode-se observar que, mediante os dados levantados, que a leucina quando associada a carboidratos, contem um resultado maior se tratando de síntese proteica, sendo indiferente na presença ou falta do estimulo físico. Porém, mais estudos devem ser realizados a fim de averiguar o real efeito da suplementação de leucina, sendo ela isolada ou associada a outros itens, juntamente com testes de exercício físicos.

          Unitermos: Leucina. Carboidrato. Exercício físico.

 

Abstract

          Branched chain amino acids (also referred to as ACR) have in their composition valine, leucine and isoleucine, which are among the nine essential amino acids in the human diet. In literature, leucine is evidenced as an important source in the regulation of anabolic processes and muscle protein synthesis. The objective was to raise the largest number of studies related to supplementary isolated or non-isolated leucine in muscle mass gain in rats and also humans. It can be seen that the data obtained by that, when combined with leucine carbohydrates, getting older, a higher result when dealing with protein synthesis and is indifferent in the presence or absence of the physical stimulus. However, more studies should be conducted to ascertain the real effect of leucine supplementation, it is isolated or associated with other items, along with physical exercise tests.

          Keywords: Leucine. Carbohydrates. Physical exercise.

 

Recepção: 18/10/2015 - Aceitação: 12/02/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 20 - Nº 204 - Mayo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada, também conhecidos como ACR ou BCAA (do inglês Brainched-Chain Amino Acid), é composta por vários aminoácidos, entre eles: leucina, isoleucina e valina, considerados essenciais para o ser humano (Mero, 1999). Para Rogero e Tirapegui (2008), estes aminoácidos são básicos e presentes nas proteínas, sendo indispensáveis em indivíduos saudáveis, devendo ser ingeridos na dieta.

    Pesquisas na área dos aminoácidos de cadeira ramificada são importantes, pois é um assunto abordado com frequência entre os praticantes de academias e esportes de alto rendimento (Pereira, Lajolo e Hirschbruch, 2003; Santos e Santos, 2002).

    Quando se fala em esportes físicos, é importante que o praticante possua energia suficiente para se conseguir um melhor desempenho, retardando assim o inicio da fadiga (Aoi, Naito, Yoshikawa, 2006). Para que isto ocorra, é necessário além de atividades típicas de repouso, uma alimentação balanceada e adequada. As necessidades nutricionais variam para cada indivíduo, porém alguns fatores devem ser considerados, tais como intensidade, frequência e duração das atividades físicas, bem como a idade, sexo, e composição corporal, sendo indispensável um acompanhamento nutricional (Lemon, 2000).

    A nutrição diária é um processo de ingestão de alimentos e conversão dos mesmos em nutrientes, utilizados para manutenção das funções do organismo. Esses processos envolvem micro e macronutrientes, que são utilizados com finalidades energéticas (proteínas, lipídios e carboidratos), para manutenção do sistema esquelético (cálcio, fósforo e proteínas), regular a fisiologia do corpo (vitaminas, minerais, lipídios e água) além de efetuar reparos no tecido muscular (proteínas, lipídios e minerais) (Santos e Santos, 2002).

    Durante anos, as proteínas e aminoácidos não receberam devida importância dentro do meio esportivo. Os estudos eram voltados somente ao metabolismo de carboidratos e gorduras, sendo as proteínas ignoradas. A partir da década de 70, o interesse aumentou devido ao surgimento de evidencias sugerindo que o exercício afeta o metabolismo de proteínas/aminoácidos, e que as mesmas contribuem significativamente no rendimento do atleta (Feitg e Wahren, 1971; Rossi e Tirapegui, 1999).

    Constituídas por cadeias de aminoácidos, além de servirem de substrato energético para o crescimento e desenvolvimento do organismo, as proteínas também desempenham funções diversas como a regulação do metabolismo, transporte de nutrientes, catalisadores naturais, defesa imunológica, receptores de membranas, dentre outras. Quando não usadas imediatamente pelo organismo para a síntese de outras proteínas ou tecidos, são importantes no fornecimento de energia para outras funções orgânicas (Malina e Bouchard, 2002; Paiva, Alfenas e Bressan, 2007).

    Segundo a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva, a ingestão diária de proteínas para indivíduos fisicamente ativos deveria ser de 1,4 a 2,0 g/kg/dia, as quais não somente auxiliam como também aumentam as adaptações decorrentes do treinamento (Campbell et al., 2007).

    O uso de aminoácidos de forma suplementada tem sido bastante difundido entre praticantes de exercícios e atletas de diversas modalidades, sendo este assunto base para novos trabalhos na área de fisiologia do exercício e nutrição (Marquezi e Lancha Jr., 1997).

    Historicamente, a leucina sempre se destacou sendo a mais importante do que os outros dois aminoácidos de cadeia ramificada (isoleucina e valina) (Hutson e Harris, 2001). Segundo Mero (1999) e Shimomura e colaboradores (2006), a leucina se destaca porque sua taxa de oxidação é maior, liberando precursores como alanina a partir do músculo esquelético, estimulando a síntese proteica em maior quantidade que os demais aminoácidos.

    A leucina tem sido investigada por ser estimuladora da síntese de proteínas no músculo e está intimamente associada com a liberação de precursores gliconeogênicos (Mero, 1999). A leucina é citada por diversos autores como sendo uma estratégia terapêutica capaz de evitar a atrofia muscular em diversas situações, como doenças musculares, sepse e câncer (Nicastro et al.,2011).

    Na área desportiva, os aminoácidos de cadeia ramificada tem sido frequentemente utilizados por atletas com a promessa de que podem promover o anabolismo protéico muscular, diminuindo o grau de lesão muscular induzido pelo exercício (Rogero e Tirapegui, 2008; Williams, 2004; Silva e Alves, 2005).

    Segundo Norton e Layman (2006), o exercício físico leva a varias alterações no metabolismo das proteínas e dos aminoácidos. Essas alterações estão associadas à demanda energética e a disponibilidade de ACR. A variedade de exercícios físicos pode auxiliar na oxidação dos aminoácidos, promovendo assim uma maior velocidade em toda a reação.

    Em se tratando de exercício de força, é notório que este exerce profundo efeito no resultado do crescimento muscular, porem, vale lembrar que estratégias nutricionais podem manter o balanço proteico do organismo desequilibrado (Tipton e Wolfe, 2004; Houston, 1999).

    Para Norton & Layman (2006), por mais catabólico que seja o exercício, há perda muscular quando se mantém atividade física regular, pois o exercício estimula o crescimento muscular e a hipertrofia. Tal afirmação só deve ser mantida se o indivíduo estiver em uma dieta previamente estipulada por um profissional da área, e sob acompanhamento diário. Vale ressaltar que o exercício requer ajustes que são seqüenciais de um período catabólico para o anabólico.

    Para esta revisão bibliográfica, foram utilizados artigos nacionais e internacionais, publicados entre 1971 e 2014, com qualidade certificada, sendo disponibilizados online dentro das plataformas Pubmed, SciELO, Capes Periódicos, Google Scholar, EBSCO, Scribd, e também artigos impressos em revistas com fator de impacto e ISSN reconhecido.

    Utilizou-se como critério estudos randomizados, controle, piloto e placebo em humanos do sexo masculino e ratos, utilizando a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada, carboidratos e proteínas. Assim, é de interesse dessa revisão esclarecer se os aminoácidos essenciais isolados ou combinados com outros nutrientes podem favorecer o aumento de massa magra em indivíduos e animais treinados.

    Vários estudos demonstram de forma prática a suplementação de Leucina e demais aminoácidos de cadeia ramificada e seus efeitos, como mostrados a seguir.

a.     Pesquisas com Leucina em animais

    O trabalho realizado por Anthony et al. (1999) teve como objetivo avaliar a capacidade da leucina na recuperação muscular após o exercício. Os ratos foram divididos em 5 grupos: grupo 1: sedentário privado de alimentação por 10 horas (SA); grupo 2: exercitados por 2 horas e privados de alimentação por 1 hora posterior ao exercício (EA); grupo 3: exercitados por 2 horas e alimentados com carboidratos (EC); grupo 4: exercitados por 2 horas e alimentados com leucina (EL); grupo 5: exercitados por 2 horas e alimentados com leucina e carboidratos (ECL).

    A quantidade total de carboidratos fornecidos foi de 2,63g de hidratos de carbono, que consistia de 262,5g de glicose e 262,5g de sacarose diluídos em água destilada. Já a leucina foi de 0,27g, preparada com 54,0g leucina/L em água destilada. O hidrato de carbono mais leucina na refeição foi considerado isocalórico, se comparado a refeição de carboidratos e isoprotéinas com a refeição leucina (235,5 g glicose/L, 235,5g de sacarose/L e 54,0g de leucina/L em água destilada). A dosagem para todas as refeições experimentais foi de 5mL administrada por sonda oral.

    O grupo de ratos sedentários e privados de alimentação (SA) e o grupo exercitados e privados de alimentação (EA) que não foram alimentados e fizeram exercício, foi administrados 5 mL de solução salina (NaCl a 0,155 mol/L). Todos os ratos foram deixados com livre acesso à água na sequência do ataque esteira, mas nenhum alimento foi disponível após o exercício, além das refeições definidas.

    A corrida experimental consistiu de 2 horas em esteira a 36m/min (1,5% grau). Uma hora após o término do experimento, os ratos foram anestesiados por uma overdose de dióxido de carbono e mortos por decapitação.

    Como resultado, Anthony averiguou que a combinação de leucina com o exercício pode estimular a síntese de proteínas, melhorando sensibilidade muscular a insulina disponível. Para finalizar, deduz que as pesquisas que não conseguiram demonstrar que a leucina estimula a síntese protéica muscular esquelética de forma independente em organismos in vivo pode ser atribuível a uma quantidade insuficiente de leucina administrada ao animal.

    Rieu e colaboradores (2007) analisaram se a suplementação de leucina na dieta durante 10 dias era capaz de afetar positivamente a síntese muscular em ratos idosos.

    Foram utilizados 60 ratos Wistar com idade de 21 meses, do qual foram divididos em 5 grupos. Os ratos foram alimentados com de 18,2g de proteína da dieta padrão semi líquida durante o período de 8 horas. Em seguida, cada grupo recebeu uma refeição com leucina e outra refeição com alanina (como controle) durante 1 hora, e a dieta padrão o resto do período de alimentação.

    Foram obtidos dados demonstrando que as concentrações de leucina no plasma foram significativamente aumentadas em ratos que possuíam o aminoácido em suas refeições. Os resultados indicaram que as proteínas ricas em leucina foram eficazes na melhoria da síntese de proteína muscular em ratos idosos. Assim, os suplementos nutricionais contendo tais proteínas podem ser eficientes na prevenção da sarcopenia em idosos e representaria uma estratégia nutricional segura e otimizada, porém, é necessário maiores experimentos a fim de averiguar o tempo correto de administração da proteína para se obter melhores resultados.

    O estudo efetuado por Crozier e seus colaboradores (2005), teve como objetivo analisar qual a dose de leucina mínima poderia ser utilizada para estimular a síntese de proteínas no músculo esquelético, e quais marcadores identificam os RNAm na tradução que permeiam esta resposta.

    Os ratos foram privados de alimentação durante 18 horas antes de dar inicio ao experimento. Foram divididos em 5 grupos, nos quais foram administrados concentrações de insulina 30 min após a administração de uma solução salina ou de leucina, em doses variando conforme o grupo.

    No grupo 1 foi administrado 0,155 mol/L de NaCl a um volume de 2,5 mL/100g de peso corporal; No grupo 2 utilizou-se 5 % de leucina por peso corporal, no grupo 3 foram utilizados 10% Leu/Pc, no grupo 4 foram administrados 25% Leu/Pc, no grupo 5 utilizou 50% Leu/Pc e no grupo 6 utilizou-se 100% da Leu/Pc. Neste estudo não houve indução ao exercício físico, apenas suplementação.

    Em conclusão, a administração oral de pequenas doses de leucina estimula efetivamente a síntese de proteínas do músculo esquelético em ratos adultos privados de alimento. Isso se dá porque as proteínas que facilitam tanto o transporte de RNAm para as subunidades ribossomais 40S e a síntese do aparelho de translação em si são afetados pela administração, acarretando mudanças no controle da iniciação da tradução do RNAm, que contribuem para a estimulação da síntese de proteínas. Embora o estudo seja limitado na sua capacidade de avaliar vias que medeiam às alterações observadas no controle da tradução e a síntese de proteínas, isso demonstra que o grau de ativação destas vias é dependente da dose administrada de leucina. Estes resultados também sugerem que os pequenos aumentos em níveis da insulina circulante resultantes da administração de doses elevadas de leucina podem estimular ainda mais a tradução do RNAm no músculo.

    Em estudo realizado por Anthony e colaboradores (2002), avaliou se há um efeito estimulador de aminoácidos na síntese de proteínas no músculo esquelético quando há um aumento das concentrações de insulina circulante. Os pesquisadores analisaram dois grupos, sendo um deles não diabéticos (controle – divididos em dois sub grupos 1 e 2), e outro induzidos a diabetes por uma administração intravenosa de alloxam (48 mg/kg por peso corporal em 0,155 mol/L de solução salina) (divididos em 2 subgrupos: 3 e 4).

    Os ratos diabéticos pesavam em média 173 gramas e os não diabéticos pesavam 198 gramas. Os ratos foram privados de alimentação durante 18 h antes do dia da experiência, e em seguida, administrado soro fisiológico (0,155 mol/L) ou de 1,35 g/kg / leucina (preparado a 54,0 g/ l, L -aminoácido em água destilada) por sonda oral. O volume da suspensão leucina administrada foi de 2,5 ml/100g de peso corporal.

    O grupo 1 não diabético e o grupo 3 diabético receberam a solução salina. O grupo 2 não diabético e o grupo 4 diabético receberam a solução preparada de leucina. Não houve indução ao exercício físico, apenas suplementação.

    Os resultados mostraram que o efeito estimulador de leucina na síntese de proteínas do músculo em ratos com diabetes ocorreu na ausência de alterações nos estados de fosforilação de 4E-BP1 e S6K1, e implica em um único mecanismo por meio do qual leucina regula a síntese de proteínas, independentemente da insulina.

    Em conclusão, os resultados apresentados demonstram que os aumentos transitórios da insulina no soro são cruciais para a estimulação induzida pela leucina na síntese de proteínas no músculo esquelético.

b.     Estudos em Humanos

    Koopman e colaboradores (2005) tiveram como objetivo avaliar se há alterações na síntese proteica muscular e no balanço proteico após treino, fazendo uma ingestão de carboidratos, com ou sem proteína e/ou leucina.

    Este foi um estudo randomizado, do qual foi suplementado 8 indivíduos do sexo masculino, sendo estes divididos separadamente em três grupos, do qual consumiram bebidas que continham carboidrato (CHO), carboidratos e proteínas (CHO + PRO), ou carboidrato, proteína e leucina livre (CHO + PRO + Leu). Os indivíduos receberam um volume de bebida de 3 ml/kg a cada 30 minutos para assegurar uma dose de 0,3g de hidratos de carbono/kg (50% de glicose e 50% de maltodextrina) e 0,2 g/kg de um hidrolisado de proteína a cada hora, com ou sem a adição de 0,1g/kg de leucina. Essa suplementação contendo (CHO ou CHO + PTN + LEU) foi ingerida 30 minutos após a atividade física. Foram utilizados 8 series de repetições de Leg press horrizontal e banco extensor com um intervalo de 2 minutos entre as series.

    Koopman e seus colaboradores concluíram que a ingestão combinada de proteína e leucina com carboidratos melhora o equilíbrio do corpo durante a recuperação do exercício de resistência em comparação com a ingestão de hidratos de carbono ou carboidratos com proteínas. A ingestão combinada de leucina e de proteína com hidratos de carbono no pós-exercício aumenta a síntese da proteína muscular em comparação com a ingestão de apenas hidratos de carbono.

    Os dados obtidos indicam que a ingestão adicional de leucina livre em combinação com proteínas e carboidratos provavelmente representa uma estratégia eficaz para aumentar o anabolismo muscular após exercícios de resistência.

    Em um estudo realizado por Rieu e seus colaboradores (2006), com o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação de leucina na dieta sobre a síntese protéica muscular em idosos, foram utilizados vinte indivíduos saudáveis ​​do sexo masculino (± 70 anos). Foi avaliado um grupo sem a ingestão de leucina, e outro antes e depois da ingestão de leucina na dieta. A dieta fornecida ao grupo placebo foi maltodextrina de 1,3g e caseína de 0,4g por peso corporal, o que corresponde a uma refeição normal na hora do almoço. E outro grupo teve uma dieta com leucina (0,052g/kg-1), isoleucina (0,0116g/kg-1) e valina (0,0068 g/kg-1). Todos os indivíduos foram estudados em um estado pós-absortivo depois de 12 h de jejum noturno. Não houve indução ao exercício físico, apenas suplementação.

    Em conclusão, Rieu e seus colaboradores demonstram que a suplementação de leucina após as refeições na dieta melhora a síntese de proteínas musculares em seres humanos com idade avançada.

c.     Os Aminoácidos de cadeia ramificada como substrato da gliconeogênese

    Os ACR, particularmente a leucina, também podem servir como importantes fornecedores de nitrogênio no cérebro (Hood e Terjung,1990), por meio dos grupos amina, com a finalidade de sintetizar glutamato. A leucina, não sendo uma substancia considerada neuroativa, pode transitar com segurança no cérebro. Sendo um aminoácido importante no metabolismo humano, o glutamato é o produto da transaminação do α-cetoglutarato, participando na produção de metabólitos como o piruvato ou o oxaloacetato, que participam em vias metabólicas como a gluconeogénese e na glicólise (Yudkoff et al., 2005).

    Segundo Lancha Jr (1996), Marquezi e Lancha Jr (1997) e Alves (2005), os ACR (ou BCAA) são desaminados no tecido muscular formando a alanina, que por sua vez, deixa o músculo e vai para o fígado, onde é convertida em piruvato e posteriormente, em glicose pelo ciclo glicose-alanina, contribuindo para a manutenção glicêmica durante exercícios físicos.

d.     Envolvimento na resposta imunológica

    Segundo Zamberlan (2001) e Alves (2005), durante exercícios de resistência, há diminuição nos níveis plasmáticos da glutamina, cuja principal função é ser uma fonte de energia para importantes células do sistema imunológico. Como os aminoácidos de cadeia ramificada servem de substrato para a síntese de glutamina, sua administração logo após o exercício aumenta as concentrações da mesma, diminuindo as chances de infecções nos atletas.

    Calder (2006) descreve que os BCAA são absolutamente essenciais na resposta dos linfócitos a agressões, e são necessários para dar suporte a outras funções de células imunes. Em pesquisas utilizando cobais com restrição dietética de ACR, notou-se que os mesmos tiveram sua função imunológica prejudicada, apresentando aumentos na suscetibilidade para agentes patógenos. Pacientes pós-cirúrgicos ou com infecção que foram submetidos à administração de doses de BCAA intravenoso mostraram melhora significativa no sistema imune.

e.     Auxilio na economia de Glucogênio Muscular

    A união entre os BCAA e o metabolismo de glicose foi inicialmente divulgado estando associado com o ciclo glicose-alanina. Embora tenha sido uma hipótese bastante debatida, evidências mostraram que o mecanismo correspondia a 40% da produção endógena de glicose durante um exercício prolongado (Layman et al., 2003).

    Em 2000, Shimomura et al. em experimento laboratorial com cobaias encontraram resultados que sugerem que uma dieta rica em BCAA preserva as reservas de glicogênio do fígado e da musculatura esquelética durante exercício, e que a diminuição na atividade complexa de deidrogenase do piruvato nestes tecidos, pelos BCAA dietéticos, está envolvida nestes mecanismos.

    Resultados semelhantes, também por meio de experimento animal, sugerem que uma suplementação crônica com BCAA não apresentou influência sobre o desempenho de ratos treinados submetidos a teste de exaustão, em protocolo que utilizou atividades na água. Porém, a suplementação de BCAA (a 4.76% na dieta recomendada para manutenção de roedores) foi efetiva no aumento das concentrações do glicogênio hepático após 1 h de exercícios ou imediatamente depois do teste de esgotamento, efeito considerado dose-dependente (Araujo Jr et al., 2006).

f.     Ação anabólica e anticatabólica

    Em estudos de revisão bibliográfica realizados por Blomstrand et al. (2006), os BCAA, particularmente a leucina, podem apresentar efeitos anabólicos no metabolismos de proteínas, aumentando significativamente a síntese e diminuindo a degradação da musculatura após o exercício. Os BCAA apresentam efeitos anabólicos no músculo humano durante a fase de recuperação após exercícios de resistência, porém, durante os exercícios os resultados não foram esclarecedores, necessitando maiores estudos (Blomstrand e Saltin, 2001)

    Resultados semelhantes foram encontrados por Koopman et al. (2005) os quais experimentaram, em homens adultos, a ingestão de proteínas, leucina e de carboidratos, de forma isolada ou associada. Os autores concluíram que a ingestão associada de proteína e leucina estimulou a síntese muscular de proteína e melhorou o equilíbrio protéico de todo o corpo, comparado com a ingestão isolada de carboidrato (Zeiser e Corseuil, 2009).

    A Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2003) sugere dados parecidos, afirmando que se ingeridos juntamente com soluções de carboidratos, após treinos intensos, os aminoácidos essenciais podem promover uma melhor recuperação do esforço seguido de aumento da massa muscular.

    Já Shimomura et al. (2004) constataram que a suplementação com BCAA antes e depois do exercício teve efeitos benéficos por diminuir danos musculares induzidos pelo exercício, além de promover a síntese muscular de proteínas; sugerindo a possibilidade de que a suplementação com BCAA tenha utilidade positiva em relação à prática de exercícios e esportes. Efeitos semelhantes foram encontrados por Greer et al. (2007) em homens universitários destreinados, durante exercícios prolongados de resistência.

Conclusão

    Os efeitos da suplementação de aminoácidos sobre a performance e também a regeneração muscular em exercícios e nos esportes, têm se constituído em importante objeto de estudo.

    Alguns trabalhos mencionam que os aminoácidos tem um papel importante no que diz respeito à síntese proteica no pós-treino, no qual demonstra que a leucina estimula a síntese de proteínas do músculo após o exercício.

    É evidente que ainda são poucos os estudos evidenciando que altas doses de leucina isolada pode ser capas de surtir efeito se comparados a refeição. Alguns estudos mostram que a administração de leucina isolada ou combinada com carboidrato, resulta em melhores resultados, se comparadas as proteína de uma refeição, indicando a capacidade de aumentar a recuperação da síntese proteica, como descrito em literatura por Koopman e seus colaboradores (2006).

    Estudos como o de Rieu e colaboradores (2006) que compararam se a suplementação para idosos com leucina poderiam aumentar a síntese proteica são muito importantes, pois os resultados se mostraram positivos independentes do aumento da concentração dos outros aminoácidos.

    Outros estudos como o de Blomstrand e seus colaboradores (2006) mostram a importância dos aminoácidos durante o exercício, e como surtiu efeito positivo no pós-exercício. Para Cynober e Harris (2006); e Kimbal e Jefferson (2006), a suplementação principalmente de leucina pode acelerar a reparação de danos musculares após o exercício.

    Pode se dizer que a suplementação de leucina em indivíduos e em ratos se mostrou estimuladores no processo de síntese proteica muscular, isso em testes nos quais foram submetidos. A maioria dos estudos relacionou que a leucina associada a carboidratos podem ter um maior efeito se tratando de síntese proteica. Observa-se que o consumo pode ser benéfico, ingerido sozinho ou associado a outros nutrientes, se confirmada à necessidade e, desde que haja acompanhamento de profissionais da área da saúde, como médicos, nutricionistas e educadores físicos.

    Considerando-se toda a gama de informações a respeito deste importante tema, notaram-se algumas discordâncias entre resultados, observando-se que o conhecimento sobre seus efeitos geram algumas dúvidas.

    Conclusivamente, com relação aos efeitos da suplementação de leucina, fica bastante clara a necessidade de que mais pesquisas científicas sejam realizadas, para que seja averiguado seu real benefício e em quais casos a mesma poderá ser aplicada.

Bibliografia

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