Wushu moderno. Motivações dos atletas de nível mundial Wushu moderno. Las motivaciones de los deportistas de nivel mundial Modern wushu. Motivations of high-level athletes |
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*Departamento de Investigação da Escola de Artes Marciais Chinesas She-si **Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – ICBAS (Portugal) |
Jorge Magalhães Rodrigues* ** Mariana Mestre** |
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Resumo Com esta investigação procurou-se entender um pouco mais acerca das motivações dos atletas de Wushu moderno de alto-nível, para a prática da modalidade. Efetuou-se um questionário a 41 participantes com o objetivo de responder às seguintes questões: 1) Quais são as maiores e menores motivações dos atletas de alto nível para a prática do wushu? 2) Estas motivações variam consoante: a) género, b) vertente de competição, c) geografia e cultura, d) idade e e) experiência na prática da modalidade? De uma forma geral, verificou-se um padrão favorável na relação entre as motivações intrínsecas e extrínsecas nos atletas de alto-nível. No entanto, o sexo masculino apresenta uma motivação extrínseca ligeiramente mais elevada que o sexo feminino. Os atletas das diferentes vertentes apresentam-se sem diferenciações nas suas motivações, enquanto a cultura e a política aparecem como fatores influenciadores. Por fim, conforme a idade e a experiência na modalidade, os atletas tendem a ver a prática do wushu ligeiramente diferente, relativamente à performance e ao bem-estar físico e saúde. Unitermos: Motivação. Wushu. Alto-nível. Atletas. Artes marciais chinesas.
Abstract With this research we tried to understand a little more about the motivations of high-level modern wushu athletes. A questionnaire was carried out on 41 participants with the objective of answering the following questions: 1) What are the major and minor motivations of the high-level athletes for the practice of wushu? 2) This motivations vary with: a) gender, b) competition category, c) geography and culture, d) age and e) experience in the practice of the sport? Generally, it was a verified a favourable pattern in the relation between intrinsic and extrinsic motivations in the high-level athletes. However, the male gender presents a slightly higher extrinsic motivation than the female gender. The athletes from the different categories show no differentiation in their motivations, while culture and politics appear as influencing factors. Ultimately, according to age and experience in the sport, the athletes tend to see wushu practice slightly different, relatively to performance and the well-being and health. Keywords: Motivation. Wushu. High-level. Athletes. Chinese martial arts.
Recepção: 18/02/2015 - Aceitação: 28/03/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo Kuan e Roy (2007), o wushu abarca todos os tipos de artes marciais chinesas. Começou sendo uma arte de defesa pessoal utilizada contra animais selvagens e outros humanos. Mais tarde passou a ser utilizado em guerra e, gradualmente, transformou-se num desporto internacional totalmente desenvolvido.
“A motivação representa uma das mais importantes variáveis no desporto. De facto, treinadores e atletas concordam que a motivação é um dos elementos chave que facilitará não só o rendimento mas também uma experiência positiva na área desportiva” (Vallerand, 2004)
De acordo com Woolfolk e Nicolich (1984), a motivação incide sobre 3 questões essenciais: (1) O porquê de um sujeito iniciar uma determinada atividade, (2) o porquê deste se concentrar nessa atividade e (3) o porquê de se manter na realização desta.
Assim, definimos a motivação como um “processo que leva o sujeito a iniciar uma atividade, a orientá-la em função dos objetivos pessoais com um determinado grau de empenho, a prossegui-la e a termina-la” (Cid, 2002, p.1).
No entanto, as razões que levam os indivíduos a participarem em atividades físicas variam, conferindo dinamismo à questão, como refere Cratty (1984).
Dessa forma, alguns autores consideram a existência de dois tipos de motivação: as normalmente denominadas de motivações de carácter intrínseco e extrínseco.
Mais relacionadas com a prática desportiva em si, as motivações intrínsecas são mais duradouras e persistentes (Bruner, 1966), e que para as compreender há a necessidade de entender e explorar os sentimentos que a prática provoca nos indivíduos.
Por seu lado, as motivações de carácter extrínseco estão relacionadas com as recompensas que a prática pode proporcionar (Cruz, 1996).
Ainda acerca destas duas fontes de motivação, Singer (1984, citado por Serpa, 1991), refere que “os motivos intrínsecos não existem sem os extrínsecos, sendo os primeiros são condição necessária dos segundos”. Ou seja, os motivos intrínsecos determinam os extrínsecos e estes, por seu turno, regulam os primeiros na medida em que se não existir um motivo extrínseco, o sujeito pode não se sentir motivado para determinada ação ou atividade, uma vez que não se sente totalmente satisfeito, mesmo tendo uma elevada motivação intrínseca. Este facto assume uma maior relevância em crianças e jovens (Cid, 2002).
Tendo em conta tudo isto, é também importante considerar que a motivação é uma área complexa e pluridisciplinar (Brito, 1994), sendo difícil encontrar uma teoria geral que apresente uma explicação completa.
Métodos e procedimentos
Este estudo envolveu 41 participantes (11♀ e 28♂, 2 não responderam), com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos (x=24,38 σ=5,09).
Os participantes tinham entre 2 e 30 anos de prática de Wushu, sendo a média de 11 anos (σ=4,8), eram provenientes de 3 continentes (Europa, América e Ásia) e praticantes tanto de Taolu como Sanda/Sanshou.
Todos os participantes competiram no 11º Campeonato do Mundo de Wushu realizado em Ankara – Turquia, em 2011.
O principal objetivo deste estudo foi procurar entender quais as motivações dos atletas de nível mundial para a prática do Wushu.
Procura-se também observar se estas se alteram em função da idade, género, tempo de prática, vertente competitiva e geografia/residência.
O instrumento de avaliação usado neste estudo foi o P.M.Q. (Participation Motivation Questionaire) de Gill, Gross e Huddleston (1983).
Respeitando as normas internacionais de experimentação com humanos, foi dado conhecimento aos participantes do assunto do estudo. Após o consentimento para que as suas respostas pudessem ser utilizadas, seguiu-se o preenchimento e recolha dos dados do questionário.
Todos os dados foram recolhidos durante e após o campeonato do mundo de Wushu em Ankara, Turquia.
O tratamento dos dados foi realizado no programa PASW Statistics 18, utilizando o Mann-Whitney para observar as diferenças entre os géneros e tempo de prática da modalidade, e o teste de Krustal-Wallis para observar as diferenças entre os diferentes grupos de idade, de residência geográfica e de vertentes de competição.
Todas estas variáveis foram analisadas em função das respostas dadas nos questionários. O nível de significância foi fixado em 5%.
Para o teste de Mann-Whitney: Os grupos de género ficaram divididos como “Feminino” (n=12) e “Masculino” (n=25). A divisão consoante os anos de prática foi “2 a 10 anos” (n=21) e “11 aos 30 anos” (n=19).
Para o teste de Krustal-Wallis: Os grupos de idade ficaram divididos em “18 aos 21 anos” (n=12), “22 aos 24 anos” (n=15) e “25 aos 40 anos” (n=13). A divisão por grupos relativo à residência geográfica (Continental) foi “Europa” (n=18), “América” (n=11) e “Ásia” (n=10). E, por fim, os grupos relativos às vertentes de competição ficaram divididos em “Taiji” (n=2), “Norte” (n=21), “Sul” (n=11) e “Sanda/Sanshou” (n=3).
Resultados
Como se pode observar na tabela a baixo, as questões que se apresentam como fatores de maior motivação para a prática de Wushu destes atletas foram:
“Eu quero melhorar as minhas habilidades” (2,97); “Eu quero aprender novas habilidades” (2,89); “Eu gosto de fazer exercício” (2,84); “Eu quero continuar para um nível mais alto” (2,84); “Eu gosto do desafio” (2,84); “Eu quero estar fisicamente bem” (2,74); e “Eu gosto de me divertir” (2,68).
Tabela 1. Fatores de maior motivação
Observando agora as questões que se apresentam como fatores de menor motivação para a prática de Wushu por parte dos atletas, estas foram: “Os meus pais ou amigos próximos querem que eu pratique” (1,61); “Eu quero ser popular” (1,68); “Eu gosto de sair de casa” (1,87); “Eu quero libertar energia” (1,92) e “Eu quero ganhar estatuto ou reconhecimento” (2,03).
Tabela 2. Fatores de menor motivação
Relativamente às diferenças entre géneros, podemos observar os seguintes resultados para os fatores de maior motivação:
Tabela 3. Diferença entre géneros nas motivações de maior importância
Como se pode observar pelo quadro a cima, estatisticamente não se observaram diferenças significativas nas respostas dadas entre os dois grupos.
No entanto, mesmo não havendo diferenças significativas, existe uma leve tendência para o grupo Feminino valorizar mais as questões “Eu quero melhorar as minhas habilidades”, “Eu quero aprender novas habilidades”, “Eu gosto de fazer exercício” e “Eu gosto de me divertir”, enquanto o grupo Masculino valoriza mais as questões “Eu gosto do desafio” e “Eu quero estar fisicamente bem”.
Ainda relativamente às diferenças entre géneros, para os fatores de menor motivação temos:
Tabela 4. Diferença entre géneros nas motivações de menor importância
Nestes itens observamos apenas uma diferença significativa para a questão “Eu quero ser popular (0,015), em que há uma maior valorização por parte do grupo Masculino. Pode-se ainda afirmar que este grupo considera esta questão como sendo “De certa forma importante” para a prática do Wushu, de acordo com a média obtida (1,92), enquanto o género Feminino considera como “Nada importante” (1,25).
Para as questões “Eu quero libertar energia” e “Eu quero ganhar estatuto ou reconhecimento”, apesar de não existir diferenças entre os géneros, pelas médias obtidas (2, 1,84 e 1,83, 2,08) podemos também dizer que ambos os grupos consideram ser questões de moderada importância.
Focando agora nas diferenças relativamente às vertentes (Taiji, Norte, Sul e Sanda/Sanshou), observou-se os seguintes valores para as questões de maior importância:
Tabela 5. Diferença entre vertentes de competiçao nas motivações de maior importância
Como podemos observar pelos valores de prova, não se observou diferenças estatisticamente significantes entre os vários grupos de vertentes ou estilos de competição de Wushu moderno.
Nos itens menos valorizados temos:
Tabela 6. Diferença entre vertentes de competiçao nas motivações de menor importância
À semelhança dos resultados anteriores, não se encontraram diferenças significativas entre os diferentes grupos de atletas.
Apesar de se observar médias com valores bastante afastados, os respetivos desvios padrão explicam o porquê de, mesmo assim, não haver diferenças significativas. Tal acontece devido aos grupos serem desequilibrados em termos de número de participantes.
Relativamente ao local de residência (divisão continental), temos:
Tabela 7. Diferença entre continentes nas motivações de maior importância
Nesta ocasião observou-se uma diferença entre dois grupos na questão “Eu quero estar bem fisicamente”, em que os atletas do continente europeu não parecem valorizar tanto, em comparação com os atletas do continente Americano.
No entanto, relativamente às restantes questões, não se observaram diferenças entre qualquer um dos grupos intervenientes.
Para os itens menos valorizados, observou-se o seguinte:
Tabela 8. Diferença entre continentes nas motivações de menor importância
Relativamente às questões menos valorizadas, encontramos diferenças significativas na questão “Os meus pais ou amigos próximos querem que eu pratique”, os atletas do continente europeu são os que menos importância conferem, enquanto os atletas do continente asiático afirmam que, apesar de no geral este item ser o de menor importância, estes classificam-no como moderadamente importante para a prática do Wushu (2,11).
Apesar de não ser significativo (p=0,095), existe uma tendência para que os atletas americanos valorizem mais a questão “Eu gosto de sair de casa” em comparação com os atletas dos outros continentes e, na questão “Eu quero libertar energia”, os atletas asiáticos parecem valorizar tendencialmente mais a afirmação.
De seguida, tendo feito uma divisão em 3 grupos relativamente à idade, observamos os resultados para as questões de maior valorização:
Tabela 9. Diferença entre grupos de idade nas motivações de maior importância
Desta vez observam-se duas diferenças significativamente relevantes para um dos itens, “Eu quero estar bem fisicamente”.
Neste caso existem duas diferenças entre o grupo intermediário (22 aos 24 anos) e os dois outros grupos. Tendo em conta este resultado e as respetivas médias, tanto o grupo dos mais novos (18 aos 21 anos) e o dos mais velhos (25 aos 40 anos) valorizam mais esta questão que o grupo intermédio (22 aos 24 anos).
Podemos ainda afirmar que o grupo mais velho apresenta uma ligeira tendência para valorizar mais do que o grupo dos mais novos, apesar de entre estes dois grupos não se verificar uma diferença significativa.
Para as questões de menor importância:
Tabela 10. Diferença entre grupos de idade nas motivações de menor importância
Para este caso, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, o que mostra que para os itens de menor importância, existe um consenso entre os diversos grupos de idades.
Curiosamente, podemos observar que em todas as questões (excetuando a “Eu quero ser popular”), o grupo mais novo (18 aos 21 anos) apresenta médias intermédias na classificação das perguntas, o que indica que este grupo tem tendência para considerar as questões em causa como “de certa forma importante” na sua motivação para a prática do Wushu.
Relativamente aos anos de prática da modalidade, para as questões mais importantes temos:
Tabela 11. Diferença entre grupos de anos de prática nas motivações de maior importância
Uma vez mais, não se observaram diferenças significativas entre os grupos analisados. Desta forma, não parecem haver diferenças entre praticantes menos e mais experientes.
Por fim, os resultados para as questões de menor importância motivacional:
Tabela 12. Diferença entre grupos de anos de prática nas motivações de menor importância
Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos, no entanto, como tem acontecido em alguns casos, existe uma tendência para o grupo mais experiente em considerar as questões “Eu gosto de sair de casa” e “Eu quero libertar energia”, como de “certa forma importante”, tendo também acontecido essa situação para o questão “Eu quero ganhar estatuto ou reconhecimento”, mas desta vez tendo sido os dois grupos a considerarem este item “de certa forma importante”.
Resultados da questão opcional
Quando colocada a questão “Por favor ordene as seguintes palavras do ‘mais importante’ para o ‘menos importante’, tendo em conta a sua motivação para a prática do Wushu: Desenvolvimento das habilidades, Desenvolvimento Social, Diversão, Ganhar”, obtivemos os seguintes resultados:
Tabela 13. Frequencia en 1º, 2º, 3º e 4º lugar de quesao opcional
Como podemos observar pela tabela 13, é evidente que a palavra/expressão mais importante é a “Desenvolvimento das habilidades”, sendo que 85,7% a colocaram em 1º ou 2º lugar. Por outro lado, a palavra “Diversão” surge como a segunda palavra mais importante com 60% dos sujeitos a colocarem-na em 1º ou 2º lugar.
As palavras/expressões “Ganhar” e “Desenvolvimento Social” aparecem como menos importantes, tendo 71,4% e 74,3% (respetivamente) dos sujeitos, colocado em 3º ou 4º lugar.
Discussão
Como refere Fonseca (2000), conhecermos os motivos que levam as pessoas a praticar determinada atividade desportiva, vai permitir a existência de uma maximização dos seus níveis de motivação para essa atividade.
De acordo com a Teoria ERG de Alderfer (1972) e a Teoria das necessidades de Abraham Maslow (1954), um dos fatores mais importantes que leva a satisfação do ser humano é a necessidade de autorrealização (ou desenvolvimento). Assim, podemos dizer que os fatores de maior motivação dos atletas de Wushu se encaixam neste tipo de necessidades, sendo que estas estão relacionadas com a vontade de aprender e desenvolver habilidades, encarando como um desafio, querendo sempre atingir um nível mais alto.
Apesar dos estudos de Serpa (1992), Rego (1995) e Dias (1995) terem sido realizados apenas com jovens, os resultados relativos às motivações menor importância para a prática desportiva estão de acordo com os resultados aqui obtidos, observando-se uma menor importância nos itens de carácter extrínseco relativos à popularidade, estatuto e reconhecimento, de pressão por parte dos pares e no gosto em sair de casa.
Tendo em conta o referido acima, Vallerand (2004) afirma que os resultados mais positivos surgem das formas de motivação intrínseca, enquanto os resultados mais negativos surgem das formas de motivação extrínsecas, de certa forma validando e confirmando que os atletas de alto nível no Wushu seguem o padrão ideal de motivações. Este padrão é também facilmente percetível pelas respostas dadas na questão opcional, em que as dimensões motivacionais intrínsecas se sobrepõem totalmente às de carácter extrínseco.
Relativamente ao género, o principal resultado indica que os atletas masculinos consideram o ganho de popularidade como motivação de certa forma importante para a prática da modalidade, enquanto as atletas femininas consideram a mesma questão como pouco ou nada importante. Esta maior orientação para o ego por parte dos atletas masculinos é observada também em estudos de outros autores como Duda (1988,1989), Kavussanu e Roberts (1996), Ntoumanis e Biddle (1999) e White et al. (1998).
No que toca às vertentes competitivas, não se observou nenhum resultado significativo sugerindo que as motivações dos atletas não variam consoante o estilo ou vertente de competição.
Ao nível da divisão continental, começamos logo por observar que os atletas do continente americano dão maior importância ao bem-estar físico quando comparados com os atletas europeus. Podemos pesar que tal situação acontece devido a fatores culturais e de interpretação da própria expressão, por exemplo, no Brasil é um conceito que a população valoriza pois vê sobretudo “estar fisicamente bem” como um estímulo visual geralmente desejado e, por outro lado, nos Estados Unidos da América tem vindo a haver uma estabilização no que diz respeito há obesidade (FAO, 2013), certamente por intervenção e divulgação do conceito de saúde, bem-estar e exercício físico o que leva, também, a uma valorização da expressão “estar fisicamente bem”.
Em segundo lugar, ainda no mesmo tema, observamos uma diferença significativa no item “Os meus pais ou amigos próximos querem que eu pratique”, sendo que os Europeus desvalorizam totalmente esta questão, enquanto os Asiáticos consideraram esta questão como “de certa forma importante”. Tal demonstra a diferença entre culturas em que, no ocidente a pressão dos pares parece ser mínima enquanto no oriente esta pressão parece ter um peso considerável nas motivações dos atletas. Esta pressão, evidencia-se em entrevistas realizadas por Mark Moran (2010) a atletas de Shaanxi – China.
Focando agora na divisão por grupos de idades, a única diferença que se observou foi para o item “Eu quero estar fisicamente bem”. Nesta questão, os atletas com idades intermédias (22 aos 24 anos) foram os que menos importância deram, tendo tanto os mais novos (18 aos 23 anos) como os mais velhos (25 aos 40 anos) dado uma importância mais elevada. Apesar de não ser significativo, os mais velhos têm tendência para valorizar um pouco mais que os mais novos.
No entanto, apesar de o grupo intermédio ser o que menos importância conferiu á questão, consideram-na como bastante importante para a sua motivação.
Por fim, relativamente à divisão em grupos por anos de prática, não se observaram diferenças estatisticamente significativas sugerindo que as motivações pouco ou nada se alteram com a quantidade de experiência na modalidade.
Conclusões
De uma forma geral, podemos afirmar que o padrão ótimo de motivação intrínseca versus extrínseca é verificado para os atletas de wushu moderno, visto que os resultados mais favoráveis surgem da motivação intrínseca enquanto os menos favoráveis da motivação extrínseca.
Considerando o género, pode-se sugerir a ideia que os atletas do sexo masculino consideram a possível obtenção de popularidade como apelativo, e portanto motivando-os de certa forma e tal não acontecendo para o sexo feminino.
Nas diferentes vertentes de competição podemos sugerir que as motivações dos atletas pouco ou nada variam sendo que, o “background” cultural já se apresenta como uma determinante que influencia a perceção que um individuo tem relativamente aos motivos pelos quais pratica esta modalidade.
Por outro lado, sugere-se ainda que a pressão dos pares (neste caso dos pais) influencia consideravelmente a participação dos atletas asiáticos na prática do Wushu, sendo que é neste continente que a modalidade está mais enraizada, quer seja por influência cultural, quer seja por influência governamental.
Ainda, tendo em conta os resultados obtidos, a média de anos de prática da modalidade (11 anos), a média de idades (24 anos), o pico de performance situar-se entre os 23 e os 25 anos e a seguinte citação: “O nível mais elevado de performance humana nos diferentes domínios pode apenas ser atingido após cerca de 10 anos de prática deliberada, extensiva e diária.” (Ericsson e Lehmann, 1996)
Podemos sugerir que os atletas de Wushu moderno, que se enquadram nestes parâmetros, se focam mais em questões relacionadas com a performance, não dando tanta importância a outros fatores como o bem-estar físico e a saúde.
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