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Obesidade e atividade física: um relato de experiência

Obesidad y actividad física: un relato de experiencia

 

*Especialista em Metodologia do Ensino da Educação Física – UFRGS

Professor do Colégio de Aplicação - UFRGS

**Mestre em Ciências do Movimento Humano – UFRGS

Professor de Educação Física

Marco Aurélio Fabrício*

Rafael Gambino Teixeira**

kaioprof@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo pretende discutir as atribuições da atividade física para a conseqüente e real perda de peso. Pretende ainda, decorrer sobre a obesidade, suas causas e conseqüências, bem como, auxiliar e informar aos profissionais, a importância da atividade física como fator determinante no processo de emagrecimento. Por se tratar de um relato de experiência, coube ainda, realizar uma aproximação da realidade das academias com a temática em questão.

          Unitermos: Atividade física. Obesidade.

 

Resumen

          Este estudio tiene como objetivo analizar las funciones de la actividad física y la consiguiente pérdida de peso real. También tiene la intención de profundizar sobre la obesidad, sus causas y consecuencias, así como ayudar e informar a los profesionales, la importancia de la actividad física como un factor determinante en el proceso de pérdida de peso. Debido a que es un relato de experiencia, también se realiza una aproximación a la realidad de los gimnasios en torno al tema en cuestión.

          Palabras clave: Actividad física. Obesidad.

 

Recepção: 12/09/2014 - Aceitação: 22/12/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    As discussões acerca da importância de uma prática sistemática de atividade física no combate a obesidade vem se tornando cada vez mais presente no cotidiano dos profissionais da área. Especificamente nas academias, venho presenciando um grande número de pessoas focadas neste objetivo, com uma maior margem do sexo feminino, com faixa etária entre 25 e 45 anos, preocupadas com a manutenção do peso ou em luta contra o sobrepeso.

    Considero preocupante os casos em que, a obesidade gera transtornos para esta parcela de alunos, induzindo-os a procurar a atividade física como solução objetiva ou mesmo paliativa para seu emagrecimento sem averiguar as causas ou conseqüências destes para sua saúde. Esta afirmativa, no entanto, baseada em minha realidade profissional evoca a necessidade de aprofundarmos estudos nesta temática, sobre como realmente à obesidade e a atividade física podem relacionar-se de forma positiva.

    A obesidade além de causar transformações físicas na pessoa, causa também frustrações psicológicas e sociais. É muito comum em nosso dia-a-dia, nos depararmos com preconceitos e brincadeiras com os “mais gordinhos”, motivando-os a exclusão e por vezes, a depressão. Precisamos compreender que a obesidade não se dá apenas por excessos alimentares, é uma doença e precisa ser tratada.

    Nesta perspectiva, este estudo pretende discutir as atribuições da atividade física para a consequente e real perda de peso. Pretende ainda, decorrer sobre a obesidade, suas causas e conseqüências, bem como, auxiliar e informar aos profissionais, a importância da atividade física como fator determinante no processo de emagrecimento. Por se tratar de um relato de experiência, coube ainda, realizar uma aproximação da realidade das academias com a temática em questão.

1.1.     Justificativa

    Justifico e embaso a escolha por este tema, acerca das vivências cotidianas ao longo de minha profissão. Antes da conclusão da graduação em educação física e em minha experiência profissional, tive a oportunidade de trabalhar em diversas academias, o que me fez refletir uma inquietude quando se tratava do planejamento desenvolvido por professores no intuito de elaborar atividades realmente pontuais no objetivo do emagrecimento para os alunos.

    Mas não basta apenas discutir isso, precisamos elaborar formas de efetivar a prática aos reais objetivos dos alunos, com boa base teórica, conteúdos adequados e intervenções positivas. Assim, na tentativa de esclarecer a real importância da atividade física como meio de combater a obesidade, desenvolvi este estudo.

2.     Metodologia

2.1.     Delineamento do estudo

    Esse estudo se caracteriza como sendo um relato de experiência, onde se estruturou um aprofundamento teórico sobre quais seriam os benefícios da atividade física no emagrecimento e combate a obesidade.

2.2.     Trajetória de pesquisa

    A construção desta pesquisa se originou através das disciplinas realizadas no Curso de Especialização em Metodologia do Ensino da Educação Física na Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A estruturação do projeto iniciou-se com a seleção e avaliação de diversas fontes de informações sobre o tema, sendo finalizada com a redação final do texto.

3.     Referêncial teórico

    Em função do propósito desta pesquisa, decidiu-se por um referencial teórico que pudesse fornecer o embasamento necessário para melhor compreensão do tema em questão, desta forma, apresenta-se primeiramente o tópico que trata da Obesidade. Em seguida, abordam-se as relações da Atividade Física com a Obesidade.

3.1.     Obesidade

    A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal. É considerado, sem dúvida alguma, um grande problema da sociedade moderna e globalizada, atingindo elevadas proporções entre a população brasileira. Sedentarismo, alimentação inadequada, hábitos alimentares, entre outros, são alguns dos fatores responsáveis pelo aumento na incidência da obesidade na população (DAMASO, 2001).

    Este excesso de gordura a níveis críticos tem sido motivo de preocupação nos estudiosos deste assunto. A obesidade surge como fonte desencadeadora de doenças crônicas, como, por exemplo, a hipertensão, doenças renais, diabete, doenças pulmonares, osteoartrite, entre outras (MACARLDE; KATCH, 1986). Neste sentido, a obesidade deve ser considerada de grande risco, pois, atua diretamente na instalação de processos degenerativos na população, acarretando além de moléstias metabólicas, um estigma social negativo e redução da capacidade de esforço físico.

    Os fatores nutricionais são mencionados como fatores determinantes da obesidade. Os excessos alimentares e a má orientação na alimentação representam um co-fator importantíssimo no surgimento da obesidade, o total de calorias, a composição da dieta, o tamanho e a freqüência da refeição estão associados nesta condição (PINI, 1983).

    É muito comum, observarmos nas academias, indivíduos obesos ou com sobrepeso realizando exercícios de alta intensidade com o intuito de diminuir o peso corporal. Estes mesmos alunos, por vezes, relatam não se alimentarem mais de forma constante ou mesmo, que deixam de fazer algumas refeições, associando o seu sobrepeso ao fator alimentação. Porém, não devemos associar a obesidade apenas ao excesso alimentar, estudos (BUTTE; NGUYEN, 2010; NOGUEIRA, 2009) apontam que a inatividade física esta mais ligada ao problema do que a superalimentação. As pessoas carentes de movimentação acumulam um excesso de gordura a níveis críticos. Esta carência de movimentos surge no momento em que o progresso social avança e novas tecnologias substituem em parte a ação do homem. Nesta situação, o indivíduo tende a diminuir a sua atividade corporal, diminuindo também a queima de energia o que acarreta a queima de energia e a freqüência do excesso de peso (MACARLDE; KATCH, 1986).

4.     Atividades física e a obesidade

    Chegando ao ponto principal deste estudo, fixo minha preocupação em pesquisar um dos recursos mais buscados (muitas vezes classificado como solução) para o tratamento da obesidade. Será a atividade física solução eficaz no combate a obesidade?

    Evidentemente que, se fizermos tal questionamento para o público geral a resposta surgiria favorável, bem como, nas pesquisas recentes onde o efeito do exercício tem colaborado para a diminuição da adiposidade corporal. A atividade física desempenha um papel decisivo, não apenas pela sua contribuição para o equilíbrio e balanço energético, mas também reduz os riscos de doenças associadas à obesidade (SANTOS, 2011). Alguns estudos apontam que a prática regular de atividade física auxilia na redução dos triglicerídeos e do LDL – colesterol e aumento do HDL – colesterol, porém, estes ganhos positivos se revertem no momento em que a atividade física for interrompida. O sucesso de programas preventivos da obesidade depende da habilidade em desenvolver abordagens que garantam o envolvimento das pessoas em padrões de estilo ativo por todo o ciclo da vida (DINIZ; MACHADO, 2012).

    Muitas pesquisas (REIS, 2009; FERNANDEZ; MELLO; TUFIK, 2004; POWERS; HOWLEY, 2000) evidenciam ainda, a necessidade de haver, junto com o exercício, uma redução na ingesta calórica dos indivíduos, ou, uma orientação nutricional junto à realização dos mesmos. Numa ingesta alimentar sem controle, é quase impossível manter o equilíbrio em compensar os gastos energéticos podendo então, tornar a atividade física ineficiente, pois, há mais consumo do que gasto energético. O excesso de gordura é resultante de um desequilíbrio entre o número de calorias consumidas e o número de calorias gastas.

    Fernandez, Mello e Tufik (2004) em seu estudo, evidenciaram diminuição na gordura corporal e IMC dos participantes, tanto com a prática de exercícios aeróbicos como de exercícios anaeróbicos associados a uma orientação nutricional. O programa de treinamento durou três meses com a prática de atividade física três vezes por semana com 50 minutos de execução. Apesar da diminuição da gordura corporal ser observada na prática dos dois tipos de exercício, os exercícios aeróbicos foram mais efetivos para essa meta.

    Observando os alunos em suas atividades na academia, percebo que quando existe a associação da atividade física com um equilíbrio alimentar, torna-se um método mais eficazes na manutenção do peso. Porém, pouco consigo observar de instrução adequada para esta orientação nutricional no ambiente de academias. Indivíduos fisicamente ativos têm peso corporal menor, com melhor distribuição de gordura corporal. Com a atividade física, a perda de peso se classifica de melhor qualidade, pois é favorável na manutenção de massa corporal magra e na perda de tecido adiposo, em relação às dietas com restrições severas alimentares, sem associação com atividades físicas (REIS, 2009).

5.     Considerações finais

    Esta pesquisa objetivou tratar da obesidade e sua relação com a atividade física, um assunto muito importante e que está relacionado com as preocupações sociais dos indivíduos. Digo sociais porque nossa sociedade é taxativa no sentido de criticar aspectos que fogem de um padrão preestabelecido, no caso, a estética corporal.

    A obesidade, assunto abordado nesta pesquisa, trás enormes prejuízos à pessoa, tanto no aspecto físico como no psicológico, social e orgânico. Obesidade é uma doença e, atribuir apenas à superalimentação como sua causa principal é uma forma de ignorar outros fatores como a inatividade física, fatores endócrinos, hipotalâmicos, genéticos e que agem de forma diferenciada no excesso de peso corporal. O excesso de gordura a níveis críticos representa um perigo à saúde, podendo levar a um quadro grave de doenças crônicas, cada vez mais freqüentes nos dias atuais e, preocupação constante dos indivíduos que cada vez mais buscam as academias de ginástica como alternativa para o combate ao problema.

    Com esta preocupação e no intuito de se adequar aos padrões de beleza e estéticos corporais, é muito comum no dia a dia, observarmos nas academias, indivíduos obesos buscando única e exclusivamente a finalidade de perder peso. A atividade física regular é essencial para a redução do peso corporal, desde que, relacionada com uma restrição alimentar na qual se consiga manter um equilíbrio calórico negativo.

    Preocupo-me, no entanto, com a situação das academias quanto ao objetivo dos alunos em reduzir o peso. Será que as academias estão realmente preparadas para desenvolver um trabalho que objetive a perda de gordura corporal? E os alunos são orientados a conhecer as reais causas da obesidade? Os profissionais estão realmente preparados e tem conhecimento do assunto? Evidentemente, é preciso questionar sobre o funcionamento das academias, no sentido de poder avaliar suas estruturas, não só físicas, como pedagógicas, na intenção de adequá-las a cumprir fielmente as demandas dos alunos. Combater a obesidade é, hoje, um dos principais objetivos de quem procura uma academia, portanto, elas devem estar preparadas e prontas a receber seus alunos com conhecimento, onde teoria e prática interagem numa relação mútua, sempre considerando o aluno e sua individualidade.

Referências

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