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A importância do conteúdo dança no contexto
da Educação Física Escolar

La importancia del contenido baile en el contexto de la Educación Física Escolar

The importance of the dance in the context of the Scholar Physical Education

 

*Graduada em Educação Física, Faculdade Integrada da Grande Fortaleza.

**Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará – UFC/CE e professor

do módulo de Metodologia de Ginásticas II da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

***Mestranda/o em Ciências do Desporto, Universidade Trás dos Montes e Alto Douro, Portugal

(Brasil)

Leila Aparecida de Araújo*

Ana Elidiani Amorim De Sousa*

Thiago Medeiros da Costa Daniele**

Francisco Nataniel Macedo Uchoa***

Maria Tatiana de Lima Rocha Félix***

danielethiago@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como proposta investigar o porquê do conteúdo dança não está incluso nas aulas de educação física escolar, procurando identificar os reais motivos. Buscou-se também mostrar alguns benefícios que ela proporciona aos alunos, como desenvolvimento corporal, emocional e social. A partir da abordagem quantitativa, foram pesquisados 25 professores, do ensino fundamental I ao ensino médio, sendo 16 de escolas públicas e 09 de escolas particulares da cidade de Fortaleza-Ceará, no período de 23 de outubro a 24 de novembro de 2014. Como instrumento de coleta foi aplicado um questionário semi estruturado com 05 perguntas fechadas de caráter objetivo. Os resultados mostraram que os educadores acham importante a dança no contexto escolar, pois sabem que elas trazem inúmeros benefícios, tais como o aumento da autoestima, consciência corporal e do espaço, habilidades, equilíbrio, flexibilidade, coordenação motora, respeito ao próximo, atenção, disciplina entre outros, sabem que ela faz parte de um dos conteúdos que estão nos PCNs, mas só a aplicam às vezes, pela falta de afinidade com a mesma.

          Unitermos: Dança Educação. Educação Física Escolar.

 

Abstract

          This study aimed to investigate why the dance content is not included in school physical education, trying to identify the real reasons. The aim was also to show some benefits it provides to students, as body, emotional and social development. From the quantitative approach, were surveyed 25 teachers, elementary school to high school, and 16 public schools and 09 private schools in the city of Fortaleza, Ceara, in the period from October 23 to November 24, 2014. As collection instrument was applied a semi -structured questionnaire with 05 closed objective character questions results showed that educators find important dance in schools, because they know that they bring numerous benefits, such as increased self-esteem, body awareness and space, skills, balance, flexibility, coordination, respect for others, attention, discipline among others, know that it is part of one of the content that is in the PCNs, but only to apply the times, lack of affinity with it.

          Keywords: Dance Education. Physical Education.

 

Recepção: 14/02/2015 - Aceitação: 12/04/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A dança atualmente é um dos grandes desafios enfrentados nas escolas pelos professores de Educação Física. Devido às dificuldades encontradas, como: o preconceito por parte de pais e alunos, a influência da mídia que determina alguns ritmos específicos, a falta de conhecimentos dos docentes sobre o assunto e a falta de interesse de alguns profissionais em trabalhar com ela. Com isso fica difícil compreender os seus benefícios e o seu importante papel no contexto escolar.

    A opção de trazer este tema como pesquisa acadêmica teve início, ao perceber a exclusão da dança nos conteúdos escolares e ver que ela só está sendo utilizada em datas comemorativas como: carnaval, dia do índio, dia das mães, festas juninas, dia dos pais, entre outras ou como atividade extracurricular. Desde 1997 a mesma foi incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs, por saber-se que ela contribui para obter autoestima, socialização, coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade, ritmo, raciocínio e muito mais, claro que dependendo do tipo de metodologia adotada.

    O profissional de Educação Física deve orientar pais, alunos e diretores sobre a importância de se trabalhar com essa arte no meio escolar, pois ela proporciona aos alunos uma diversidade de experiências através de situações nas quais elas possam criar, inventar, descobrir movimentos novos, além de conhecer o próprio corpo. Sendo assim, por que os professores tem tanta resistência em trabalhá-la nas escolas? Por que se sentem inseguros em ensiná-la?

    O objetivo deste trabalho é investigar o motivo da ausência da prática da dança de forma sistematizada do contexto escolar. A partir daí mostrar os benefícios da mesma, ajudando o professor a refletir sobre todos os questionamentos levantados anteriormente, e contribuir de alguma maneira para a decisão de como e qual método possa ser inserido em suas aulas.

    O presente estudo justifica-se a pesquisar quais os motivos, apesar de seus inúmeros benefícios, a dança não é utilizada nas aulas de educação física da escola e também buscar dados que auxiliem o professor para que a incluam em suas práticas.

1.1.     Dança

    A Dança é considerada a primeira manifestação expressiva do ser humano, usada para se comunicar com a natureza e com os deuses.

    Segundo Nanni apud Rangel (2002), “Danza, dança, vem de TANZ, derivada da raiz de TAN que em sânscrito significa linguagem”.É caracterizada como a arte do movimento e da expressão, onde você expressa sentimentos como emoções, desejos, alegrias e outros. É uma atividade que beneficia a todos aqueles que a praticam.

    Considerada como a mais antiga dentro das manifestações humanas, registros comprovaram que o homem primitivo através dos desenhos de figuras encontradas nas paredes e nos tetos das cavernas, no período paleolítico, já dançava. Por inúmeros significados: magia, ritual, cerimonial, expressão popular e o prazer em se divertir. Também servia para chamar atenção, avisar que havia perigo, e de acordo com Rangel (2002) “acreditava-se que essas danças podiam atrair os animais para a caça e teriam o poder de ajudar a lidar com as forças da natureza”. Começaram a usá-las antes mesmo de falar, se expressavam por intermédio de gestos e, inconscientemente, usando o corpo como instrumento.

    Com a evolução das antigas civilizações essa manifestação foi se diversificando em muitas formas de expressão e interpretação. Foi no final do século XX, que ela aos poucos foi se libertando do único papel que teve, as de estruturas tradicionais para dar lugar a expressões individuais. Criando assim, várias classificações e etapas. Evoluiu-se da seguinte trajetória: o templo, a aldeia, a praça, o salão e o palco. Para este autor, a dança divide-se em três partes: étnica (vinculada com o ato religioso), folclórica (reflete a necessidade do homem em expressar seus hábitos e costumes), teatral (envolve vários estilos, como: ballet clássico, jazz, sapateado e outros). A de salão é como ligação entre a segunda e a terceira etapa. (Faro,1987, apud Rangel 2002)

    Na trajetória da história da dança desde sua origem, até os dias de hoje, é possível perceber a presença dela, nos momentos mais simples, quanto nos momentos da nossa história que marcaram época na sociedade.

    Para entender a importância de inserir a dança na escola é importante conhecer os benefícios que ela proporciona, estimulando o desenvolvimento integral do aluno abordando seus aspectos físicos, sociais e afetivos.

1.2.     Benefícios da dança

    Para Achcar (1998), a dança é fundamental, tanto para formação artística quanto integração social. Tudo porque ela desenvolve os estímulos: Tátil- sentir os movimentos e seus benefícios para o seu corpo; Visual- ver os movimentos e transformá-los em atos; Auditivo- ouvir a música e dominar o seu ritmo; Afetivo- emoções e sentimentos transpostos na coreografia; Cognitivo- raciocínio, ritmo, coordenação; Motor- Esquema corporal. Desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio e flexibilidade.

    Além de proporcionar a saúde tanto mental como corporal ela tem outros benefícios como: criatividade, socialização, consciência corporal e do espaço, musicalidade, atenção, tolerância, respeito ao próximo, e um ponto que se tem mais mencionado pelas pessoas que observam o que o ensino da dança proporciona, a disciplina, a partir dela é que a responsabilidade começa a fazer parte do cotidiano escolar. (Santos, 2012).

    Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (2000, p.53) mostra que através desse conteúdo os alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, e direção.

    Podemos também incluir entre os benefícios da dança: que ela estimula a capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolvimento da memória; relação com os outros; desenvolvimento da personalidade; comportamentos e consciência corporal entre outros.

    Para Verderi (2009), “...a dança sendo um processo educacional, não se resume simplesmente em aquisição de habilidades, mas poderá contribuir para o aprimoramento dos padrões fundamentais do movimento das potencialidades humanas e em sua relação com o mundo”.

1.3.     Dança, Escola, Educação Física

    A dança no espaço escolar como conteúdo da educação física tem um papel fundamental no processo pedagógico, pois contribui com a educação e formação do aluno.

    No ano de 1997, teve reconhecimento nacional como forma de conteúdo a ser trabalhada na escola, sendo incluída nos parâmetros curriculares nacionais, (PCNs). A partir dessa inclusão a preocupação de algumas Universidades com relação a esse conteúdo na formação de professores aumentou, incluindo a dança nos currículos de graduação e pós-graduação.

    Segundo Marques (2012) mesmo assim, como em várias partes do mundo, persistem no Brasil alguns “desentendimentos” sobre esse campo de conhecimento que já foram, de certa forma, “resolvidos” em outras áreas do conhecimento como a Matemática, a Geografia, a Física. Na escola, em que área de conhecimento a dança seria ensinada? Arte? Educação Física? Será que estaria na hora de pensarmos em uma carga horária exclusivamente dedicada à dança? Ou ainda, será que deveríamos deixar o ensino de dança à informalidade das ruas, dos trios elétricos, dos programas de auditório, dos terreiros, da sociedade em geral? Mas o que é afinal a dança na escola? Área de conhecimento? Recurso educacional? Exercício Físico? Enfim, que nome daria à “dança na escola”? Expressão Corporal? Dança educativa? Educação pelo movimento? Entre tantos outros que escutamos por aí.

    Ao refletirmos o questionamento acima vimos que precisamos lançar um olhar mais crítico sobre essa atividade na escola, pois ela é sem dúvida um dos lugares privilegiados para o ensino da mesma e não pode mais ser só um sinônimo de festas comemorativas ou podemos dizer festinhas fantasmas. Na maioria das vezes o professor preocupado com essas apresentações, fazem inúmeras repetições seqüenciais de movimentos, que atrapalham o aluno na sua aprendizagem, fazendo com que o corpo fique em segundo plano, perdendo a liberdade de expressão, a espontaneidade e a compreensão dessa manifestação. Com isso fica a pergunta qual o motivo que o docente não a inclui em seu currículo? Será que é falta de informação da disciplina? Falta de afinidade?

    Ao tratar desse tema vemos é a parte do preconceito que ainda existe nas escolas com relação à aplicação desta atividade, muitos pais e alunos, não concordam que ela seja incluída no currículo escolar. Discutir a questão de gênero e problematizar a idéia (em nossa cultura) de que o homem não dança, deve ser trabalhado pelo educador como forma de mostrar ao aluno que isso não existe, todos podem dançar, independente de biótipo, sexo, etnia ou nível de habilidade. Tudo isso pode ser tratado através de vídeos e programas de televisão. (Darido, 2005).

    Ainda permeia em nossa sociedade certo receio, ou talvez medo, do trabalho com o corpo. Talvez seja novamente antigo e repetitivo falarmos do “corpo pecaminoso”, mas até mesmo a Igreja Católica, difusora dessas idéias e proibições, já tem amenizado estas “faltas graves” permitindo e incentivando alguns movimentos corporais de louvor em suas missas. (Marques, 2012).

    Para Claro (1988), “... a Dança e a Educação Física se completam... onde a Educação Física necessita de estratégia de conhecimento do corpo e a Dança das bases teóricas da Educação Física...”. Afirma também que o método dança-escola na Educação Física, pode ser vivenciada por qualquer pessoa, de ambos os sexos, diferentes biótipos, ou ainda em qualquer faixa etária. Além de desaprovar características que elitizam e discriminam, propõe uma atividade sem trabalhos estereotipados, procurando “respeitar” os princípios da individualidade do aluno.

    No contexto escolar a dança nas aulas de educação física, deve propiciar aos alunos atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação e também a sua reflexão sobre os resultados de suas ações. (Carbonera, 2008).

    Outro ponto que devemos observar é como termo usado “dança criativa”, aqui no Brasil foi batizada como “expressão corporal”, “dança expressiva” ou “método Laban”, para ele significa “dança educativa”, porque ela tem um papel de educar os alunos de uma forma integral. Muitos não sabem o seu significado, até mesmo alguns educadores, pensam que por se chamar criativa, deve somente ser utilizada em datas simbólicas.

    Um dos elementos que favorece a aprendizagem da dança na escola é o aspecto lúdico, presente em brincadeiras e pequenos jogos. Elas podem estar presentes no início da aula e dessa forma, contribuírem para que o aluno se envolva emocionalmente e interaja socialmente com os colegas, preparando-os para participar das atividades (González, 2014). As dificuldades encontradas pelos profissionais na aplicação do conteúdo em suas turmas estão relacionadas ao preconceito por parte dos meninos que são machistas, e das meninas que são influenciadas pela mídia (modismo), estabelecendo estilos de dança como axé e funk interferindo na cultura corporal de movimento.

    A dança dentro da disciplina de educação física faz parte das manifestações culturais, devido aos seus métodos criativos e expressivos e também por ser cultura de movimento que demarca expressões culturais de comunidades e povos.

    A Educação Física é compreendida como área de conhecimento que estuda as expressões humanas, chamadas “cultura corporal”, pode tratar a dança como um de seus conteúdos, desde que este não se resuma á formalidade da técnica de execução (Coletivo de Autores, 1992).

2.     Metodologia

    Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de campo, natureza quantitativa com corte transversal onde foi utilizado um questionário semi-estruturado com 5 perguntas fechadas, de caráter objetivo, relacionado com o tema pesquisado questionando sobre: a importância da dança na escola; seus benefícios; de que forma é utilizada ou se é utilizada nas aulas de Educação Física. Foi realizado no período de 23 de Outubro á 24 de Novembro, com 25 professores de educação física, entre 13 homens e 12 mulheres, do ensino fundamental I ao ensino médio, sendo 16 escolas da rede Pública e 09 escolas Particulares, de Fortaleza-Ceará.

    A aplicação foi feita integralmente por uma avaliadora, com tempo médio de aplicação foi de 5 minutos. Os critérios de participação foram: ser professor com ensino superior na área de Educação Física, ser efetivo na escola e não estar ausente das atividades escolares. Aceitando participar do estudo ao assinar o Termo de consentimento livre e esclarecido respeitando os aspectos éticos, onde no presente termo explica-se o conteúdo da pesquisa, e informa ao participante que os dados serão utilizados apenas para fins acadêmicos.

    Os dados foram tabulados no software Microsoft Office Excel 2010. E utilizou-se o tipo moda de estatística descritiva.

3.     Apresentação e discussão de resultados

3.1.     Apresentação de resultados

    De acordo com o que foi apresentado utilizou-se uma tabela para visualizar os resultados obtidos. A porcentagem mostra que a maioria dos professores reconhecem que o conteúdo dança nas aulas de Educação Física são importantes para os educandos.

Questionário

Resultados em porcentagem

1. Qual a importância do conteúdo “dança” nas aulas de educação física?

· Irrelevante

-

· Pouco importante

-

· Importante

48%

· Muito importante

52%

2. A dança é utilizada nas suas aulas de educação física?

· Nunca

28%

· Às vezes

52%

· Quase Sempre

8%

· Sempre

12%

3. De que forma a dança é utilizada no contexto escolar?

· Aplicada apenas em datas comemorativas.

40%

· A dança passa a ser dançada por dançar, sem um objeto, sem um contexto.

-

· Como mera oportunidade de reprodução de movimentos rítmicos.

12%

· Ou como conteúdo.

48%*

4. Quais os benefícios da dança no âmbito escolar?

· Contribui na educação motora consciente e global, no desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, expressão e corporeidade.

92%

· Não traz nenhum benefício, somente contribui para os eventos escolares.

8%

· Os profissionais de educação física não sabem os benefícios da dança na escola, por não terem tido esse conteúdo de forma eficiente na graduação.

-

· Traz benefícios somente para os profissionais de educação física auxiliando-o na construção de um currículo diversificado.

 

5. Quais os principais motivos de alguns professores de educação física não utilizarem a dança como conteúdo da disciplina escolar?

· Falta de afinidade.

36%

· Preconceitos dos pais e alunos.

12%

· Por não estar no planejamento curricular da escola.

20%

· Falta de preparo do conteúdo “dança” na graduação dos profissionais da educação física.

32%

    De acordo com os dados, na primeira questão 48% (n=12) dos professores consideram a dança um conteúdo importante, e 52% (n=13) consideram muito importante.

    Na segunda questão 28% (n=7) afirmam nunca terem utilizado a dança em suas aulas, 52% (n=13) às vezes, 8% (n=2) quase sempre e 12% (n=3) sempre utilizam a dança em suas aulas.

    Na terceira questão 40% (n=10) afirmam utilizar a dança em datas comemorativas, 12% (n=3) como mera reprodução de movimentos rítmicos, 48% (n=12) a utilizam como conteúdo.

    Em relação à quarta questão 92% (n=23) acreditam que a dança traz benefícios, e 8% (n=2) que não traz nenhum beneficio utilizada somente em datas comemorativa.

    Finalizando o questionário com a quinta questão, 36% (n=9) afirmam que não tem afinidade com o conteúdo e por isso não utilizam em suas aulas, já 12% (n=3) não utilizam por causa do preconceito de pais e alunos, 20% (n=5) afirmam que não está no planejamento curricular da escola e 32% (n=8) relata que não teve capacitação adequada na graduação.

4.     Discussão

    A partir das respostas que tivemos através da aplicação do questionário aos professores de educação física nas escolas de Fortaleza-Ceará, concluímos que: 52% acham muito importante a dança nas aulas de educação física, 52% aplicam esse conteúdo, 52% a utilizam ás vezes, 48% utilizam como conteúdo no contexto escolar, 92% sabem da importância dos seus benefícios e 36% não as colocam em prática por falta de afinidade.

    Essa pesquisa corrobora com Silva, (2012), quando conclui que a dança é considerada pelos profissionais de educação física muito importante no meio educativo, porque sabem que ela também é um conteúdo que deve ser ensinado, reconhecem que seus benefícios são de muita importância, porém constatou-se que a maioria dos entrevistados tem dificuldade em aplicá-la em razão de preconceitos, deficiência na formação da graduação, ausência de infraestrutura escolar, por não estar no planejamento curricular da sua escola ou por falta de afinidade.

    Para Santos (2012), em algumas instituições ainda restringem o uso dessa arte como um recurso pedagógico a ser utilizado em sala de aula, e a oferecem apenas nas aulas de educação física, ou ainda como uma atividade extracurricular da escola. Assim ele discorda com alguns colegas que a dança deva ser ensinada somente pelo educador físico para o desenvolvimento corporal, mas sendo utilizada também no processo de ensino/aprendizagem, com o objetivo de uma formação integral do aluno, sem que seja necessário deixar de lado os conteúdos programáticos. “Com isso se a dança for aplicada a partir da pré-escola, terá mais facilidade para ser alfabetizada”, conclui Santos.

    Em relação às questões que se referem de forma à dança é utilizada e os motivos da sua não utilização, Lisboa (2012), concorda com os 48% dos professores que responderam, afirmando que essa atividade só é aplicada na escola em festinhas comemorativas, e com os 32% que responderam não serem preparados na sua graduação para atuarem diretamente com esse tema. Lima (2011), também concorda com a conclusão de Lisboa e ainda coloca que falta interesse dos docentes em utilizá-la em suas aulas e de saber como e de que forma deva se ensinar esse conteúdo, é um dos pontos críticos desse assunto, pois assim favorece que a dança seja trabalhada somente como uma forma de recreação ou esporte. Lima também relata a relação dos mesmos com os alunos, que muitas vezes não é harmoniosa e interfere diretamente no processo aprendizagem.

    Nas questões relacionadas com a importância e os benefícios da dança na educação física Camargo (2010), também concorda com os resultados obtidos nessa pesquisa quando mostra que os educadores sabem da importância da dança, para as crianças, dos benefícios que ela traz tanto para a educação, como pra vida de forma geral. Porém esse tema ainda é pouco trabalhado nas instituições, embora haja professores adeptos ao seu uso. Silva (2010), conclui que os professores não tem consciência do papel que a dança desenvolve dentro de suas aulas, por não saberem ou não reconhecerem as contribuições advindas de suas práticas no âmbito escolar.

    Podemos observar por meio dessa discussão que esse tema ainda tem muito a ser discutido pela proporção que vem tomando e pelo espaço que devagar vem tendo nas escolas, por se notar o bem que ele faz aos que a praticam.

5.     Considerações finais

    Com base nos resultadosconcluí- se que a maioria dos professores não utiliza a dança em suas aulas, apesar de considerá-la um conteúdo importante e que proporciona benefícios tanto para a saúde mental como corporal. Percebe-se que isso acontece devido a alguns fatores, como a falta de afinidade por parte dos docentes, preconceito dos pais e alunos, falta de capacitação acadêmica, por não estar incluída no currículo da escola e pelo desinteresse de alguns.

    Vimos também a diferença que há nas escolas públicas e privadas, sobre o ensino da dança nas aulas de educação física. Nas privadas o Balé faz parte da instituição, porém limita-se somente as meninas. Nas públicas vemos uma exclusão, além de não se trabalhar com a dança nas aulas, nem mesmo em festinhas, a escola não oferece espaço, nem equipamentos de som entre outros, só vemos quadras para que outras atividades sejam dadas.

    Durante a pesquisa a única dificuldade encontrada, foi a recusa de algumas escolas particulares, que não permitiram a entrada da pesquisadora.

    Sugere-se mais pesquisas relacionadas ao tema, com o objetivo de mostrar como é importante para auxiliar o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. E a partir de novas idéias e discussões, buscar maneiras diferentes de ensinar a dança, estimulando o interesse e a capacitação dos professores que trabalham na escola para utilizarem em suas aulas.

Referências

  • Achcar, Dalal (1988). Balé uma arte. Rio de Janeiro: Ediouro.

  • Brasil (2000). Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A.

  • Carbonera, Daniele. A importância da dança escola. Pdf. No contexto escolar. Disponível em http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/file/2010/artigos-teses/EDUCACAO-FISICA/monografia/DANCA

  • Camargo, Daiana (2010). A dança inserida no contexto educacional e sua contribuição. Revista do Programa de Pós-Graduação em educação. Campo Grande, MS, v. 32, n.32 p.62-74.

  • Claro, Edson (1988). Método Dança – Educação Física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. São Paulo: E. Claro.

  • Coletivo de Autores (1992). Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez.

  • González, Fernando Jaime et al (2014). Ginástica, Dança e Atividades Circenses. Associação Brasileira das Editoras Universitárias.

  • Marques, Isabel A. (2012). Dançando na escola. 6ª Ed. São Paulo: Cortez.

  • Lima, Meireles Santos Atanazio da Silva (2011). A importância da dança no processo ensino-aprendizagem. Disponível em http://monografias.brasilescola.com/educacao/a-importancia-danca-no-processo-ensino-aprendizagem.htm. Acessado no dia 30 de outubro de 2014.

  • Lisboa, Gilvan da Silva (2012). A importância da dança nas aulas de educação física na escola. Santana do Ipanema. Disponível em http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5457/1/2012_GilvandaSilvaLisboa.pdf. Acessado no dia 01 de novembro de 2014

  • Portinari, Maribel (1989). História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

  • Rangel, Nilda Barbosa Cavalcante (2002). Dança educação, educação física: proposta de ensino da dança e o universo da educação física. Jundiaí, SP: Fontoura.

  • Santos, Neusa Romualdo dos (2012). A Dança e suas contribuições no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil. Colider 2012. Disponível em http://www.biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130522115050.pdf. Acessado no dia 01 de novembro de 2014.

  • Silva, Diego Santos (2010). A dança no âmbito escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 15, nº 150 novembro. http://www.efdeportes.com/efd150/a-danca-no-ambito-escolar.htm

  • Silva, Monique Costa de Carvalho et al (2012). A importância da dança nas aulas de Educação Física, 2012. Revista Mackenzie de Educação Física e esporte – VII, n. 2, 38-54. Universidade Gama Filho.

  • Suraya, Cristina Darido (2005). Educação Física no Ensino Superior. Educação Física na Escola Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

  • Verderi, Érica (2009). Dança na escola: uma abordagem pedagógica. São Paulo: Phorte.

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