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Objetivos e possibilidades de avaliação
na Educação Física escolar: uma revisão

Objetivos y posibilidades de evaluación en la Educación Física escolar: una revisión

 

Licenciado em Educação Física pelo Instituto Metodista Granbery, Juiz de Fora

Aluno dos cursos de Especialização em Metodologia da Educação Física Escolar

no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus

Juiz de Fora e Ensino da Educação Física para a Educação Básica

na Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Bruno Botti Esteves

bruno.edu.fisico@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Buscamos neste artigo de revisão bibliográfica, encontrar repostas para perguntas freqüentes no âmbito da Educação Física Escolar, como: qual o objeto de estudos e o objetivo da disciplina curricular? Existe avaliação em Educação Física? Assim, recorremos em nossa pesquisa, a documentos oficiais e a autores de grande prestigio nesta área acadêmica a partir da década de 1980, a fim de descobrir o que nos diz a literatura específica sobre estes questionamentos, vislumbrando uma clareza maior sobre a importância pedagógica e social da Educação Física Escolar como disciplina obrigatória na Educação Básica.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Objetivos. Avaliação. Professor.

 

Resumen

          Buscamos en este artículo de revisión la literatura, encontrar respuestas a las preguntas más frecuentes en el contexto de la Educación Física, cómo: ¿cuando es el objeto de estudio y el objetivo de la materia curricular? ¿Existe evaluación en Educación Física? Por lo tanto, recorremos en nuestra investigación, los documentos oficiales y autores de gran prestigio académico en esta área desde la década de 1980, con el fin de averiguar lo que la literatura nos dice acerca de estas preguntas, percibiendo una mayor claridad acerca de la importancia educativa y social Educación Física Escolar como asignatura obligatoria en la Educación Básica.

          Palabras clave: Educación Física escolar. Objetivos. Evaluación. Profesor.

 

Recepção: 02/01/2015 - Aceitação: 12/03/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Como docentes nos questionamos sobre alguns aspectos da Educação Física como disciplina curricular obrigatória na Educação Básica. Alguns deles são: Qual é seu objetivo pedagógico como ferramenta educacional no ambiente escolar? Qual é o seu objeto de estudo? Existe avaliação na Educação Física? Qual é a importância deste professor na formação humana dos alunos?

    Acreditamos então ser importante buscar respostas a esses questionamentos, a fim de contribuir para que professores e acadêmicos possam refletir para melhor atuarem e desenvolverem seus conteúdos durante as intervenções, como também para poderem se situar quanto a sua importância como educador no ambiente escolar.

    Consideramos que essas questões evidenciadas encontram embasamento e demonstram precisar de investigação, a partir de Gomes (2011), que afirma:

    Verifico, cotidianamente, que entre os futuros professores de Educação Física e os profissionais já formados há anos, ainda há uma grande dificuldade em definir o corpo de conhecimento da disciplina Educação Física, sua especificidade, seus objetivos, seu papel no espaço da escola e na inter-relação com as outras disciplinas (Gomes, 2011, p. 31).

    Revisaremos então em nosso artigo, através da bibliografia disponível, os objetivos da Educação Física Escolar, seu objeto de estudo e se realmente existe uma forma de avaliação na disciplina, como também, a importância do docente nessa relação de ensino-aprendizagem.

    Assim, pautados em autores e obras de grande importância no meio acadêmico a partir da década de 1980, período em que se iniciava o movimento renovador e crítico na Educação Física brasileira, identificaremos diversas perspectivas para definir o que deve ser ensinado e como deve ser a avaliação dos alunos e dos conteúdos apresentados durante as aulas da disciplina curricular.

Objeto de estudo e objetivos

    Inicialmente, citaremos Medina (1987, p.80), que baseado em uma concepção modernizadora afirma que: “[...] Educação Física é a disciplina que, através do movimento, cuida do corpo e da mente”. Kolyniak Filho (1996) define o objeto de estudo da Educação Física como, “o movimento humano consciente”, expressão que abrange segundo o autor, todas as manifestações corporais as quais o ser humano se organiza através de uma representação psíquica de significados que podem ser voluntários, ou até mesmo a observação reflexiva.

    O autor entende que a expressão “movimento humano consciente” privilegia a visão de homem como humano, onde o movimento foi sendo construído historicamente na relação entre homem e natureza e com seus iguais, negando assim: “[...] a visão que restringe a compreensão do movimento aos seus aspectos biológicos [...]” (Kolyniak Filho, 1996, p. 72).

    Dentro de uma perspectiva revolucionária, Medina (1987, p. 81) define a disciplina como: “[...] a arte e a ciência do movimento humano que, através de atividades especificas, auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua auto-realização”.

    A partir dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), deve-se entender a Educação Física Escolar como:

    [...] uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BRASIL, 1998, p. 29).

    No mesmo viés das orientações dos PCN’s, Betti e Zuliani (2002), afirmam que como componente regular, a Educação Física tem como função principal introduzir e integrar o aluno na cultura corporal para assim poder usufruir das diversas possibilidades a favor de sua qualidade de vida. Os autores vão além e complementam dizendo que para que isso ocorra não é suficiente aprender somente habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas, embora estas também sejam necessárias para o desenvolvimento do aluno.

    Os conteúdos práticos devem incluir diversas atividades motoras como: esportes, exercícios variados, dança, etc.; como também apresentar informações técnicas sobre o movimento humano, que se articulem aos conceitos desenvolvidos em outras disciplinas como história, geografia, biologia, dentre outras para que o aluno compreenda o movimento em situações distintas, e sua importância histórica na sociedade (Kolyniak Filho, 1996).

    Segundo Medina (1987), é função da disciplina, preocupar-se com o corpo e seus movimentos, com o objetivo de ampliar constantemente as possibilidades concretas dos indivíduos, auxiliando assim que sua realização se torne mais plena e autentica.

    Sua identidade pedagógica deve estar articulada com a proposta político-pedagógica da escola e com os objetivos educacionais da educação básica, sem deixar de considerar a situação real dos alunos e as características da comunidade na qual eles estão inseridos (Neira, 2006).

    Em relação ao papel pedagógico da disciplina, Freire afirma que:

    [...] a Educação Física deve atuar como qualquer outra disciplina da escola e não desintegrada dela. As habilidades motoras precisam ser desenvolvidas, sem dúvida, mas deve estar claro quais serão as conseqüências disto do ponto de vista cognitivo, social e afetivo (Freire, 1997, p.24).

    Galatti e Paes (2006), seguindo a linha de pensamento pautada por Freire (1997), evidenciam que a aula de Educação Física escolar tem como maior preocupação a formação integral do aluno, trabalhando com os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. Sobre seus objetivos é importante citar o que nos é orientado pelos PCN’s:

    É tarefa da Educação Física escolar, portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de praticá-las, e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente (Brasil, 1998, p. 30).

    Betti e Zuliani (2002), na mesma perspectiva dos PCN’s, afirmam que a Educação Física deve educar o aluno para que esse seja um praticante lúdico e ativo, que incorpore o “movimentar-se” no seu dia a dia e tire dessa prática melhor proveito possível. O movimento é um tema universal, pertencente à humanidade, por esse motivo justifica ser repassado e aprendido pelos alunos na escola, sendo assim, o indivíduo se relaciona em totalidade com sua realidade (Coletivo de Autores, 1992).

    Neira (2006), afirma que a Educação Física como disciplina curricular deve ignorar os restritos limites impostos pelo discurso da melhoria da motricidade e buscar objetivos paralelos aos da educação, como formadora de cidadãos. Segundo o autor a motricidade humana resulta das interações sociais e das relações do homem com o meio e não de padrões pré-determinados didaticamente, onde os movimentos básicos como correr, saltar, andar, foram construídos a partir da necessidade, possibilidade e interesse corporal do Ser Humano durante toda a história.

    Assim, nessa perspectiva, ao brincar, jogar, criar movimentos e ritmos, os indivíduos se apropriam da cultura corporal a qual estão inseridos (Neira, 2006). Conforme o autor, a escola e a Educação Física Escolar devem se apresentar como um espaço físico e social para que o aluno se sinta estimulado e seguro para arriscar-se e vencer seus próprios desafios.

    Os PCN’s orientam que: “A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos” (Brasil, 1998, p. 29). Para tanto, o ensino da disciplina deve apresentar um aspecto lúdico com o intuito de estimular a criatividade humana, a produção e a criação de cultura, seja no trabalho, ou no lazer (Coletivo de Autores, 1992).

    A intervenção deve ter no movimento um meio, e um fim para atingir seu objetivo como ferramenta educativa na escola, sempre utilizando-se dos elementos da cultura corporal, podendo ser entendido como cultura corporal, tudo o que se manifesta através do jogo, do esporte, da dança, da luta e da ginástica (Coletivo de Autores, 1992; Betti, 1999).

    Mesmo com muita discussão acerca de seus métodos de ensino, nos últimos anos parece existir um consenso em torno dos objetivos e conteúdos a serem ministrados e aprendidos como “ditos” conhecimentos da cultura corporal de movimento (Rodrigues; Darido, 2008).

    Sobre esses elementos da cultura corporal, que contém inúmeros sentidos e valores, e estão presente em diversas dimensões sociais, a Educação Física deve selecionar e dar um trato pedagógico nessas manifestações a favor de possibilidades educacionais explicitas ou implícitas, mudando conforme o contexto histórico (Betti, 2011).

    A Educação Física Escolar apresenta como característica, uma benéfica desordem em comparação às outras disciplinas no ambiente escolar, e essa desordem contém uma ordem interna própria que lhe é específica, e que pode criar um novo conceito na escola (Soares, 1996). Para tanto a autora afirma que é preciso que a Educação Física Escolar preserve, mantenha e aprofunde sua especificidade, sem isolar-se dos outros segmentos escolares. Portanto, para não perder sua especificidade e transformar-se num discurso sobre a cultura corporal de movimento, a Educação Física:

    [...] deve constituir-se como uma ação pedagógica com aquela cultura. A ação pedagógica a que se propõe a Educação Física será sempre uma vivencia impregnada da corporeidade do sentir e do relacionar-se. A dimensão cognitiva far-se-á sempre sobre esse substrato corporal. (Betti; Zuliani, 2002, p.75).

    Segundo Betti e Zuliani (2002), os conteúdos específicos e as estratégias devem obedecer aos princípios metodológicos gerais, que são:

  • Princípio da inclusão: As atividades devem proporcionar a inclusão de todos os alunos.

  • Princípio da diversidade: Os conteúdos devem ser o mais diversificado possível, abrangendo todos os componentes da cultura corporal.

  • Princípio da complexidade: A complexidade deve ser crescente durante os anos escolares, tanto do ponto de vista motor, como cognitivo.

  • Princípio da adequação ao aluno: deve-se levar em conta em todas as fases do desenvolvimento do aluno, as características, capacidades e interesse dos alunos nas perspectivas motora, afetiva, social e cognitiva.

    Os PCN’s nos alertam que:

    O princípio da inclusão do aluno é o eixo fundamental que norteia a concepção e a ação pedagógica da Educação Física escolar, considerando todos os aspectos ou elementos, seja na sistematização de conteúdos e objetivos, seja no processo de ensino e aprendizagem, para evitar a exclusão ou alienação na relação com a cultura corporal de movimento (BRASIL, 1998, p.30).

    Após revisarmos os objetivos e conteúdos da Educação Física escolar, seguiremos nossa pesquisa no capitulo posterior buscando na literatura, formas de avaliação utilizadas para definir a evolução dos alunos dentro das metas propostas na disciplina, como também possibilidades de avaliar o trabalho e os temas abordados pelo professor.

Existe avaliação na Educação Física?

    Partindo de uma resposta que nos foi dada por um aluno do ensino fundamental II de uma escola da rede privada de Juiz de Fora - MG, que ao ser repreendido por não participar das aulas afirmou que: “ninguém toma ‘pau’ por causa da Educação Física, não tem nem prova, nem nota”; sentimo-nos motivados a abordar esse tema polêmico, e buscar dentro da literatura específica, formas de avaliação tanto dos alunos como do conteúdo e do trabalho realizado pelo professor.

    Segundo Campos (2011), há trinta anos a avaliação em Educação Física se restringia a avaliação biométrica, onde juntamente com um acadêmico de medicina, o professor após realizar exames para detectar doenças cardíacas, recolhia dados sobre velocidade, impulsão, agilidade, etc. Esses testes físicos eram repetidos ao final do ano letivo para assim ter um comparativo de evolução dos alunos (Campos, 2011). Freire se opõe a está forma de avaliar, e afirma que: “[...] não basta medir para avaliar, pois isso não leva em conta os meios que o aluno utiliza para chegar aos resultados, meios esses que são os elementos mais indicativos do progresso do seu conhecimento” (Freire, 1997, p. 196).

    Conforme o Coletivo de Autores (1992), a avaliação deve ser muito mais do que aplicação de testes, levantamento de medidas e selecionar e classificar os alunos. Os PCN’s nos sugerem que:

    [...] O professor de Educação Física encontra-se em uma posição privilegiada para avaliar a partir desses critérios informais, como o interesse, a participação, a organização para o trabalho cooperativo, o respeito aos materiais e aos colegas, pois esses aspectos tornam-se bastante evidentes nas situações de aula. O fundamental é que esses critérios devem estar claros para o professor e serem explicitados para os alunos (BRASIL, 1998, p.59).

    A forma de avaliação mais utilizada na Educação Física se dá a partir de critérios informais como interesse, capacidade geral e comportamento do aluno, medidos a partir dos parâmetros da escola, porém, este tipo de avaliação não se mostra claro ao aluno, a comunidade escolar e ao professor, se o docente deixar de realizar uma reflexão crítica sobre os métodos de mediação que ocorrem na avaliação (Betti; Zuliani, 2002).

    Existem dois tipos de avaliação: a avaliação formativa onde se obtêm dados para melhorar as ações educativas, podendo se tornar objeto de ensino pelas reflexões causadas sobre os valores e conceitos presentes e sobre o próprio instrumento; e a avaliação somativa, onde se avalia o final de um processo de aprendizagem de um conteúdo, transmitindo ao aluno sua evolução dentro dos objetivos propostos (Brasil, 1998).

    Para bem avaliar não se deve utilizar processos reducionistas, meramente técnicos, é importante considerar as outras dimensões do movimento no processo educacional, como os seus significados, suas implicações e conseqüências pedagógicas, políticas e sociais (Coletivo de Autores, 1992). No entendimento destes autores, a avaliação é peça chave do projeto pedagógico, por que através dela se definem os mecanismos estruturais e limitantes no processo ensino-aprendizagem.

    Na visão de Betti e Zuliani (2002), é necessário incluir a avaliação da dimensão cognitiva, onde na atribuição do conceito ao aluno deve-se considerar que a avaliação tem que ser: continua; deve englobar os domínios cognitivo, emocional, social e motor; deve referir-se às habilidades motoras básicas; à qualidade dos movimentos apresentados pelo aluno e aos conhecimentos a ele relacionados; aos conhecimentos científicos relacionados às práticas corporais de movimento; deve também levar em consideração os objetivos específicos sugeridos pelo programa de ensino e operacionalizar-se para aferir a capacidade do aluno expressar-se sobre os conhecimentos relativos à cultura de movimento corporal e sua capacidade de movimentar-se a partir dos diversos elementos dessa cultura.

    Freire (1997), afirma que é importante na hora de avaliar, não homogeneizar a turma, visto que os alunos são diferentes no começo do processo educativo, e também serão diferentes no final. A avaliação deve ter como função gerar um problema na ação pedagógica, e não somente para qualificar com uma “nota” o aluno (Betti; Zuliani, 2002).

    No entanto, é importante estabelecer um conceito ao aluno para que ele possa situar-se em relação a seus progressos e às exigências culturais e institucionais (Betti; Zuliani, 2002). Sobre um conceito formal nas aulas de Educação Física como forma de avaliação, os PCN’s nos orientam que: “[...] a nota poderá adquirir um significado maior quando tornar-se uma referência qualitativa ou quantitativa, que expressa e faz parte do próprio processo de ensino e aprendizagem, e não apenas como um produto resultante dele” (Brasil, 1998, p. 59).

    É importante reconstruir o sentido burocrático da palavra “nota” no sentido qualitativo do processo de ensino, onde o resultado tenha como objetivo verificar a aproximação do aluno ao conteúdo pedagógico lecionado, e não como um castigo ou bônus (Coletivo de Autores, 1992).

    Um aspecto determinante na hora de avaliar o aluno deve ser sua capacidade de expressar-se pela linguagem ou pela escrita sobre os conhecimentos da cultura corporal adquiridos nas aulas, e suas possibilidades de movimento dentro desta cultura (Brasil, 1998). Freire (1997) sugere que:

    [...] uma regra prática, básica para avaliar tanto a proposta do professor, como a realização do aluno: se a atividade sugerida mostrar-se, para a maioria do grupo, muito fácil, não é boa, pois está aquém do desenvolvimento da criança, não havendo o que aprender, nem promoção do desenvolvimento. Se a atividade for, [...] muito difícil, mesmo tentando algumas vezes a maioria não consegue realizá-la, também não é bom, pois está além das possibilidades do grupo. [...] Num terceiro caso, se uma vez proposta à atividade, esta mostrar-se, para a maioria das crianças, viável, apesar de apresentar algumas dificuldades iniciais, então sem dúvida é adequada para o grupo (Freire, 1997, p.204).

    Segundo Campos (2011), deve ser considerado na ora de avaliar a participação dos alunos, sendo à Educação Física a disciplina onde existem diversas possibilidades para o desenvolvimento dos processos de humanização, visto que dentro da escola representa um espaço pedagógico onde há um maior contato entre professor e aluno, pautado sempre em momentos de prazer e alegria. Dessa forma, Campos (2011, p.155), afirma que: “[...] negar a auto avaliação do aluno no processo e dialogar com ele sobre isso, é desprezar a natureza do trabalho da Educação Física na escola”.

    Conforme Neira (2006), na Educação Física nada é produzido de material para uma reflexão posterior à intervenção, podendo o docente utilizar-se de vídeos, anotações e conversas com os alunos, tornando importante: “[...] qualquer suporte que proporcione um refazer o caminho percorrido após o término das atividades” (Neira, 2006, p. 23).

    Após discorrermos sobre as possibilidades de avaliação da disciplina, abordaremos no capítulo seguinte o papel do professor como mediador na transmissão dos conhecimentos referentes à Educação Física Escolar, e qual deve ser sua participação na formação integral dos alunos.

Considerações finais

    Podemos considerar a partir dos autores pesquisados, que o objeto de estudo da Educação Física como disciplina curricular é o movimento e suas possibilidades pedagógicas no contexto da relação de ensino-aprendizagem escolar, e que sua principal função é integrar o aluno na cultura corporal de movimento, extraindo de seus elementos possibilidades educativas nos aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais, possibilitando dessa forma aos alunos práticas visando sempre à inclusão, à humanização do movimento e a descoberta do prazer no “movimentar-se”, para assim incorporar a atividade corporal no seu dia a dia.

    Detectamos em nossa pesquisa que existem algumas propostas de avaliação na Educação Física escolar, diferentes das biologicistas de trinta anos atrás, embora o que observamos na prática, é que são raras as experiências de se atribuir um conceito ao aluno como nas disciplinas intelectuais. Também não encontramos nem na literatura, nem em conversas informais com colegas docentes, relatos de alunos que repetiram o ano letivo por ser reprovado por rendimento insuficiente na disciplina.

    A partir do estudo sobre o tema, consideramos ser importante na ora de avaliar, incluir a participação e o interesse do aluno pelo conteúdo apresentado pelo professor, onde essa avaliação não pode se apegar a práticas reducionistas que somente valorizam a perfeição dos movimentos ou o rendimento esportivo. Assim, Torna-se também de grande importância à avaliação crítica do trabalho realizado e dos temas abordados por parte do docente, para que a aula possa se tornar agradável e atrair a participação de todos os alunos.

    Estamos cientes, de que esta pesquisa de revisão, não esgota a discussão sobre estes questionamentos recorrentes no âmbito da Educação Física Escolar e na área da Educação como um todo. Porém, esperamos ter contribuído com este estudo, no intuito de auxiliar acadêmicos e professores, a compreenderem melhor os objetivos e o corpo de conhecimento desta importante disciplina curricular, obrigatória na Educação Básica.

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